Páginas

quarta-feira, abril 30, 2008

Já todos acordaram para o preço dos combustíveis.

Finalmente todos (!) descobriram da oposição a Cavaco ( até Manuel Pinho!) que o aumento dos combustíveis tem sido uma vergonhosa manobra de cartel por parte das petrolíferas. A conta é fácil de fazer: quantos por cento aumentou o petróleo e quantos por cento a mais nos lucros tiveram as Galps desta vida. Não é preciso perguntar ( a medo) à Autoridade da concorrência. O comunista Jerónimo de Sousa já o disse há 15 dias na AR. E voltámos a saber que Sócrates não abdica do ISP, embora a lei permita uma margem mínima e máxima para o imposto ao contrário de outros que prevê taxa fixa. Aliás era um pouco assim que antes da liberalização dos preços era controlado o preço. Está em causa a sobrevivência da economia familiar e o desenvolvimento do país.
Sócrates não vê que há ali à frente um muro e que tem de travar o que puder. Vai bater mas quanto mais cedo travar menor será o embate. Esta semana não podia ter sido pior para a bolsa das pessoas e empresas. Mas a cegueira é total.

terça-feira, abril 29, 2008

Eu e a Dra. Manuela Eanes


Os meus amigos da CARAS, nomeadamente o Paulo Petronilho, fizeram-me a surpresa de me porem ao lado da Dra. Manuela Eanes, na inauguração da minha exposição. " Manuela Eanes apoia Luiz Carvalho"- dizia o título. Para quem conhece as minhas simpatias soaristas isto pode parecer algo estranho. Mas não é. Quer a Dra. Manuela Eanes, quer o General Eanes, sempre foram de uma simpatia inexcedível para comigo. É uma amizade mútua que remonta ao ano de 87, portanto há 20 anos, quando o então recém saído Presidente me deu uma entrevista em exclusivo em que eu fotografei e escrevi. " O Regresso ao futuro do General Eanes" era o título da reportagem e se não foi a primeira entrevista dada depois de deixar Belém foi decerto a segunda. Desde essa altura sempre que encontro a Dra. Manuela Eanes ela pergunta-me pelo meu filho mais velho e recentemente pelo meu mais pequeno. É uma pessoa que se interessa pelos outros.
Confesso que detestava o PRD, o eanismo, e tudo o que lhe estava associado politicamente. Disse-o uma vez ao general quando o fui fotografar para o Expresso estando ele de férias em Tróia. São na verdade das pessoas da política mais simpáticas, afáveis e simples que eu já conheci. Acrescentava a eles, sem querer fazer comparações, o casal Cavaco. Por ironia, os políticos com quem me identifico menos acabam por ser aqueles com quem mais simpatizo. Claro que Jorge Sampaio, Mário Soares são figuras simpáticas mas acabam por não mostrar a mesma empatia.
E é curioso que alguns políticos que eu apoiei realmente e que prometeram ir à exposição acabaram por não aparecer nem mandarem um abraço... talvez por serem "só" políticos.
Acho que a política não deve separar as pessoas e a amizade, a estima e a consideração devem sempre estar acima das divergências ideológicas. Como diria Guterres, o que conta são as pessoas.

A especulação consentida dos combustíveis

Mais um aumento da gasolina e do gasóleo ( mais deste aliás). É evidente que há especulação no aumento dos preços. E sabe-se (é bom ter memória!!) que foi no governo de Durão Barroso, sendo Leite a ministra das Finanças, que foram liberalizados os preços dos combustíveis.

Os preços sobem a um ritmo muito superior ao aumento em dólares depois de feito o câmbio em euros. Há dias na AR Sócrates respondia a esta questão a Jerónimo de Sousa dizendo que o PCP queria que fossem os contribuintes a pagarem uma contenção dos combustíveis por parte do governo. É a mais completa desonestidade intelectual !

Os portugueses estão a pagar os lucros brutais da Galp, e se não está a haver cartel nos preços a autoridade da concorrência devia actuar, e a economia do país a sucumbir. Não há classe média, empresas, que resistam a isto. Hoje gasto tanto por mês a andar de Smart Cdi como gastava há 10 anos a andar de Porsche ! E eu não conto, claro. Mas os camiões TIR que entram em Portugal e saem com gasóleo espanhol, os portugueses que atestam em Espanha...bom é fazer as contas!
É bom saber-se que este aumento brutal nos combustíveis tem o mesmo impacto nas famílias como o aumento dos juros.
Talvez a Santa Padroeira de Portugal que aí vem traga uma varinha de fada ou talvez regresse com as medidas neo-liberais do camarada Durão e tão ao gosto do seu rival , o senhor (dos)Passos

segunda-feira, abril 28, 2008

Manuela Ferreira Leite, levanta-se e anda

Aquela máxima anarquista de que " Eu nunca pertenceria a um clube que me aceitasse como sócio", pode aplicar-se ao PSD e à sua putativa presidenta Manuela Ferreira Leite.
Ela lá veio dizer do cimo da azinheira das laranjas que quer mandar no partido porque este está triste e desapontado ( cito de cor). Pois...um partido que votou quase por unanimidade em Meneses, teve Santana na Figueira e reincidiu em Lisboa, que votou Carmona, que perdo-ou a Barroso, que olha para o céu quando evoca Sá Carneiro e tem Cavaco como guia espiritual, para não falar em Jardim o homem cuja obra fala por si...um partido assim só pode andar deprimido, a meter baixa, fechar para obras ou suicidar-se. Why not ?

A salvadora da Pátria aí está.
O país bem parece andar a soluçar por uma beata. Vejam a agenda de hoje: uma esquadra da polícia em Sacavém foi assaltada por onze cidadãos, o que vem demonstrar quanto é necessário o governo investir na segurança privada para guardar os guardas, um tribunal do norte parou com o andamento de centenas de processos porque o edifício de 17 anos ameaça desabar. E se formos mais sérios basta vermos as previsões de crescimento da economia, inflação, juros da Euribor, preços dos combustíveis...para apetecer chamar pela santa padroeira. E Se a Nossa Senhora de Fátima já não consegue acalmar as almas desvairadas e desvalidas que venha a da cara de pau.
Entretanto Sócrates anuncia 400 milhões de euros para ligar Cascais a Entre- campos. Porreiro pá! Com a mania do carjanking os queques da linha ( not me, not me!!) vão passar a deixar os Audi e BM'S na garagem e deixarem-se assaltar de forma mais democrática nos comboios da linha.
Não é, pelos vistos, só o PSD que anda deprimido.

sábado, abril 26, 2008

O cravo que Cavaco desprezou

A OviBeja ( escreve-se assim?) é sempre um grande acontecimento nacional. Gosto desta palavra pronunciada com o tom de Sousa Veloso. O nome faz lembrar o tempo da Tv Rural.

Bom, hoje Cavaco falou na OviBeja, por ironia com Sevinato Pinto atrás, o ex-ministro da agricultura de Santana. Estava com um ar duro, lembrando os tempos do cavaquismo no seu melhor. Filmado em contre-plongé, meio deformado, Cavaco mostrava aquela sua faceta que fez dele uma figura arrogante, antes de ter virado Acabado Silva. Depois foi o que se sabe: fez de morto, afirmou-se como um simples professor de economia, passou a sorrir, criticou os políticos e disse que não era político, os portugueses comem muito queijo e esqueceram assim os anos do cavaquismo: a entrada brutal de funcionários públicos no Estado, a massificação do ensino sem o correspondente aumento da qualidade, o desprezo pelo ensino superior, a sub-alternização do curso de medicina, o betão contra o ensino, o alcatrão contra o planeamento urbanístico e de transportes. Os portugueses acabaram à tangente, por menos de um estádio de futebol, por eleger Cavaco Silva.

No dia 25 de Abril no discurso da AR Cavaco mostrou-se indignado porque os jovens não sabem o que foi o 25 deAbril. Um pouco como ele que há dois anos fez questão em não pôr o cravo na lapela. Cavaco também esqueceu o 25 de Abril e desprezou o símbolo da revolução, contra uma Assembleia e cravo ao peito. É bom não esquecer!

Cavaco nunca participou na construção da democracia. Enquanto Balsemão queria devolver a política à sociedade civil metendo os militares nas casernas, enquanto Soares lutava contra o avanço real dos comunistas, enquanto Sá Carneiro ou Freitas do Amaral defendiam uma direita civilizada e europeia, Cavaco era um economista que não se metia em nada.
É natural que os jovens portugueses não saibam nada do 25 de Abril. Têm um bom exemplo a seguir no seu Presidente. Quando se faz um elogio desbagado a Alberto João jardim, gabando-lhe " a obra que fala por si", quando se deita para a sarjeta o ícone da mais bela e tranquila revolução que devolveu a democracia ao povo, é preciso ter muita lata para vir dizer que os calinas dos jovens não sabem nada da coisa. E agora ( pasme-se no ridículo!) vai chamar a Belém umas associações de jovens para levarem a cassete aos quatro ventos para aprenderem a cartilha da revolução.

Os jovens, e os menos jovens, podem não saber de História mas estão preocupados com isto senhor Presidente: com o desemprego, a estabilidade do emprego, as taxas de juro, a segurança urbana, o futuro dos filhos, com as escolas da treta oficiais ( eu que o diga como pai!), com a falta de horizontes para uma vida que o tal 25 de Abril devia ter criado e apenas deixou umas auto-estradas que dão milhões de lucro à Brisa, e um país desajustado aos desafios da globalização e da competitividade europeia.

Os portugueses estão preocupados com a carga brutal fiscal, a classe média agoniza depois da agora Nossa Senhora da Pátria ( o cavaquismo de saias plissadas) querer regressar com o apoio escondido do Presidente, tendo sido ela a carrasca da classe média no governo do desertor Durão Barroso.

Devia ser lindo: Cavaco em Belém, Leite em S. Bento. Não era coabitação era mesmo promiscuidade política total.
Ainda acha estranho, senhor Presidente, que depois de tudo isto, e muito mais, os portugueses se maribem no 25 de Abril ?
Pelo menos os que não sabem o foi o 25 de Abril têm a humildade de não rejeitarem o cravo na lapela.

Sorte de Cavaco jovens desconhecerem o 25 !

Cavaco mandou fazer um inquérito para saber do interesse dos jovens pelo 25 de Abril. A conclusão foi demolidora: a maioria nem sabe o que isso foi, não quer saber e tem raiva a quem sabe. O Presidente não devia ficar agastado com a ignorância dos jovens, devia ficar chocado com aqueles que durante 34 anos construíram um país onde a educação, a História, a ciência e as artes foram votadas a um plano marginal para não dizer ao ostracismo.

A célebre frase de que a cultura é tudo o que fica depois de se esquecer, aplica-se bem ao 25 de Abril: é a democracia que se ganhámos depois de termos esquecido o folclore e muita leviandade, embora vistas à distância as encaremos com a maior das ternuras e
saudades. Porque não dizê-lo ?

Agora o que Cavaco devia reflectir é o facto de ter sido um dos protagonistas mais influentes do Portugal pós-25. Esteve 10 anos como primeiro-ministro e é agora PR. Portanto, se há ignorância e desinteresse por parte da juventude, e das gerações mais novas em relação ao 25 de Abril, é porque este regime tem sido construído na base do facilitismo escolar. Promovemos o consumo mas esquecemos a preparação cultural.

Mas agora que se avista no horizonte nacional a sombra da Nossa Senhora da Pátria, a impoluta, a competente, a séria, a cara de pau, a credível, os jovens vão aprender o que foi o 25 de Abril. E para azar de Cavaco vão entender que ele foi um dos principais obreiros do estado a que tudo isto chegou. E que a sua Manuela foi das ministras da educação mais contestadas e aquela que mais cortou nas verbas da cultura e do ensino, quando ministra do governo do renegado camarada Durão.
Às vezes é melhor que a malta não saiba mesmo de História !!!

sexta-feira, abril 25, 2008

Pejão. As minas ao fundo do túnel

Depois de 14 anos do fecho das Minas do Pejão, 5 ex-mineiros aceitaram voltar ao fundo da mina para uma reportagem do Expresso. O vídeo de Luiz Carvalho

O 25 de Abril em directo

Excelente reportagem da RTP. Repare-se na espontaneidade da câmara, ao ombro, directa e emotiva. O cameraman era o João Rocha com uma Eclair 16mm. Onde andará ?

quarta-feira, abril 23, 2008

O Diabo veste-se de Leite


Regresso ( como o outro!) à política, depois da exposição Entre cidades.

Apetece falar de política. Com o anúncio da também regressada Manuela Ferreira Leite, a ameaça de madeirização do PSD com Jardim à frente como se marchasse em cuecas pelo Carnaval a fora, ou com a subida ao firmamento laranja do sócio de Ângelo Correia, o ex-juventude laranja, ex-marido da Doce Fátima Padinha, o político da voz bem timbrada Pedro Passos Coelho ou até o atrevimento de Patinha Antão ( o deputado que tendo sido multado um dia em excesso de velocidade meteu uma cunha para ser safado, e foi-o!) além de um desconhecido que não sei o nome, enfim: não faltam jokers para montarem o cavalo do poder do PSD.

Ainda está desguarnecida a grande área laranjinha, aquela zona populista que na verdade elege directamente líderes capazes como Meneses, e que está a esta hora a escolher entre Santana, Jardim ou na falta destes, um pândego que venha dar mais uns pontapés na rachada baixela do partido.

Uma coisa é certa: o regresso de Leite é do pior. O pior que podia acontecer ao país era ter de voltar ao passado, à velharia, ao estilo de caras de pau, discursos de contenção.

Não nos esqueçamos de evocar alguns dos feitos da Azeda política: PORTAGENS NA CREL/PAGAMENTOS POR CONTA ÁS PEQUENAS EMPRESAS E TAXISTAS/AUMENTO DE 4 POR CENTO NO IVA/LIBERALIZAÇÃO DOS PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS/VENDA DE PATRIMÓNIO DO ESTADO, nomeadamente um na Amadora que deu muito que falar mas depois todos calaram.

Para pior voltamos ao Sócrates. O drama deste país é que acabamos sempre por eleger os maus à falta de melhores. Até nesta confusão Sócrates tem sorte.
E Santana volta.

( foto dica do Terra de Ninguém)

ENTRE CIDADES ATÉ 7 DE JUNHO






Porque se faz uma exposição de fotografia ? Para alimentar o ego ? Para os nossos inimigos ainda se enraivecerem mais ? Mostramos em grande o nosso trabalho para contemplação, porque as fotografias publicadas na imprensa são fugazes e acabam por morrer na semana que passa ? Ou expor acaba por ser um acto entre o suicídio, o strip e a roleta russa ? Expomos porque andamos demasiado distraídos com os nossos amigos e uma exposição é um acto de confraternização ?

Uma exposição é um pouco de tudo isto e muito mais. Hoje, depois de ter encerrado a Galeria Verde Alface, senti uma felicidade profunda e tranquila. O mais importante foi sentir a família e amigos comigo. Estavam lá. Quem não pôde mesmo ir mandou mensagens, outros que não esperava ver deram-me uma alegria enorme com a sua presença. As fotografias expostas são apenas mais umas fotografias. Nem eu pretendi mostrar arte, nem habilidades, nem saber e experiência. Não se pode fazer uma exposição, um livro, um filme, para afirmações pessoais. Apenas quis mostrar alguns olhares meus sobre a vida, alguns percursos, lugares, pessoas. A qualidade da fotografia não está no efeito, no giro, na moda. O sublime está na simplicidade e essa qualidade é a mais difícil de alcançar. E eu tenho sempre dúvidas.

Todos os dias das 12 às 19 na Rua Nova de S. Mamede 31, Galeria Verde Alface. As minhas fotografias estão lá à espera.

CLIQUE AQUI PARA VER O SITE DA EXPOSIÇÃO

segunda-feira, abril 21, 2008

ENTRE CIDADES INAUGURA HOJE

Não sou grande entusiasta de fazer exposições. Nunca percebi se é por preguiça ou timidez. Na verdade fico aterrorizado em pensar que vou ter todos os olhos por perto a olharem fotografias expostas numa parede como se fosse um strip-tease fotográfico. Também temo a produção das exposições. Acho que se tivesse condições ideais como são dadas a iniciativas como as do Besphoto, eu estaria muito mais descansado. Numa exposição qualquer pormenor gera critica, muitas vezes piadas. Como gosto de pormenores a coisa ainda se complica mais.
Enfim: estou satisfeito agora que Entre cidades está montada. Resta acrescentar amanhã umas legendas, voltar a verificar a eficácia da cola que segura alguns capalines e o que for se verá.
Também não se deve levar demasiado a sério uma exposição. É apenas uma exposição, também um bom pretexto para encontrar amigos e dar a ver algum do meu trabalho.
Outro drama: o que custa muitas vezes é o que se retira da exposição, o que ficou de fora, e não o que se dá a mostrar.

Espero que os meus leitores fatais apareçam. Terei um imenso prazer em os ver por lá. Até logo.

HOJE, TERÇA ÁS 18H30 INAUGURAÇÃO. ENTRADA LIVRE




Exibir mapa ampliado

domingo, abril 20, 2008

Depois de Cavaco a bonança à jardineira

"Está um lindo Sol, um lindo dia, o Presidente trouxe a bonança à Madeira!" - Cavaco respondia assim aos jornalistas que o interpelavam à saída do encontro com Jardim. Segundos antes, Jardim saía e escapava-se dos jornalistas, parecendo que o encontro tinha sido pouco amistoso.

Não se tratava da célebre cena em que Cavaco comia de boca aberta bolo rei para evitar as perguntas do jornalista da SIC. Agora o estratagema era o mesmo: fazer qualquer coisa para não responder à pergunta e como não havia bolo rei falou do tempo. Um destes dias quando alguém perguntar a Cavaco como vai o país ele poderá responder: " sabe... o que eu gosto é dos meus netinhos, ouvir a Katia Guerreiro e de ter aulas de voz com a actriz Glória de Matos. A política é para os políticos. Eu sou apenas um professor de economia !".

O que é espantoso é que esta estratégia tem levado Cavaco de vitória em vitória e o povo gosta, o jornalismo acata, todo o poder político consente. O Presidente da República que não passava de um senhor Silva qualquer para o grande líder da Madeira, acaba de elogiar os 30 anos de progresso da ilha e que a obra de Jardim fala por si. Estamos, portanto, ainda no tempo em que os animais falavam e as obras públicas também. Um tempo que deve coincidir com aquele em que o nosso primeiro Sócrates usava poupa no cabelo e gizava aquelas belas obras de construção civil, que também devem falar por si, se seguirmos o pensamento do Senhor Presidente. Aliás a marquise da Travessa do Poussulo é uma obra que também fala por si.

Portanto: a democracia que se lixe. O caso da Assembleia Regional está enterrado. Os loucos foram recebidos em sessões privadas pelo PR. como se estivesse num regime de ditadura onde os chefes do Estado de visita fazem ouvidos de mercador nuns encontros para acalmar os ânimos dos contras.
Depois de toda esta atordoada ainda vamos ter um encontro entre Jardim e José Pinto de Sousa ( vulgo José Sócrates) para um happening tipo Perdoa-me. Cavaco faz de Fátima Lopes, Sócrates de ofendido e Jardim de vilão. Genial, lindo. Só falta Camilo de Oliveira em sarilhos e suas muchachas.
Depois desta lamentável semana madeirense de ossanas só há que meter a viola no saco. Sou dos poucos portugueses que sempre achou que na verdade a Madeira é a região de Portugal mais desenvolvida. E não falo de rotundas nem de obras de novo-riquismo. Aquilo é estrutural e tem beneficiado os mais pobres e permitido aos ricos continuarem a sê-lo.
Agora que se permitam atropelos deste nível às instituições e que se pactue com alarvidades não me parece muito correcto. Este medo pelos votos da Madeira, esta subserviência que faz de Gama um bajulador e de Cavaco um distraído e que prepara Sócrates para andar ao colo ( em sentido político claro) de Jardim já parece festança a mais. Como diria o de Gaia: Basta, ponto. Basta!

sexta-feira, abril 18, 2008

DOIS ANOS DE INSTANTE FATAL

Um comentário de hoje no Fatal lembrava-me que o blogue fez 2 anos no passado dia 18. Há por aqui gente atenta, o que é gratificante.

Ao fim de dois anos e quase trezentas mil visitas sinto-me contente, embora gostasse de avançar mais na estrutura editorial. Vai ser difícil crescer muito mais. Obrigaria a mais tempo, disponibilidade e algum risco, tudo coisas de que não vou poder dispor.
Ter qualquer coisinha em Portugal provoca sempre reacções de inveja. Este blogue já criou alguns ódios de estimação mas também é verdade que há por aqui uma comunidade muito fixe e que sinto estar comigo.
Ainda ontem me confidenciavam que alguém teria comentado que não entendia porque tinha escrito aquele post sobre a minha sessão fotográfica com a Soraia Chaves. Achava esse alguém que isso era um problema meu e que os leitores deviam ser poupados a tais confissões. O vídeo que então inseri no You tube sobre esse tema já ultrapassou as 100 mil visitas e esse post continua a ser todos os dias lido a partir de buscas no Google.

Ora um blogue não é uma crónica jornalística, não se rege pelos códigos do jornalismo, não tem de ter uma linha editorial inflexível. Um blogue é um espaço pessoal de comunicação onde cabe tudo menos o insulto, a mentira, a calúnia. Por isso a blogosfera transformou-se num espaço de liberdade ( com todos os perigos que a liberdade comporta), de alternativa à imprensa tradicional. A blogosfera já influencia na política, na opinião pública. A blogosfera começa a ser tão temida como a imprensa.

Os leitores estão cansados de estratégias artificiais para os levarem a comprar jornais. Agora querem discursos directos, protagonistas, histórias vivas, opiniões desassombradas e independentes, mesmo que por vezes padeçam da maior parvoeira. O que não quer dizer que a imprensa tradicional seja dispensável, pelo contrário: terá de ser diferente, melhor, mais amiga do leitor, mais útil. Obrigatória. Esse é o desafio a vencer da imprensa escrita. E vai vencê-lo.

Dois anos a mandar bocas já é alguma coisa. Continuarei a entreter-me a escrever por aqui. A coisa portuguesa vai de novo aquecer com a política e o fotojornalismo, pelos vistos, está a dar mais que nunca.
Obrigado pelos vossos cliques.

Vitória ( de Guimarães) até morrer

E O VITÓRIA CONTINUA EM SEGUNDO LUGAR
O vídeo de Luiz Carvalho sobre a claque do Vitória de Guimarães. Mais no Expresso de amanhã.

quinta-feira, abril 17, 2008

Meneses vai, Meneses vem

A política para o PSD ( e não só!) continua a ser uma bela arte de dominar toda a cela do poder. Hoje Aguiar Branco, o ministro da Justiça de Santana, que no Congresso de Torres falou quase para as moscas porque os delegados abandonaram a sala por desinteresse, veio numa tentativa de se demarcar para o tiro de partida, dizer que estava pronto para a nova corrida, nova liderança. Meneses rastejou-o com uma surpreendente contra-partida. Se são assim tão populares e tão bons ganhem então ao homem de Gaia! Força valentassos! Aguiar Branco bem pode pôr as suas estimadas Mont Blanc de molho para começar a escrever às elucidadas bases, básicas, do PPD-PSD !

O PSD está a atravessar uma crise, várias crises mesmo, com meninos queques da Foz, copinhos de leite ( como diria o Ferreira Torres de PPortas), banqueiros desempregados e esfaimados por poder.
Portanto: o circo regressou à cidade. E se na sexta passada Santana avisou que estava de regresso, Meneses anunciou hoje que estava de partida. O máximo !

Mas atenção aos bastidores. Atrás dos panos estão algumas figuras que ninguém vê. Mas estão lá. O boxeur espreita e se for preciso vai à mugaça !!!

quarta-feira, abril 16, 2008

Sporting concretiza, Benfica agoniza

Estava numa tasca à beira da estrada perto de Évora e o Benfica acabava de marcar o segundo golo ao Sporting. A malta rejubilava entre coiratos e tintol. Quando entrava na Vasco da Gama o Alerta SIC apitava e dizia que o Sporting papara 5-3 ao Benfica. Lindo. E com tranquilidade, claro. Não sei se um jogo com muitos golos revela boa artilharia ou uma manada de frangueiros, a verdade é que os rapazes de Vieira levaram uma cabazada e esta ninguém nos tira a nós lagartos.

Se é verdade que a bola é redonda, que para ganhar há que concretizar e o melhor prognóstico é no fim do jogo, também está na cara que a final com o Porto vai ser a doer. Vamos a eles nem que os tenhamos de comer !!!..

Saiba quem é Avelino Ferreira Torres

Reponho esta biografia escrita por mim e editada sobre Avelino Ferreira Torres. Foi feita para o Expresso online na altura da última campanha das autárquicas. Vai em quase 15 mil visitas no You tube

segunda-feira, abril 14, 2008

Bokassa e o senhor Silva

Jardim é um bocassa: deita da boca para fora o que lhe vem à cabeça. Cavaco faz de Silva e parece esperar a ocasião certa no lugar certo para demonstrar o seu desagrado pelos insultos de Jardim aos deputados da oposição madeirense.
Até agora ninguém se indignou muito com o nosso Bokassa, como lhe chamou em tempos Gama, Jaime Gama. E porque ninguém se indignou até agora, nem sequer Sócrates, sempre lampeiro a defender os socialistas e ele próprio contra a comunicação social ? Porque na verdade a oposição da Madeira não passa de um grupo de incompetentes e idiotas e, apanhando eu boleia de Jardim acrescentaria: loucos mesmo. O líder socialista é aquela caricatura que se ouve e vê, e dos outros nem se pode falar porque não os conhecemos. Jardim tem alguma razão e dita com a sua habitual desfaçatez acaba por ser uma verdade, uma constatação consentida.

O Presidente Cavaco que em 2005 viu proposto por Alberto a expulsão do PSD acusando-o de falta de ética política, foi agora ao arquipélago das bananas. É uma terra linda e com um desenvolvimento sustentado, bom, a região do país com mais rendimento per capita. E não se trata de propaganda, trata-se de obra com futuro. Os madeirenses não são idiotas e perceberam há 30 anos que têm ali um político que os defende em toda a linha. O resto é inveja política. O resto são os loucos que contestam o chefe.
O povo gosta de líderes com tomates, descaramento e coragem. Foi por algumas destas más razões que em Itália Berlusconi voltou a ganhar maioria absoluta, depois de ter governado da forma mais desgovernada.
Estes sinais reforçam Jardim e até despertam esperança no Regressado Santana que não esquece que em política não há mortos nem acabados. Cavaco Silva que o diga também.

Não às portagens nas Scut`s

Proteste aqui e assine aqui contra as portagens de Sócrates nas Scut`s

domingo, abril 13, 2008

Viva o Vitória de Guimarães !!!

Adeptas do Vitória ontem durante o jogo com o Boavista. Foto LC

Para ser franco sou sportinguista mas confesso que fiquei a simpatizar com o Vitória de Guimarães depois de ontem ter assistido a um excitante jogo no meio da claque vimarenense. Os tipos são uns pândegos a valer. Enchem o estádio com quase 30 mil adeptos, acreditam na camisola, têm brio e honra na terra, clamam pelo Afonso Henriques e ainda por cima metem golos. Vão em segundo lugar no campeonato e conseguiram meter no bolso o rei da pneuzada, esse biruta da bola que sabe tanto de esférico como eu de borracha. Eu sei aliás de borracha pois calço como deve ser os meus carritos.
O Guimarães é um clube a sério. A malta diverte-se, sofre e tem orgulho. A cidade transforma-se em festa, as horas que antecedem os jogos trazem alegria, esperança e optimismo. Tudo aquilo que falta em Portugal, sobra de sentimento em Guimarães. Depois aquele povo é porreiro, pázinhos! Recebem-nos com simpatia que não é gratuita, é fraterna. Come-se bem naquela cidade, dorme-se tranquilo. Há ali um Portugal íntegro. Trabalham, divertem-se e vão em frente. A cidade está bem conservada na zona histórica ( linda !) e bem equipada na parte nova. Aliás o estádio de futebol é uma excelente peça de arquitectura.

Adorei Guimarães a valer. Há muito tempo que não sentia esse sentimento notável de me sentir bem em casa. De ser português.

sábado, abril 12, 2008

ENTRE CIDADES DE LUIZ CARVALHO



Está convidado para dia 22 de Abril às 18,30 estar na inauguração de
ENTRE CIDADES

(22 de Abril / 7 de Junho)

Galeria Verde Alface
Rua Nova de S. Mamede 31- Lisboa

Todos os dias de segunda a sábado ( 12-19h)

CLIQUE AQUI PARA VER O SITE DA EXPOSIÇÃO

Os horrores de Pep Bonet

Pep Bonet no Porto ( foto LC)
Estando hoje em Guimarães dei um salto ao Porto para ver Pep Bonet, o fotógrafo espanhol da NOOR, mostrando e comentando vários portfolios seus, no Instituto de Fotografia.
Quando cheguei agora ao quarto descobri o seu site que é óptimo e me tinha evitado uma ida ao Porto ( embora sempre agradável).

A apresentação feita pelo Instituto não foi das mais felizes. Quem apresentou o fotógrafo esqueceu-se de referir do mais importante no seu curriculum, que pertence à NOOR, para lá de ter interrompido a apresentação de fotos dramáticas de África para pedir " ao proprietário do Fiat Uno com a matrícula...".

As fotografias de Pep impressionaram-me e acabaram por me despertar um sentimento de rejeição. Explico: são boas fotografias, algumas mesmo excepcionais, mas este fenómeno de só mostrar o lado mais miserável da História começa a ser demasiado cansativo. E de tanto se querer denunciar o Mal acaba por se fazer dele uma banalidade.
Por outro lado, era bom fazermos a discussão em torno do respeito pelas pessoas fotografadas. Será que as pessoas ali retratadas na maior das misérias gostaria de se ver nessas fotos ? Onde começa a denúncia da indignidade e acaba a falta de consideração, de ética ? Não será um atentado à privacidade certo tipo de imagens chocantes ? Gostaríamos que um nosso familiar fosse assim mostrado na praça pública ? Será correcto criar fama com a desgraça alheia ?

Não vou agora desenvolver o tema. Há um limbo entre o mostrar por mostrar e a grandeza da forma que transforma a tragédia em hino. Smith, McCulin, Nachtwey, Salgado, fazem-no com um respeito admirável pelo ser humano e pelos protagonistas que povoam as suas obras. Já tenho mais dúvidas em relação a Pep.
O uso e abuso da grande-angular, do preto e branco, do pormenor, da densidade dos ceús, dos enquadramentos entornados, acaba num maneirismo como qualquer outra habilidade artística. Onde acaba a forma e começa o conteúdo, ou se a forma já é conteúdo ( eu acho que sim), há por aqui muito presunto para serrar.

Algumas ideias que Pep explicou e de que eu partilho: só no terreno é que sabemos o que vamos mostrar. O fotojornalismo das histórias está acabado, arranjar alternativas aos jornais para se poder mostrar o Mundo, não há olhares neutros, a cada fotógrafo a sua realidade.

No filme sobre Pep, em que se vê o fotógrafo a rebolar no chão com crianças e a usar essa brincadeira para fotografar desgostou-me. O fotógrafo não tem de ser actor para fotografar. O fotógrafo é testemunha, alguém que está de fora e que descreve o que vê com a sua câmara.

sexta-feira, abril 11, 2008

Depois das Mães de Bragança

Bragança já não é a casa de putas no alto da serrania. A cidade está triste, talvez da chuva persistente, talvez da construção anárquica que transformou uma das mais belas cidades portuguesas num arrabalde de mau gosto, deprimente, triste. Tudo o que é novo por aqui é mau, começando no Hotel de Turismo São Lázaro, um mastodonte sem harmonia, mau serviço e com a lata de 4 estrelas. A parte histórica da cidade está em ruínas e as pérolas de arquitectura tradicional portuguesa em estado de colapso iminente. O Castelo está preservado mas mal com obras inacabadas e até o antigo Domu municipal a meio de ser conservado.
Bragança é o exemplo claro de como o poder das autarquias se torna nefasto, diria criminoso, quando é medíocre e não controlado.
O dinheiro que o autarca-chefe gastou em rotundas ridículas, verdadeiros crimes de lesa inteligência, bom gosto e despesismo dos dinheiros públicos, era melhor que o aplicasse em dar condições às escolas e outras estruturas sociais.

Mas há pérolas que ainda fazem da cidade um orgulho histórico e cultural. Uma delas é o restaurante do Solar de Bragança. Ali está um dos melhores restaurantes de Portugal. Junto já ao Tia Alice de Fátima. Passarei a fazer desvios para lá ir. O ambiente é lindo, a comida preciosa, os donos de uma educação e cultura contagiantes.

As putas devem ter partido para Espanha. Depois da gasolina, do IVA, são agora as meninas a suspirarem em espanhol para prejuízo de Bragança e alívio das Mães enganadas e abandonadas.

sábado, abril 05, 2008

Como sobreviver às fotos da socialite


Jean Claude-Leroy chamou hoje de mentirosos aos magazines que dizem não ter dinheiro para pagarem longas estadias a fotojornalistas em cenários de guerra mas que pagam fortunas por imagens do social. É uma meia-verdade. É preciso acrescentar que sempre assim foi, tirando a LIFE, a TIME e a NEWSWEEK nos anos 80-90. O que acontece hoje é que agências como a Reuters e a AP ,que antes do digital só disponibilizavam fotos na hora de má qualidade, passaram agora, há 7-8 anos, a pôr em em linha fotografias com resolução para imprimir em qualquer revista exigente. Ao mesmo tempo a qualidade dos fotógrafos destas agências de news melhorou muito. Há excelentes fotojornalistas a trabalharem em news. Aquele nicho que a Gamma, Sygma e Sipa disputavam passou a estar preenchido com as grandes agências. A Reuters tem 400 escritórios em todo o Mundo !
Por outro lado a rapidez das televisões acaba por tirar frescura às fotos mostradas passados dias. mesmo que as fotografias sejam melhores, o efeito de surpresa desvanece-se com a televisão.

Portanto: perante a concorrência das agências de news, televisão e jornalismo do cidadão, o fotojornalismo de autor tem de encontrar uma nova linguagem, um enfoque diferente, tem de continuar a surpreender pela novidade e pela emoção.
Outra verdade: é muito caro manter um fotógrafo por exemplo em Bagdad. Se for um correspondente que viva lá torna-se mais barato. Para circular em zonas de guerra são necessários apoios logísticos grandes e meios caros. A diária de um hotel nessas zonas é mais caro que em Nova York, os carros de aluguer têm um preço proibitivo e as comunicações muito caras, quando as há. Os free-lancers arranjam borlas para dormirem, vão com um dos lados beligerantes, aceitam condições de trabalho desgraçadas para poderem trazer imagens diferentes. Aqui encontramos o tal jornalismo militante que acaba por dar trabalhos extraordinários. É neste romantismo que encontramos o melhor que há e que encontramos em Perpignan. Mas temos de reconhecer que para o comum dos leitores este tipo de relatos tem de ser bem temperado com faits-divers para amaciar a dose. O Paris-Match, o VSD ou a Stern ainda têm espaço para estas reportagens mas a internet é agora o meio ideal para circular este género de reportagens. Só que a internet não paga, ou paga a um décimo do preço.

Quando fui responsável pela fotografia do Expresso chegavam-me portfolios fantásticos mas que se tornavam difíceis de publicar: eram caros, a pb, com nenhum pretexto de actualidade para serem publicados. Depois a crueldade e a dureza de alguns temas acabam por marcar demasiado uma edição que não pode ser " carregada" nos tempos que correm.

Os leitores aceitam ver imagens dolorosas numa exposição mas não lhes agrada muito vê-las ao sábado ao pequeno-almoço depois de terem pago 3 euros ou 4 por um jornal. Esta é a verdade. É como passar documentários sociais no prime-time. Foge tudo para a novela. E podemos não estar de acordo mas é esta a realidade cultural, onde há uma classe média, e é ela que compra os jornais.

A situação não é nova. Capa fez moda para sobreviver, Erwitt fotografou frigorificos para a Westhingous, Burt Glin trabalhou 20 anos para um laboratório farmacêutico, Salgado fotografava conselhos de ministros à quinta para pagar os pb de África.

A ideia de que se vive do fotojornalismo puro e duro é um mito. Talvez o Nachtwey e mais meia dúzia. E quem vive em Portugal aparentemente de free-lancer ou tem pais ricos ou anda a trabalhar no duro nos intervalos das reportagens.
Acho que não há receitas mas a sobrevivência do fotojornalismo de autor está a passar pelo apoio de instituições. O que é bom. Por exemplo o livro sobre o INEM do Augusto Brázio, o vencedor deste ano do Visão, foi pago pelo INEM e permitiu ao fotógrafo seguir com tempo a actividade da instituição. Um bom exemplo a seguir. Só que, se fosse levado a sério o código deontológico dos jornalistas, esta prática seria pura e simplesmente condenada. Refém da mentalidade dos anos setenta, o sindicato não aceita que um jornalista possa trabalhar fora do circuito de imprensa. É um diparate mas é assim.

(também no Expresso online em Flagrante deleite)

Fotojornalismo em debate hoje em Lisboa

Pelos comentários postos por aqui sobre o Visão percebe-se que houve ressaca e amargos de boca. O ego dos fotógrafos é grande - ainda bem- e os prémios poucos para tantos. Duzentos e tal fotógrafos não é tanto como os advogados mas para lá caminhamos.
Quem achar que o mérito de um profissional se mede pelos prémios vai no mau caminho. Conheço fotógrafos premiados, apaparicados pela crítica, que na hora de resolverem em tempo útil um trabalho, vacilam e acabam por entregar verdadeiras bostas. É bom entender que um prémio é sempre fruto de um somatório de factores vindos de um grupo de pessoas que assim elegem o seu prémio. Outro júri escolheria outras fotos. E todos com legitimidade.
A fotografia é de uma subjectividade enorme. E há fotógrafos que se transformaram nuns verdadeiros papa-prémios. Até já sabem que tipo de fotografia devem mandar em função do perfil do júri.
O júri do Visão é peculiar. O Jean Francois-Leroy é um " soissante-huitards" que quer mudar o Mundo com a fotografia e que nunca elege fotografias que passem ao lado das misérias, da guerra. O festival de Perpignan, de que ele é o director há 20 anos, é uma "overdose" de excelentes fotografias mas no segundo dia já não se aguenta tanto Iraque, tanta miséria, tanta prisão, tanta violação, tanta doença, tanta África. E quando no ano passado numa das soirées passou uma homenagem a um magazine de cinema aquilo foi uma lufada de charme e ar fresco.

O fotojornalismo não é só miséria, guerra, choro e tragédia. E o World Press Photo afina também por este diapasão. E se há um cinismo enorme na imprensa de hoje em só querer mostrar vedetas e coisas bonitas, há do outro lado uma obsessão pela tragédia retratada com grande angular, preto e branco e desgraça.

sexta-feira, abril 04, 2008

A vida no Convento da Cartuxa

Clique AQUI para ver portfolio de Luiz Carvalho

quinta-feira, abril 03, 2008

Já se ouviram as campainhas do Prémio Visão

Já está. Acho que nunca vi tantos fotógrafos juntos e tão bons. Nós portugueses temos destes extremos. Não há jornais a publicarem fotojornalismo mas temos um dos melhores concursos de fotojornalismo do Mundo e um grupo forte de fotógrafos cheios de energia e talento a fotografarem.
Mesmo andando os oito anos que o Visão tem, na altura o nível era muito mais baixo e a concorrência muito mais fraca entre os concorrentes.
Há 8 anos ainda não estávamos na era digital e o boom de fotógrafos na praça ainda não tinha rebentado. Mas há 8 anos havia espaços de excelência para publicar fotojornalismo que hoje desapareceram. E não vou dizer quais porque não me apetece. Todos sabemos que entretanto os jornais se empenharam mais na embalagem mas descuraram o poder informativo das imagens.

Não será por acaso que as fotografias que mais marcaram a actualidade ultimamente foi uma foto do chefe da ASAE a fumar uma cigarrilha, da mulher de Costa na manifestação dos professores e as imagens feitas por um aluno com um telemóvel. Portanto: os jornais não publicam ensaios fotográficos, nem destacam a actualidade em fotografia. Muito raramente se abre um jornal e retemos na memória uma foto.

Por ironia os jornais que mais maltratam a fotografia foram os que tiveram mais fotógrafos premiados e duvido que muitas daquelas fotos de free-lancers tenham sido publicadas alguma vez. Três dos prémios eram de fotos feitas para a imprensa estrangeira ( AFP, Reuters e El País) e a foto ganhadora foi publicada numa reportagem da Sábado, por acaso muito mal editada, feita pelo Augusto Brázio que é um fotógrafo que se notabilizou pelos seus fortes retratos expressionistas para o DNA mas que não tem uma prática comum de repórter.
Os concursos são o que são: concursos. E valem o que valem. Os critérios do júri, sempre subjectivos como não poderia deixar de ser, contam muito. O que está em jogo num grande concurso ( e eu posso falar porque já fiz parte de um concurso deste género) é a capacidade de cada concorrente poder impressionar. Isto é: uma imagem que se destaque pela originalidade do tema ou que possa conter símbolos que despertem por si uma mensagem, tem mais hipóteses de ganhar. Veja-se a foto que ganhou o Worl Press Photo: uma imagem desfocada, entornada, que mal se percebe o que é, mas que o júri achou ser o símbolo do desânimo de um soldado no Iraque.

Há dois tipos de fotografias boas. As que valem porque a cena por si diz tudo e aí o fotógrafo é quase um mero executante técnico para registar o que se ofereceu; e há o outro tipo de fotografias que valem pela cena, mas onde a intervenção do fotógrafo através do enquadramento, da escolha da luz ( que passa muito pela opção da não flashada!), do instante, da intenção, a tornam numa imagem sublime. Neste último caso está por exemplo a foto da mãe com o filho em Minamata do Smith, no primeiro caso a foto da menina queimada pelo Napal no Vietnam. Todas são legítimas e acabam por cumprir o seu papel: informarem e fazerem passar uma mensagem.
Eu prefiro sempre as fotografias onde se sente uma profunda cultura fotográfica. Mas reconheço que na prática o leitor ou adere ou não a uma imagem.
Sinceramente acho que o Prémio visão deste ano foi mais jornalístico. É bom.

A vitalidade toda que se viu ali - fora o que se não viu e que de certeza que não será de qualidade muito inferior, a avaliar pelo que conheço que concorreu e não foi premiado- seria bom se fosse canalizada para a rotina da nossa imprensa. Mas isso vai depender dos fotógrafos mas sobretudo de quem manda. E não me parece que os ventos estejam de feição para o jornalismo fotográfico.

Veja AQUI os premiados


quarta-feira, abril 02, 2008

Prémio Visão: quando o telefone toca

Jean Francois-Leroy num hotel de Lisboa antes da sessão de apuramento. Foto Luiz Carvalho

É a tarde mais enervante do ano para o fotojornalismo português. É a véspera de ser anunciado o Prémio Visão e é um mito urbano considerar-se que quando um fotógrafo é premiado aparece um telefonema a perguntar se o fotógrafo vai estar presente na cerimónia. Se ele disser que não sabe uma voz simpática sugere que vá. Mas nunca revela se há prémio, claro.

Nas duas vezes que fui premiado telefonaram-me mas acho que já me telefonaram e não o fui. Portanto: a expectativa mantém-se até às 18 horas de amanhã no Museu da Electricidade em Belém. Eu lá estarei pois cada vez acho mais que esta iniciativa da Visão é de uma dignidade enorme e que tem feito muitíssimo pelo fotojornalismo nacional.
Pena é que depois do prémio a imprensa portuguesa continue a desbaratar o manancial de talento que há hoje no fotojornalismo português- Principalmente nos fotógrafos mais novos.

A desilusão António Borges

O regresso à política de António Borges não podia ser mais desastrada. Regresso é favor: não sei se ele alguma vez esteve na política. Sei, sabemos, que esteve de banqueiro com alto cargo, alto salário e lá fora. Foi um estágio dourado: vou ali já venho, vou ganhar uns cobres e regresso como professor para preparar o terreno para avançar depois do funeral de Meneses.
Só que Borges parece já padecer do síndroma dos dirigentes pêpedistas: com a pressa de ganharem o poder, tropeçam e estatelam-se. Sinceramente acho difícil Borges voltar a ter credibilidade depois desta queixinha feita do ministro Pinho ao revelat que este não esteve disposto a continuar a pagar um balúrdio à Goldmsn Sachs mesmo depois do seu estudo sobre a política de energia portuguesa ter sido chumbada pela Comissão Europeia.
Veja-se o patético da situação: um banqueiro a viver na estranja vem ao congresso do seu partido em Pombal, ameaça regressar para mostrar como se faz oposição e no dia seguinte vai a um encontro com o ministro que devia ou não assinar um contrato leonino com o seu banco. E como levou com os pés do ministro vem passados meses, já depois de sair do banco, dizer que houve chantagem.

Isto é cúmulo da promiscuidade entre empresa privada e política. E não me admira que a Goldman não tenha ficado irritada com esta duplicidade de um seu vice.
António Borges devia ter estado caladinho. Erros destes são fatais em política séria. A não ser que os portugueses continuem a ter memória curta e tudo esqueçam ao fim de dias.

Esta situação de Borges não fica aliás muito longe da de Jorge Coelho. É evidente que cada um faz o que quer da sua vida. Sair da alta política para a alta gestão de privados não é crime. Mas a ética na política, e uma certa ideia de fazer política como serviço público, vocação mesmo, desaparece com estas trocas. Não imaginamos o Duarte Pacheco a ir trabalhar para a Abrantina depois de sair do governo de Salazar ( coitado nem podia porque morreu) ou Mário Soares, ou Cavaco, a saírem da política para se dedicarem à construção civil. Já imaginamos Sócrates a ter um fim de vida consagrado ao pato bravismo a projectar casas estilo maison com janelas género fenêtre. O bom filho à casa torna e regressar às origens é sempre uma tentação que o crepúsculo do poder pode atiçar.

No PSD cada cavadela uma minhoca. É sempre para baixo. Já não bastava Meneses para desiludir os barões. Até o mito do salvador regressado deixa os barões ainda sem líder, diria mesmo: sem Norte.

terça-feira, abril 01, 2008

A quadratura de giz Costiana

Cheguei a pensar que era mentira do Mário Crespo, alusiva ao dia 1. Não. Mais uma vez a realidade supera a ficção em graça e inverosimilhança. Jorge Coelho tem mais que fazer com o novo emprego na Mota- Engil e não vai continuar na Quadratura do Círculo da SIC N. Para o seu lugar vai António Costa que deve deixar os comentários no RCP ao sábado de manhã. A escolha é dos outros três comparsas do programa. E o Ricardo não ia vetar o nome do irmão.
Confesso que um presidente de câmara como a de Lisboa naquele lugar já ultrapassa o aceitável. Vai transformar os comentários em manobras políticas. Além de que Costa é uma pessoa afável, sem dúvida, mas é um cinzentão. Espero que o círculo não caminhe para uma quadratura cada vez mais bestial. E já agora que Costa não traga o burro de Loures que anda mais depressa do que um Ferrari !!!

ERC cronometra telejornais

ERC mede tempos de notícias com radares

A ERC é uma instituição inútil, cara ao cidadão e desestabilizadora. Hoje veio com uma estatística de jerico, dizendo que o PSD tem menos tempo nos telejornais da RTP, logo não há isenção. Como se a democracia informativa fosse contabilizada ao cronómetro e como se fazer jornalismo fosse uma relação métrica entre a percentagem de cada partido político.
Ridículo. Mas o que é facto é que o nossa Sarko de Gaia aproveitou logo para fazer de chorinha e vir repetir que o PSD não presta porque não aparece na RTP. Lá vai o director de informação da RTP ser ouvido na ERC. Já nos tínhamos visto livres do Conselho da Revolução ( obrigado Dr. Balsemão, é bom lembrar que foi ele a acabar com essa aberração do 25 de Abril) agora temos o Conselho da informação. Só falta a doutora Estrela Serrano aparecer fardada de capitã de Abril e de cravo no blaser.
Deixem-nos fazer jornalismo e deixem para os tribunais as queixinhas manhosas dos medíocres que fazem da política um exercício de pedantismo ideológico.

Sócrates quer DUM-DUM nos telemóveis com câmara

Consta que o governo se prepara para proibir nas escolas o uso de telemóveis com câmara incorporada assim como dos computadores portáteis com webcam, caso dos Apple. Bom, só posso crer que seja uma mentirola do dia 1 de Abril.

É que, se o governo que quer fazer revolução multimédia e já está a proibir a cultura que a sustém estamos perante mais uma aberração socialista.
O progresso, a liberdade, a democracia é muito giro. Desde que não tragam problemas, levantem dúvidas, possam criar opinião pública. Sócrates tem mais medo da liberdade de expressão do que o diabo da cruz. Ele já percebeu que a força da internet e a liberdade da blogosfera não vão permitir espaços obscuros na sociedade portuguesa.

É uma chatice meu caro engenheiro! Agora que os meios tradicionais começavam a estar domados aparece a net e o testemunho dos cidadãos a tramarem a estratégia toda da propaganda. Quando há notícias ou factos muito chatos, vai-se lá com DUM-DUM ! Só que já não mata que se farta.