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terça-feira, agosto 01, 2006

Socrates e a sua lista de Schindler

Afinal a montanha pariu um rato: a lista de Sócrates denunciando os prevaricadores do fisco, anunciada como se tratasse de um filme de acção em versão online, e que teria pelos menos um casting de dez mil malandros, tem apenas umas duas centenas de figurantes.

Entrada de Leão, saída de sendeiro.

A notícia soube-a através de um alerta SIC no meu telemóvel, estava eu a tentar comprar online os selos para os carros.

Como já nos vem habituando, o engenheiro Sócrates governa para o espectáculo, para a imagem e não para a política concreta de acções concretas.

A ideia que se fez querer, e que vingou de uma forma admirável, de que em Portugal ninguém pagava impostos, que as profissões liberais eram uma cambada de caloteiros em fuga, e que o Estado estava a ser prejudicado, tudo isto para se poder criar um clima de impunidade e perseguição fiscal, para que a pesada máquina estatal pudesse ainda sugar mais dinheiro aos cidadãos, aí está.

A coisa pegou desde o tempo de Durão Barroso, a imprensa apadrinhou, principalmente em muitos sectores da esquerda que vêm na sobrecarga de impostos da classe média uma nova forma de fazer socialismo, e agora aí temos um Estado cada vez mais endinheirado, mais gastador, mais parasita, numa economia que cada vez tem menos margem de manobra, de lucro, para poder investir e criar riqueza, desenvolvimento.
Os neo-liberais associaram-se à esquerda. Os primeiros dá-lhes muito jeito mais dinheiro para manterem privilégios, os segundos afogam as mágoas da injustiça social, os ricos que paguem a crise.
Só quem não trabalha por conta de outrem e vê 40 por cento do seu salário ficar reduzido para descontos directos para o Estado é que pode dizer que em Portugal a classe média não paga impostos. E quando se soube há pouco tempo que 1 milhão e tal de trabalhadores não declara sequer IRS porque não é abrangido por nenhum escalão, havendo portugueses que nem sabem o que é ser contribuinte, logo também não fazem exigências à sua qualidade de cidadão, por aqui vemos o panorama português nesta confusão e injustiça social.

Não é por acaso que há cada vez mais economistas a defenderem a taxa única de IRS com agravamentos no IVA, o imposto que pode taxar quem na verdade mais consome porque mias poder de compra tem.

Mas por cá ninguém, ou quase ninguém, tem ainda esta ousadia que mais do que uma revolução fiscal é um novo conceito para uma sociedade mais moderna e competitiva.

1 comentário:

  1. Creio que se pode, e deve, alterar o estado das coisas. No entanto, num país onde a classe política tem tão pouco crédito junto dos "contribuintes", o equilibrio das medidas é fundamental, correndo-se o risco de a "balança" pender.

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