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sábado, agosto 12, 2006

Coscuvilhice de investigação

Estar de férias perdido no Alentejo seco e escaldante no meu Carrascal dá-me tempo para tudo, até para ver a imprensa rosa choque.
Entre o Le Courrier, o Público, a Sábado ( cada vez mais light e magazinesca), a Visão ( sempre com o fantasma magazinesco da Sábado) ainda me resta pachorra, e dinheiro, para me fazer de voyeur e passar os olhos pela Caras ( já tentada pelos paparazzis) a TV 7 Dias, a Lux e outra que agora não me recordo. Amanhã logo de manhã lá estarei em Arraiolos a comprar o meu Expresso, antes que esgote.
Mas da leitura (?) à beira da piscina pelas rosas ficou-me no final, tudo bem mixado, uma ideia tremenda: o país pareceu-me um pátio das cantigas com um lavar de roupa suja inacreditável.
Tal como dizia numa postagem recente, desta semana, políticos, artistas e mulheres libertinas foram fotografados por uns energúmenos a troco de uns cobres, já que isto a vida está mal para todos.
Não foi só o solitário Sócrates a besuntar as costas do irmão a vítima.
Soares aparece magoado e a legenda diz que ele anda a cambalear, Maria Barroso põe o segurança a andar em estilo Pepe Rápido durante 3 horas matinais, Cavaco já tem alcatrão até à porta da Gaivota ( e sabemos como o alcatrão é para ele um elixir de progresso) e Sampaio vê escarrapachada a foto da sua casa algarvia.
Depois vêm as vedetas da tv e seus dramas.
Merche Romero avisa que Ronaldo sabe que ela se dá com o antigo namorado, Rizo namora na praia, Rita anda com um play boy, a pivot da SIC dança com o ex da que já tem novo boy, o infeliz actor traído foge para o Brasil e a enganadora continua com o matulão do Porsche que dá surfadas, chora na varanda mas prossegue a sua doce vida amorosa.
Isto para quem leu de relance.. não está mal !!!

Se a imprensa portuguesa de referência (isto é que é ser politicamente correcto) fizesse jornalismo de investigação com esta competência como a dita imprensa cor de rosa faz as suas investigações, o jornalismo digno deste nome estava de certeza com mais audiência do que está.

Agora meus amigos: esta doença da imprensa que é a coscuvilhice vai pagar-se cara. Não me parece viável que toda a revisteca se possa dar ao luxo de invadir a privacidade de quem quer que seja, em nome da má língua e da venda de papel. É um péssimo caminho.

E que não haja dúvidas: a seguir vão atacar as televisões populistas.
Não me admirarei que daqui a pouco a TVI não venha a ter um programa de paparazzi roubando mercado às revistas que agora foram por este caminho.
Vai ser um sucesso sem vergonha.

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