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quinta-feira, novembro 30, 2006

Carvalho responde a Catrica passo a passo

Polémica

Respondo agora a Paulo Catrica, taco a taco, para melhor me defender e poder explicar a minha posição, que é definitivamente de pé .

Paulo Catrica: Como referi no outro post que enviei, sou produto apenas do meu própio trabalho, esqueça os lobbys e os fantasmas, a minha iniciativa e o meu raio de acção não se resumem a Portugal nem a um conjunto de pessoas, algumas das quais o Luiz Carvalho adjectiva e classifica com um enorme azedume. muita deselegância e mesmo má educação. O que quer dizer com ‘a camionista’ Teresa Siza ? Tem que ver com os critérios de programação do CPF ou com atributos pessoais ?

Luiz Carvalho: Quero dizer que Teresa Siza tem desprezado arrogantemente uma boa parte da fotografia portuguesa contemporânea. geriu o Centro Português de Fotografia a partir do seu duvidoso gosto e não com uma prespectiva abrangente que pudesse contemplar vários estilos, géneros, tendências da fotografia nacional. Nesse sentido tem tido uma atitude de camionista, como se só valessem as fotografias do seu calendário pendurado na cabine. Arranjou um grupo de apaniguados, geralmente uns diletantes que usam a fotografia para se autopromoverem, mas que na prática não praticam. São professores, estudiosos, curiosos. Não são fotógrafos.


Paulo Catrica:
O bigode eu entendo é uma característica fisica do Albano. Esta sua frase é muito infeliz e muito injusta para a Teresa Siza, mas pior não tem nada de critico. Porquê atacar usando insultos pessoais ? É muito ‘Dantas’ e muito século XIX, um pouco como na Assembleia da Republica, a sua bancada aplaude a da oposição assobia.

Luiz Carvalho: Já falou com a Teresa Siza ? Ela julga-se a Madre Teresa de Cedofeita dos fotógrafos e o grave é que lhe deram aquela cadeia para ela ter nas masmorras algum espólio precioso.

Paulo Catrica: Temos algumas caracteristicas em comum, para além dos amigos. Uma é o fotojornalismo, creio que desconhece, trabalhei em A Mosca, suplemento cultural do Diário de Lisboa enquanto durou.


Luiz Carvalho: A Mosca não tinha nada de jornalismo. Era um suplemento muito ousado e de muito bom gosto gráfico. Belos textos do luis de Sttau Monteiro ! Com quem sentia muitas coisas em comum

Paulo Catrica: Também estou na Universidade, não a ensinar mas a investigar. Estudar História da Fotografia fez-me respeitar, admirar e muitas vezes gostar de géneros distintos: jornalistico/documental, mais ou menos conceptual, fotógrafos que estudaram ou auto didactas, da Inge Morath aos Becher, do Augusto Cabrita ao Walker Evans, do António Júlio Duarte ou do Basilico….e muitos, muitos outros. A valorização de uns não exclue os outros. A maior virtude da Fotografia será mesmo a pluralidade o que Stuart Hall classificou como a ‘democracia do olhar’.

Luiz Carvalho: Também admiro esses fotógrafos que citou. Do Cabrita fui amigo e considero-o um mestre, um fotógrafo de rara intuição e sentido gráfico e um pioneiro no documentalismo televisivo. A Inge Morath é uma das minhas preferidas. Meter o António Júlio Duarte no meio já me parece abusivo. Dele gosto daquela fase em que fotografava culinária para o Expresso.

Paulo Catrica: Houve um factor que foi decisivo na minha decisão de responder, o Luiz é Coordenador do jornal Expresso e professor universitário. E tal não o iliba, pelo contrário responsabiliza-o ainda mais. Sem querer ser paternalista, a sua opinião tem de ser mais fundamentada. A polémica aqui não existe porque não se fixa em nenhum critério ou argumento racional apenas numa teoria da conspiração muito ‘grumpy old man’ isto está tudo mal é só ‘lobbyies maus’. Acredite sinceramente que não é.

Luiz Carvalho: Eu posso, e estou a tentar fundamentar mais a minha opinião. Mas ser coordenador-geral do Expresso e ser professor de Fotojornlismo não me pode inibir de opinar. Não tenho nada a mania da perseguição nem acho que toda a gente viva de lobbies e que haja cabalas por tudo e nada. Agora, há circuitos de artistas e tendências que por si geram lobbies tão naturalmente como a cãozoada o faz para se defender. É humano e não vem mal ao mundo. Não sou moralista. Sou muito liberal e cada um deve seguir o seu caminho, o que lhe vai na alma. Até admito que se pratica fotografia com finalidades perversas e subsidiodependentes.
Só gosto de àguas separadas, transparentes.


Paulo Catrica: Por favor não se esqueça ainda que exerce um cargo de chefia, num dos maiores grupos de comunicação do país – pago indirectamente através da publicidade das grandes corporações, dos BES’s. De novo faria supôr argumentos mais pedagógicos e construtivos. Usando-os para criticar o meu trabalho e por acréscimo os critérios e as instituições que trabalham com fotografia em Portugal teria de se incluir e não de se excluir.


Luiz Carvalho: Paulo desculpe mas o facto de o BES ter publicidade no meu jornal, o que muito estimo e que me paga o ordenado, não me vai impedir de dar a minha opinião ! Repito: acho o BESphoto uma palhaçada, e não sou só eu: pergunte ao Nozolino porque recusou que o seu nome entrasse a concurso? Por exemplo, sabe que aqueles sovinas se recusaram a dar dinheiro para um livro do Gageiro ? Acha que o Gageiro é piroso ? E a Amália não era ?

Os meus argumentos não têm de ser pedagógicos. Não sou professor no meu blogue, nem papá desta gente. Se querem aprender vão fazer um workshop com a Madre Siza.

Paulo Catrica: Estamos ambos representados na colecção nacional de Fotografia e creio que noutras colecções institucionais públicas e mesmo noutras privadas. E muito bem. Parece que se o Luiz tivesse poder de decisão faria um ‘livro vermelho da Fotografia Portuguesa’ eliminando instituições e pessoas, as que lhe parecem mal, que não gosta. Qualquer coisa entre o MAO e o Estaline. Fechava Museus, corria com a corja, abria outros e inscrevia o que considera ‘boa fotografia’ na História. No fundo limpava a coisa. Eu iria para o seu Gulag (e sem máquina fotográfica, claro!).

Luiz Carvalho: Oh Paulo não brinque: agora digo-lhe eu que devia usar argumentos mais pedagógicos e fundamentados. Primeiro: não sou comuna, logo livro vermelho nem pensar.

A minha revolta não sei se não percebeu é precisamente por haver censura nos BESphoto e na cadeia da Dona Siza e noutras instituições como a Gulbenkian onde o inefável Molder pontifica com o lobbie de Veneza ( não sei se me faço compreender...).

Está enganado: acho que há lugar para todos, mesmo para os maus ou que nem chegam a ser nada. Há lugar para todos, mas também deve haver algum critério. Voçê na música sabe o lugar que cada um ocupa. porque não há-de ser assim na fotografia ?

Eu como editor publico variadosgéneros, fotógrafos que gosto pessoalmente e fotógrafos que não gosto mas a quem reconheço qualidade. Não me venha com demagogia e tretas de kalimeros da cultura.


Paulo Catrica: Os tempos felizmente são outros e mais plurais. Mas acredite que está mais perto do poder que eu, seja na Universidade ou no Jornal Expresso, a sua opinião representa uma parte do poder. Não se demita.


Luiz Carvalho: não só não me demito como luto diáriamente pela fotografia. Sabe quantos fotógrafos novos viram portfolios no Expresso nos últimos meses ? Sabe quem os recebeu ou convidou? Sabe quantos fotógrafos free-lancers foram publicados no Expresso nos últimos 15 anos ? Quase zero.


Paulo Catrica: A dimensão pública do meu trabalho acrescenta esta possibilidade de ler e de ouvir diferentes opiniões, mas ficaria mais contente se as polémicas e os blogs, permitissem outro tipo de discussão. Não me incomoda a opinião contrária, como lhe disse anteriormente não tenho a presunção da unânimidade. Ser unânime é estar morto. No entanto é raro responder, limito-me a ler quando passeio pelo Google.

Para terminar com algo mais positivo atrevo-me a sugerir a si e aos outros bloggers a exposição ‘In the face of history’ que está aqui em Londres no Barbican Center até Janeiro, inclue fotógrafos que eu sei que preza, juntamente com outros, que eu aposto que não. Mas acredite que vale a pena uns e outros.

Um abraço sem ressentimentos, mas chocado e triste, era melhor discutir a sério do que este Sporting-Benfica da fotografia.

Luiz Carvalho: Paulo não fique triste. Estar em Londres é muito bom. Não sei se está como bolseiro, mas se está faça um bom trabalho. Este derby foi bom e irá continuar.

Este país precisa de polémica. Desde que temos um cara de pau na presidência que só quer consenso e nada de debate isto além de pobre está paupérrimo de espírito.

Saudações

Tentar atropelar a namorada e falhar a foto

Quadro de René Magritte


Esta semana numa reunião fiquei desarmado quando me disseram, por piada, que eu há uns bons 20 anos tinha perseguido de carro por cima do passeio uma namorada, enquanto ela fugia com um poeta (um aderente ao islamismo com camisas sem colarinho e barba de 3 dias). Estão a ver o estilo!


Na altura andava fixado nos filmes do André Téchiné e achei que uma forma piegas de mostrar a minha dor era atirar o MGB-GT contra os idiotas. A manobra controlada permitiu uma take perfeita, com efeitos de chuva e a participação de um polícia como actor secundário que apitou e me imobiliz ou em pleno Cais Sodré , mandando-me embora solidário com a causa masculina.

Toda a gente na reunião ficou curiosa para saber mais. Logo: o tema era aliciante já que jornalistas se interessavam pela história.

Revelo o desfecho: passadas horas estava a cear com a «vítima» enquanto o poeta recolhia para fazer mais um poema indecifrável. Vista à distância é uma história divertida e que gosto de recordar com essa velha amiga entre gargalhadas.

Vem isto a despropósito do seguinte ensaio: que foto poderia resumir toda esta cena, caso a quisesse contar por imagem? Difícil: .. deveria ser uma fotografia que mostrasse ao mesmo tempo o local, a expressão assustada dos perseguidos, a minha expressão incontrolada , o carro e as gotas de água da chuva, o polícia a intervir, enfim: uma fotografia que contasse por si a história. Com técnica, enquadramento justo, e luz de cinema para impressionar. Uma fotografia praticamente impossível de fazer em reportagem.

Cada um de nós tem uma imagem feita de um acontecimento, e muitas vezes é difícil para o fotógrafo sintetizar toda a história num só momento.
As fotografias para serem partilhadas necessitam de um emissor e de um receptor. Se o receptor faz ruído, a comunicação vai-se. Já acontecia no Pátio das Cantigas!
Daí a choramingueira habitual dos fotógrafos de que são uns incompreendidos, e as críticas de quem olha e não consegue ver.

A angústia do fotógrafo perante o instante é que as imagens da nossa vida ficam quase sempre, e só, na nossa cabeça: nunca as vimos, raramente as tirámos, mas estão dentro de nós. E são sempre as eleitas.
O melhor é o que não vemos e imaginamos, como nas falhadas histórias de amor.

(também em: www.expresso.pt)


quarta-feira, novembro 29, 2006

Portugal está a afundar ?

A foto circula de mail em mail. Esclarecimento: foi feita há 4 anos na Alemanha.

Paulo Catrica comenta

Cruzei-me de novo com o seu blog no Google – confesso que hesitei em responder mas como a minha resposta anterior ficou um pouco na sombra resolvi insistir.

Como referi no outro post que enviei, sou produto apenas do meu própio trabalho, esqueça os lobbys e os fantasmas, a minha iniciativa e o meu raio de acção não se resumem a Portugal nem a um conjunto de pessoas, algumas das quais o Luiz Carvalho adjectiva e classifica com um enorme azedume. muita deselegância e mesmo má educação. O que quer dizer com ‘a camionista’ Teresa Siza ? Tem que ver com os critérios de programação do CPF ou com atributos pessoais ? O bigode eu entendo é uma característica fisica do Albano. Esta sua frase é muito infeliz e muito injusta para a Teresa Siza, mas pior não tem nada de critico. Porquê atacar usando insultos pessoais ? É muito ‘Dantas’ e muito século XIX, um pouco como na Assembleia da Republica, a sua bancada aplaude a da oposição assobia.

Temos algumas caracteristicas em comum, para além dos amigos. Uma é o fotojornalismo, creio que desconhece, trabalhei em A Mosca, suplemento cultural do Diário de Lisboa enquanto durou. Também estou na Universidade, não a ensinar mas a investigar. Estudar História da Fotografia fez-me respeitar, admirar e muitas vezes gostar de géneros distintos: jornalistico/documental, mais ou menos conceptual, fotógrafos que estudaram ou auto didactas, da Inge Morath aos Becher, do Augusto Cabrita ao Walker Evans, do António Júlio Duarte ou do Basilico….e muitos, muitos outros. A valorização de uns não exclue os outros. A maior virtude da Fotografia será mesmo a pluralidade o que Stuart Hall classificou como a ‘democracia do olhar’.

Houve um factor que foi decisivo na minha decisão de responder, o Luiz é Coordenador do jornal Expresso e professor universitário. E tal não o iliba, pelo contrário responsabiliza-o ainda mais. Sem querer ser paternalista, a sua opinião tem de ser mais fundamentada. A polémica aqui não existe porque não se fixa em nenhum critério ou argumento racional apenas numa teoria da conspiração muito ‘grumpy old man’ isto está tudo mal é só ‘lobbyies maus’. Acredite sinceramente que não é.
Por favor não se esqueça ainda que exerce um cargo de chefia, num dos maiores grupos de comunicação do país – pago indirectamente através da publicidade das grandes corporações, dos BES’s. De novo faria supôr argumentos mais pedagógicos e construtivos. Usando-os para criticar o meu trabalho e por acréscimo os critérios e as instituições que trabalham com fotografia em Portugal teria de se incluir e não de se excluir. Estamos ambos representados na colecção nacional de Fotografia e creio que noutras colecções institucionais públicas e mesmo noutras privadas. E muito bem. Parece que se o Luiz tivesse poder de decisão faria um ‘livro vermelho da Fotografia Portuguesa’ eliminando instituições e pessoas, as que lhe parecem mal, que não gosta. Qualquer coisa entre o MAO e o Estaline. Fechava Museus, corria com a corja, abria outros e inscrevia o que considera ‘boa fotografia’ na História. No fundo limpava a coisa. Eu iria para o seu Gulag (e sem máquina fotográfica, claro!).
Os tempos felizmente são outros e mais plurais. Mas acredite que está mais perto do poder que eu, seja na Universidade ou no Jornal Expresso, a sua opinião representa uma parte do poder. Não se demita.

A dimensão pública do meu trabalho acrescenta esta possibilidade de ler e de ouvir diferentes opiniões, mas ficaria mais contente se as polémicas e os blogs, permitissem outro tipo de discussão. Não me incomoda a opinião contrária, como lhe disse anteriormente não tenho a presunção da unânimidade. Ser unânime é estar morto. No entanto é raro responder, limito-me a ler quando passeio pelo Google.

Para terminar com algo mais positivo atrevo-me a sugerir a si e aos outros bloggers a exposição ‘In the face of history’ que está aqui em Londres no Barbican Center até Janeiro, inclue fotógrafos que eu sei que preza, juntamente com outros, que eu aposto que não. Mas acredite que vale a pena uns e outros.

Um abraço sem ressentimentos, mas chocado e triste, era melhor discutir a sério do que este Sporting-Benfica da fotografia.

Paulo Catrica

Discórdia entre fotógrafos no Instante Fatal

Ontem o Instante Fatal atingiu o record de visitantes: quase 450. Notável. Podia ter sido pela Merche Romero ( eu gosto de pôr iscos para o Google reagir). Mas foi decerteza a polémica em torno do Paulo Catrica.

O meu post de ontem foi muito amargo. Acho que abusei da possibilidade que o blogue permite de ser sincero. Sinceridade a mais é leviandade, parvoíçe e...perigo.

Ontem passei-me e irritei alguns puristas ( falsos) para quem a fotografia ou a cultura em geral deve ser tratada como uma religião.

A minha querida avó Laurinda, que eu amava e de quem tenho uma imensa saudade, dizia-me nas suas palavras sábias e sempre com um fundo religioso: " Graças a Deus muitas, graças com Deus nenhumas!". Isto porque eu na minha adolescência armava-me em contestário ( graças a Deus!).

Estes grupo de fotógrafos anónimos que estão danados comigo portam-se como beatos e isto faz-me saltar a tampa. Eu adoro ser politicamente incorrecto, gosto de pôr em causa.

Há uma clique ( que não clica!) na fotografia de arte em Portugal que na verdade me irrita.
O intitularem-se de artistas já me dá a volta ao estômago.

E porquê? Porque é feita por tipos que não têm postura de fotógrafos, nada sabem de fotografia e que , no entanto, souberam usar as suas incapacidades para tornarem as banalidades que exibem em... obras de arte, ( pensando bem já há aqui algumas qualidades).

É obra ! Reconheço-lhes talentosa lata e uma esperteza que nada tem de saloia: usaram a máxima:" à vontade, descontracção, estupidez natural".

Ninguém os reconheçe no estrangeiro em editoras notáveis, nem em museus de referência, mas em Portugal arranjaram um grupo de criticos amigos, ou da internacional rosa, ou da maçonaria, ou do Frágil ou outro grupo folclórico e fizeram carreira.

Acho que cada um tem o direito de seguir o seu caminho e de ser feliz. Mas... quando nos exibimos corremos riscos e um deles é de sermos vaiados ou levados em ombros.

Sucede que a somar a tudo isto há instituições que dão dinheiro para inutilidades, porque são mal aconselhadas ou porque até a arte se transformou em moda.

Tal como nos concurseiros de salão há vedetas, agora há notáveis nos bolseiros de mamão.
(gosto desta frase!)

Um blogue é um estado de alma e não pode ser longo.

Tirando os erros de português, dada a velocidade da escrita e a falta de corrector no Blogspot, eu reafirmo que a Dra. Siza consegue ser mais maçadora do que o irmão, que não percebe puto de fotografia e que tem a mania que é a santa padroeira dos fotógrafos.

O Albano é um study case: um tipo que sabe andar bem de mota mas que a fotografar é um bluff e como organizador dos Encontros de Fotografia merece um óscar de chico-esperto: foi ele que inventou alguns dos chatos da fotografia portuguesa, uma espécie de Oliveiras da imagem fixa. É giro mas sai caro.

Não confundo o meu gosto com o que é bom.
Às vezes prefiro o conteúdo à forma ( ver foto de Merche Romero) mas quando falo de forma a sério, tenho gostos simples: prefiro o melhor.

Cada um de nós tem o seu olhar e ninguém pode dizer que o seu é melhor ou pior. É diferente. E a fotografia é também isso: multiplicidade e liberdade de ver e registar.

Tão bom e divertido como esta discussão.

Saudações fotográficas. E não se irritem muito.
Portugal tem uma vitalidade fotográfica enorme e há espaço para todos. E como dizem os liberalóides: o mercado é que manda.

PS: E se o Paulo Catrica me permite envio-lhe um abraço pois nada disto tem a ver com desconsideração pessoal, nem falta de estima pelo seu trabalho que é sério e com uma coerência à prova de bala. Pode parecer contraditório com o que escrevi antes mas não é.

Ainda: tudo o que escrevo é muito pessoal e nada tem a ver com a minha posição enquanto editor. Às vezes é até antagónica. Isto é um bogue pessoal e intransmissível.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Merche Romero sai do castigo


Parece que a RTP já não tem de castigo Merche depois desta ter mandado o tio Isidrio às urtigas.
Pobre: compreende-se aturar futebolistas deve custar, imagine-se dinossauros !

A vida está difícil. Se está mal para Merche que fará para nós ::))

PS: Como hão-de os intelectuais da fotografia gostarem de mim ? Imaginam esta fachada fotogafada pelo Catrica ?

O sexo e seus jogos eróticos


Volto a recomendar este blogue sobre sexo e tudo à volta.

Uma foto por dia

Foto de Inge Morath.

Uma das fotos da minha vida.

Adoro esta imagem e dedico-a a todos os que fazem da fotografia um acto de paixão e não uma actividade diletante para sacar subsídios e afagar egos mal resolvidos.

Telemóvel ( iphone) Apple em Janeiro ?

Fazem-se comjecturas sobre o que será o novo telemóvel Apple a lançar em Janeiro.

domingo, novembro 26, 2006

Rumsfeld, GENIAL!!!!

D. Duarte, um rei turbodiesel CDI


Em 1983, quando trabalhava no semanário tal e Qual fui com Zaida Tristão a Santar ( Viseu) entrevistar D. Duarte. Ninguém falava na altura em D.Duarte. Foi uma entrevista histórica.
D. Duarte aparecia sentado num trator com a quinta atrás. O título de Hernâni Santos, chefe de redacçaõ do T&Q era: "D. Duarte, um rei a gasóleo".

O título era fenomenal e mostrava que tínhamos um rei ronçeiro como o eram os carros a gasóleo de então.

Fomos recebidos de uma forma afável. Almoçámos no meio de uma conversa muito divertida. O nosso rei demostrava sentido de humor e uma cultura surpreendente. Já falava em ecologia e verdes!
Fiquei fã de D. Duarte. Passados dois anos voltei lá com Fernanda Dias para o entrevistarmos para a Nova Gente. D. Duarte repetiu as piadas, as frases, era como se fosse uma remake.
Mas continuei a gostar do nosso rei.

Há 4 anos estive com ele num rally de scooters entre Sintra e Lisboa às 9 da manhã. Lá estava o António Homem Cardoso, meu amigo e fotógrafo da Casa Real. Há meses fotografei-o na sua casa de Sintra. Sou sempre bem recebido por ele e fico sempre encantado com a sua sensibilidade e o seu sentido de humor.

Claro que fotogafei o seu casamento e o baptizado do infante. Em ambas as cerimónias consegui-me infiltrar para grande espanto e irritação do Homem Cardoso (eheheh!!).

Esta semana na Caras D. Duarte dá uma entrevista muito boa, com excelentes fotos do António Homem Cardoso.
Ele dá uma imagem de si que poucos têm a humildade de dar. Revela que detesta roupa e sapatos novos ( como o compreendo) e mostra uma dimensão humana notável.
Não sou monárquico mas às vezes apetece.
Vou pensar no assunto...

2 ou 3 coisas sobre Mário de Cesariny

foto de Luiz Carvalho

Desde os meus 17 anos que ouvi falar do Mário Cesariny.
Paulo da Costa Domingos , um dos meus amigos de então do Liceu Padre António Vieira, falava-me dos surrealistas portugueses como de heróis míticos.

Eu puxava mais para os neo-realistas, atitude que me seria fatal, pois acabei por ficar com uma cultura um pouco para o esquerdalho, rectificada mais tarde ::))

Fotografei um dia Cesariny num comício da AD, ao lado de Natália Correia, num pavilhão desportivo da Amadora. Aquilo para mim era uma imagem decadente de alguém que tendo sido um anarca e um irreverente acabava a bajular Sá Carneiro, na altura personificando a direita conservadora.

Os surrealistas tinham destes desvios políticos...
Mais tarde foi com admiração que vi Cesariny ser dos poucos a contestar a decisão de Sampaio, enquanto presidente da Câmara de Lisboa, em permitir a destruição do EDEN.
Sampaio acabou por o condecorar enquanto PR.

Há pouco mais de um ano estive em casa do poeta a fotografá-lo e senti uma grande comoção.
Que grande previlégio poder eternizar este homem que pôs tudo em causa e que viveu nos limites, quando engatava marinheiros na Avenida da Liberdade ou quando usava as palavras para um discurso estético ímpar.

Monica bellucci


3 mortos na IP3 numa curva negra

Ontem morreram mais 3 pessoas na IP3 numa curva que já originou 8 mortos este ano. Trata-se de um troço perigoso, mal projectado, sem divisória de faixas e com um abismo à beira de uma ponte. No acidente de hoje um dos carros envolvidos voou e caiu ao rio.

Os automobilistas até podem ser imprudentes, mas uma coisa é certa: uma estrada bem traçada nunca permite que um carro voe, nem que uma curva seja de tal forma a permitir que despistes frequentes sejam originados pelo piso cheio de gasóleo e àgua.

Betoneira do Amaral( o Duarte Pacheco de Cavaco) chamou um dia no programa Parabéns do Herman José, " a minha ip-quatrozinha"- à estrada de Portugal onde já morreram 250 pessoas.
Este génio do cavaquismo e do betão armado devia agora responder por estas estradas da treta feitas no tempo em que o actual PR era primeiro-ministro e salvador da Pátria.

Claro que Sócrates acha que estas estradas são um luxo e depois de as tornar seguras ( com divisórias e faixas separadas ) vai taxá-las. Em nome do orçamento e do déficit mas nunca em nome da segurança.
Desculpem-me o primarismo mas já é de mais tanta incompetência !

quinta-feira, novembro 23, 2006

Eanes e Nabeiro já são doutores

Rui Nabeiro foi distinguido com o doutoramento honoris causa pela Universidade de Évora.
Foi ontem e o padrinho foi Jorge Sampaio.

A semana passada foi o General Eanes que foi doutorado por uma universidade espanhola.

Rui Nabeiro é um homem notável: criou empregos, gerou riqueza, a sua Delta Cafés estendeu-se para Espanha e para mais estrangeiro. Soarista do coração este filho de Campo Maior é tido como um Deus na sua terra. Não é caso para menos pois muitas famílias dependem da sua empresa que nunca esquece regalias sociais. No acto da posse como doutor não se esqueceu de criticar as multinacionais que só pensam no lucro fácil.

O General Eanes é o político português mais esquecido. Ele fez muito por isso quando embarcou no final de mandato naquela aventura estúpida que foi o PRD, um partido caudilhista, com a Doutora Manuela como avançada. Quase toda a gente esqueceu aquela campanha caricata com a esposa a falar aos megafones enquanto o General corria as persianas de Belém.

Devo dizer que sempre detestei o PRD e o General Eanes enquanto figura institucional.
No entanto na vida civil ele e a esposa são das pessoas mais cordiais que já conheci.
Agora que é doutor ( e naquelas 1976 páginas de tese até deve figurar o maistoideu!) o pais ignorou o feito.

Só Cavaco lhe telefonou a dar os parabéns.

A tentação totalitária de Sócrates

O governo prepara-se para impôr aos canais generalistas a proibição de alterarem a programação num espaço de 48 horas.

O engenheiro Sócrates e o seu ministro Gago gostam de exibir a bandeira do choque tecnológico. Fica bem é novo e interessante. Depois não percebem que estamos num mundo diferente. Hoje a grande liberdade é cada cidadão poder escolher o canal que quiser e até mesmo de atirar a televisão pela janela fora.

Com a televisão digital terreste cada um vai poder escolher o seu programa à hora que quiser.
Será a televisão on demande, um mundo tecnológico ( e ideológico!) que o nosso primeiro ministro não entende porque o que o move é este novo populismo de saber socialista.

Ataca os bancos para roubar aos contribuintes, tira aos ricos para dar uns patacos aos pobres, põe os utilizadores de scuts a pagar para poupar purgas na função pública.

Este Robin dos impostos, o tal que foi eleito á custa de falsas promessas, mentiras e silêncios cobardes, aí esta agora a atacar a liberdade.
Ataca as televisões, sobretudo as privadas para proteger a RTP, um canal pago com publicidade que devia estar nas privadas e com uma taxa escondida no recibo da electricidade ( uma invenção de Almeida Santos). Aliás Nuno Santos veio logo em defesa do governo. " Não é bem assim..". Não, é assado !!!

Dizem que esta ideia de jerico partiu depois da entrevista simultânea a Santana Lopes com Cavaco. E se um dia acontece a Sócrates ?
O homem não dorme.Não governa, aumenta a despesa, diminui o pib, aumenta a inflação, o crescimento do país parece um homem que perdeu a virilidade, mas os portugueses ainda acham que o homem está a fazer o que deve.
E que Cavaco é santo.
Aproveitem a época e acreditem no Pai Natal.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Paulo Portas explica mudança de visual

Este tipo foi ministro da defesa.

terça-feira, novembro 21, 2006

Paulo Bento com tranquilidade

Paulo Bento. Quem fala assim tem tranquilidade

Instante Fatal com Google News

Justiça a Miranda: desde as 18 que estava online o novo serviço Google News aqui no Fatal.
Claro que isto é uma facilidade-fácil, agora ainda mais com o novo Blogger beta.
Não posso deixar de sentir uma enorme alegria: poder ter aqui um pipeline de notícias do melhor que passa em Portugal só pode ser milagre do Google, este motor turbonet que veio pôr tudo às avessas.
A discussão sobre quem pode ou não dar notícias, ou quem pode ser mensageiro está cada vez mais abrangente. Quem não entende isto não entende nada.
Eu poder ter no meu blogue um serviço de notícias mais alargado que alguns jornais online não é espantoso ?

E os meus visitors merecem.

Desde Abril já ultrapassei os 20 mil visitantes e mais de 30 mil page views.
Aqui no fatal a audiência está sempre a subir.

Obrigado Tiago Miranda, a vida de um fotógrafo não é só clikar.

Boca de Feijão novo blogue de fotojornalista


Mais um fotojornalista na blogosfera. Este é suspeito: Trabalha comigo, é Virgem ( como eu) e é a minha sombra na fotografia do Expresso. Pratica video e tudo à volta, ama a música brasileira, tem um feitio de 12 cilindros sob um capot que os disfarça bem.
João Carlos Santos.
Este blogue já está à frente do meu: imaginem que já tem um feed de notícias do Google a pingarem minuto a minuto.
Claro que amanhã esta facilidade estará também no meu blogue, caso contrário vai haver um tal de Miranda que vai perder o emprego ::))
Bem vindo à blogosfera e aconselho-vos a linkarem todos para a Boca de feijão.

David, 5 anos que mudaram o século

O André, o meu filho hoje com 30, no dia do nascimento do David ( Maternidade Alfredo da Costa)

Há cinco anos nascia o David, o meu segundo filho.
Desde então muita coisa mudou na minha vida e no Mundo.
Pessoalmente voltei a experimentar essa aventura que é o poder acompanhar o crescimento de um filho. É uma experiência que não tem descrição. Quando se está perto dos cinquenta tudo parece ainda mais dádiva divina.
Profissionalmente muita coisa mudou. A tecnologia digital começou a impôr-se. Esta fotografia foi feita com uma Canon D30, a primeira digital de preço acessível e qualidade aceitável. Hoje é uma câmera ultrapassada, não sei se ainda haverá alguém a fotografar com ela. O fotojornalismo mudou com a mudança dos jornais. E vai mudar muito mais.
Foram 5 anos de grandes mudanças na política, depois do 11 de Setembro, a Guerra do Iraque, tudo o que se sabe. Foram anos que trouxeram incertezas e nos fizeram acreditar que teremos de viver numa sociedade menos social, mais injusta e mais ingrata.
Os mitos da esquerda ruiram, a direita diluiu-se na falência do neo-liberalismo estúpido, arrogante e incompetente.
Os 5 anos do David são um século mas a sua fé na selva, nos animais e na força da alegria fazem-me acreditar que tudo vale a pena.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Especialista em porno no novo Elpais.com

Eva Roy , especialista de cinema para adultos agora com um blogue no Elpais. Impensável em Portugal.

O Elpais mudou a estratégia no online.
Disse-o ontem, e hoje confirmo todo o esplendor da nova homepage.
O diário aposta cada vez mais na interactividade com os leitores, e passa a utilizar o vídeo como uma das armas de arremesso contra o Elmundo que tem papado em audiência o Elpais.es que passa a Elpais.com.
Mais cultura internet e aposta naquilo que os leitores procuram.

Hoje o Angel Luis de la Calle, que é correspondente do Expresso em Madrid e sub-director do Elpaís, dizia numa reunião onde tive o prazer de estar, que os leitores acabam sempre por preferir os artigos que não são destacados na manchete. A surpresa é constante e essa aferição faz-se na internet quando se medem o número de páginas vistas por artigo.
A net é uma lebre que consegue servir de laboratório para nós jornalistas percebermos melhor o que o público procura.
Os jornalistas esquecem-se que trabalham para os leitores e não para si e para os seus gostos. Pode ser chato...mas são os leitores que pagam os nossos salários e não os patrões como muitas vezes achamos.
Sem leitores não há lucros, não há salários para ninguém.
Jornalistas e patrões estão todos no mesmo barco: o barco do mar das audiências.
Cada jornal procura o mar em que pretende navegar, depois terá de saber escolher o rumo certo.

Esta mudança do Elpais digital demonstra que o futuro está na net.
Os jornais não vão acabar mas vão ter de ser diferentes: mais analíticos, mais profundos e explicativos. A net será mais noticiosa, interactiva, será um espaço de comunidade de leitores em que cada um poderá participar com blogues de texto, imagem e som ( multimédia).
A net corre ao minuto, os jornais ao ritmo das suas edições.
O tema aliciante não tem fim.

Há pouco deitei fora jornais e revistas que se acumulavam há duas semanas em casa. Tive de pôr a carrinha à porta, enchi a mala com papel. Um desperdício, um custo demasiado caro para todos: até para o ambiente.
Claro que algumas revistas guardei para sempre.

O casamento descontente

A caminho das Maldivas depois da frustração deixada em Itália. Cruise marimbou- se no povo que o aclamava à porta do castelo.

Hoje há palhaços

Putin e Bush vestidos à vietnamita na conferência Asia-Pacifico para a cooperação. É Natal ninguém leva a mal.

domingo, novembro 19, 2006

Elpais muda grafismo e estratégia na web


Elpais.es passa a Elpais.com .

Muda de nome e redefine a estratégia na web: mais interactividade e multimédia. A ver com muita atenção.

Uma foto por dia

Metro de Tóquio, hoje por um fotógrafo da Reuters.

Marcelo: a confrangedora banalidade de Cavaco

Marcelo Rebelo de Sousa disse hoje na RTP que a entrevista de Cavaco a Maria João Avillez foi de uma confrangedora banalidade.
No final deu-lhe 14 por uma questão de bondade cristã.
Ele que é um cavaquista, pelo menos era, não teve dificuldade em achar que aquela entrevista não fez sentido, nem pelo timing, nem pela oportunidade, muito menos pelo que disse que foi mais do mesmo, ou seja:nada.
Cavaco jogou todo o tempo à defesa e só a insistência da jornalista o fez dizer qualquer coisa de novo, muito pouco.
Num país onde a taxa de inflação aumentou, o pib baixou e o investimento retraiu, o PR apresenta-se como um contentinho com a governação, indo ao ponto de cometer uma pequena inconfidência: chega a dar achegas a Sócrates. Lá está o professor de economia, o ex-primeiro que tudo sabe e que soube criar as fundações do Estado que temos: o estado ao qu`isto chegou!

O Presidente da República não tem uma palavra para os carenciados, para as vitimas da crise, para os que se manifestam nas ruas, para os que engrossam as fileiras do desemprego? Não.
Cavaco não contraria o governo, nem por nada deste Mundo.
É o cinzentismo institucionalizado.
Os portugueses têm o que queriam: estabilidade. Como aqueles casais que não se separam por causa dos filhos e aguentam uma vida de estupidez, cinismo e inferno.
Portugal já é isto e não haverá interrupção voluntária do estado de graça PM-PR que o safe.

Ed Bradley ou quando a nostalgia cai







Os fins de semana dão-me por vezes para a nostalgia. Quando se tem tempo o coração desperta.
Hoje duas coisas me fizeram comover.
A crónica do Miguel Sousa Tavares no Expresso estava do melhor e fez-me gostar de novo do Miguel. Ele para mim está sempre entre o adorável, o genial e o insuportável.
Hoje ele escrevia sobre o seu Alentejo, que fica a 30 quilómetros do meu, e não podia sentir de forma diferente daquilo que ele descreveu: um país são, à parte, onde há tempo e abundância de natureza, onde as gentes valem a pena, os restaurantes não têm novos ricos, nem caçadores, nem televisão, durante a semana, claro. Depois falou do choque que é entrar em Lisboa, sobretudo se saiu de um Sol de Outono na paisagem húmida e se encontrou uma Lisboa chuvosa com céu de chumbo. As palavras são minhas ( até para evitar plágios!) mas a ideia é esta e contém outras mais.
Se quiserem saber mais comprem o Expresso, pois vale a pena (!).

Outra coisa que me levou às lágrimas foi o 60 minutos onde se falou desse grande jornalista Ed Bradley que durante anos foi um dos principais rostos do excelente programa da CBS e que morreu a semana passada.
A forma descomplexada, terna, exaustiva e sucinta com que foi feita a reportagem sobre si devolveu-me o prazer de ver televisão.
Quem disse que o jornalista nunca é notícia? Talvez algum guru cavernícola- sindicalista do jornalismo dos anos setenta.
Ed era uma personagem rica, fraterna, de um humanismo sem fim. Era um descontraído na vida, alma de artista e rigor de repórter. Fez o Vietname debaixo de fogo com um cameraman que chorou na sua hora da despedida. Foi correspondente na Casa Branca, acabou uma carreira rica no 6o Minutes.
São estes mestres que ainda me levam a acreditar na profissão que tenho e amo.
Vale a pena, e só assim vale a pena, exercer este trabalho com paixão, entrega, sentido ético e rigor profissonal. Mas sobretudo sermos nós próprios, não uns cinzentos ou burocratas àvidos de poder ou de promoções carreiristas.
Só vale a pena ser jornalista se se sentir que esta é uma das belas formas de atingirmos a felicidade.
Eu avisei que os fins-de-semana me puxavam para a nostalgia...

PS: só um aparte: Miguel Sousa Tavares diz que uma das pessoas que mais aprecia é Bill Gates por poder usar internet no Alentejo.
Miguel: a internet não deve nada ao Bill, nem ao malfadado Explorer, e num Apple podes fazer o mesmo e muito, muito mais. Não me admira que assim detestes blogues ::)))

sábado, novembro 18, 2006

Ridiculo- chama Queirós a Scolari

Dois dias depois de Luiz Felipe Scolari ter feito declarações polémicas sobre Carlos Queirós, o treinador-adjunto do Manchester responde no mesmo tom.

Queirós diz que o discurso de Scolari sobre o português querer ficar com o lugar de seleccionador nacional é «ridículo, sem qualquer senso» e acrescenta que o brasileiro está a ver «fantasmas onde não existem».

Scolari, no final do jogo com o Casaquistão, na quarta-feira, disse que Carlos Queirós tinha vindo a Portugal ver a partida de apuramento para o Europeu de 2008, porque estava interessado no lugar de seleccionador.

«Se a minha presença em Portugal é uma candidatura, pergunto se a presença dele no estádio do Benfica, do FC Porto ou do Sporting também é uma candidatura da parte dele», afirmou Queirós à Rádio Renascença.

Sobre Cristiano Ronaldo, cuja utlização no jogo desta semana esteve na base de toda a polémica entre a equipa técnica do Manchester United e Scolari, o treinador-adjunto do clube de Ronaldo acusou Scolari de ter sonegado informação sobre o estado do jogador.

«Scolari comporta-se como aquelas pessoas a quem emprestamos o carro cheio de gasolina, utilizam-no durante uma semana, batem e abandonam-no numa rua qualquer sem gasolina. E nem têm a delicadeza de telefonar a dizer onde deixaram o carro».


sexta-feira, novembro 17, 2006

Calendário Pirelli 2007. UMA BOMBA!!


Aí está o calendário mais esperado, para prazer dos olhos e para bem da fotografia. Clique aqui

20 Minutos unifica a sua redacção papel e web

O fim do tempo da imprensa ? Integração multimédia

Muito interessante, vai mesmo em copy-paste

El gratuito 20 Minutos será la primera redacción multimedia integrada de los grandes medios españoles. El director del diario, Arsenio Escolar, ha anunciado hoy a todos los profesionales del periódico y la web el comienzo de la unificación de las redacciones de papel e internet.
20 Minutos apuesta por la redacción integrada puesta en marcha por algunos grandes medios como The Guardian, The New York Times, Financial Times o la más reciente de The Daily Telegraph. Es un cambio de ecosistema todavía demorado en España por la fortaleza de la publicidad en prensa, que sigue creciendo aunque a menor ritmo.
20 Minutos tendrá una sola redacción con una única dirección y empleará la misma plataforma técnica, como ya hace Financial Times desde hace tiempo.
La redacción trabajará las 24 horas en tres turnos dedicados en mayor medida a la web o a las ediciones en papel según prioridades informativas y de producto. Todos los periodistas del diario crearán contenidos, informativos y de ocio para las dos plataformas.
La estrategia multimedia de 20 Minutos sigue la visión y experiencia de Schibsted, el grupo noruego propietario del 80% del gratuito (el otro 20% es del Grupo Zeta), uno de los pioneros en los contenidos multimedia y multiplataforma cuyos diarios digitales ya superan el 16% de los beneficios del grupo y más del 30% con sus clasificados on line, dos mercados en los que ya está presente en España con 20Minutos.es y Trader.
Arsenio Escolar propone "refundar el propio concepto periodístico de 20 Minutos para publicar los contenidos en internet, alertas de sms y otros servicios a móviles, en televisión, en vídeo, etc."
Los responsables de Multimedia y Más, la compañía editora de 20 Minutos y 20Minutos.es, avizoran fuertes cambios y el fin de la era de la prensa tradicional. Dan especial importancia a "la emigración de los lectores desde el papel a internet".
Sospechan, como tantos, que esa migración será muy fuerte en los próximos tiempos y quieren ser un referente en un mercado donde su condición de producto gratuito no es un obstáculo, sino casi una necesidad para el éxito.
Con la integración multimedia esperan eliminar duplicaciones y crear una única mesa de redacción con capacidad para decidir qué contenidos son más adecuados para cada producto o plataforma, cuándo y con qué características se publican.
20 Minutos fue el pionero de la moderna prensa gratuita generalista en España. Nació en febrero del año 2000 y ya es el diario más leído de España, superando los 2,4 millones de lectores. 20Minutos.es tiene ya 2,5 millones de usuarios únicos mensuales con un gran crecimiento desde su apuesta por el periodismo participativo y tras la renovación

Santana ganhou a Cavaco, mas telenovela superou



Ganhei ! Santana ganhou em audiência a Cavaco. Mas a telenovela da TVI superou os dois.
O povo votou nos marretas mas agora quer é intrigalhada noveleira. Ingratos !...
Foi por pouco mas Santana superou o PR em interesse.

Isto não é uma noticia contra Cavaco. A verdade é que os portugueses não votaram nele para o ouvir falar. Para isso havia melhor, mesmo Alegre a falar, recitar, debitar e entoar é the best. Cavaco é mais para aquela coisa do pai da Pátria e da estabilidade, conceitos que os portugueses gostam.
Santana também nunca foi votado pelo povo para primeiro.
Ganhou duas câmaras e já gozou.
Mas a intrigalhada atrai sempre mais a atenção dos pobres de espírito.

Ver Santana chorar acaba por ser mais reality show do que aturar a Floribela Espanta. Aquelas expressões, as mãos unidas, o olhar cavo, só faltou citar Sá Carneiro e olhar para o céu. Se Sampaio alinhasse no repto acabava tudo numa choradeira tipo "Perdoa-me!!".

Embuçados da PSP no Flagrante Deleite


Não resisti a escrever no meu segundo blogue Flagrante Deleite que tenho no Expresso online, enquanto coordenador-geral, sobre esta palhaçada da polícia embuçada. Dêem uma olhada. E comentem se for caso disso.

Saddam quer ser julgado em Portugal

400 visitantes hoje no Instante Fatal


quinta-feira, novembro 16, 2006

Polícias da PSP armados em terroristas

Parece mentira mas é verdade.
Esta semana agentes da PSP mascararam-se de terroristas para darem uma conferência de imprensa para a TVI e o gratuito Destak.
Isto não são as fp`s 25, não é a ETA, isto é a PSP.
Uma vergonha, um escândalo.
A total impunidade com que estes sindicalistas actuam, na calada do anonimato, clandestinos como terroristas.
Ainda falam da impunidade dos blogues anónimos ?
Onde pára a polícia do ministro Costa ?
Ai Costa.... a vida costa, ministro Costa !!!...

Santana, Cavaco, Saramago,Eanes, grandes portugueses

Santana está mesmo out. O regresso de Kalimero. A culpa é dos outros. Ele até foi um bom primeiro. Claro que tem tanto de adorável como de insuportável. Voltou para não ser perdoado.
Cavaco está na maior. Está como peixe na àgua. Sempre sonhou com Belém e a figura decorativa fica-lhe tão bem como os reposteiros da Dona Maria.
Saramago dormitou na cerimónia na sua terra natal. Aquilo foi uma total pasmaçeira. Pior que os seus romances.
Por fim, Eanes é doutor. Só nos faltava esta para o curriculum nacional.
Grandes portugueses !

Noite televisiva de marretas

Na 1 Santana, na 3 Cavaco e nos intervalos Saramago.

Acaba de começar na RTP1 a entrevista de Santana Lopes.
Na SIC Cavaco está a falar há minutos com aquela sua voz de falsete. Já defendeu a estabilidade, criticou o facto de haver tantas eleições e disse que se não houver estabilidade o investimento estrangeiro foge. Foge ? ou fugiu ?

Vamos ver quem vai ganhar o share. Santana ou Cavaco ? Se for Santana vou-me fartar de rir.

Até já.

New York Minute, o video de João Carlos Santos

Uma obra prima de João Carlos Santos, meu amigo e colega no Expresso, sobre Nova Yorque. Sem palavras



Balbúrdia na cidade a 50 à hora

Este vídeo mostra bem o que pode acontecer numa cidade quando o limite de 50 passa a ser sugerido por sinaleiras sem complexos, nem soutien.
Esta experiência autárquica podia ter sido no tempo de Santana Lopes em Lisboa, mas sabemos como ele tem vindo a perder competência e competências.

No Norte da Europa o efeito para baixar a velocidade resultou, o pior foi depois: bichas e bichas, resmas de condutores, a pau com a sinalética.


quarta-feira, novembro 15, 2006

Merche Romero trabalha na rua de castigo

Merche Romero passou-se com o Isidro e desapareceu. Foi chamada à pedra e posta na rua a fazer entrevistas. Vedeta sofre mas a RTP parece estar a desbaratar o que é bom em troca de excelentissimos dinossauros.
Aqui fica a homenagem à Merche.
Há defacto vida para lá do déficit.

Cozido à portuguesa entre mim e Eduardo Gageiro

Eduardo Gageiro hoje no STOP em campo de Ourique depois de um cozido divinal

Eu tinha 16-17 anos apareci no Século e o Eduardo Gageiro recebeu-me e viu a minha caixa de fotos a preto-e-branco. Fiquei-lhe sempre muito agradecido pelo gesto. Eu apreciava muito o trabalho dele que via publicado no Século Ilustrado e mais tarde no àlbum Gente. Ele foi a minha primeira referência no fotojornalismo. Sempre o vi como um mestre. Admirava o seu estilo de fotografar, máquina na mão, apontar e disparar, o circular no terreno discreto, como um gato, certeiro. As suas fotografias sempre conjugaram o rigor do enquadramento, com o apuro técnico e com a narrativa visual jornalística. As suas fotos têm emoção, instante e muita sensibilidade. São as melhores fotografias de Portugal nas décadas de 60-80. Naõ quer dizer que as mais recentes não sejam boas. Mas naqueles anos as suas fotos marcaram e testemunharam a realidade portuguesa.
No inícios dos anos 80 o Eduardo Gageiro- que não prima pelo bom feitio- zangou-se comigo por causa de eu ter sido testemunha num processo contra ele, apesar de eu ter sempre declarado que nada me movia contra ele.
O ano passado o António Pedro Ferreira proporcionou as pazes entre nós numa exposição onde participavam o Alfredo Cunha e ele APF.
Foi um gesto simpático e proporcionou-me arrumar esta contenda estúpida na minha vida. Sempre respeitei e elogiei o trabalho do Gageiro.
Hoje entre uma grande almoçarada no STOP de Campo de Ourique, um divinal cozido bem regado a tintol tranquilizante e o môno do novo livro do Eduardo foram momentos de grande comoção.
Isto vai caír mal em amigos meus. O Gageiro tem muitos anti-corpos, alguns fotógrafos preferem não lhe falar, mas eu acho que a sua obra é superior a episódios mais ou menos mesquinhos.
Ele é das poucas pessoas que conheço que ama a fotografia e que esteabeleçe uma relação única com o acto de fotografar.

Este seu livro sobre as religiões vai ser de arrasar. As fotografias são sublimes, muitas feitas nos últimos anos e inéditas, muito bem impresso com uma lógica de edição coerente e comunicativa.

Voltarei ao livro e a outras conversas com Gageiro.

terça-feira, novembro 14, 2006

Carla Matadinho e o berbequim.

É um video sobre o sonho de uma jovem alentejana, natural de Beja.
Uma vitima da pirataria informática.
Um dia o namorado levou o PC à loja para reparar e sacaram-lhe do disco as fotos intimas da namorada. Na altura Carla era uma simples lojista de comércio de roupa a retalho em Beja. Despida para matadinho, em vez de Vestida para Matar, ficou célebre na net mas foi escândalo em Beja. Hoje conquistou o país, o seu site é o mais visto na net.
Ambições não lhe faltam.
Entre o bonzinho da Floribella Espanta preferiu o caminho da Boazona Esperta.

<>

Senhora puta não tem ouvidos


Embirro com alguma palavras e expressões.
Por exemplo: comunicação social. É um termo que foi utilizado em 1975 por Correia Jesuíno, o oficial da marinha responsável pela 5ª divisão do MFA que queria fazer a revolução cultural portuguesa. Imaginem !...

Agora toda a gente, ou quase, não pronunicia "estar na bicha" mas sim "estar na fila". Os portugas ficam complexados com os brasileiros e assumiram que bicha é coisa de bichona.

Outra palavra que me engalita (?): companheiro, companheira. Faz lembrar o outro: "companheiro palhaço!!" É um termo esquerdalho usado pelos barbudos de 75 para chamarem as mulheres que não eram esposas, nem namoradas, eram um misto de camarada que limpa o cano da espingarda, que imprime comunicados no stencil e que dá umas quecas no calor da luta.
Prostituta é outra expressão cinica, envergonhada com laivos de políticamente correcto.

Sempre gostei muito da palavra puta. Soa bem, é curta, directa, fácil de pronunciar e permite ser usada em multíplos significados dependendo do tom da voz ou da escrita.
Dizer puta pode ser carinhoso, agreste, hostil, provocador, arrojado. Chamar puta exige alguma coragem no uso da palavra e recebê-la pode provocar reacções imprevisíveis: se for uma senhora a levar com ela, sorrirá e achará o piropo carihoso.
Se for uma vulgar puta ficará ofendida.

Ora a postagem que Paula Lee fez hoje no seu blogue "Amante profissional"sentindo-se orgulhosa de eu ter citado ontem aqui no fatal o seu blogue como um ciberespaço de puta, só prova que ela é uma senhora no sentido total da palavra.
Outra coisa eu não esperaria de quem tão bem maneja o talento nas palavras e nos actos.

O contra-campo de Annie Leibowitz



Fotógrafa de celebridades da Vanity Fair, depois de ter atravessado os anos 60 na Rolling Stone, Annie Leibwitz acaba de editar um livro e inaugurar uma exposição “ Photographer`s Life”. Uma catarse visual sobre os seus 15 anos mais felizes e etéreos.




Quando um fotógrafo de famosos, vira a câmera para si próprio pode resultar um espelho de vida um, “Photografher`s Life” como o fez. Annie Leibowitz, 56 anos, a célebre fotógrafa de Vanity Fair.
Annie foi a autora da mais escandalosa e polémica foto de capa americana onde aparecia Demi Moore grávida e nua, mas também da pose de John Lennon despido abraçado a Yoko Ono ( horas antes de ser assassinado), ou da galeria de notáveis da política e do show- biz americano.
Este “ Photograpers`Life” que acaba de ser editado em livro e mostrado numa exposição no Museu de Brooklyn , mais tarde em Londres e outras capitais, é uma crónica fotográfica intima sobre os seus últimos 15 anos de vida, que coincidem no tempo com a ligação amorosa a Susan Sontag, a escritora e ensaísta desaparecida há um ano vitima de cancro.
É uma edição confessional, um desvendar de imagens privadas que se cruzam com outras públicas, como se aquelas imagens a preto e branco na maioria feitas sem a sofisticação das fotografias luminosas e produzidas a que habituou os seus fiéis seguidores, se transformassem numa narrativa terna e saudosa, dolorosa e deprimente. Uma catarse “chic” como muito bem lhe chamou o El Mundo.
Este trabalho que é um ensaio fotográfico sobre o tempo, a solidão e a felicidade a termo, passa a cumplicidade com Sontag (autora de “On Photography” um dos mais profundos ensaios sobre a essência da fotografia) descrita em fotografias que muitas vezes desafiam os limites da ética e tornam pertinente a pergunta sobre a legitimidade de um autor expor a sua vida quando nela entram em cena outros personagens.
Leibowitz começou a fotografar na Rolling Stone ainda nos anos sessenta.
A sua irreverência levou-a a propor à chefe uma reportagem de 3 anos com os Rolling Stone na tournée mundial , no inicio dos anos setenta. A chefe não lhe garantiu o emprego no regresso. As fotos eram tão fortes que a Rolling Stone recebeu-a como filha pródiga. As fotografias de Leibowitz passaram a ser um dos ícones mais emblemáticos da revista.
Ficou amiga de Mich Jaeger e intima do grupo que mais marcou a pop, mas as suas fotos a preto e branco, granulosas no estilo de reportagem pura e dura acabaram por se impor e criar um estilo.
Durante alguns anos entrou em profunda depressão causada pelas drogas. “ Cheguei ao fundo do túnel”- disse a fotógrafa num documentário sobre si, mas na década de oitenta voltou à fotografia. Foi em Vanity Fair que encontrou o público que admirava nos anos sessenta na Stone os seus retratos. Agora mais velho, conservador e burguês este público maravilhava-se com as suas novas fotografias também mais burguesas, produzidas e preparadas.
Os retratos de Leibowitz na Vanity são a cores, em grande formato, com uma equipa de produção por trás que chega a envolver três dezenas de pessoas, um camião gerador, várias câmaras fotográficas, e um cenário que pode contar com 3 hotéis alugados ao mesmo tempo. Foi o que sucedeu na produção do retrato de Demi Moore posando nua, mas pintada, com o seu filho, depois da capa de nua e grávida.
Os seus retratos surpreendem pela diversidade de olhar, técnica e humor. É uma fotógrafa que consegue conciliar no retrato o apuro da técnica com a emoção da repórter.
Num documentário sobre si Leibowitz reconhece que o facto de ela ter viajado muito com os seus pais pelos Estados Unidos e de terem consigo sempre uma pequena câmera de 8 milímetros a entusiasmou para a fotografia.
O pai, que morreu algum tempo depois de Sontag com 91 anos e que também aparece no álbum, acabou por lhe oferecer uma Nikon quando ela tinha 17 anos e foi essa prenda que a tornou numa fotógrafa.
A fotografia que mais a influenciou foi um retrato de família feito pelo pai onde todos apareciam perfilados lado a lado olhando para a objectiva. A imagem é de uma simplicidade e de uma geometria minimalistas que a influenciaria no trabalho futuro. Simples, divertido, comunicativo.
As brumas do preto e branco neste “ Photograper`s Life” são o tom da edição. Como numa sinfonia de olhares, medo e paixão parecem desaguar no Rio Hudson que se vê do estúdio da fotógrafa em Nova Yorque. Um rio que parece ligar a América a Sarajevo, ao sangue e à morte, ( ela esteve em 1995 em Sarajevo com Sontag no pino da guerra) mas também à felicidade do nascimento concretizado nos seus filhos gémeos fruto do amor a Sontag por interposição do filho da escritora. Aos 51 anos de idade Leibowitz engravidou por inseminação de esperma doado pelo filho de Sontag.
Raramente um fotógrafo cavou tanto a alma ao virar a câmara num contra-campo longo de 15 anos. Um tempo de felicidade abruptamente cortado pela morte de Susan e do pai mas também renovado pelo nascimento dos gémeos.
E as fotografias lá estão: nervosas, tremidas, esbatidas, sem tempo para rigores formais. As fotografias ali estão nas horas da dor como uma raiva desmedida mas com a obsessão de fotógrafo: eternizar a tragédia, mesmo a nossa, ou provar que há fracções de segundo eternas de felicidade.

Susan Sontag escreveu no seu ensaio sobre a fotografia que “fotografar um objecto é possuí-lo”.
Annie Leibowitz não podia homenagear melhor aquela que amou nesta longa viagem sem regresso, materializada pela força dos instantes.

( texto publicado na Única da passada semana)

Sócrates no Gato Fedorento

GENIAL !!!!!

segunda-feira, novembro 13, 2006

O desassombro de Paula Lee

Foto de Brassai

É uma mulher de coragem.
Não a coragem de uma Simone de Oliveira ou de uma daquelas portuguesas que fizeram dessa atitude uma imagem de marca.
Falo de um blogue de uma puta que devolve ao público o trabalho privado como uma bela arte. Vende prazer e faz com isso prazer de vida.

Desassombro sem pretensão, sem vulgaridade. Uma profissional sincera, competente, intelectualiza com a mente o que materializa com o corpo.
É jovem, trabalhadora e competente. Está organizada com as novas tecnologias. É uma ciberputa que brinca em serviço e cumpre em serviço. O seu blogue é um rosário de preces sensuais, de zelo , cumplicidade e recato.

Lê-la é impressionante. Torna-se numa puta de elite, ignorada pelo Tal e Qual no Top das 10 mais. Ainda bem. A democracia banaliza, estraga o negócio e a qualidade do serviço.
Um caso para seguir.

Pacheco Pereira e Miguel Sousa Tavares

A propósito, o artigo de Pacheco Pereira no Público sobre a fúria de MST contra os blogues:

A notícia não é que um blogue anónimo acuse Miguel Sousa Tavares de plágio, a notícia é que Miguel Sousa Tavares cometeu plágio, se o tivesse cometido, e aí o autor da notícia devia fazer o seu próprio julgamento e só publicar caso esse julgamento fosse que sim. Não sendo, o blogue é como uma carta anónima, incitável e inaceitável. Foi isso que falhou e hoje em dia falha cada vez mais, porque a comunicação social escrita precisa de pretextos para violar as regras de que se gaba como sendo distintivas e, na Internet, encontra-os com facilidade, entrando depois facilmente na selvajaria. Está lá no computador, para milhões verem, por isso está "publicado", logo posso citar e levar a sério, sem ter responsabilidade.

O mal não está nos blogues em si, está na nossa incapacidade para ler e escrever blogues, como para ler e escrever jornais com uma decência mínima. O problema é mais comum do que se pensa, embora seja verdade que as pessoas se sentem mais impotentes para se defenderem da Internet do que no mundo da comunicação social tradicional, mas o que é crime cá fora é crime lá dentro.»
José Pacheco Pereira,

A memória, os blogues, a liberdade

Passei hoje duas horas de tarde a falar com Sara Meireles sobre o meu percurso de vida como fotojornalista. Foi um mergulho nalgumas memórias. Dou muita importância à memória, apesar de me esquecer de dezenas de coisas do dia a dia. Sou aquilo que se chama um despistado.
Detesto memorizar o que não me interessa e tenho esse karma de viver diáriamente com a obrigação de fixar montes de pormenores que acabam por se revelar fundamentais para gerir aquilo que agora tenho de gerir: uma editoria de fotografia.
Esqueço-me de coisas triviais: do telemóvel em casa, de telefonar á mulher, do aniversário do casamento, do primeiro encontro, por pouco passo em claro por datas emblemáticas.
Não tenho disco duro para tudo e um pouco de ram não era de mais
Pode ser sintoma de génio (!) mas também poderá ser a idade que não perdoa. Estou como os meus carros, usado e com tendência para as avarias irritantes. Desde que não gripe como o motor do Range já não é mau.
Ninguém que aqui vem ao blogue tem de aturar estes desabafos mas é isto que blogar tem de bom: estabelecemos um feeling com os leitores que nos torna dependentes da comunicação.

Hoje já tive quase 200 visitas. Fico feliz pela atenção com que me seguem.
Há quem perca audiência...eu ganho audiência.

Depois de ter descoberto o Pandora a música é outra e da boa.
E de borla! Viva a net, o Google, a blogosfera aqui está como uma das grandes invenções do nosso tempo.

Os velhos do Restelo acham que esta forma de comunicar é menor e põe em causa a liberdade e a responsabilidade. Vêm com a treta da ética, mas a verdade é que tudo isto põe em causa os habituais comentadores. Achavam que só eles podia opinar...afinal há mais quem possa e ganha quem for o melhor.

O Mundo mudou e quem hoje tem menos de trinta anos encara a comunicação de uma maneira mais aberta, democrática e descomplexada.

Isto sim é liberdade de expressão. Não o 25 de Abril com os seus preconceitos consequentes e os seus dogmas ideológicos.

Miguel Sousa Tavares não gosta ? Paciência ! O regime chinês também não e os países àrabes ainda menos.

domingo, novembro 12, 2006

O cinismo de Sócrates


O congresso do PS passou-me ao lado.
Só vi Sócrates aos berros na tv a prometer um aumento do salário minimo em 3 fases e 3 anos. Temo o pior. Quando Sócrates promete aos pobres já deve estar a congeminar roubar à classe média ! Ele odeia a classe média com a sua mentalidade de esquerdalho complexado com resquicios de bom samaritano.
No final do congresso fugiu dos jornalistas como o diabo da cruz. Faz de Cavaco no tempo em que era governo.
O cinismo em política tem limites e este governo começa a enjoar pela incompetência e arrogância.

Os indicadores europeus prevêm que vamos ficar atrás de Malta e da Estónia, vamos crescer 1,2 por cento, muito menos do que a média europeia. Os portugas estão calmos com a habitual resignação carneirista.
O que é preciso é aumentar os parkings, acabar com os carros em Lisboa, limitar a velocidade a 30 ( este Carmona está mesmo maluco!), chatear os cidadãos, dar um ar de esquerda e sacar uns cobres. O resto Sócrates cumpre. Quando o país estiver mais no fundo chamem o António!!!

PS- Se Sócrates quer referendo para decidir se sim ou não à despenalização do aborto porque não faz um referendo para pôr ou não portagens nas Scuts ? Afinal votaram no palerma para quê ? Para ainda termos de decidir por ele quando lhe convém?

Amor de Elsa Raposo isento de imposto( para já!)


Tirando as novas aventuras amorosas de Elsa Raposo, uma ou outra novidade telenovelesca à volta da Floribela, Portugal está uma pasmaçeira.
O que vai dando que escrever é o aumento diário dos impostos ou a criação de um novo imposto mesmo que disfarçado em taxa, portagem ou outra variável governativa.

Sócrates conseguiu dar o tom a Portugal dos seusf atos e gravatas: o cinzentismo mascarado de minimalismo Boss, mas sem o ambíguo chique da sua roupa: nunca sabemos se aquilo puxa para o sóbrio e caro, se para o triste de falta de arrojo e criatividade ou se é um sinal cúmplice de uma qualquer seita alegre internacional rosa.

Portugal é notícia pelas piores razões: depressão, déficit,desespero.
Já aceitámos que somos e seremos os últimos das carrugens europeias e já nos dobrámos ao peso dos impostos, à ditadura do Estado comilão, gastador, contra o investimento privado e a poupança familiar.
Uma reportagem no caderno de economia do Expresso desta semana é bem esclarecedora deste garrote: uma simples funcionária deixa quase 40 por cento por dia do que ganha para impostos.
O que não invalida o socialista Sócrates de bombar forte e feio nos rendimentos daqueles que apenas têm um problema: trabalham não para si e para a família mas para um grupo de sujeitos que vive à custa do trabalho dos outros.

Bem faz a Elsa Raposo: muda de montada e vai para Veneza curtir aquilo que ainda não paga imposto: o amor desmedido sem freio no corpo.

sábado, novembro 11, 2006

Scolari, com trabalho e afecto


Confesso que nunca simpatizei muito com Felipe Scolari. Achava-o pouco credível, muito palavroso e um técnico falível. As vitórias de Portugal para mim deviam-se mais a factores de circunstância, começando pela constituição de uma equipa com internacionais de grande gabarito, do que às qualidades do treinador.

Hoje tive o prazer de conhecer Scolari ao vivo durante uma palestra para os quadros da Impresa, reunidos no Algarve durante este fim-de-semana. O brasileiro foi falar de liderança. Usou para ilustrar o tema uma parábola que é a sua vida. Desde os tempos de menino em que comprava a meias com um amigo, um par de chuteiras para iludir o pai, um italiano tramado que achava que futebol era coisa de vagabundo, até à estratégia ( e lata!) que usou para treinar a selecção do Kweit e ganhar um balúrdio.

Scolari é um vencedor. Ganha pela sabedoria do métier mas é evidente que triunfa pela força de vontade, determinação, fé, e muita loucura de risco. É um homem que gosta de ganhar e de ganhar dinheiro. Fá-lo com a mesma estratégia de risco que o leva muitas vezes em apostar num jogador que seria o último do banco a entrar em campo.
O seu sentido de humor e sabedoria de vida foram para mim hoje uma revelação.
Felipão ( agora já não tenho problemas em assim o tratar) é uma pessoa com grande sentido humanista. Ele põe a disciplina no trabalho como uma das condições prévias para a vitória mas junta a isto um condimento incontornável: o afecto.
" Somos uma equipa desde que nascemos. Em casa, na escola, no team"- diz ele, e remata:" a disciplina não se serve só em forma de autoridade, tem de ser temperada com afecto".

A chave para a liderança: trabalho, disciplina e afecto.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Entrevista à TV holandesa sobre Pinto da Costa

Televisão Holandesa debate Pinto da Costa e Apito Dourado

Benfiquista intelectual ala Vilavinho

Este vídeo já vai em 50 mil visitas no You Tube. É caso para muito mais.Vejam:

quarta-feira, novembro 08, 2006

Leica M8, não se estranha e entranha-se


Primeiro: não se estranha. Quando se pega nela pela primeira vez não ficamos inibidos, não estranhamos o toque, reconhecemos o peso, cabe-nos na mão como a outra com quem já estivémos demasiadas e boas vezes.
Passamos para On e nem é preciso aquecimento. Levamo-la ao olho e ela geme com aquela voz seca e discreta, bem cavada. Agora além do trrrr, faz zzzzzzzz. O nosso olho reconhece aquele espreitador e o dedinho esquerdo encaixa na perfeição, já sabe o caminho para a coisa ficar nitida.
O acesso ao menu é intuitivo, simples e rápido.
Depois: entranha-se. Quando se começa a fotografar e a ver o resultado começamos a ficar entusiasmados. Mas é na hora de passar para o photoshop que a surpresa é total. A imagem é óptima, nitida, com todo o esplendor Leica.

Fotografar na rua é como se estivéssemos com uma M6. No Chiado um daqueles góticos que andam com cães a pedir esmola e a tocarem flauta atirou-me:" essa máquina é mesmo antiga!".
Curiosamente a malta nova repara mais e acho que reconhece que é uma Leica.

Conclusão rápida porque hoje estou com pressa:

A Leica M8 é tão boa como a M6 ou 7. Tem as qualidades Leica: simplicidade, silêncio, carácter, dificil de usar, exige que seja o fotógrafo a adaptar-se a ela e não o contrário, excelente qualidade de imagem. Convida ao fetichismo, ao culto, ao narcisismo, à cagança. É elitista, mas não é sulista.
Defeitos: cara, cara, cara. Demasiado cara para o que faz. Pouco versátil, utilização em ambiente do século passado, teimosa, dificil de usar.

Enfim: como tudo o que é único a Leica M8 ou se gosta ou se detesta. Os defeitos são algumas das melhores virtudes e as virtudes servem para convencermos as nossas mulheres que vale a pena esperar mais dois anos para se pôrem caixilhos duplos na casa.

Voltarei ao tema.

Portanto: se estão com a pica para comprar, comprem. Deixem uma para mim.

Gato fedorento entrevista Alberto João Jardim

Já tem 25000 visitas no You Tube


O grafismo espectacular do Bairro Alto












Fotografias de Luiz Carvalho, ontem no Bairro Alto, com LEICA M8
Acho a expressão gráfica urbana espectacular. É o carimbo espontâneo de artistas que usam na rua, no espaço público, a marca de uma cultura.
Os graffiti não são só uma consequência de marginais e malfeitores. Muitas vezes é o grito num traço liberto.
Adoro estes desenhos, talvez porque as paredes não são minhas.







Uma hora no Bairro Alto com a Leica M8 (2)








Fotos de Luiz Carvalho esta tarde no Chiado e Bairro Alto, com LEICA M8


Uma hora no Bairro Alto com a Leica M8 (1)

Fotos de Luiz Carvalho, feitas hoje no Chiado e Bairro Alto, com LEICA M8

terça-feira, novembro 07, 2006

Com a LEICA M8 pela trela


O que faz diferente os dias ? Muita coisa e pouca.
Os dias tornam-se inesquecíveis quando há momentos que perduram como uma boa recordação. Como uma boa fotografia.
Podemos assim dizer que foi um dia ganho.
Por exemplo, hoje: um dia arrasador no final, ao caír das nove. O regresso a casa pela auto-estrada antes do filho se deitar. Uma cigarrilha, um pouco de Mozart. Para trás a satisfação de um portfolio editado de grande qualidade com as fotos da Pauliana Pimentel sobre o Finalmente, o clube gay lisboeta, ou o texto sobre a Leibowitz com as fotos do seu livro-testamento. Um certo orgulho na edição fotográfica da Única que vai saír no sábado. Também a irritação por não ter conseguido a capa que achava mais ao estilo do Expresso, apesar da escolhida ter qualidades evidentes.
Os dias são assim como os interruptores.
À hora do almoço o Chiado com o Sol de Inverno ( no Outono!).
Arranjo um lugar para o Smart. Compro um Partagas D na Havaneza. Almoço um prego no balcão de uma tasca e um arroz doce e... desato a disparar com a M8.
Entro pelo Bairro Alto dentro, descubro ruas e casas reconstruídas, novas lojas, côres, graffitis, modernidade a dialogar com a antiguidade lisboeta.
Cruzo-me com gente gira. Cumprimento a Fátima Lopes, estilista, que acaba de saír de uma tasca onde almoçou, mais á frente o Mercedes de Mário Soares espera com o chauffeur de sempre ao volante, o Américo.
Disparo aqui, ali, espreito, foco, correcção da luz, ajuste do foco, trrrrr, um passo em frente, câmera ao alto, disparo, sorriso para a velhota da janela,trrrr,foto, correcção do diafragama, abro dois pontos, sombra, hiperfocal 1,5metros-10metros, o velho aproxima-se, foto, sorriso, boa-tarde, já fiz 70 fotos, off, Leica M8.
Este foi um dia histórico. O dia em que peguei na trela da M8 e a trouxe a ver o meu Mundo.
Que importa se há fotos que parecem um outdoor a champôs se Lisboa sorri e com ela uma cãmera amestrada?

segunda-feira, novembro 06, 2006

Sena Santos regressa

Tenho uma admiração sem fim pelo profissionalismo de Sena Santos.
Ele personifica a emoção, a entrega, o talento, o rigor, muitas das coisas boas e únicas para se fazer bom jornalismo.
Se fosse fotógrafo o Sena tiraria fotografias fortes e espontâneas, envolvidas com as pessoas e os temas.

Um dia ia a subir os Champs Elysées, contra uma maré de gente que celebrava a vitória de Chirac e vejo o Sena Santos a fazer um directo para a TSF. Outra vez em Timor, no dia da independência estava ele sentado no chão do Hotel Macota fazendo outro directo para a Antena 1. O Dr.Balsemão por perto olhava-o e comentava: " é disto que ele gosta e é assim que se sente feliz!".
Há dois anos estive com ele num curso de jornalismo para a imprensa regional, em Santarém.
Partiu da rádio pelas piores razões, ao que consta. Mas está de volta.
Um grande abraço Francisco.
E que nunca te doa a voz!
Clique aqui para aceder ao podcast

Os direitos dos fotógrafos

Foto de Luiz Carvalho

Apesar de se referir aos Estados Unidos é muito útil e interessante este artigo sobre os direitos dos fotógrafos. Clique aqui.