quarta-feira, agosto 23, 2006
O homem que fotografava bem de mais
Joe Rosenthal fez uma das fotografias mais emblemáticas de toda a história do fotojornalismo. Num ápice, o mestre conseguiu resumir a vitória dos Estados Unidos frente aos japoneses na ilha de Iwo Jima durante a II Guerra Mundial.
Joe morreu ontem com 94 anos e 35 de fotógrafo no San Francisco Chronicle, facto invejável nos dias que correm.
A foto que o tornou célebre foi feita ao serviço da Associated Press, e se lhe trouxe fama também lhe causou despeito: detractores puseram a circular que a fotografia tinha sido encenada por a considerarem demasiado perfeita!...
Este é um preconceito habitual nas redacções dos jornais, uma atitude que está para o fotojornalismo como a frase feita de que “ os homens não se querem bonitos”.
Robert Capa que fez uma não menos célebre fotografia, a do miliciano republicano a ser atingido por uma bala franquista durante a Guerra Civil Espanhola, também foi alvo das maiores dúvidas relativamente à encenação ou não dessa imagem.
Recentes investigações feitas em Cerro Muriano, um pueblo junto a Córdoba onde a fotografia foi feita nos anos 30, revelam que naquele dia só tinha sido morto um miliciano, que não tinha aquele nome, e que a luz da foto não corresponde à hora em que esse combatente morreu.
Muitas vezes as encenações são mais realistas do que os relatos verídicos.
Havia um repórter de grande talento, mas muito preguiçoso, que conseguiu há anos fazer um excelente texto sobre a morte do dirigente socialista Sartawi no Algarve, com fotos do percurso que o criminoso terá feito e pormenores dignos de um romance policial, só que… era tudo inventado.
E nem vou falar de quem sendo um decano dos decanos do jornalismo nacional há anos inventou a partir do quarto do hotel uma excelente entrevista com um dos astronautas que tinha ido à Lua!..
São exemplos que não devem ser tomados como referência.
A fotografia de Joe consegue aquilo que um fotojornalista mais ambiciona: conseguir a síntese perfeita entre a notícia e a composição numa foto inesquecível.
Tão difícil de atingir que, quando se consegue, pode parece encenação.
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