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quinta-feira, agosto 31, 2006

Uma foto por dia

Isabel no 911. Perto da Guarda. 1998. Fotografia de Luiz Carvalho

Ainda outra homenagem ao 911 e a tudo de belo que ele pode trazer. Uma imagem de charme para fugir ao preto e branco neo-realista.

O novo EXPRESSO

Estou há 17 anos no EXPRESSO e hoje deve ter sido dos dias mais emocionantes vividos na redacção. Tudo aconteceu num segundo: o momento em que Henrique Monteiro entra e traz na mão o primeiro número zero da edição berliner, acabado de sair da nova rotativa. Claro que já conhecia a maquette mas agora ali estava o objecto em toda a dimensão: tacto, cor, peso, até cheiro.

Sou suspeito: mas aquilo está muito bonito. É um jornal de qualidade em qualquer parte do Mundo avançado. O grafismo é de uma facilidade notável de navegabilidade. É bonito. O espaço para as fotografias, parte em que ainda sou mais interessado, permite que as imagens ganhem força e autonomia narrativas, o texto terá de ser sucinto e de boa técnica de escrita.
É um jornal dos tempos modernos, com referências em títulos como The Guardian ou The Independent.

Os leitores vão ter a vida mais facilitada no acesso aos temas e podem agora levá-lo melhor debaixo do braço.
Este novo EXPRESSO vai surpreender pela positiva e reencontrar alguns "velhos" leitores que se tinham cansado de uma relação fiel e duradoura de 33 anos, assim como trazer jovens leitores esclarecidos.

quarta-feira, agosto 30, 2006

Para o Líbano e em Força

Confesso que não percebo esta teimosia, e entusiasmo, dos sucessivos governos que temos tido em mandarem a tropa para conflitos internacionais. Guterres tentou convencer-nos que assim ficaríamos bem vistos, mais integrados, na comunidade internacional influente.
Depois nunca mais parámos de mandar tropa e GNR e polícia para todo o lado.

As nossas forças enviadas diluem-se sempre no meio de contingentes maiores e mais bem treinados. Acabamos sempre por sermos uns ajudantes de bréga no meio de matadores certeiros, mas os nossos bravos do pelotão têm até agora feito boa figura, no sentido de não ter havido mortes em combate, à excepção de dois ou três infelizes.
Só que esta brincadeira custa-nos milhões e é difícil eu contribuinte cumpridor entender porque havemos nós de nos armar em heróis da treta quando todos os outros que estão ao nosso lado em campanha são mais, melhor treinados e equipados. Sobretudo... com cartão de entrada no Country Club dos que podem jogar ao gatilho.

Agora lá vamos para o Líbano. E em força. Mais uns milhões para alimentar os canhões.
Ninguém se indigna, tirando os gastos protestos do PC e seu berloque.
Afinal todos ganham: os soldados que facturam ordenados de emigrantes, os oficiais que sobem na carreira e somam ajudas de custo, o governo que pode brilhar junto das instituições europeias, como se jogasse num clube restrito.

Não temos forças de segurança para tomarem eficazmente conta do país, mas na estranja somos uns figurões.

Uma foto por dia

UM PAIS A DUAS VELOCIDADES. EN1, perto do porto, 1992. Foto Luiz Carvalho

Uma homenagem a quem gosta de 911. Na foto está o meu primeiro 911 durante uma reportagem que eu fiz sobre a Nacional 1, a velhinha estrada Lisboa-Porto.
O país não mudou assim tanto desde então. Os Porsche são agora muitos mais, mais novos e caros, e as carroças continuam a transportar o nosso atraso crónico.

Carta de Natascha Kampusch aos jornalistas

"Estimados jornalistas, repórteres, estimada opinião pública!

Estou consciente do poderoso impacto que os eventos dos últimos dias provocaram.

Posso facilmente imaginar como estarão comovidos e alarmados com o fato de que algo desse tipo possa ser possível.

Além disso, estou consciente de que demonstram curiosidade sobre mim e que certamente querem saber mais detalhes sobre as condições em que vivi.

Quero lhes assegurar antecipadamente de que não responderei a nenhuma pergunta sobre intimidades ou detalhes pessoais.

Não irei tolerar qualquer tipo de tentativa de atravessar essa fronteira. Aquele que tentar, pode ir se preparando. Cresci como uma jovem menina com interesses na educação e também com necessidades humanas.

O ambiente: o recinto onde vivia estava adequadamente equipado. Era meu e não era destinado a ser mostrado ao público.

A vida diária: era regulada. Na maioria das vezes havia um café da manhã em conjunto, já que ele quase nunca trabalhava. Eu fazia as tarefas do lar, lia, assistia televisão. Nós conversávamos e eu cozinhava. Foi assim durante anos, sempre com o temor de me deixar sozinha.

Sobre a relação: ele não era meu amo e senhor. Eu era igualmente forte. Ele me mimava e ao mesmo tempo me humilhava. Mas não mandava em mim, e sabia disso. Ele organizou o seqüestro sozinho, tudo já estava preparado. Arrumamos juntos o quarto em que fiquei, que media mais de 1,60 metro de altura. Obviamente, não chorei após fugir.

Não havia motivos para me sentir infeliz. Do meu ponto de vista, sua morte não era necessária. O mundo não teria afundado se tivessem castigado ele. Era parte da minha vida. Por isso, de certo modo, me sinto afligida por sua morte.

Naturalmente, minha juventude foi diferente da de muitos outros, mas em princípio não tenho a sensação de que tenha me faltado nada. Fui poupada de uma série de coisas. Não comecei a fumar, nem a beber, e não tive maus amigos.

Mensagem à imprensa: a única coisa que quero da imprensa é que me deixe em paz e que pare de inventar calúnias e faltar com o respeito para com a minha pessoa.

Atualmente me sinto bem onde estou. Mas decidi entrar em contato com minha família apenas por telefone. Eu decidirei por conta própria o momento de falar aos jornalistas.

Sobre minha fuga: quando tive que limpar e passar o aspirador no automóvel, ele se afastou enquanto o aparelho fazia barulho. Essa foi minha oportunidade - simplesmente deixei o aspirador ligado.

Nunca o chamei de ´amo e senhor´, embora ele assim o quisesse. Apesar de achar que ele queria (ser chamado assim), não acho que tenha levado isso realmente a sério.

Tenho um advogado de confiança que resolve todo os meus problemas jurídicos. Tenho boa relação com a advogada especializada em juventude, (Monika) Pinterits, que é de minha confiança, com o doutor Friedrich (Max, chefe da clínica universitária para neuropsiquiatria de menores do Hospital Clínico de Viena) e com o doutor Berger (da clínica de psiquiatria de menores).

A equipe do senhor (Johann) Frühstück (chefe das investigações) me tratou muito bem. Envio a eles minhas carinhosas saudações, embora tenham sido um pouco curiosos. Creio que isso faz parte da profissão.

Questões íntimas: todos querem sempre fazer perguntas íntimas, que não dizem respeito a ninguém. Talvez alguma vez as revele a uma terapeuta ou a outra pessoa, se sentir necessidade de fazê-lo, mas talvez não a sinta nunca. A intimidade pertence somente a mim.

Ao senhor H. (amigo de Priklopil, que o transportou em seu veículo pouco antes de o seqüestrador cometer suicídio): não se sinta culpado. Você não podia fazer nada, Wolfgang (Priklopil) foi o único responsável por decidir se atirar na linha do trem.

Um sentimento de empatia me une à mãe de Wolfgang. Posso imaginar sua situação atual e seus sentimentos. Nós duas pensamos nele. Mas também quero agradecer a todas as pessoas que tanto me acompanham em meu destino.

Por favor, concedam-me um descanso nos próximos dias. O doutor Friedrich explicará tudo com esta nota. Muitas pessoas se ocupam comigo. Peço tempo atéque eu mesma possa contar o que ocorreu". Natascha Kampusch

terça-feira, agosto 29, 2006

O segredo de Natascha


A história de Natascha, a menina raptada aos 10 anos de idade e que agora fugiu do raptor e carcereiro, é de uma brutalidade e, ao mesmo tempo, de uma ironia cruel imprevisíveis. A história já foi contada com pormenores literários, gráficos e fotográficos, mas o que está por perceber é como uma criança se deixa seduzir pelo raptor ao ponto de o defender depois do seu suicídio, dando a entender que havia uma relação no mínimo sentimental entre eles...e que se esgotara, chegara ao fim, daí a fuga.

Mais: recusa voltar para a casa dos pais ( que entretanto se tinham separado) deixando-os de rastos. Natascha, agora adulta e livre, pode fazer o que quiser e lhe der na gana.
Isto vai dar azo a não sei quantos depoimentos de especialistas na matéria de síndromas, procurando explicar as manifestações mais recônditas da mente e dos sentimentos humanos.
Uma conclusão tiro eu, primário como sou nestas matérias - e noutras !- e que me atrevo a avançar aqui: eu já tinha percebido que a admiração e dependência dos oprimidos pelos opressores existe e se torna em vício, talvez em zona de conforto.
É o que explicará a raiva do subordinado perante o chefe autoritário, mas que o deixa órfão quando alguém o passa a tratar com deferência.
É o empregado explorado perante o patrão ganancioso, mas que quando chega o socialismo logo aceita e adopta o controleiro revolucionário.
É o conformismo da mulher maltratada pela besta do marido mas que acabará por "enganar" outro marido mais carinhoso e atento.

O Poder fascina e cria na verdade mecanismos estranhos: os da idolatria em nome da dor.
Não é só a mente que é perversa. A alma também.

Uma foto por dia

Beijo no Adamastor, Lisboa, 1980. Fotografia de Luiz Carvalho


É outra das fotografias da minha vida. Então tinha tempo para passear por Lisboa, vagabundear com a Leica M4, a 35 mm e o Tri-x.
Eu fazia muito a pé o trajecto, Rua de S. Paulo ( onde tinha um atelier ao lado da Graça Morais) e a Escola Superior de Belas-Artes no Chiado ( onde estudava arquitectura). Numa tarde de um desses dias tranquilos... fiz esta foto de um grupo de adolescentes brincando aos namorados. Onde estarão eles ? Que farão ? Ainda amam assim ?

A pureza original de Britney Spears


Britney Spears deixou de estar tapada no metro de Tokio. A sua fotografia despida em avançado estado de gravidez tinha provocado um verdadeiro acto de censura na passada semana , mas agora a administração do metro recuou. Para Tomoki Ishikawa um estudante de 19 anos veio a público defender a imagem na sua pureza original:" É uma imagem forte de uma mulher que trabalha!"

segunda-feira, agosto 28, 2006

Uma foto por dia

Rebanho no Largo de Alvalade, Lisboa,1978. Foto de Luiz Carvalho


É uma das minhas fotos de vida. Na altura, 1978, eu trabalhava em Arquitectura na Direcção-Geral das Construções Escolares, no último andar do edificio da Praça de Alvalade. Vi da janela o rebanho a descer a Avenida da Igreja, peguei na Leica M4 com uma 35mm summicron, desci pelo elevador e cheguei a tempo de fazer a foto.

Continuarei a postar todos os dias uma foto minha, que pode ser antiga ou de agora.

domingo, agosto 27, 2006

Leica M digital em Setembro




Finalmente vamos ter uma Leica M digital.
Quem avança com a notícia é a "Réponses Photo" deste mês. Já havia zum-zuns sobre o aparecimento do bicho, no entanto as notícias que especulam sobre as características da cãmera não deixam muita expectativa.
A saber:
1- Vai custar à volta de 5000 euros ( o dobro da Epson Rd1s)
2- Vai ter um captador Kodak com 10 milhões de pixels ( pouco comparado com uma Ds Mark II)
3- Vai ter um factor 1,3 ( A Rd1 tem 1,5. As "velhas" objectivas vão ter limitações)
4- A cortina desaparece, terá obturador metálico central ( o toque de disparo não será o mesmo)
5- Não terá alavanca para armar, será motor( perda de ambiente Leica)
6-O visor não será nada confortável dado o compromisso de utilização entre a 24 e 50.( A Epson tem precisamente esse problema)

Não vamos ser pessimistas, nós leiquistas, mas o melhor é usarmos entretanto a magnifica Ricoh GR, ( foto em cima à direita) mais barata e muito, muito Leica. A sério.

Uma foto por dia

Mourão, 1980. Fotografia de Luiz Carvalho

Foi durante a festa anual de Mourão que fiz esta fotografia. Era Fevereiro, estava uma tarde Sol, a tourada estava prestes a começar na praça de touros local. Eu andava por ali a ver o que poderia fotografar que fosse ao lado da tourada mas que tivesse a ver com o ambiente desta terra alentejana, branca, muito branca, com muita geometria e figuras sem tempo.
É uma foto muito " cartier-bressoniana". Usei uma Leica M3, uma objectiva de 50 mm e filme Kodak Tri-x.

sábado, agosto 26, 2006

Victoria Beckham e a tentação de Baco

Que tiemblen Ronaldo, Roberto Carlos, Beckham y todos los milicianos galácticos que combaten en el ejército de las noches salvajes. A los chicos malos del Real Madrid les ha salido una seria competidora, una nueva rival en el arte del bebercio, una amenaza a su reinado en la pista de baile. El martes, Victoria Beckham, aprovechando que su marido estaba entrenando con el Real Madrid, decidió beberse la vida, comerse la noche y saludar a las farolas con esa inocencia que dan los excesos etílicos. Fue en Londres, donde la ex chica picante se rindió a las tentaciones de Baco. Eso sí, Victoria es pija hasta para agarrarse un 'pedo': bebió Dom Perignon (a 480 euros la botella). (Foto: Enfoque. Texto: Javier Cid y elmundo.es)

Norberto Fuentes escreve sobre Fidel Castro

Muito bom este blog do escritor Norberto Fuentes no ElMundo.
A ver absolutamente.

Viagem em directo à Austrália de Luis Filipe Catarino

A grande viagem de Luis Filipe Catarino está a chegar ao fim. De novo vos remeto para este fantástico blog de viagem: www.impressoesdooeste.blogspot.com
A inveja que eu tenho deste puto !


PS: Não fizeste umas fotos do Crocodile Dundee a olhar para uma àrvore centenária ? Eehehe!!

ATENÇÃO VIGARICE NA NET COM A CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS

Acabei de receber este e-mail mais que suspeito e só não ligo já para a Judiciária dado o adiantado da hora.

Quero pagar a ponte em Agosto, JÁ!!!

Portugal tem coisas espantosas ! Uma delas é que em Agosto o Zé Povinho não paga portagem na Ponte 25 de Abril.
Porque não paga ? Porque é uma tradição que vem do tempo de Salazar e que Cavaco não conseguiu alterar, depois do buzinão que o ia matando definitivamente como político.
( Safa !!Safa!!).

Portanto: não há político, por mais corajoso que se afirme, que ouse mexer na portagem da ponte, muito menos pôr o pagode a pagar em Agosto.
Para quem anda a apregoar por uma política de verdade nos impostos e no déficit, não está nada mal, está péssimo!

Claro que não se trata de dinheiro que não entra nos cofres do Estado, pior: é dinheiro que sai dos cofres do estado para pagar à Lusoponte como portagem virtual.
Quando vinha há pouco do Alentejo e decidi não entrar em Lisboa pela Vasco da Gama mas pela 25 de Abril poupei... 4,95 euros ( vinha de jeep). Se isto faz sentido, se isto é critério do Estado taxar portagens, digam-me que estou errado. Porque há-de um utente de pagar portagem na CREL em Agosto quando vai trabalhar e um pândego que vai para a Costa da Caparica numa boa, não paga a ponte ?
Se este é o critério do utilizador- pagador eu não quero pagar amanhã portagem para fazer a A5.
O engenheiro Sócrates que se diz tão corajoso, tem aqui um pouco de lenha para se queimar e mostrar a força do animal feroz que há dentro dele.
Ponha o Zé a pagar a Ponte 25 de Abril ( ao preço da Vasco da Gama como foi assinado no tempo do Ferreira do Amaral o consórcio) e faça GRRRRRRRRR!! ao buzinão.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Évora de passagem


Fotografias de Luiz Carvalho, ontem em Évora.

Passeio por Évora, mão esquerda dada ao David, mão direita com a Ricoh GR e disparar sobre o que vou vendo ao longo do trajecto entre o largo onde está a Câmara e uma simpática tabacaria, que fica sobre as arcadas, depois de passar a Praça do Giraldo.
Cruzo-me com os alentejanos de sempre, estes simpáticos homens de boinas e chapéus pretos que por ali fotografo há 30 anos.
Não são sempre os mesmos mas vão-se revezando na saga dos tempos. Agora a paisagem humana é mais atraente do que há décadas atrás, quando o PCP dominava a cidade e onde ali ia muitas vezes a pretexto de fotografar um comício, uma manifestação, manobras populares.
A nova paisagem humana é diversificada mas chega a ser impressionante a quantidade e variedade de mulheres bonitas, muito jovens, que passam homenageando o verão na forma de vestir. Há também muitos turistas com ar de turistas, espanhóis e até japoneses como hoje vi.
Évora é de facto uma bela cidade. O centro transpira cultura, bom gosto. É uma cidade com vida, útil, onde não se vai só para passear. Ali trabalha-se e sente-se no palpitar das ruas, no movimento. Gosto de ir a Évora, apesar do estacionamento ser um bico de obra, que era muito bem resolvido com um parque subterrâneo na Praça do Giraldo. Como a câmara é de esquerda acha que os carros não entram, o que me leva muitas vezes a desistir de lá ir.
Hoje fiz algumas fotos e deixo aqui duas clássicas, entre o pitoresco e o neo-realismo. Têm a particularidade de terem sido feitas só com a mão direita, enquanto o meu filho me puxava, desesperado, para escolher um brinquedo na tal tabacaria.
A maior tristeza é o Café Arcada que foi transformado numa cervejaria com serviço péssimo, caro e antipático.
Não havia necessidade.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Aconteceu no Alentejo

Não me lembro de ter tirado férias em Agosto.
Sempre achei que era o mês dos bimbos descansarem e da pequena burguesia arejar, o que vem a ser a mesma coisa.
Este ano é a primeira vez que o faço. Para mim torna-se suspeito sobre a minha evolução aos cinquenta, mas tenho álibi: assim o meu pequeno David pôde usufruir de idas à praia em Julho com a escola e não estar dois meses sem brincar com os amigos.

Imagino que Lisboa deve estar quase tão sossegada como o meu Alentejo.
Depois daquele dia agitado a calma voltou à planície.
Hoje foi um dia tão sossegado que a estação dos comboios abandonada de Arraiolos fazia lembrar o início do filme Aconteceu no Oeste.
É um sítio por onde gosto de passar com o meu jeep, apesar do antigo caminho onde estavam os carris ter sido cortado à entrada das herdades, o que é uma estupidez, pois assim podia-se percorrer o antigo trilho do comboio, que ainda está em bom estado.
( É mais uma das medidas inacreditáveis da CP. Podia ter abandonado a exploração ferroviária mas podia ter encontrado com as entidades locais uma forma de preservar o património cultural, o que não era caro, pelo contrário até podia dar dividendos.)

Voltando ao dia de hoje.
A planície está calma, silenciosa, o Sol queima ao ponto de o portão de ferro do jardim estar em brasa.
Pela fresquinha dois operários caiavam a sede da Junta do Carrascal, enquanto eu passeava o meu cão, ouvindo num transístor fanhoso o Rádio Clube Português que estava a dar… o estado do trânsito em Lisboa! Os dois homens baixaram o volume à minha passagem (será que já constou por aqui o meu mau feitio?) enquanto eu apagava a minha Davidoff ( finalmente tabaco!) para matar o bicho matinal.
A vida de um alentejano de aviário não é muito diversificada mas arranja-se sempre qualquer coisa para não morrer estúpido.
Hoje foi dia de reforçar a dispensa e lá fui eu com a família a esse centro do consumo que dá por nome de LIDL, em Estremoz.
Deve ser das ditas grandes superfícies que mais tem contribuído para a baixa da inflação em Portugal. Era uma loja com que eu embirrava, mas quando percebi que alguns amigos meus ricos lá iam,(e parto sempre do princípio que são ricos mas não são parvos), arrisquei. E fiquei cliente. Aquilo é uma instituição para forretas e com sorte fazem-se compras de arrasar.
O LIDL em Estremoz nunca falha e serve de pretexto para tomar um café no Alentejano, comprar jornais e revistas no quiosque frente ao quartel, para almoçar na Adega do Isaías (que está sempre, ou cheia ou fechada para férias, o caso de agora), ir à loja do Chinês ou tomar coragem na carteira e ir até à pousada almoçar. Também gosto de pisar o sítio onde Henri Cartier-Bresson fez uma das suas fotos sobre Portugal, em 1956, junto ao edificio da Camâra municipal.

Hoje, no entanto, acabei por cair numa situação caricata.
Ao sair da cidade meti-me à aventura por uns caminhos de terra batida, perdi-me, meti as redutoras para vencer uma subida valente (“não precisas de meter isso para nada!”- comentou a minha mulher fazendo confiança na força do Range), entrei num caminho de terra aceitável e quando dei conta estava à porta do monte do meu ex-director, sem saber ler nem escrever. Fiquei aflito: “se me virem aqui que vão pensar? Que quero ir para o Sol? que estou a espiar para ver se vejo a primeira manchete?”- que cena caricata ! Fiz inversão de marcha, passei por cima de um terreno lavrado e só descansei quando voltei a pisar alcatrão.
Para susto em tempo de férias chega por hoje.

quarta-feira, agosto 23, 2006

O homem que fotografava bem de mais


Joe Rosenthal fez uma das fotografias mais emblemáticas de toda a história do fotojornalismo. Num ápice, o mestre conseguiu resumir a vitória dos Estados Unidos frente aos japoneses na ilha de Iwo Jima durante a II Guerra Mundial.

Joe morreu ontem com 94 anos e 35 de fotógrafo no San Francisco Chronicle, facto invejável nos dias que correm.

A foto que o tornou célebre foi feita ao serviço da Associated Press, e se lhe trouxe fama também lhe causou despeito: detractores puseram a circular que a fotografia tinha sido encenada por a considerarem demasiado perfeita!...
Este é um preconceito habitual nas redacções dos jornais, uma atitude que está para o fotojornalismo como a frase feita de que “ os homens não se querem bonitos”.

Robert Capa que fez uma não menos célebre fotografia, a do miliciano republicano a ser atingido por uma bala franquista durante a Guerra Civil Espanhola, também foi alvo das maiores dúvidas relativamente à encenação ou não dessa imagem.

Recentes investigações feitas em Cerro Muriano, um pueblo junto a Córdoba onde a fotografia foi feita nos anos 30, revelam que naquele dia só tinha sido morto um miliciano, que não tinha aquele nome, e que a luz da foto não corresponde à hora em que esse combatente morreu.

Muitas vezes as encenações são mais realistas do que os relatos verídicos.
Havia um repórter de grande talento, mas muito preguiçoso, que conseguiu há anos fazer um excelente texto sobre a morte do dirigente socialista Sartawi no Algarve, com fotos do percurso que o criminoso terá feito e pormenores dignos de um romance policial, só que… era tudo inventado.
E nem vou falar de quem sendo um decano dos decanos do jornalismo nacional há anos inventou a partir do quarto do hotel uma excelente entrevista com um dos astronautas que tinha ido à Lua!..
São exemplos que não devem ser tomados como referência.

A fotografia de Joe consegue aquilo que um fotojornalista mais ambiciona: conseguir a síntese perfeita entre a notícia e a composição numa foto inesquecível.
Tão difícil de atingir que, quando se consegue, pode parece encenação.

terça-feira, agosto 22, 2006

O stress da vida no campo

O país visto do Alentejo, aqui no Carrascal entre Arraiolos e Estremoz, é ainda mais pasmaceira que esta minha querida aldeia.
Mantenho o telemóvel em silêncio, a tv no Canal Panda, quase sem som, mas sempre lá por imposição do meu pequeno David (antes lá que nos morangos e quejandos), passo os olhos pelo Público, espreito as revistas de fofocas que a minha mulher não resiste a comprar ( e que eu não resisto a espreitar para divertimento imediato que acaba em sensação deprimente) e nada me surpreende nesta terra.

Tirando uma ou outra tragédia, ou desastre, ( que o excelente serviço 3369 de alerta SMS da SIC me vai informando) nada me excita. Ainda bem. Estou de férias, em retiro espiritual, bem preciso para os tempos de muito trabalho entusiasmante que me esperam.

A noite de hoje está quente, não há vento. Ouvem-se cigarras, e os guizos dos animais ao fundo, longe, nas pastagens. Uma noite perfeita!

Mas o dia não foi assim tão calmo. Foi mesmo um bom exemplo de stress do campo. Sim a pacatez também traz nervoseira e quem julga que as aldeias são um sossego total está muito enganado.
Como aqui a regra é a tranquilidade qualquer dissonância surge muito mais perturbadora.

Exemplo de um dia irritante no campo: (lembram-se da série Viver no Campo?)

8horas: uma carrinha de um feirante acorda-me com um som estridente anunciando a chegada. É um acordar de loucos. Antes uma bomba na pinha !!

8e meia: o meu filho abana-me: “ pai acóda vamos brincar! E traz com ele uma revista de carros clássicos que não larga há uma semana.

10horas: o vizinho começa a brocar para instalar um ar condicionado
(consegui demovê-lo a montar aquilo perto do meu telhado).

11horas: o cão acaba de me sujar o chão da sala, toca a limpar

12horas: chego a Arraiolos para comprar o jornal e não consigo estacionar, o presidente da Câmara transformou aquilo numa terra –museu. Está já um calor sufocante e não há uma livraria! Apetecia-me comprar um livro. Lembrei-me de um homem da aldeia da Beira - Alta que há 30 anos me dizia:” Oh, Jorginho (sou eu!) às vezes tenho fome de ler… o Jorginho não tem ?”- Este esfomeado acabou nas Testemunhas de Jeová.

14horas: almoço em casa, a broca do vizinho não pára

16horas: finalmente piscina. A agua está fria, o puto grita de excitação com os mergulhos, o cão come-me a relva, finalmente dentro de agua.

18horas: o vizinho parou de brocar mas decidiu por a televisão aos berros

20horas: pela enésima vez tenho de ouvir a xaropada de um clip para crianças do Panda
(se ao menos hoje fosse terça para ver “As Donas de Casa Desesperadas!)
21horas: O meu filho exige voltar para Lisboa para “ a casa dos miaus” porque se lembrou de um brinquedo que lá deixou. Negoceio: vamos a Évora amanhã, está bem?
(consigo ser mais banana que o Xanana !!)

23horas: pego na bicicleta e pedalo pela aldeia armado em velhinho biruta. As subidas são uma chatice, já devia saber. Na verdade uma moto 4 é que era fixe!

23horas e 30: toca a blogar.
O raio da Internet é lenta que se farta e nem uma miserável cigarrilha tenho para acalmar.
O que é reconfortante é que hoje tive 70 visitas o que é um número muito simpático e que me anima a continuar este diário.

Depois vou voltar ao Paul Auster.
No silêncio. Nem o meu Ipod quero ouvir.
Boa noite.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Pecadoras virtuais contam tudo

Que leva uma directora de recursos humanos a confessar as suas taras na rede?

Como se terá sentido o marido a quem a mulher acabou de dizer que tem um blog maroto na net onde descreve a vida sexual do casal ?

Como vai a secretária de administração ( uma mulher do norte !) aparecer junto do “inginheiro”, na manhã seguinte a uma postagem acanalhante sobre a prática dos seus desejos ?

E que faria o chefe de pessoal de uma certa empresa se soubesse que aquela “sonsa” que trabalha no open space, posta na hora de serviço no blog a mais estonteante linguagem libertina digna de uma Anais Nin de subúrbio ?

Luna, Felina,Cicuta, Sutra, são algumas destas blogueiras descaradas, não o suficiente porque ainda se escondem por detrás destes pseudónimos.

A reportagem da revista Sábado sobre as pecadoras que agora usam a net para confessarem os s mais íntimos desvarios não pode deixar de nos impressionar.

As mulheres perderam a vergonha, mandaram o senhor cura às urtigas, pecam virtualmente.

A igreja, tirando um padre que dá missa em power point, não se actualizou, não compreendeu que nem para se falar ao telefone se vai a cabines, quanto mais a confessionários para levar o credo na boca !

São as tecnologias de ponta no seu melhor.

“Simplex, meu caro !” – dirá o engenheiro Sócrates, mal sabendo ele que a rede privada está a funcionar muito melhor do que a rede pública.

Os cidadãos podem andar a ser vigiados por câmaras ocultas em estradas e onde menos esperam, mas esse big brother é já uma infantilidade, tão inócua como a PIDE no seu pior, comparado com o arrojo popular, a veia poética entre suspiros, o desejo transformado numa nova literatura que não é light, nem clássica, está entre a linguagem SMS, o vídeo de poucos segundos de pequeno formato, o sound byte, e o romantismos serôdio da telenovela.

Este clube de viciadas anónimas em sexo virtual, sinceridade e ansiedade de tudo contarem a visitors desprevenidos, que andam a espreitar pelo buraco das passwords está a aumentar, a criar moda, a ultrapassar largamente a audiência de jornais online sérios, onde prima a ética, o rigor, a crónica sábia, a opinião abalizada, o investimento sem retorno.

Os blogues têm esta acção perversa: criam tráfego, audiência poderosa, influência política e social, tendências, com zero custos.
(Vasco Pulido Valente tinha no seu blog uma audiência semelhante diariamente à sua coluna no Público e ultrapassava largamente a de muitos jornais online. E o sexo não é propriamente o seu forte. Foi uma pena que tivesse acabado. )

Em Inglaterra uma desconhecida, Zoe Margolis, transformou o seu blog num topo de vendas.
Por cá estamos a começar.
A confissão só ainda vai na cama.

domingo, agosto 20, 2006

Baby boomers, a geração que mudou o Mundo

Baby boomers

Clinton faz hoje 60 anos, Fidel está doente, eu próprio não me sinto lá muito bem e só faço 52 no mês que vem…

Gostei muito do destaque do Público de hoje sobre a geração Baby boomers, termo usado para definir quem nasceu nos Estados Unidos e na Europa entre 1946 e 1964 e que protagonizou de uma ou de outra forma a grande aventura colectiva do pós-guerra, a nova ideologia libertária, a revolução sexual, o movimento hippie, o feminismo, a independência dos povos, a sociedade consumista, a segurança social, enfim um rol de atitudes e de acontecimentos sociais e políticos que fizeram das últimas décadas talvez o período mais “civilizado” do Homem.

Clinton é um dos ícones dessa geração pela sua ascensão e carreira, desde a infância pobre no difícil Arkansas, ao seu modelo de casamento( e de infidelidades), ao seu estilo MTV, às causas que decidiu abraçar depois de ter deixado a Presidência nos Estados Unidos.
Desta geração de ouro nos Estados Unidos ressaltam nomes como David Linch, Spielberg, Oliver Stone, Cher, Gianni Versace e o incontornável George Bush e sua mulher Laura.
Há muitos, muitos mais com sessenta mas estes só por si representam bem uma geração que mudou o Mundo, uns mais do que outros, alguns para muito pior do que outros, dependendo das opiniões.
Em Portugal a fazerem sessenta este ano temos D. Duarte Pio, a cantora Tonicha, o intelectual e poeta da bola Artur Jorge, o bloquista Fernando Rosas, a minha querida amiga Lídia Jorge, Teresa Patrício Gouveia e para trás do Sol posto Xanana Gusmão.

Mesmo aqueles que não fazem seis décadas este ano e que nasceram entre 46 e 64 estão agora no poder e a exercê-lo em pleno.
Somos governados por ex- maoistas, leninistas, trotsquistas e de outros ideais de esquerda. E se o nosso primeiro- ministro se iniciou politicamente na juventude Social democrata isso foi amor de pouca dura e passado pouco tempo já era socialista, embora da ala Guterres, a mais conservadora e católica.
Os que não têm este passado de esquerda são na maior parte dos casos figuras que de uma ou de outra forma contemporizaram com o antigo regime, com o obscurantismo. Daí a grande limitação da nossa direita: não é culta nem ideológica, é ressabiada e trauliteira, e neo-liberal na fase nova-rica.

Ser-se de esquerda aos vinte é ser-se generoso e nesse sentido podemos dizer que quem nos governa e nos cobra impostos e nos põe a pagar os custos do Estado é uma classe altruísta e amiga do próximo. Imaginem se não fosse…

O Público dava a entender que por cá não tínhamos tido baby boomers até porque as razões da nossa natalidade alta nesses anos se devia mais ao nosso subdesenvolvimento ( leia-se sociedade ainda muito rural) do que à expansão da nossa indústria e logo das nossas cidades. A nossa expansão foi com a emigração para França.

George Bush é baby boomers.
Cavaco Silva não é.
E quando o vemos de férias a apanhar fruta na terra natal, no meio de diversidade arbórea centenária ( as arvores morrem de pé !) num quadro entre o idílico rural de Boliqueime e o tédio cultural da primeira dama num concerto de Juaquin Cortez, numa noite algarvia convidando ao uso de chinelos, percebemos que nós por cá todos bem, mas sempre marcando ao lado do Mundo.

sábado, agosto 19, 2006

MySpace:the movie, faz de David Lehre um génio

Hollywood tem medo da internet e da pirataria que a contém.
Mas agora muda de táctica: já que a não pode vencer, junta-se a ela. As novas ferramentas de edição de imagem e som, acessíveis a qualquer internauta, podem fazer de cada usuário um novo Orson Welles. O popular site You Tube.com tem já disponível on-line 100 milhões de vídeos diários e os seus utilizadores põem lá uma média de 65 000 novos vídeos por dia.
O portal MySpace.com segue com 35.000 novos vídeos diariamente.
Claro que não são longas metragens nem grandes superproduções, mas como a limitação faz o engenho é nestes pequenos vídeos ,que podem chegar aos 11 minutos, que se descobrem por vezes verdadeiros génios criativos.
David Lehre, que era um total desconhecido, vivendo em casa de seus pais, realizou MySpace: the movie, uma paródia com 11 minutos que desde Janeiro já conta com milhões de espectadores na rede.
Como é que uma produção caseira, baseada em publicidade boca a boca e nos bloggers, conseguiu que um jovem de 21 anos seja o novo talento de Hollyood a caminho de um contrato com a Fox television para fazer uma longa metragem ?

Este é o resumo do excelente artigo que vem no ELPAIS.EP e que vos convido a ler aqui.

sexta-feira, agosto 18, 2006

Marcelo Caetano, cem anos de solidão


Faz hoje cem anos que nasceu Marcelo Caetano.
No Público de hoje Vasco Pulido Valente (VPV) faz um artigo notável sobre o último homem da ditadura e revela uma coisa espantosa, a falta de fé de Marcelo, quer no catolicismo, quer em Deus, apesar de revelar uma posição muito liberal em relação à prática religiosa. Outro pormenor curioso é a correspondência romântica trocada em fim de vida com uma senhora portuguesa, onde ele revela uma alma inquieta e sensível.

Ana Maria Caetano, sua filha, deu uma entrevista a Judite de Sousa, passada há minutos na RTP1, onde também fez revelações que deixaram a ideia de que Marcelo era na vida privada um homem tolerante, com laivos de liberal, com preocupações obsessivas pelo sofrimento humano da guerra colonial, um moderado que queria a evolução do regime para uma democracia – apesar de confirmar o seu desprezo pelos partidos – e que viveu 5 anos de governo manietado pelos ultras direitistas.

Enfim: um homem só que sentiu a impotência de levar avante uma reforma do regime e que em 73 já pressentia a derrocada, só que não era homem para abandonar o barco quando a agua começava a entrar.
A filha falou ainda da capacidade de amar, a forma como ele suportou a doença da mulher e a paixão assumida por ela, traduzida até em poemas evocando pássaros e outras figuras poéticas.
Ainda falou de amigos de então, alguns delfins como Freitas do Amaral e Adriano Moreira, e de Marcelo Rebelo de Sousa com quem ela andou ao colo.
Foi uma bela entrevista, muito comovida, às vezes de lágrimas nos olhos, um raro momento de boa televisão.

A figura de Marcelo, vista agora à distância que a História de 32 anos permite, é na verdade um personagem que deixou muito por explicar. Claro que para mim alguma desta aureola restituída pela entrevista da filha e pelo artigo de VPV foi logo bastante, muito mesmo, ensombrada quando de seguida a RTP passou um documentário onde Marcelo aparece numa das Conversas em Família a falar da descolonização. Aí relembramos a sua obstinação política, a sua visão de um Mundo que já não era possível existir, a falta de sentido político prático e tolerante. Essa foi a imagem que tramou Marcelo e que fez daqueles anos derradeiros do antigo regime uma farsa impossível de continuar a existir numa Europa democrática e num relacionamento eficaz com uma América pós guerra do Vietname.

Marcelo se pensava em mudança nunca o fez e quando o fez foi tímido, fraco, pouco corajoso.

Dos fracos não reza a História e Marcelo não soube contornar politicamente os Kaulzas do regime, acabou por ser mais um professor do que um político, foi um homem que pôs a ética à frente da agilidade política.

Eu ainda era muito novo mas lembro-me que foi por aquela altura que se começou a falar em Portugal em evolução tecnológica.
Os tecnocratas que começavam a trabalhar para o Estado eram uma força técnica notável de competência.

Em 1973 eu era um jovem estagiário de 18 anos a trabalhar em arquitectura na Direcção Geral das Construções Escolares. Tinha entrado porque uma cunha do meu pai que lá trabalhava permitiu que eu trabalhasse enquanto tirava o curso de arquitectura.

Havia uma tolerância enorme nesse tempo. Havia muitos jovens a trabalharem nessa Direcção Geral, pioneira na introdução de computadores, tecnologias novas e projectos para escolas primárias inspirados na experiência sueca.
Era um tempo onde os melhores arquitectos e engenheiros do país trabalhavam nas obras públicas, acumulando com actividade profissional externa, contaminando os serviços com um espírito muito competitivo.

Depois do 25 de Abril essa Direcção modelo ficou modelo por outras razões: os comunistas do MFA tomaram conta daquilo, tornou-se na “ direcção-geral vermelha”.
Os directores que tinham empregue os putos do futuro foram por eles saneados ( eu nunca participei nessa linchagem) e aquilo tornou-se num serviço de parasitas e de gente faminta por poder.

A Primavera Marcelista a oportunidade perdida de Portugal.
Foi uma infelicidade colectiva não termos feito a transição pacífica para a democracia, tal como Espanha o fez pouco tempo depois.
Hoje ainda pagamos esse fardo, a aventura de uns tontassos que andaram anos a ganhar com a guerra e que descobriram que a melhor forma de subirem nas carreiras era fazerem uma revolução.
O mais incrível é que a fizeram, mesmo tendo respeitado os semáforos de Lisboa para avançarem com as chaimites!...

Deste ponto de vista compreende-se a desilusão de Marcelo.
É sempre revoltante aceitar o triunfo da barbárie contra a inteligência.
Só que muitas vezes inteligência a mais só atrapalha, e Marcelo tropeçou nas suas definitivas ideias.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Pamela Anderson e Carla Matadinho também blogam


Nós bloguistas não estamos sós no firmamento.
Temos algumas estrelas connosco a guiarem-nos na blogosfera.

Hoje mesmo o confirmei no insuspeito Correio da Manhã.
Pamela Anderson tem um diário em forma de blog e o Presidente do Irão, que não apelidaria de estrela mas de cometa incendiário, aderiu à maravilha da net depois de ter disparado forte contra as novas tecnologias do imperialismo.
A Carla Matadinho, essa força da natureza alentejana, que um dia se viu divulgada na Internet depois do computador do namorado ter sido deixado a arranjar ( era um pc de certeza, eheheh!!)com algumas fotos suas bem atrevidas para a idade, abriu esta semana um site.
Ela que ficou fula quando as fotos privadas passavam por milhares de visitors, rende-se agora à rede que a fez nascer e que a quer mostrar como ela veio ao Mundo.

Mesmo Elsa Raposo tem um site, mas é nos blogs que agora todos querem comunicar. E nem vale a pena falar dos intelectuais do Pacheco Pereira ao Miguel Esteves Cardoso, do Paulo Querido ao Manuel Falcão.

Por mim fico feliz.

Confesso que este meu blog é ainda mais viçiante do que quando dirigi os sites da Sojornal, talvez porque aqui respondo só por mim mesmo. É uma atitude pessoal, como eu gosto de funcionar, com muita adrenalina.

O futuro não está só na net, mas está já a passar por aqui.

Foto do dia


Paisagem alentejana junto à Barragem do Divor. Foto de Luiz Carvalho, ontem às 19 horas

Os moralistas contra os fumadores

Senti hoje em Badajoz pela primeira vez os efeitos da proibição de fumar em locais públicos, como um centro comercial.
Era também feriado em Espanha e acabei por ter de me refugiar com a família num centro comercial à entrada de Badajoz, onde também estava tudo fechado à excepção de um Burguer King horrendo. Mas no centro nem um cigarro se podia fumar depois de um café.
É uma medida ridícula, cínica, típica destes governos da moda, politicamente correctos que têm em Zapatero e em Sócrates os arautos máximos da moralidade de esquerda que depois os liberais – lembrem-se do governo de Durão- imitam com receio de perderem votos no centro-esquerda.
A medida é irritante e atentatória da liberdade individual.
Estou à vontade: sou na redacção do Expresso o que mais contesta os fumadores, cheguei a quase bater num tipo que num restaurante atirava fumo para cima do meu bebé, mas isso nada tem a ver com medidas extremas.
Pode e deve haver zonas para fumadores, que não sejam guetos, e cada um tem de ser educado para perceber que não está a incomodar ninguém nem atentar contra a saúde de terceiros.
Parece-me simplex !
Estes socialistas de agora que acham muito bem legalizar os casamentos gay ( uma aberração por natureza) são os mesmos que não me deixam fumar um puro num corredor amplo, de ar renovado como na rua, em nome da saúde. Depois até podem atirar os gazes da co-incineração para cima de populações indefesas…apesar de euser a favor da co-incineração desde que haja um controle efectivo da qualidade do ar e da saúde pública.
Lá para o Outono vamos ser nós a não podermos fumar em público.
É o que faz termos um Primeiro saudável que gosta de correr nas marginais.

terça-feira, agosto 15, 2006

Patos bravos trazem gripe urbanistica ao Alentejo



Aldeia da Igrejinha, Arraiolos, junto à Barragem do Divor. Os patos bravos chegaram.

Devagar, devagarinho, a paisagem alentejana, não a do litoral, a do alto, vai-se transformando. Para pior, claro.
Há 3 anos quando comprei uma pequena casa perto de Arraiolos, numa aldeia tradicional, poucos eram os sinais de novas construções. Um fim de semana chego e reparo que uma casa de dois andares tinha sido construída na minha rua, onde só havia casas de há dezenas de anos, rasteiras, de arquitectura tradicional.
Depois a Câmara de Arraiolos disponibilizou uma zona da aldeia para novas casas e assim poder atrair gente nova. As casas até são simpáticas, rasteiras, brancas, debruadas a azul e amarelo.
Agora a minha rua já tem outra casa igual à primeira, também de dois andares, sem nenhuma ligação formal, volumétrica, com a aldeia antiga. Da estrada nacional 4 já se vislumbra um perfil diferente da aldeia.

Ontem ao passar pela Igrejinha, uma aldeia junto à barragem do Divor, lá estava à entrada este mastodonte, legal com autorização da câmara e que já anuncia a continuação de mais aberrações ao lado.

É evidente que as terras não são museus e que se devem desenvolver com equipamentos que tenham a ver com as exigências dos dias de hoje. Mas o que sucede é que estas novas casas estão mal implantadas nas aldeias, não se integram e não estão pensadas para uma vida harmoniosa num local destes. Não são projectadas para uma relação com o Sol, a rua, o campo, o ar livre. São imitações do pior que há nas cidades e seus subúrbios.
Não entender que a mais valia destas terras está no seu potencial para serem diferentes e permitirem uma vida alternativa à das cidades é uma burrice total.
A Câmara de Arraiolos preocupa-se com aquelas idiotices de ruas cortadas ao trânsito, dificultando a ida à vila, sem bom estacionamento. Depois autoriza a construção de mamarrachos condenando o futuro.
Sempre pensei que o Alentejo ainda não tinha sido condenado e mantinha a sua tradição arquitectónica por ser uma zona sem investimento.
Infelizmente tinha razão. Basta haver um bocadinho de dinheiro que logo começa a ganância e o mau gosto.
Confesso que estou traumatizado: até a minha vizinha que deve ter descoberto daquelas ares condicionados em saldo, me queria pôr as máquinas por cima do meu telhado!

Não vai ser fácil fugir ao mau gosto, mesmo com a crise (!) a refrear o consumismo bacoco.

Os patos bravos chegaram ao Alentejo.

segunda-feira, agosto 14, 2006

Domingo ao fim da tarde

fotos de Luiz Carvalho feitas hoje entre as 20 e 21 horas perto de Arraiolos

Ao fim da tarde, perdido entre o Carrascal e a estação abandonada de comboios de Arraiolos, num caminho rural sem saber se seria de algum agrário que me poderia correr a tiro em qualquer momento, toca o telemóvel. Do outro lado o meu amigo João Mateus, arquitecto, companheiro dos meus tempos de adolescente no Café Biarritz, no lisboeta bairro de Alvalade, lembrou-se de mim. Estava no Ribatejo perto dos Avieiros, onde fizéramos um documentário sobre esses pescadores em 1970.

Um dos entrevistados, com voz de timbre cigano, dizia então para o gravador Uher:” Chamam-na gente os ciganos do mar porque trabalhamos de noite. Os ciganos róbam, nós trabalhamos, por isso é que somos ciganos do mar !!” – tudo em voz cantada e ainda acrescentava:” Querem então saber da vida artística dos avieiros ? Então aí vai…”- e eram mais 30 minutos de depoimentos num português incrível.

Éramos jovens e de esquerda. Eu acreditava que com a fotografia e o cinema podia mudar o Mundo, mais: gostava sinceramente daquela gente, muito semelhante aos meus familiares de uma recôndita aldeia da Beira-Alta , Sarzeda, onde adorava, e ainda gosto, de passar férias.

O Sol já desaparecia e eu ali perdido a falar com o meu amigo de imagens a preto e branco, de tempos que não voltam.
Mudámos muito e as nossas vidas também.
Mas não deixámos de nos emocionar com a luz e o tempo.

domingo, agosto 13, 2006

Viver com o inimigo

O que ia acontecendo em Londres esta semana deixa-nos de novo perplexos. Pela minha parte, pessimista nato, não pude deixar de pensar em como tudo isto deixa ainda mais frágil e vulnerável a democracia, a nossa civilização ocidental.
Nós que andámos a bradar pela liberdade, pela sociedade justa, pelas regalias sociais, a nossa geração que pôs como objectivo de vida a tolerância, o respeito pelos povos de outras culturas, temos no coração da nossa sociedade, os traidores a quem demos guarida.
Os putos que foram presos tinham entre 17 e 24 anos. Alguns tinham sido reconhecidos cidadãos de sua majestade há pouco tempo.
Não são uns pobres rejeitados pela democracia, uns desgraçados explorados pelos imperialistas e colonialistas. São cidadãos a quem o Reino Unido recebeu de braços abertos.
São da mesma geração que em França fizeram o que sabemos há meses atrás. É o mesmo fanatismo que está a contaminar a juventude suburbana das grandes cidades europeias, os filhos dos imigrantes que viram na Europa a tolerância que não tinham na sua terra, as oportunidades de trabalho que nunca teriam se tivessem continuado a viver na pátria do medievalismo religioso e político.

Quando ontem vi um excelente documentário na RTPn sobre a emigração portuguesa dos anos 60, reparei como os nossos compatriotas se portaram com dignidade e saber, como souberam integrar-se nos países que os acolheram. Aceitaram a resignação e o trabalho. Não fizeram greves políticas, não contestaram o regime, embora tivessem todas as razões e mais uma para o fazerem.

O sofrimento português deu lugar à competência, ao trabalho.
Esta gente merece tudo, até as casas que por cá fizeram, a música pimba que cultivaram, a doce forma de se ser português.

Londres hoje queixa-se do terrorismo, mas foi Londres que semeou as sementes da violência que agora todos estamos a sofrer e que não parará tão cedo.

sábado, agosto 12, 2006

Coscuvilhice de investigação

Estar de férias perdido no Alentejo seco e escaldante no meu Carrascal dá-me tempo para tudo, até para ver a imprensa rosa choque.
Entre o Le Courrier, o Público, a Sábado ( cada vez mais light e magazinesca), a Visão ( sempre com o fantasma magazinesco da Sábado) ainda me resta pachorra, e dinheiro, para me fazer de voyeur e passar os olhos pela Caras ( já tentada pelos paparazzis) a TV 7 Dias, a Lux e outra que agora não me recordo. Amanhã logo de manhã lá estarei em Arraiolos a comprar o meu Expresso, antes que esgote.
Mas da leitura (?) à beira da piscina pelas rosas ficou-me no final, tudo bem mixado, uma ideia tremenda: o país pareceu-me um pátio das cantigas com um lavar de roupa suja inacreditável.
Tal como dizia numa postagem recente, desta semana, políticos, artistas e mulheres libertinas foram fotografados por uns energúmenos a troco de uns cobres, já que isto a vida está mal para todos.
Não foi só o solitário Sócrates a besuntar as costas do irmão a vítima.
Soares aparece magoado e a legenda diz que ele anda a cambalear, Maria Barroso põe o segurança a andar em estilo Pepe Rápido durante 3 horas matinais, Cavaco já tem alcatrão até à porta da Gaivota ( e sabemos como o alcatrão é para ele um elixir de progresso) e Sampaio vê escarrapachada a foto da sua casa algarvia.
Depois vêm as vedetas da tv e seus dramas.
Merche Romero avisa que Ronaldo sabe que ela se dá com o antigo namorado, Rizo namora na praia, Rita anda com um play boy, a pivot da SIC dança com o ex da que já tem novo boy, o infeliz actor traído foge para o Brasil e a enganadora continua com o matulão do Porsche que dá surfadas, chora na varanda mas prossegue a sua doce vida amorosa.
Isto para quem leu de relance.. não está mal !!!

Se a imprensa portuguesa de referência (isto é que é ser politicamente correcto) fizesse jornalismo de investigação com esta competência como a dita imprensa cor de rosa faz as suas investigações, o jornalismo digno deste nome estava de certeza com mais audiência do que está.

Agora meus amigos: esta doença da imprensa que é a coscuvilhice vai pagar-se cara. Não me parece viável que toda a revisteca se possa dar ao luxo de invadir a privacidade de quem quer que seja, em nome da má língua e da venda de papel. É um péssimo caminho.

E que não haja dúvidas: a seguir vão atacar as televisões populistas.
Não me admirarei que daqui a pouco a TVI não venha a ter um programa de paparazzi roubando mercado às revistas que agora foram por este caminho.
Vai ser um sucesso sem vergonha.

sexta-feira, agosto 11, 2006

A solidão de Sócrates

A fotografia é canalha.
É mais um acto destas hienas do jornalismo que são os paparazzis. Ainda por cima, em Portugal, esta gente nem fotógrafos são. Não passam de uns marginais que usam uma máquina fotográfica para ganharem dinheiro à custa da coscuvilhice.

Isto vai acabar mal: esta falta de auto - regulação vai fazer com que um destes dias haja uma lei que acabe por limitar o normal exercício do jornalismo. Depois queixem-se !

Voltando à fotografia canalha: Sócrates besunta as costas de um homem na praia, que no momento seguinte percebemos que é o irmão.

O que intriga nesta foto é a solidão do primeiro-ministro.
Está de férias num resort algarvio mas nem os filhos nem a namorada estão com ele mas o irmão foi lá ter.
Isto nas democracias avançadas era um escândalo. Nem sei mesmo se Sócrates teria alguma vez sido eleito sem ter uma família tradicional por detrás. Imaginamos Blair sem família ? Ou Bush, ou Zapatero ? ( este imagina-se um pouco !).

Há dias na cimeira do G8 a mulher de Bush confidenciava a uma das mulheres de um dos lideres presentes ( não posso dizer quem) que Condollecca Rice nunca poderia ser a próxima Presidente dos Estados Unidos por uma simples razão: não tinha uma família a ancorá-la. Impossível eleger um Presidente solitário americano !
Sócrates até nisto consegue alguma originalidade e coragem, diga-se a seu favor.
Veremos até quando.

quinta-feira, agosto 10, 2006

O luto ridiculo de Mirandela

Mirandela é um dos exemplos mais tristes do que aconteceu à província portuguesa: a antiga vila de características muito próprias deu lugar a um subúrbio caótico, de prédios horrendos distribuídos anarquicamente como uma Brandoa transmontana.
Ali a qualidade de vida do passado, numa vida harmoniosa com uma moldura urbana coerente, é agora uma cidade, acho que até já é cidade, ainda mais provinciana com uma automotora laranja promovida a metro de superfície.

Se o ridículo e o novo - riquismo matassem Mirandela já tinha sido irradiada do mapa.
Quem já lá esteve e entrou naquelas rotundas patéticas, mas muito caras e pagas com o nosso dinheiro de contribuintes cumpridores, só pode ter-se rebolado no chão a rir ou a chorar por ver como em Portugal esta cambada de autarcas se comporta como sinhôzinhos Malta e triunfam à custa da ignorância popular e deste regime que pactua com uma pseudo democracia que dá muito jeito ao poder central aguentar, para depois facturar em votos na altura certa. Esta é a verdade.

Quando hoje a autarquia decidiu decretar luto por causa do governo ter decidido tirar de lá uma maternidade obsoleta, cara e pouco útil, porventura perigosa, caiu mais uma vez numa grosseria ridícula, demagógica, populista, digna de um país do quinto mundo.

O presidente da câmara decidiu armar-se em herói, defensor do povo, transformando a terra num cenário de circo triste e pobre, engalanado com bandeiras negras, explorando o primarismo da população, aliás o mesmo primarismo que o elegeu, pois se assim não fosse como explicar o voto em semelhante criatura ?

Este governo até pode ter muitos defeitos. Eu próprio detesto muito do marketing de Sócrates, mas se há coisas que têm sido feitas em concreto é na Saúde.

Numa altura em que todo o bicho- careta tem carro e telemóvel que diferença faz ir ter um filho a 5 quilómetros ou a 20 de casa ? Mais: porque há-de o país pagar o capricho de algumas populações que querem ter uma maternidade ao virar da esquina, mesmo que haja meia dúzia de partos por ano ? Mais: vale a pena ter maternidades que de tão pouco usadas fazem correr riscos para as mães ?

Haja decoro meus senhores e pensem grande em vez de em grande.
Façam menos rotundas, menos festas de verão e menos obras públicas!
Deixem-se de demagogia e trabalhem, em vez de sugarem o dinheiro aos cidadãos.
E deixem de contribuir da forma alarve como o estão fazendo para o aumento do deficit.

O David e o golias TVI

Hoje o meu filho David, quatro anos e meio, deu-me um pequeno desgosto compensado pelo encanto que é vermos os nossos filhos crescerem e saberem do mundo que os rodeia. O desgosto é passageiro mas não deixa de marcar uma data: o dia em que o David apontou para a televisão e disse que queria ver a TVI. Depois confirmou com o dedinho a sigla ao canto do écran. Quando lhe falei da Floribela, que ele já canta o tema, e lhe perguntei se passava na TVI disse-me que não e confirmou-me que era na SIC.
Eu que andava todo orgulhoso pelo facto do David preferir “Os Incríveis”, o “Shrek”, o “Wallace”, enfim: cinema de qualidade, ele dispara com a TVI como se usasse a pistola horrenda que quase fui obrigado a comprar-lhe numa das já milhentas visitas a lojas de chinocas no eixo Estoril - Arraiolos.
Afinal a política controleira do pai, ainda com resquícios de intelectual de esquerda (!), não funciona e mais cedo ou mais tarde a tentação dos enlatados acaba por prevalecer nas escolhas das crianças.
Já tinha acontecido com o Mac Donalds, o que me leva contra mim e contra o meu médico a ter de comer um Happy Meal todas as semanas.
Um destes dias vou suplicar para que o David retome o gosto pelo Canal Panda que pode já ser considerado o segundo canal da criançada esclarecida, falta mesmo só o Carlos Pinto Coelho vestido de bibe a fazer de pivot ( Fusga-se !!!).

Lembro-me que ficava fulo há 20 anos quando o meu outro filho era um fã do Stallone, depois de ter devorado o Dartacão e a Heidi a preto e branco (versão cinemateca!). Hoje o André é uma pessoa culta e de bom gosto. Portanto: estes desvios fazem parte do crescimento e que seríamos nós sem uns desvios de vez em quando?

A Ponte que foi Salazar

Há muito tempo que não via na televisão portuguesa um documentário com a qualidade do que passou hoje na RTPn sobre os 40 anos da Ponte.
Do ponto de vista da realização é de um bom gosto e aprumo de estilo que não é regra nas televisões portuguesas, como guião é notável. Anabela Saint-Maurice, a jornalista da RTP que o realizou consegui uma ligação e fio condutor perfeitos entre as imagens do passado ( também de grande qualidade) e o presente dado através de testemunhos que acabam por dar um forte cunho personalizado à obra de engenharia.
Afinal por detrás daquela ponte há heróis ( os operários que aparecem a falar e os engenheiros) e vitimas ( o puto que há 12 anos foi atingido a tiro pela GNR durante a manifestação do buzinão) e felizes contemplados: os cidadãos que adoram atravessar a ponte de comboio e de carro e que falam dela como uma bela arte de viver.
Há também uma história que se confunde com a história do Portugal contemporâneo: a ponte serviu de passagem do antigo regime para o actual, ela própria protagonizou alguns dos momentos mais pungentes do passado ( Salazar, Arantes e Oliveira a fazer a primeira travessia no passeio do gato de capacete, ministro das Obras Públicas à séria) e a ingratidão e oportunismo dos novos políticos tentando fazer da obra pública uma obra política.
Acho que isto é mesmo serviço público, mais: é desta televisão e deste jornalismo que precisamos como pão para a alma.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Sócrates irá correr no calçadão ?

Sócrates está de visita ao Brasil.
António Costa, que o substitui, vai hoje fazer aprovar a nova lei sobre imigração.
É uma coincidência? Não. É uma manobra engraxatória bem ao nosso estilo portuga. Duvido que o contrário pudesse acontecer.

Portugal tem permitido a imigração brasileira com uma tolerância desmedida ao ponto de a segurança do espaço Shenger já ter sido questionada pelos parceiros europeus.
Se com a lei que temos a invasão de brasileiros já era o que era o que fará agora!...

Nada tenho contra os irmãos brasileiros. Adoro o Brasil, a cultura, o país, tudo. Aliás o meu sonho é poder-me reformar e ir viver para debaixo de um coqueiro, apesar de já ter achado isso mais provável.

Assisti há 20 anos à chegada dos primeiros brasileiros a Portugal, nesta fase de grande redescoberta, e fiquei muito surpreendido com a qualidade das pessoas que então conheci.

Uma delas criou por cá uma empresa de marketing e cheguei a trabalhar com ela.
A Sílvia Lakeland era de uma competência notável e eu não estava habituado a trabalhar com aquele rigor profissional.
Aprendi muito, assim como com outros brasileiros, e algumas brasileiras ligadas à moda também me marcaram positivamente.
Aliás, o meu Director de Arte, o Marco, é um carioca com sotaque do Norte (!) o que só reforça o prazer que é trabalhar com ele.
A vinda de gente boa de outras culturas só pode contribuir para o nosso desenvolvimento e para o refrescar da sociedade portuguesa, infelizmente ainda demasiado cinzenta e fechada sobre si própria.
Ainda gostava de referir o contributo de Paula Lee para o entrusamento Brasil-Portugal.

O que irrita é que José Sócrates quando agora vai em visita de Estado a um país "irmão"dá sempre um ar de graxa. Já o fez em Angola, agora no Brasil repete.
Esperemos que ao menos nos poupe a mais uma sessão de correria no calçadão do Rio.
Mas já nada me admira. Quando está em jogo o marketing Sócrates parece que aprendeu com os brasileiros, o que só mostra inteligência.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Kate Moss, bendita cocaína !

Kate Moss é agora a modelo mais bem paga do Mundo.
As fotos a snifar cocaína deram-lhe publicidade redobrada e uma cotação mais milionária no mercado da moda.
Calvin Klein teve de desembolsar 2,2 milhões de euros por uma sesssão fotográfica com ela.
Os lucros anuais da modelo estimam-se em 29, 6 milhões de euros.
Segundo Alan Strutt, fotógrafo que a fotografou no início da carreira, diz dela:" é a top model mais versátil e transformável de todos os tempos".

Fernando Seara: a Serra de Sintra não é o Estádio da Luz

Fernando Seara, o da Câmara de Sintra e não aquele tontasso dos comentários futeboleiros, pode sacudir a água do capote e vir dizer através de uma assessora, que o eucalipto que ontem caiu em cima de uma família, que fazia um piquenique, não estava em terreno da câmara. Mais: que nem sequer sabe ainda de quem é o proprietário.
De uma coisa não se livra: da evidente má gestão e conservação de tudo o que envolve o Parque da Serra de Sintra e que muito lhe cabe em responsabilidade. Acho que aqui a Direcção Geral das florestas, ou algo similar, terá ainda mais responsabilidade no abandono a que está devotada a Serra de Sintra.

Há meses, numa noite de luar, decidi ir passear sozinho no meu jeep pela Serra de Sintra. Juro que pensei: e se uma destas árvores me cair agora em cima quem me vai socorrer ? Estava muito vento e havia ramos a abanar por todo o lado.
A mata está ao abandono, cheia de mato e lixo, os ramos das árvores invadem as estreitas estradas. Há gente que continua a fazer fogo para piqueniques, não se vê guarda, nem o acesso é controlado a partir de certas horas.
A balda é total, o desleixo total mas Seara diz-se inocente.
É confortável arranjar desculpas burocráticas mas mais difícil de justificar a demissão política em casos como estes de evidente má gestão.

domingo, agosto 06, 2006

Recruta para jornalistas de guerra

Nem de propósito. Depois de ter escrito a última crónica ácida, sobre enviados de guerra, passou na SIC uma reportagem sobre um curso para jornalistas em cenários de guerra, feito pela Impresa com a colaboração do exército português.
De certa maneira participei nesta iniciativa na fase inicial, como coordenador editorial do Expresso, encarregue de estabelecer sinergias entre títulos do grupo.
Este curso já tinha acontecido no ano passado. É uma iniciativa muito boa.
Os jornalistas não podem ser uns engravatados que debitam opiniões da varanda de um hotel para uma câmera em directo em vez de reportarem histórias próprias, de forma a fazer toda a diferença dos envios dos canais de agência. Há que arriscar e ser genuíno.
Gostei muito do que vi e deixou-me até uma lição: há sempre um reverso nas opiniões que muitas vezes expressamos.
Ainda há quem queira fazer jornalismo puro e duro.
Bem hajam.

Fotojornalista em fuga para Oeste

Já tenho o link para o blog do Luis Filipe Catarino, fotojornalista emprestado ao Presidente Cavaco, e que decidiu fazer uma viagem alone pela Austrália tendo uma auto-caravana como tecto e carril.
Confesso que não deixo de o invejar pela coragem e também pela disponibilidade. Aproveita Luis a independência não dura sempre.

Boa viagem !

Enviados de guerra a hóteis de 5 estrelas

Há uma coisa que as televisões em Portugal não compreendem, ou não podem compreender: pôr um enviado a um cenário de guerra a falar em directo, a um preço exorbitante de satélite, para fazer comentários e dizer banalidades, é caro, ridículo e pior: não presta nenhum serviço aos espectadores.
É jornalismo espectáculo com a agravante de ter menos recursos do que as séries juvenis da moda.
As televisões sentem necessidade, por uma questão de audiência, em mostrar que estão na frente da guerra, mas na realidade estão muitas vezes a falar de um confortável e seguro hotel de 5 estrelas, longe dos acontecimentos dramáticos. Fazem-no porque não o sabem fazer de outro modo e mesmo que o quisessem, diga-se em abono da verdade, não teriam os meios das grandes televisões mundiais.

Lembro-me de na primeira Guerra do Golfo, estava eu com o Paulo Camacho, então no Expresso, e vários jornalistas portugueses e estrangeiros num hotel de Amã, à espera de poder chegar à fronteira com o Iraque, quando reparo no José Manuel barata Feyo, então enviado da RTP, a falar junto a uma parede branca ( como se compreenderá um fundo interessantíssimo para o tema !) com voz excitada como se estivesse na frente de batalha. Este tom exaltado
daria naquela degenerência chamada Aldraban.
Mais tarde, ao ver uma reportagem sua feita na mesma estrada que eu e o Paulo fizéramos ao Iraque, embora com controles onde bastava mostrar a credencial de jornalista para passar, o Barata Feyo transformara essa viagem relativamente tranquila, numa grande aventura televisiva.
Estas encenações resultam em televisão e os espectadores sentem que estão a sintonizar um canal de heróis. Gostam. O Orelhas conseguiu muito do seu sucesso à custa destes exageros para não dizer verdadeiras palhaçadas.

Ver os envios de cadeias como a Sky, BBC ou CNN, num estilo sóbrio e rigoroso, e ver depois estas reportagens já imbuídas de tiques narrativos à la Morangos Com Açúcar é de fugir e pôr a mão na carteira. É que no caso da RTP quem paga a factura do satélite somos nós e ainda por cima no recibo da EDP, uma subtileza política e jurídica inventada há anos por Almeida Santos, outro espertalhão mas da pantalha política.

Fidel Castro por Luiz Carvalho

Fidel Castro na Cimeira Ibero-Americana, Venezuela. 1998
Um retrato meu recuperado há pouco da gaveta.

sábado, agosto 05, 2006

Festival do Sudoeste, 10 anos já cantam

O Festival do Sudoeste faz dez anos.
Confesso que ando há dez anos para lá ir, o que não me admira: ando há muitos anos para ir a muitos lados, infelizmente repito demasiadas idas a lugares que preferiria não ir!...

O meu filho mais velho, André, 30 anos, esse sim não falha nenhum ano. Ele que adora surf, o Alentejo e as praias que o contêm, tem no Sudoeste um excelente pretexto para mais uma surfada e umas noites calientes. Este ano, lá está repetente. Um beijo filho.

O fenómeno dos festivais em Potugal vem dos anos 70.
Um dia estava de cama com um febrão. A minha mãe chamou um médico vizinho, bairro de Alvalade em Lisboa. Era 1970. Entrou pelo quarto um médico meio esgroviado que em vez de me auscultar e me medicamentar me começou a perguntar se preferiria ver Os Beatles em Vilar de Mouros ou o Elton John. Era o Dr. Barges o fundador do que seria o festival.
Eu achei que ele era megalómano, mas era um melómano, um homem com uma alma infinita.
Passos dois anos aparecia em todo o lado a falar do festival, até no Zip-Zip, o célebre talk-show da RTP.

Tirando o fenómeno lateral da droga e das bebedeiras excessivas, estes encontros são a prova de uma vitalidade fantástica da nossa juventude.
Não direi o mesmo da pimpineira do Rock in Rio: um festival novo-rico para levar para fora de portas mais algum dinheiro português.

Zambujeira é fixe. O In Rio que se lixe !.

Sócrates, a personal trainer, e outras aventuras

Não pode ser mais verão.
O calor voltou, as notícias secaram nos jornais, Lisboa ficou mais deserta, não tanto como em anos de mais desafogo económico.
Até eu retomo as férias, depois de uma semana de grande experiência profissional com Juan Ignacio um guru do jornalismo que me acompanhou no melhoramento da editoria de fotografia do Expresso.
Agora vou regressar ao Sol ( salvo seja !!!).
Começei a ler alguma imprensa em atraso e logo deparei com duas aventuras quentes de verão: Sócrates tem uma personal treiner e corre que se farta no Algarve, não foi só em Luanda...
Elsa Raposo beija o seu treiner de surf na Praia de Carcavelos, enquanto a foto deixa ver a tatuagem com o nome do ex-sortudo (?) Goncalo, o namorado da novela da vida real.
Entretanto Alexandra Lencastre emagrece e lamenta-se de solidão.
Cavaco perde popularidade pela primeira vez.

Bem fez o meu amigo Luis Filipe Catarino:marimbou-se neste beco lusitano, apanhou o avião para a Australia, alugou uma autocaravana e está a percorrer sózinho o continente. Mais logo darei aqui o link para o seu blog relatando esta aventura.

sexta-feira, agosto 04, 2006

Centro de Lisboa entregue à prostituição

Há 10 anos que vivo na linha do Estoril, depois de ter morado no centro de Lisboa durante 40 anos. Hoje, há pouco, em trabalho percorri as ruas lisboetas, onde a prostituição está escancarada. Estranhei a forma como a prostituição tem aumentado nas ruas de Lisboa.
São mulheres jovens, algumas muito atraentes, outras muito velhas. O mais chocante: rapazes de aluguer, e crianças, se considerarmos que nos 13- 14 anos ainda se é criança.
No passado fim de semana foi o escândalo, a vergonha das barracas na zona de Sintra onde crianças de tenra idade ali estavam na prostituição com o patrocínio dos pais.
O que mais choca é a impunidade em que tudo isto contiunua a acontecer. Param carros topo de gama, há centenas de clientes e ao lado passa a GNR a cavalo. Nada poderão fazer, mas nem sequer conseguem dissuadir este repugnante comércio de carne humana que está a fazer de Lisboa não um lugar de libertinagem mas um reduto sórdido de vergonha humana.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Mel Gibson e a foto da noite ardente

No melhor pano cai a nódoa, Mel Gibson pode dizê-lo: para um conservador, republicano, mas nada socialista, depois do filme sobre a vida de Cristo assumindo-se num bastiãoanti-semita aí está ele a 160 quilómetros por hora em flagrante num estradão de Los Angeles, às quinhentas da madrugada.
Antes terá havido farra com alcóol e amigas.
Não havia foto mas a In Touch descobriu uma e aí está: o escândalo. Consequências imediatas: escândalo e a cadeia ABC a tirar o tapete ao actor/realizador para uma série sobre o holocausto.

Ainda vamos ter saudades de Fidel Castro

Fidel Castro por Elliott Erwitt/ Magnum

Estranho mas verdadeiro: tanto detestámos o comunismo ( falo por mim claro) que quando caiu o Muro de Berlim, passado pouco tempo, logo pressentimos que aquela odiosa cortina era afinal um reposteiro confortável para dar ao Mundo o equilíbrio, perverso é certo, mas um equilíbrio.
Mesmo as vitimas do comunismo, aqueles que viviam sitiados nos seus próprios países, muitos acabaram por se revoltar contra os ventos da liberdade, já que trazia por acréscimo responsabilidade, trabalho e jogo de concorrência.

Não é por acaso que Gorbatchov é dos homens mais odiados, por todos, na Rússia. Antes havia trabalho, segurança, velhice assegurada. Hoje há alguma liberdade de expressão, livre economia, mas isso paga-se com desemprego, incerteza, corrupção e uma nova ordem política, afinal também repressiva.

Agora com a agonia de Fidel o Mundo democrático começa a rezar para que o ditador não parta já. Ele é o garante do equilíbrio na zona. Fidel é, no fundo, um bom bode expiatório, um alvo para exorcizar os fantasmas do comunismo, que dão muito jeito à direita, um pretexto permanente para acções americanas que sem Fidel não poderiam ter o rótulo do bem anti-castrista.

Disse-o há 15 anos num almoço com um amigo direitista: " ainda havemos de ter saudades do comunismo !" - penso o mesmo hoje falando da crise cubana.

Veja aqui o excelente trabalho multimédia do sempre admirável EL MUNDO.

Um quarto de século MTV

25 anos de MTV. A foto mais polémica durante a entrega do galardão em 2003 a Madonna e Britney Spears. Voltarei ao tema.

terça-feira, agosto 01, 2006

Socrates e a sua lista de Schindler

Afinal a montanha pariu um rato: a lista de Sócrates denunciando os prevaricadores do fisco, anunciada como se tratasse de um filme de acção em versão online, e que teria pelos menos um casting de dez mil malandros, tem apenas umas duas centenas de figurantes.

Entrada de Leão, saída de sendeiro.

A notícia soube-a através de um alerta SIC no meu telemóvel, estava eu a tentar comprar online os selos para os carros.

Como já nos vem habituando, o engenheiro Sócrates governa para o espectáculo, para a imagem e não para a política concreta de acções concretas.

A ideia que se fez querer, e que vingou de uma forma admirável, de que em Portugal ninguém pagava impostos, que as profissões liberais eram uma cambada de caloteiros em fuga, e que o Estado estava a ser prejudicado, tudo isto para se poder criar um clima de impunidade e perseguição fiscal, para que a pesada máquina estatal pudesse ainda sugar mais dinheiro aos cidadãos, aí está.

A coisa pegou desde o tempo de Durão Barroso, a imprensa apadrinhou, principalmente em muitos sectores da esquerda que vêm na sobrecarga de impostos da classe média uma nova forma de fazer socialismo, e agora aí temos um Estado cada vez mais endinheirado, mais gastador, mais parasita, numa economia que cada vez tem menos margem de manobra, de lucro, para poder investir e criar riqueza, desenvolvimento.
Os neo-liberais associaram-se à esquerda. Os primeiros dá-lhes muito jeito mais dinheiro para manterem privilégios, os segundos afogam as mágoas da injustiça social, os ricos que paguem a crise.
Só quem não trabalha por conta de outrem e vê 40 por cento do seu salário ficar reduzido para descontos directos para o Estado é que pode dizer que em Portugal a classe média não paga impostos. E quando se soube há pouco tempo que 1 milhão e tal de trabalhadores não declara sequer IRS porque não é abrangido por nenhum escalão, havendo portugueses que nem sabem o que é ser contribuinte, logo também não fazem exigências à sua qualidade de cidadão, por aqui vemos o panorama português nesta confusão e injustiça social.

Não é por acaso que há cada vez mais economistas a defenderem a taxa única de IRS com agravamentos no IVA, o imposto que pode taxar quem na verdade mais consome porque mias poder de compra tem.

Mas por cá ninguém, ou quase ninguém, tem ainda esta ousadia que mais do que uma revolução fiscal é um novo conceito para uma sociedade mais moderna e competitiva.