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quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Um dia diferente dos outros

Uma manhã em exames de rotina no hospital não é muito agradável.
Primeia chatíce: tem de se entrar em Lisboa.
Uma hora aos solavancos dentro do carro.
Depois encontrar lugar para estacionar, antes uma jante cai num buraco, coisa que não me acontecia há anos.
Lisboa está escalavrada mas...calma lisboeta !! O presidente Carmona andou a lavar as paredes sujas de cartazes no Rossio. Este tipo devia ter vergonha na cara mas pelos vistos estes políticos perderam-na e continuam a gozar com os idiotas que votam neles.

Já no hospital há que esperar pela vez, mas como é um hospital particular a coisa é rápida, eficaz. Porque não são assim os públicos ? Ou não será que custam mais a sustentar que os privados ? Abstenho-me de entrar naquele tipo de pormenores que fariam as delícias do meu homólogo arquitecto.
Só vos digo que não é agradável fazer ecografias, mesmo não estando grávido, e o pior é a prova de esforço, não pelo barulho infernal de uma broca das obras que por ali trabalhava
( talvez a mesma que me ia estragando a estadia no hotel de Bombaim!) mas pela trabalheira.
Correr 15 minutos até atingir as 140 pulsações por minuto, é pior que um Porsche às 5 mil a gastar 15 !!!
Se estando saudável - ao que parece- o que será estando doente!
Deus ( esse mesmo) nos poupe a sofrimentos. Haja saúde, a coisa mais sagrada.
Desculpem a banalidade.

De regresso ao jornal assisti do alto do varandim do edificio Impresa
( belissímo) à apresentação da nova Visão. É um projecto bonito não sendo uma ruptura com o anterior. Felicidades malta e um grande abraço ao Pedro Camacho e à minha querida amiga Claúdio Lobo.

Vi o video feito pelo Marco Grieco e pelo João Carlos Santos sobre a evolução do grafismo do Expresso, que vai ser apresentado em Viena de Aústria num encontro de design onde o Expresso ganhou este ano...14 prémios e já no ano passado tinha marcado pontos.
É espantoso como nós no Expresso já conseguimos os meios humanos, conhecimentos, entusiasmo e paixão por esta linguagem. Claro que fui eu que comecei, mas a coisa já anda por si, o que não deixa de ser gratificante para mim.

Deu ainda para ver o resultado final da ÚNICA já fechada. Linda a capa com...senhoras e senhores a grande atracção Paula Lee fotografada pelo Jordi Burch! Foi um trabalho que me fez ganhar a semana.

Acabei o dia na minha aula de fotojornalismo. Falei da coisa em si e das ligações perigosas às outras plataformas.

Amanhã Coimbra comigo, para um dia diferente.

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Porque devem os jornalistas ter blogues

Listam-se aqui algumas razões para que os jornalistas escrevam blogues:

- Melhora a escrita.

- Atrai e envolve o público.

- Oferece um melhor entendimento do mundo digital.

- Ajuda a desenvolver alguns conhecimentos técnicos.

- É divertido.

Concordo com tudo. Mas, do que tem sido a minha experiência, acrescentaria:

- Ajuda a mantermo-nos a par dos assuntos que se desenrolam gradualmente. Já várias vezes publiquei no blogue informação que recuperei para escrever um artigo.

- Traz à atenção (através de comentários dos leitores, de referências cruzadas ou simplesmente da procura de algo sobre que escrever) assuntos que passariam despercebidos. Escrever um blogue e estar atento à blogosfera é uma excelente forma de descobrir estórias interessantes ou de obter algumas pistas úteis.

- Permite conhecer possíveis fontes. Ter um blogue permite-nos conhecer outras pessoas e permite que elas nos conheçam. É mais fácil abordar alguém que pode ser uma fonte quando esta pessoa segue aquilo que escrevemos - mesmo que nunca tenha havido um contacto directo.

- Permite um registo diferente do da escrita profissional.

- Ensina a comunicar eficazmente na Web.

João Pedro Pereira

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Um Óscar para Alberto João Jardim, JÁ!...

Foto de Luiz Carvalho, 2005.

Em 1989 fui à Madeira fotografar Alberto João Jardim.

A primeira foto começou bem: o chefe do governo regional ia inaugurar uns metros de estrada que acabavam em nenhures. Havia uma banda de música à espera, crianças vestidas de domingo, povo real. Alberto João andou uns metros a pé, cortou uma fita e, sem pejo, emborcou directamente da garrafa um espumante de método champagnês.

Fiz uma sequência fotográfica sem que ele tivesse tido qualquer complexo em posar naqueles propósitos mesmo sabendo que eu era do Expresso, portanto: um fotógrafo cubano. A foto foi capa da revista do Expresso ainda no tempo do grande formato. Lá dentro havia fotos da realidade social madeirense, imagens de uma Madeira rural e pobre onde o folclore para turista ver se misturava com miséria. O Jorge Van Krieken, que escreveu a reportagem - e de quem Jardim dizia que tinha um nome pornográfico – não desarmava enquanto não encontrasse vestígios bárbaros da governação madeirense. Na altura, era fácil encontrar na Madeira trabalho infantil, pedofília, bairros miseráveis, pobreza mesmo. Mas o Continente também não fugia à regra.

Anos depois ainda o fotografei para uma entrevista, que ele acedeu em dar com relutância ao Expresso, depois do trauma que lhe terá deixado aquela reportagem do Krieken.

Quando Sampaio visitou a ilha em 1997 numa Presidência Aberta, Jardim mandava-me bocas pelo facto de ser do EXPRESSO, provocatório mas também divertido, o que para certos jornalistas teria sido uma ingerência intolerável na liberdade de imprensa.

Eu ria e respondia-lhe com sorrisos, enquanto o ia apanhando em poses caricatas.


Chegou a pedir-me para o fotografar ao lado de Sampaio num instante de convivência institucional eterno.

Há dois anos voltei para uma entrevista de vida para a ÚNICA. Ao propor-lhe segui-lo num dia de inaugurações, aceitou de imediato.

Já me conhecia e, talvez pelo facto de eu nunca ter afinado com as suas provocações, permitiu logo uma certa empatia. No final da entrevista, ao saber que gosto de charutos, ofereceu-me um cubano (dos verdadeiros, do Fidel) com uma cinta em que estava gravado o seu nome. Simpático. (Oxalá o Óscar Mascarenhas, que é o controleiro do sindicato, não leia esta crónica !!).

No dia seguinte viajei no lugar do morto no seu Mercedes E320.

O motorista acelerava bem, mostrando um perfeito conhecimento das curvas e contracurvas da ilha, num rally que nos levou a lugarejos perdidos, em escarpas como presépios.

Durante a viagem falou-me na sua admiração por Fidel e Chavez e da embirração antiga pelo cavaquismo. “ O Cavaco sempre se fez rodear por uns tipos pretensiosos e carreiristas. Um dia em S. Bento veio um engravatado ter comigo, apresentou-se dizendo que já tinha sido secretário de estado, que tinha feito um doutoramento no estrangeiro, todo basófias em bicos de pés. Eu disse-lhe: você não tem idade para ser governante! Sabe porquê? Porque com essa idade ainda não deve ter aprendido a beijar uma mulher como deve ser! O tipo desapareceu logo dali”.

Ao longe, já se avistava uma multidão. A banda arrancou com o fungagá e ele, saindo do carro em passo firme, começa a cumprimentar toda a gente, tratando muitos dos presentes pelo nome próprio. Quando sente o cheiro do povo parece que se transfigura. Passa de um discurso afável e confessional para uma atitude tensa, controlada e certeira.


Trata todos por tu, pergunta por familiares, refere pormenores que mostram estar a par de pequenas coisas do dia- a -dia da comunidade. Aproveita para dizer mal do oposicionista local, gozando-o. Bebe uma cerveja, petisca um pastél de bacalhau, arranca para pregar noutra freguesia.

“Nunca dou dinheiro a ninguém para esbanjar em tabaco e bebedeira. Esta gente acaba por perceber que assim pode viver melhor”. As palavras faziam este sentido e na verdade tudo o que ele inaugurava ia ter um reflexo real na vida real das pessoas. Habitação social, estradas, lotes para novas casas, escolas.

Desenvolvimento. Parece ser a obsessão dele, mesmo que cobre isso caro, com controle na liberdade de expressão, na imprensa local, nos organismos governamentais. É o conformismo subserviente do padrinho mas que emprega milhares. É o populismo em forma de Jardim.

A oposição encolhe-se, perde margem de manobra, parece que Jardim tem um ascendente sobre quem o rodeia. A verdade é que a oposição fica às aranhas com a sua descontracção, à vontade, e arrogância natural.

Numa das paredes do Palácio do Governo um mapa com todas inaugurações previstas até ao dia das eleições mostrava o plano da pólvora para ganhar. Tudo preparado ao pormenor, assessorado por uma equipa eficaz que na sombra não falha nada.

O homem que gosta de noitadas confessava-me que era uma "chatice" ter de ir visitar Mota Amaral aos Açores, quando este era seu homónimo. “ O Mota Amaral quase não me deixava sair do palácio. Eu saía na mesma. Um dia queria jantar às dez da noite e estava tudo fechado em Ponta Delgada. Comecei a andar pelas ruas e descobri uma tasca, bati à porta, e fiquei lá a petiscar com uma malta divertida da TAP.
O Mota Amaral se soubesse!”. Depois referiu o célebre trocadilho da «Opus Day» e do «Copus Night».

Fotografar Alberto João Jardim é estimulante. Comporta-se frente às câmeras como Mário Soares: nada o inibe e acaba por ficar sempre bem no retrato. Tem outra característica comum ao seu ex-arqui-rival: sente a câmera, e sem a olhar sabe onde está. Como os grandes actores.

Um Óscar para ele, já !...

Carolina Salgado em poses eróticas

O autor das fotos é Pedro Ferreira que eu muito prezo e admiro. A modelo é uma surpresa. Depois destas fotos palavras para quê ? Carolina corre o risco de se ultrapassar a si própria. Com imagens destas quem vai ter tempo para ler as suas tiradas ? Vejo eu de que...

domingo, fevereiro 25, 2007

UMA FOTO POR DIA


Helmut Newton porque hoje é sábado.

Um poema por dia


Podia disparar ao foco de mar,
apenas porque o frio desenhava o azul.
Voltaria depois da madrugada,
da geada e da canção, com maçãs de amar.
Encartado na doce voz de quem pariu sem prazo
e voltou num som fundo e cavo.
Chorando, chorando, como na canção, na fita curta.
Abandono sórdido e total,
na pérfida cantiga de embalar com cães danados ao acordar.
Havia uma negra de poema aberto,
como tudo o que acaba numa fraga.

Judite Cascais

sábado, fevereiro 24, 2007

À primeira qualquer cai, à segunda cai quem quer


Hoje de manhã fui atacado em pleno Oeiras Shopping por dois vigaristas, à luz do dia com o consentimento do Centro. Um era do Citibank tentando pela enésima vez que eu subscreve-se um desses malfadados cartões de crédito, o outro era uma simpática menina que me pedia dinheiro para uma causa nobre, sabendo nós para onde vão a maioria dessas colectas. Recusei logo as duas abordagens.
Já é mais irritante andar nos centros comerciais do que na Rua Augusta.
Pedintes não faltam.

Por princípio nunca aceito propaganda que me dão quando estou parado nos semáforos, recuso falar ao telefone quando me ligam para casa sem conhecer a pessoa em causa,( ameaço mesmo fazer queixa da TV Cabo, bancos e outros que me ligam usando a minha ficha de cliente), não respondo a inquéritos na rua nem pelo telefone, desconfio dos carros que se colam ao meu na auto-estrada, sobretudo à noite, pois pode ser a bófia ou outra malandragem, qualquer carro parado numa berma pode ser radar da polícia, logo travo, tranco as portas do carro, quando ando de máquina fotográfica na rua tenho o hábito de controlar quem vem atrás de mim, nunca passo um sinal verde sem confirmar que não há um louco a passar com o vermelho ( essa precaução já me evitou dois ou três acidentes de mota) mas... nunca se sabe quando se poderá caír na esparrela de polícias, ladrões ou congéneres. E não sou paranóico !! Verdade.

Hoje em dia somos assaltados pela Tv Cabo, pelo nosso banco ( o BES teve a lata de me debitar 15 euros por mês por um VISA que não lhes pedi nem os autorizei a cobrar),
pela EMEL ( um escândalo este das multas e bloqueadores que ninguém contesta, onde estão os cidadãos deste país?), pela BRISA ( pago tanto para saír no Estoril como em Cascais!), pelo Estado etc, etc, etc...

Não me admira portanto a confissão do meu antigo director, um reincidente em aventuras recambolescas.
É fácil ser-se vitíma.
Há uns 15 anos em Paris caminhava à noite sózinho perto da Ópera. Ia calmamente para o meu hotel. Um taxista pára e pergunta-me para onde vou, digo-lhe que não preciso de táxi, estou a 500 metros do hotel. Ele insiste. Entro e ele convida-me de seguida para beber uma "biére" num bar ali perto que diz ter muito bom ambiente.
Nunca me imaginei a ir beber um copo com um taxista, mas o tipo era simpaítico e tinha um ar civilizado. Porquoi pas ?Açeito por não ter nada que fazer. No fundo andava a pé para me distraír. Entramos num bar com um porteiro que simpáticamente nos recebe e quando acabo de descer a escadaria até à cave percebo que é um bar de alterne. Calmo, reparo logo nas putas ao balcão. O taxista pede duas cervejas, há uma puta que me pede uma bebida enquanto me passa o braço à volta do pescoço.Recuso, digo-lhe que só estou ali para beber e ir embora, ela insiste abraça-me, eu rejeito outra vez pois já estava a ver o filme todo e sabia que isso me iria custar muito caro.
Quando olho em volta o taxista desaparecera. Peço a conta para me pirar. Quando o empregado do balcão vê que não vai conseguir mesmo que eu pague bebidas às putas traz-me uma conta de 15 contos. Era o consumo mínimo da entrada. Reclamo, digo que não pago, mando chamar o gerente e este diz-me com grande cinismo que me pode fazer um desconto de 50 por cento. Para evitar chatíces pago, peço a factura, e saio sem sequer ter acabado a cerveja. Foi a cerveja mais cara da minha vida. Bem feita !
À saída confirmei: havia na verdade uma tabuleta com o consumo mínimo o que blindava a atitude deles e me impedia de participar às autoridades. O esquema montado era simples: o taxista levava para lá otários como eu e receberia depois uma percentagem pelo frete. Perfeito.

Bruna Surfistinha fala a Jô Soares

O conto do vigário a José António Saraiva


Passo a transcrever esta crónica de José António Saraiva, publicada no Sol. E esta hein ?...

CONTEI nesta coluna que no Natal tive um acidente de automóvel que deixou o meu carro muito amolgado. Ao fim da tarde de quinta-feira da semana passada, após várias peripécias relacionadas com o seguro, fui informado de que o carro estava pronto. Estabeleci então o programa para a manhã seguinte: como não iria trabalhar, dado o SOL ter antecipado o dia de saída por causa do referendo do aborto, levaria a minha mulher ao emprego (junto à Avenida da República), passaria depois pela António Augusto de Aguiar para devolver o veículo de aluguer que entretanto tinha usado, meter-me-ia a seguir no Metropolitano na estação do Parque e sairia no Jardim Zoológico – que fica a dois passos da Mercauto, onde o meu carro fora reparado.

CUMPRI o programa à risca, com uma pequena alteração: depois de entregar o carro de aluguer fui comprar o jornal e sentei-me a lê-lo numa pastelaria da António Augusto de Aguiar, enquanto tomava o pequeno--almoço (um chá e uma torrada). O dia estava a correr bem.
Chegado à Mercauto, porém, tive a primeira surpresa: o automóvel não estava lá. Telefonemas para baixo e para cima, contactos pelo intercomunicador, mas nada: o carro tinha saído sem ser, sequer, reparado! A recepcionista, diligente, fazia-me perguntas:
Com quem é que falou? Quem lhe disse que o seu carro estava pronto?

Mas eu não sabia dizer nada: fora a minha secretária quem tratara de tudo. A senhora tirou então a única conclusão lógica (a que eu, aliás, já chegara):
– Então telefone à sua secretária.
Assim fiz. Expliquei-lhe a situação, pedi-lhe para tentar perceber o que acontecera e sentei-me num sofá à espera. Passados longos minutos, lá veio a explicação: o carro fora, de facto, transferido para outra oficina, por opção da seguradora, e tinham-se esquecido de nos avisar. A outra oficina ficava no Prior Velho. Pedi desculpa à recepcionista da Mercauto pela maçada que lhe dera e meti-me num táxi a caminho da nova morada.

A RUA que me indicaram ficava numa daquelas zonas industriais incaracterísticas que existem em todos os subúrbios, onde a fealdade impera e é quase impossível encontrar uma morada, porque os nomes das ruas não são visíveis, e as portas, em regra, não têm números. Vêem-se portões, barracões, rampas, letreiros comerciais – mas como descobrir uma vulgar morada no meio desta floresta? Como o chofer do táxi também não conhecia a zona, andámos às apalpadelas e eu tive de sair do carro para pedir ajuda.

Finalmente lá descobrimos a oficina – e aí, para compensar, as coisas revelaram-se surpreendentemente fáceis: mal entrei, dei de caras com o meu automóvel. Não posso dizer que o reencontro tenha sido comovente (como seria com o Paco, se não o visse há três semanas) mas é consolador uma pessoa voltar a sentar-se ao volante do seu carro após um tempo de separação forçada. É um ‘regresso a casa’ em ponto pequeno.

QUANDO, a caminho do sítio onde moro, passava na 2.ª Circular, verifiquei que tinha pouca gasolina e parei num posto da Repsol para abastecer. Mal tinha saído do carro, pára ao meu lado outro Mercedes e o condutor chama por mim, enquanto abre o vidro. Aproximo-me e ele diz-me de dentro:
– Então, estás mesmo bom? Sabes, eu já não estou na Mercedes... Estou no Corte Inglés. Sou director do Corte Inglés... Então, como se tem portado a máquina? – e apontou para o meu carro.
Eu não me lembrava nada daquela cara. Mas, dada a conversa, admiti que fosse o homem que me tinha vendido o Mercedes. Ainda que estranhasse o tratamento por tu...
O fulano continuou:
– Por que é que não foste ao desfile de moda no Corte Inglés? Mandei-te o convite... Estava lá toda a gente! – Balbuciei uma explicação mas o homem não quis ouvir. Disse-me, em contrapartida, para apontar um número de telefone que me ia dar. Respondi-lhe que não tinha caneta. Ele perguntou-me então, como se tivesse tido uma súbita lembrança: – Qual é a altura da tua mulher? – Disse-lhe que era a normal (o que não era exactamente verdade). Nesse momento ele abriu a porta do carro, saiu, disse para mim «abre a bagageira», foi à bagageira dele, tirou dois sacos de plástico, meteu-os na minha.

Eu assistia a tudo, atónito. Não percebia o que estava a acontecer. Admiti que, sendo director do El Corte Inglés, teria certos artigos de promoção para oferecer a clientes especiais. Mas ele atalhou:
– É um casaco de pele para a tua mulher e outro para ti. Custam 870 euros cada, mas se te perguntarem diz que custaram mil. Não digas menos de mil!
O homem fechou então a porta traseira da minha carrinha e fez menção de se ir embora. Era agora o que eu mais desejava: que se fosse embora. Não sabia o que estava dentro dos sacos nem isso tinha qualquer importância. O importante era acabar com aquela situação insólita.

Ao estender-me a mão para se despedir, o homem acrescentou: – Se fores ao Corte Inglés, não te esqueças de pedir para falar com o Vieira. Eu ajudo-te no que for preciso –. E mesmo a finalizar:
– E dá aí qualquer coisa para o IVA.
Os casacos são oferta minha, mas é preciso pagar o IVA.
Com alguma relutância fui puxando da carteira, enquanto ele debitava: – Algumas pessoas dão mil euros... – Mil euros para o IVA? – estranhei, escandalizado. – Dás o que for possível – tranquilizou-me. Consultei a carteira, tirei quase todo o dinheiro que lá tinha (apenas deixei uma nota de 5 euros) e estendi-lho: –- É o que tenho – rematei, enquanto ele agarrava as cinco notas de 20 euros, antes de se meter no carro e arrancar velozmente.

SÓ AQUI tive a suspeita de que poderia ter caído no conto do vigário.
Se o homem fosse o que me vendera o carro nunca me trataria por tu. Se fosse director do El Corte Inglés e andasse com artigos na bagageira para oferecer a clientes ‘especiais’ nunca lhes pediria depois o dinheiro do IVA (que às tantas já ia em mil euros!). E os próprios modos do homem não eram os de alguém habituado a lidar com pessoas de certo nível mas sim os de um frequentador de bas-fonds e ambientes suspeitos.
Quando cheguei a casa já não tinha dúvidas de que fora enganado. Os casacos não eram obviamente ‘amostras’ do El Corte Inglés mas sim retalhos a fingir de casacos ou, na melhor das hipóteses, roupa dos ciganos. Estava tão irritado que não abri sequer o porta-bagagens para ‘tirar a limpo’ o que se passara.

Apenas o fiz umas horas mais tarde, depois de refeito da irritação. E tive uma surpresa: os casacos eram mesmo casacos! A imitar pele. Ambos castanhos-claros, o de senhora mais amarelado, com o pêlo da parte de dentro, excepto na gola e em baixo, na bainha, a formar um debrum. O meu era um casaco-blusão normalíssimo, de corte razoável, perfeitamente utilizável aos fins-de-semana.
A etiqueta, porém, revelava o ‘pecado original’: a origem chinesa. Por baixo da informação «100 % Polyester», figurava um importador de Madrid com nome chinês. Os casacos estão certamente à venda, portanto, nas lojas chinesas. Por 15 euros cada ou menos – e eu passara voluntariamente 100 euros para as mãos do homem para pagar o IVA!
Embora mantenha grande estima pelo meu automóvel, tenho de reconhecer que anda azarado. No Natal veio para cima de nós um carro com dois ucranianos, que fugiram depois do acidente; no dia em que vou buscá-lo à oficina sou descaradamente vigarizado por um burlão. Qual será a terceira?


sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Porque estão as putas a tornarem-se escritoras ?


Porque será que agora as putas dão em escritoras? Perguntava-me esta semana uma colega jornalista em tom de desabafo, depois de eu lhe ter confessado que Paula Lee era uma mulher inteligente, culta com o seu blogue Amante Profissional.

Depois de umas frustradas quarentonas, intelectuais de noites mal dormidas, terem dado em escritoras "light" com um discurso feminista e uma postura de permanente desdém pelos homens, chegou a vez das profissionais do sexo darem a mão ao manifesto, o coração nessa linha e escreverem sobre as suas experiências avassaladoras. Contam tudo ao pormenor com respeito, carinho e o sigilo profissional que a actividade exige. E não têm Ordem nem Óscar Mascarenhas a controlarem-nas !..

A sociedade esta mais "voyeur" do que os paparazzi, e o assunto tornou- se de fácil leitura, logo rentável e popular.
Antes as confissões de directores de jornais tentaram ter sucesso, foi o fracasso que se viu. As putas ganharam em popularidade e em fino recorte literário o que faltou a candidatos ao Nobel.

Um esclarecimento: nada tenho contra a palavra puta. Para mim não tem significado pejorativo e considero-a palavra de boa sonoridade e de eficácia narrativa perfeita. Uma verdadeira puta nunca se sentirá ofendida com a designação.
Tal como um fotógrafo nunca se sentirá ofendido se o chamarem de fotógrafo. Se a coisa der para o repórter-fotográfico, repórter de imagem, aí a coisa já está a dar para o abjecto.

A vinda a Portugal da Bruna Surfistinha, e a entrevista de uma Andreia de 19 anos, também puta assumida, mais o supersite de Paula Lee, estão a revolucionar mentalidades e a provarem que a prostituição na dura pureza original é tão respeitável como qualquer outra profissão. Ou mais...

Estes romances côr de rosa-choque não são originais. Já a literatura confessional no mundo da putaria tinha dado provas de qualidade. Vejam-se alguns testemunhos de francesas depravadas como Anais Nin, amadora avançada, ou de putas que souberam rimar negócio com amor.

Claro que o encanto de uma actividade lúdica e lúbrica se perde quando começa a saír da clandestinidade e a ser escancarada nas televisões, revistas e jornais. A banalização tira a pica, normaliza, reduz o pecado a coisa adquirida.
Para já uma nova corrente literária nasceu.

Acontece! Já dizia o outro tontasso.

Luiz Carvalho

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Soneto erótico de Paula Lee


Pelo meu corpo as mãos passeiam macias
relaxo, viajo, estou quase dormente
paraíso achado, sem mapas, nem guias
sem regras, sem horas e sem expediente.

As mãos que outrora estiveram tão frias
agora aquecidas estão indecentes
apalpa, escorrega, me acaricia
e descobre o prazer já tão iminente.

Quando menos espero ele me enfia
o pénis - e me segura pela bacia
o meu corpo segue o seu, obediente.

Meu corpo em desejos já se pronuncia
Gritos, gozos, convertem-se em calmaria
E o que resta agora é paz, somente.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Um dia como os outros


O que faz um pobre mortal que trabalha em fotojornalismo ?

Pela manhã passear o cão pelo pinhal com as ervas cheias de orvalho que vão sendo acariciadas pelas orelhas do Óscar, um basset hound porco e teimoso como todos os da sua raça. Mas muito querido.
Deixar o putinho na escola com ele todo atarefado para poder iniciar as brincadeiras sem pensar, nem saber que no Mundo as letras não têm grande utilidade e os desenhos uma trabalheira comparado com o divertimento que é a vida do Ruca e os vídeos sobre circo, que já sabe que os há também no You Tube.
Chegar ao jornal, pegar no saco e ir fotografar uma sumidade, o professor António Barreto que me recebe no seu escritório na Lapa, casa antiga recuperada, cheia de fotografias originais. Lá estava a foto do Steichen dos imigrantes a desembarcarem na América e outras pérolas. Ofereço-lhe dois livros meus pois sei da sua paixão pela fotografia. Espanto meu: já conhecia as fotografias, algumas pelo menos. Começo a fotografá-lo mas a verdade é que a conversa entre nós sobre fotografia é muito mais interessante do que eu estar para ali a massacrá-lo com poses. Fica encantado com a minha Epson RD1. Parece-lhe uma Leica e ele tem uma M6. Falamos de Lee Miler, de Margareth Bourke-White, de Cartier-Bresson, da eterna dúvida de quem se quer aventurar na fotografia digital.
Meto a 100 milímetros na Canon, disparo, foco perto, não gosto das expressões, não me sinto à vontade, apetece-me adiar a sessão. Decidimos ir até à rua. Sugiro o Chiado para o fotografar no meio de multidão. O professor mal cabe no Smart mas não esconde alguma surpresa e quando o seu telefona toca não exita em dizer que está a bordo de um Smart e que vai ser fotografado.
O Chiado está radioso. Há Sol, demasiado forte, intenso, passa povo, há gente que o reconhece logo, há uma senhora que já não larga, que a filha gosta muito dele, que o quer ver, que lhe quer falar... O professor já não se sente à vontade a posar para mim que entretanto fiquei no alto da escadaria que dá para o Metro a fotografá-lo.
Passa uma mulher esplendorosa, com uma mini-saia indescritível. António Barreto começa a subir a Rua Garrett e eu vou-o fotografando de longe. Precisava de uma 400 ou 600 mas não estava no programa nem nas minhas possibilidades físicas. A 100 serve muito bem e torna a sessão rápida e discreta.
Regresso ao jornal, sinto-me um desertor. Uma manhã sem estar a seguir a edição já me deixa estranho pese embora a total confiança em quem comigo trabalha. Descarrego as fotos no computador. Já vi melhor e já vi pior ( a frase é uma homenagem a um familiar).
Almoço na cantina. Mais uma tarde de trabalho. Reunião sacrossanta às 18 com a direcção e colegas editores. A edição fotográfica é working in progress. Há fotos para mudar, outras para reenquadrar. Há paginação para mudar. Ainda não temos duas ou três fotos impactantes.
Fim do dia. Marcar agenda para amanhã. Quem vai fotografar o quê. Gosto de escolher os fotógrafos em função das suas características para os trabalhos marcados. Por vezes gosto de marcar ao contrário para rodar gente e fazer experiências, como o fazem os treinadores da bola.
Depois do jantar ainda vou dar a minha primeira aula do semestre à UAL. Está tudo às moscas. Na recepção da faculdade está a dar o futebol no televisor. Não há alunos. O semestre começa bem!.. Os alunos acham que a primeira aula é para faltar, a segunda para empatar, a terceira para fazer de primeira, a quarta faltam, a quinta ainda não perceberam o que ali estão a fazer, a sexta cai nas férias da Páscoa, depois admiram-se de haver chumbos e notas penalizadas.
Com sorte a matéria é dada depois de Cristo ressuscitar. É a triste realidade do nosso ensino e de muitos, não todos, dos nossos alunos.
Por fim casa. O filho já dorme, o cão desata a ladrar, a mulher resistiu a mais um dia longo.

Abro o computador, consulto o mail, hoje tive um mail muito interessante do filho de um amigo que é fotógrafo e está longe, mas vai voltar. A paixão que a fotografia desperta na malta de vinte anos é impressionante.

E aqui estou no blogue, a postar e a ver as audiências e a pensar que este Instante fatal vai fazer um ano e que eu devia mudar qualquer coisa ou acabar de vez com ele.

Luiz Carvalho

terça-feira, fevereiro 20, 2007

O novo filme da morte de Kennedy

As várias faces do Irão por um fotógrafo da TIME


As várias faces do Irão.

Um ensaio fotográfico da TIME que vale mesmo a pena ver aqui.

UMA FOTO POR DIA

Carnaval no Rio. O povo cala a desgraça./Reuters

Sara Tavares a chamar a música

Encontrei esta pérola no You Tube. Sara Tavares na sua estreia no Festival da Canção. Arrepiante de emoção.

Carla Matadinho pensa nu clear

A Vida são dois dias, o Carnaval três e a Matadinho é de arrasar qualquer mortal quando simula que pensa.É a fruta da época.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

A verdade inconveniente de Alberto João Jardim


Podemos achar a postura do Dr. Alberto João Jardim menos elegante e fora de moda. Insuportável mesmo. Troglodita mesmo.
Mas não há dúvida que ele deu à Madeira um bem estar invejável a nível nacional.
Hoje a Madeira tem o nível médio da Europa ( 98 por cento mais exactamente) ao lado da área de Lisboa que está nos 100 por cento, enquanto o país se fica pelo setenta e pouco.

A Madeira teve todo o tipo de apoios comunitários para ajudar o seu desenvolvimento e obteve grandes facilidades do governo central. A obra está lá: a Madeira é desenvolvida, com estrutura económica estável, um turismo exemplar.
Este progresso foi feito à custa de uma certa rédea curta, da domesticação da comunicação social, do pagamento de favores a primos, enteados e lacaios.
Jardim conseguiu criar uma côrte de apaniguados, um anel de protecção que permitiu este desenvolvimento e algum obscurantismo.
Contudo a Madeira é hoje uma região ao nível europeu, cosmopolita, onde dá gosto ir e viver. Não conheço nenhum madeirense que não goste da sua terra, de lá viver e de ter orgulho nisso, talvez tirando o padre do Bloco e alguns radicais e outros inimigos ferozes do Jardim. Mas isso é aceitável e natural.

Sem funfuns nem gaitinhas Jardim conseguiu o que os políticos portugueses não conseguiram em trinta e tal anos de regime democrático: liderança contínua, um projecto, uma fim, uma obra. Com atropelos aqui e ali à democracia ? Claro. Com unanimismo em torno do chefe ? Evidente. Com disciplina e trabalho? Também.
Foi caro mas a obra está lá. E se muitos falam em corrupção a verdade é que até agora ninguém conseguiu acusar Jardim de ser um vigarista ou que a ilha se tornou num jardim dourado. A Jardim não se conheçe riqueza pessoal nem exibições de novo-riquismo.

Há dois anos durante a campanha eleitoral regional fui à Madeira com duas colegas do Expresso para entrevistarmos Alberto João. Recebeu-nos com franqueza e respondeu com clarividência. Deixou-me viajar consigo durante um dia no seu Mercedes a fazer campanha. Inaugurava obra aqui e ali. Sempre com bandas de música à chegada, petiscos para todos e obra para ver.
Um mapa de inaugurações, em papel cenário de metros de largura colado à parede do escritório no Palácio do Governador, continha toda a agenda de obras a cortar fita.

" Dou bens às pessoas não dou dinheiro para esbanjarem em porcarias!" - dizia-me ele. E na verdade aquelas obras eram de cariz social e beneficiavam directamente os mais pobres.

Jardim confessava-me no carro que nunca gostara do cavaquismo. Mostrava simpatia por Fidel Castro e achava Chavez um ditador pesasse embora o seu lado católico.
A franqueza e frontalidade de Jardim não deixaram de me agradar. Ele corta a direito e constrói. Claro que aquele estilo está ultrapassado e aquela forma de fazer política também. A falta de educação já não é estilo aceitável.
Mas se isso tudo isso é verdade, não é menos verdade que não estamos habituados a vermos um político conseguir tão bons resultados para os eleitores. Há um empenho em Jardim que não se vê na maioria dos nossos políticos. Ele está sintonizado com os eleitores e fala-lhes directamente. Quem o faz nos dias de hoje ? Qual é o deputado que dialoga e está receptivo a falar com aqueles que o elegeram?

Vejam-se os Açores. Custam o mesmo, ou mais, do que a Madeira ao erário público e têm-se revelado um fracasso político. Não há progresso que se veja e o que desponta traz a marca da especulação imobiliária e da degradação da paisagem.

Jardim é a verdade política inconveniente.

Luiz Carvalho

Alberto João Jardim no Gato Fedorento

domingo, fevereiro 18, 2007

A socialite, o filho e o dinheiro do outro


Toda a história de Maria das Dores no CM de hoje:

O puzzle do crime tem peças soltas.
As dúvidas esbarram no hábil silêncio da Polícia Judiciária (PJ) e assaltam o pai de David Motta dia e noite. “O meu dinheiro pode ter sido usado para o que aconteceu”, arrisca o professor de História, com voz trémula, à Domingo.
Foi casado com Maria das Dores, a socialite presa por suspeita de ter encomendado a morte do empresário e último marido, Paulo Cruz. Quanto ao dinheiro, cerca de 150 mil euros, foi-lhe “roubado” pelo filho David – confidente da mãe – que assim financiou, pelo menos, a viagem com estadia prolongada em Nova Iorque. De Maria, que nas festas do jet set troca o vulgar nome ‘das Dores’ por ‘Teresa’, o professor só quer distância física e emocional. “É uma pessoa perigosa”, que nunca olhou a meios para ascender socialmente. Maria é suspeita de ter ultrapassado todos os limites e a PJ apanhou-a. Na última semana desceu ao inferno. Deixou o condomínio fechado em Lisboa. Agora passa os dias entre a cela e o pátio da cadeia de Tires, em Cascais.

O professor recusa ser identificado, não quer o seu nome “envolvido com o dessa gente”, mas ainda se preocupa com o filho David, 20 anos, encandeado pelo brilho do jet set – ao ponto de duplicar a consoante do apelido, julgando que o torna mais distinto. O pai não o vê “há sete meses”, desde que, com uma assinatura forjada, lhe ‘limpou’ a conta bancária. Na altura foi apresentada queixa, confirma fonte policial. Mesmo assim, David não teve pejo de, numa entrevista publicada esta semana na Imprensa, afirmar que “pai há só um”. E o dele “é insubstituível”.

Decerto ignorando a intensidade do amor filial, o professor sucumbiu ao golpe. “Tudo isto me causou imensos problemas.” Incapaz de manter a concentração no trabalho, ficou um mês de baixa. “Nem queria ver ninguém.” Não queria também que alguém mal intencionado o visse a ele. “Não me senti muito seguro”, admite o pai de David, sem deixar de repetir: “Ele é o meu filho.” David Motta, contactado pela Domingo, recusou-se a prestar qualquer declaração.

Quando se lhe pergunta se imagina como terá sido aplicado o seu dinheiro, o pai de David garante já ter falado “onde tinha de falar”, remetendo para quem investiga o caso. Deixa contudo escapar: “Infelizmente tive um pressentimento do que iria acontecer.” O que aconteceu foi a morte violenta do empresário Paulo Cruz. Na quarta-feira David ainda não tinha visitado ou contactado telefonicamente o pai. Mas voltou de Nova Iorque para o enterro do padrasto e ficou para dar apoio à mãe.

José Castelo Branco, negociante de arte e figura do ‘social’, acolheu-o em casa. O ‘conde’, como ficou conhecido no reality show da TVI ‘Quinta das Celebridades’, ora afirma mal conhecer a mãe de David ora vai visitá-la à prisão – como se de uma grande amiga se tratasse. Maria das Dores “é uma mulher perigosa”, sublinha o ex-marido.

“Você sabe de certeza quem eu sou.” A viúva desafiava o jornalista dias antes de ser presa. Um amigo próximo explica que “a vida social intensa e a ilusão de ser famosa se transformaram numa obsessão”. Maior ainda desde que, há cinco anos, Maria das Dores perdeu o antebraço esquerdo, num acidente de viação. O marido, Paulo Cruz, conduzia o carro. “Ela era uma mulher muito bonita e magra. As coisas complicaram-se depois do desastre no Alentejo. Deixou de conseguir fazer coisas básicas, como lavar a loiça, calçar--se ou vestir-se sozinha...”

Se já antes se revelara uma consumidora compulsiva, após o acidente, “como forma de compensação”, Maria das Dores perdeu qualquer noção de limite. Engordou. “O marido começou a perder o interesse por ela”, deixando- -a “encurralada” – disposta a tudo. O divórcio era já “ponto assente” para o empresário. Maria iria “perder o sustento”, mas “sempre se recusou a admiti-lo” entre os amigos. Poderá ter sido então que, a provarem-se as suspeitas da PJ, a morte de Paulo Cruz começou a ser desenhada.

Ele não aprovava o estilo de vida da mulher. Não ombreava com ela nas fotografias das revistas. Dizem os amigos que vivia para o trabalho. Descontraía apenas quando tocava piano, participava em provas de vinhos ou, aos sábados, levava o filho D., neste momento entregue aos avós paternos, a passear. Dizem também que foi um aluno aplicado no Colégio de S. João de Brito, contemporâneo de Paulo Portas, ex-ministro da Defesa. Terminaram ambos o liceu em 1979, embora em turmas diferentes – Portas em Humanidades; Cruz em Ciências. O ex-ministro fez saber que não se lembrava do colega. Paulo Cruz também não parecia interessado em ser lembrado pelos famosos. Já Maria das Dores...

Muito antes do acidente, nos anos 80, casada ainda com o professor de História, Maria das Dores vivia já, claramente, acima das suas reais possibilidades financeiras. Trabalhava no departamento de Informática do Banco Português do Atlântico, actualmente parte do Millennium BCP. Pedia dinheiro emprestado às colegas, mas ia de táxi para casa enquanto elas usavam os transportes públicos. Era costume, na hora de almoço, as funcionárias darem um salto à Loja das Meias, na Rua Castilho. Quando Mimi, assim fazia questão de ser chamada, gostava de uma blusa ou de um vestido comprava o modelo em várias cores. Pagava com cheques pré-datados.

Naquela altura, o que surpreendia a empregada era encontrar o frigorífico e a despensa vazios. “Não havia nada.” Mesmo se ali vive uma criança de pouca idade, David. Também a mãe de ‘Mimi’ lá morou. Quando a empregada chegava de manhã, a idosa – chamavam-lhe ‘avó Nini’ – ainda não tinha comido. “Quem lhe trazia o pequeno-almoço era a empregada”, contam as colegas de Mimi.

O mundo a que Maria das Dores almejava (e onde, iludida, julgava viver já) era outro. Um mundo, onde, sem esforço, não faltava nem dinheiro nem status, conferido também por um “dr.” antes do nome. Depois de frequentar um breve curso proporcionado pelo banco onde trabalhava, Mimi exigiu que passassem a tratá-la por “doutora”. Riram-se muito as duas colegas que lhe fizeram os exames de Francês e Matemática, convencidas de que apenas a ajudavam num trabalho de casa. “Era simpática” e com simpatia “dava a volta às pessoas”. No banco, mostrava às amigas fotografias tiradas na praia do Alvor onde aparecia com Mário Soares. “Estás quase tão gordinha como ele”, brincavam elas.

Mimi sempre foi fiel ao Algarve, onde nasceu. Na praia da Restinga, em Alvor, “adorava falar de Margarida Marante e de outras pessoas que dizia conhecer muito bem em Lisboa”, conta Maurílio Andres, 49 anos, concessionário da praia há 22. O casal Pereira da Cruz passou a alugar ali “sempre o mesmo toldo” no Verão. Desde o acidente ficavam sempre “15 dias a três semanas”. O que mais preocupava Maria, mal punha os pés no areal, era saber “quem vinha e quem não vinha; queria acompanhar tudo da vida das outras pessoas”. Queria saber que toldos costumavam fazer sombra, entre outros, ao antigo Presidente da República Mário Soares e família.

Paulo Cruz era “discreto” e “sempre atento ao filho” D., de seis anos, enquanto ‘Mimi’, nome que lhe ficou do Liceu de Portimão, gostava “mais de exibir-se. Adorava dizer que conhecia o Herman ou o José Castelo Branco”. Era até “arrogante com os empregados”, conta uma amiga de infância, que pede anonimato, dona de um conhecido restaurante em Alvor. Foi no restaurante que as duas mulheres se reencontraram, numa noite de Agosto. A socialite e Duarte Menezes tinham-se sentado para uma mariscada.

O célebre cabeleireiro conheceu Maria das Dores “há pouco mais de um ano”, revela fonte próxima dos dois. No último Verão, o casal propôs-lhe a abertura, em sociedade, de um novo salão de cabeleireiro. Menezes passou dez dias na casa do Alvor. Paulo Cruz regressou ao trabalho em Lisboa. Os dois amigos continuaram ao sol, seguindo a rota das festas.

Em Setembro a amizade acabou. Maria das Dores “pediu umas jóias emprestadas à prima direita, São Melo, com o pretexto de ter sido convidada para uma festa dourada”, mas todo o ouro “acabou directamente no prego”. Maria quis envolver Duarte Menezes no assunto. Ele não gostou. Zangaram-se. Também a prima cortou relações com ela.

São Melo só voltou a vê-la na tarde do crime – 20 de Janeiro –, quando Duarte Menezes, que no início do ano acedera a reconciliar-se com a socialite, lhe ligou, “aflito, a dizer que o Paulo se tinha enforcado”. Menezes enganou-se. Paulo foi morto à pancada – o principal suspeito é João Silva, um brasileiro, antigo motorista de Maria das Dores (ver pág. 25). São Melo confirma à Domingo tê-lo visto “duas vezes à porta do cabeleireiro”. No “autêntico filme de terror” que se seguiu, Maria é a actriz principal, mas não desarma: os amigos vão encontrá-la “em estado de choque, muito preocupada com o marido”.

O cabeleireiro tinha reatado a relação com Maria seis dias antes do crime, quando ela lhe enviou uma mensagem. “Era um disparate continuarem chateados; ela quis reaproximar-se”, conta um amigo comum. Os dois encontram--se no Largo do Rato, em Lisboa. Pouco depois de Menezes entrar no carro de Maria das Dores, ela atendeu o telemóvel aos gritos. “Mas eu não lhe dou o divórcio!”, atirou a alguém. Menezes quis saber o que se passava, mas “ela disfarçou”, perguntando ao cabeleireiro o que fazia na noite de sábado seguinte, o dia em que o marido haveria de ser assassinado. Ele disse-lhe que ia à missa. “Calha bem”, porque “o Paulo tem um jantar da empresa”, respondeu ela. Maria decidiu ir também à igreja, “rezar pela mãe”, que morreu no princípio do Verão.

No dia combinado falaram “muito bem” ao telemóvel, mantendo a combinação, sem que a mulher do empresário hesitasse ou mostrasse nervosismo. Às 18h15 o cabeleireiro ligou-lhe de novo “para saber se estava atrasada”. Ela, “muito ansiosa”, pediu-lhe para ir ter ao número 11 da Avenida António Augusto Aguiar. Soluçou e disse-lhe: “Vem cá ter porque o Paulo deve ter tido um AVC e não me abre a porta”. Quando o cabeleireiro chegou já outras pessoas consolavam Maria.

O cadáver do empresário foi retirado de casa; Maria das Dores “chorava, mostrava-se destroçada”, conta uma amiga íntima. O cabeleireiro acompanhou a socialite ao Hospital da CUF e à PJ. Para além de Menezes, com Maria estava ainda a prima São Melo e três advogados do escritório situado no andar por cima do local do crime.

Congeladas as contas do empresário por um juiz de Instrução Criminal, Duarte Menezes comoveu-se com a situação da viúva. “Carregou-lhe várias vezes o telemóvel, deu-lhe cem euros para pagar à empregada, mais 50 para a criança, fez-lhe as compras de supermercado e chegou a levar-lhe peixe com espinafres e trouxas de ovos. Mimou-a.”

Menezes não sabia que se “prestava a um papel ridículo”. Quem o conhece bem reforça que o cabeleireiro pensou estar a ajudar uma amiga “muito apaixonada” pelo marido, vítima de um brutal homicídio. Que chegou a ir com ela ao Chiado para comprar-lhe “uma Bíblia e o livro ‘Conversas com Deus’”. Também tentava consolá-la à noite “com cânticos litúrgicos” pelo telemóvel. Nem quis acreditar quando, uma semana depois, Maria das Dores foi presa. “Ainda fica doido quando pensa que os inspectores da PJ o escutaram a entoar cânticos ao telefone...”

No dia do velório, todos recordam os familiares de Paulo à entrada da igreja. Nenhum “dirigiu a palavra à nora”. Uma semana depois, na missa de Sétimo Dia, Maria foi ter com a sogra. Pediu que a deixassem continuar a frequentar a casa, no condomínio Jardins do Lumiar, em Lisboa. “Minha querida, só quem pode perdoar é Deus”, respondeu-lhe Maria Manuel Pereira da Cruz, mãe do empresário. Segundo conta José Castelo Branco, no dia anterior Maria das Dores e o filho David foram injectar botox para ficarem mais animados.

A Domingo sabe que, após a missa, a que assistiram o ‘conde’ e Betty Grafstein, aquele ligou para o restaurante Valentino, reservando mesa para sete pessoas. Do restaurante contam que o grupo se entreteve “a beber champanhe”, mas, “passados 45 minutos”, Maria e o filho David saíram juntos. “A viúva estava nervosa e cabisbaixa. Não lhe apetecia festejar”. Quanto a José Castelo Branco, garantem-nos que “mente ao dizer que só esteve com ela três vezes. Maria tinha jóias compradas à Betty e eles davam-se todos muito bem”. Tempos áureos para Maria das Dores. Não chegou a subir muito alto. Tão alto como queria. Mas a queda foi enorme.

MORTE BRUTAL EM MENOS DE UM MINUTO

Paulo e ‘Teresa’ – na verdade Maria das Dores – Cruz chegaram juntos ao número 11 da Avenida António Augusto Aguiar ainda não eram 17h00 de 20 de Janeiro, sábado. Viviam juntos no Lumiar mas arrendavam ali um apartamento há seis meses. Só iam fazer “umas medições”, disse Teresa, porque as obras que ainda mal tinham começado e estavam embargadas a pedido do vizinho de baixo. Ele apanhou o elevador para o terceiro andar, enquanto ela, que sofre de claustrofobia subiu as escadas. A Domingo subiu das duas formas, sabe que Paulo só demorou 28 segundos e a mulher, mesmo “carregada com umas folhas”, não demoraria mais de um minuto e meio a subir os 79 degraus. Ou seja, quem enfiou um saco de plástico na cabeça do empresário e lhe desferiu duas pancadas fatais com um objecto contundente na cabeça não teve mais de um minuto para o fazer sem que a mulher percebesse. Antes de ser detida, Maria garantiu ter apenas visto “um vulto” e ouvido “o som parecido ao de um móvel arrastado”.

'O MEU FILHO NÃO É UM MENINO VIOLENTO'

O motorista João Paulo de Carvalho Silva, de 26 anos, a quem alegadamente Maria das Dores terá encomendado o crime, deixou o lar materno aos 20, contra a vontade da mãe, de 55, e embarcou para Portugal na esperança de recomeçar a vida no nosso país. O pai de João Paulo, de 63 anos, já divorciado da mãe, foi contactado pelo filho que, da prisão, o informou estar detido preventivamente por suspeita de envolvimento na morte de Paulo Cruz, seu patrão. Os pais do suspeito estão destroçados com a situação e temem pela “integridade física” do filho que, de acordo com quem o conhecia, “era muito educado e trabalhador”. Por enquanto e “para que a justiça funcione correctamente”, a mãe e o pai de João Paulo preferem não ser identificados. Contudo, a Domingo conversou com a progenitora, a viver em Belo Horizonte, Brasil, que nos confidenciou ter ficado “surpreendida e boquiaberta” com a notícia da prisão de João Paulo, que tem uma irmã de 19 anos a estudar e a viver com a família.


Alexandra Ferreira, Henrique Machado, Isabel Ramos/ Correio da Manhã

Sexo, Padres e Códigos Secretos

«Sexo, Padres e Códigos Secretos - 2000 anos de abuso sexual na Igreja Católica» é um ensaio que relata a forma como a igreja tratou o tema durante a toda sua história e já está à venda nas livrarias portuguesas.
Foi publicado nos Estados Unidos em 2006 e levou mesmo à fuga de alguns padres para o Vaticano.
Inspirou ainda a realização de um documentário chamado «Deliver Us From Evil», que está na lista dos nomeados aos Óscares deste ano.

Anos de silêncio. Séculos de abusos sexuais escondidos. Um livro, um documentário e milhares de vidas destroçadas. Três vozes da igreja quebraram o muro e revelam a dor de quem foi abusado sexualmente por padres. Thomas P. Doyle, A.W. R. Sipe e Patrick J. Wall são os autores deste ensaio polémico e revelador de uma realidade impensável para muitos católicos e não só.

«Tiveram muitos problemas dentro da igreja quando começaram a preparar o livro», conta ao PortugalDiário Júlio Cequeira, da Via Occidentalis, a editora responsável pela publicação do livro em Portugal.

«Dois dos autores abandonaram a igreja e apenas um mantém a ligação. O livro foi e ainda é um escândalo, porque representa o encobrimento dado pela igreja aos religiosos suspeitos de pedofilia. Estou a lembrar-me de um padre que fugiu para o Vaticano e que tem processos pendentes em tribunal. O Vaticano não o quer entregar e assim não será levado à justiça», explica Júlio.

Após o sucesso de vendas que teve lá fora a Via Occidentalis Editor acredita que o mesmo vai acontecer por cá. «O livro é dividido em duas partes. Uma mais técnica e outra de relatos. Acho que se completam e stornam o livro mais interessante para os leitores», conclui Júlio Cerqueira.

Thomas P. Doyle, padre dominicano, doutorado em direito canónico é, actualmente, consultor jurídico nos processos de abuso sexual, que envolvem a Igreja e que decorrem em tribunais de todo o mundo. Foi em 1984, enquanto trabalhava na embaixada do Vaticano, que tomou conhecimento desta realidade escondida.

Entrevistou mais de duas mil vítimas de abuso sexual apenas nos Estados Unidos e luta tanto pelos seus direitos, como pelos direitos dos abusadores perante a justiça.

A.W. R. Sipe foi monge beneditino e tornou-se psicoterapeuta. Serviu a igreja como monge durante 18 anos. Especializou-se em doenças mentais, tendo também desenvolvido estudos na área do celibato. Casado há 34 anos, tem um filho. Faz seminários em escolas e é consultor em processos de abuso sexual.

Patrick J. Wall foi padre beneditino entre 1988 e1998. Desde 2002, tal como os seus co-autores, é chamado a tribunal como especialista em abusos sexuais praticados dentro da igreja. É também formado em Direito canónico. Em 1998 o pediu a suspensão dos votos religiosos e das obrigações sacerdotais. Casou em 2001 e tem uma filha.


O documentário «Deliver Us From Evil» foi inspirado no livro de Thomas P. Doyle, A.W. R. Sipe e Patrick J. Wall e está nomeado para os Óscares deste ano nessa categoria. O realizador Amy Berg conseguiu encontrar o padre Oliver O`Grady, referido no ensaio, acusado da prática de centenas de crimes de abuso sexual.

Oliver O`Grady terá começado os seus abusos em 1973, sempre com o conhecimento dos seus superiores que, durante décadas, o mudavam de paróquia sempre que surgiam problemas. O clérigo aceitou contar a sua história no documentário e sem arrependimento aparente assume os actos/Diário Digital

Clique aqui e veja a apresentação do documentário.

Alexandra Lencastre fala de vibradores

Acidente em Sintra

Já vai em 153 mil visitas no You Tube. É um filme fantástico...e português

sábado, fevereiro 17, 2007

Anna Nicole Smith, morreu uma estrela


A morte de Anna Nicole Smith apanhou-me de surpresa e deixou-me alguma tristeza. Claro que gostava imenso da sua personagem e do bom desempenho que fazia no seu papel.Sabemos que começou cedo na vida artística e que tudo começou quando um olheiro reparou nela à caixa de um supermercado.
Dias antes tinha comentado com um amigo, já não me lembro em que contexto, na sina triste que muitos artistas têm quando é chegado o ocaso da vida artística.
Deixar de aparecer ao público, acabar a adrenalina do sucesso, sentir que de um dia para o outro se passa de bestial a besta, de estrela a meteoro, deve ser barra difícil de aguentar.
O mesmo se aplica ao Poder. O que será perder mordomias, atenções, salamaleques, estatuto?
A vida de Anna Nicole Smith foi atribulada, excessiva, sempre jogada nos limites. Sabemos agora que já quatro namorados recentes reclamam a paternidade da bebé que nasceu dias antes da sua morte e que ela durante a gravidez tomou metadona receitada ilegalmente. Antes morrera o seu filho de 20 anos e a questão da famosa herança ainda não estava arrumada.

Estas histórias de sucesso e morte atraem-me. Há 20 anos consegui entrevistar e fotografar a actriz Anabela que tinha sido um sucesso tremendo nos anos setenta no teatro de revista, uma mulher de fazer parar o trânsito, e que estava retida na cama de onde se não levantava há meses, ignorada por todos e com um peso descomunal. Era uma história triste.
Hoje ao rever Marina Mota num programa do Herman de 1990, no Canal Memória, deu-me para reparar que aquele talento se desbaratou, desapareceu, e do Herman nem vale a pena falar depois da lamentável estreia da semana passada.

O que choca em Anna Nicole Smith é esta realidade brutal, que nos remete para aquela ideia cristã que pó somos e nele nos tornamos. Como é possível ficarmos na estaca zero, depois do sucesso, do brilhantismo, da perfeição, do talento ?

EXPRESSO TV- em estreia

A entrevista ao Primeiro-ministro, esta semana no Expresso-Única foi também gravada para televisão. É o novo suporte do Expresso, numa nova linguagem multimédia. Não posso deixar de sentir uma sincera alegria por este passo verdadeiramente inovador em Portugal.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Alegria no trabalho


Foto de Luiz Carvalho

O fotógrafo estava lá....


São coisas que acontecem: bruscamente a meio da tarde agita-se o passadiço do edifício Impresa e cá em baixo a surpresa acontece.

Quando no mesmo espaço coabitam revistas femininas, títulos de referência e até um estúdio de televisão, a notícia pode estar debaixo dos pés. Foi o que sucedeu.

Esta manequim posava para um fotógrafo de moda enquanto outros jornalistas uns pisos acima tentavam saber das últimas da política ou da sociedade e outros fotógrafos procuravam uma foto quiçá mais simpática de um político em maus lençóis.

Sou suspeito pelo entusiasmo da cena, já que acredito que as redacções do futuro serão assim: multimédia com precalços a toda a hora. Para os saudosos do velhinho e charmoso edifício da Duque de Palmela não sei se esta imagem os convencerá que o Mundo mudou e até as redacções dos jornais.

Felizmente há luar !

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Valha-nos São Valentim !


Os centros comerciais voltaram a encher. Hoje à noite em Oeiras havia bichas de carros e de gente para comprarem a prenda do dia dos namorados. Só se viam pessoas com prendas na mão, à pressa, para surpreenderem o ou a namorada.
Eu que sou contra esta encenação dos dias de por tudo e por nada acabei por aderir ao espírito do dia. Acabo sempre por ceder a estas normas, principalmente com a avançar da idade, que apesar de não ser muita já começa a ser mais comprometida do que há anos.
Por muito que amemos os nossos, e isso é à prova de bala para mim, não me convenço destas modas, sendo eu um consumista controlado.

Mas se fizermos contas às prendas obrigatórias pelo Natal, multiplicadas pelos aniversários, páscoas, carnavais, dias da criança, da mãe, do pai,aniversários dos colegas da escola do petiz e outras efemérides de prenda obrigatória, tudo somado no final do ano dá para uma pequena-grande viagem.

Este tipo de vida que se institucionalizou há muito pouco tempo é de uma estupidez total e de um cinismo sem fim. Por outro lado parece que cada vez nos surpreendemos menos uns aos outros com gestos e atitudes de amizade.

Tudo se compra para bem do consumo e do lucro e para reconfortar as nossas consciências pesadas de tanto esquecimento.

Mas tudo isto não deve passar de um ataque meu de feitio duvidoso.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Os monges do silêncio

CRÓNICA FOTOGRÁFICA

Os meus 21 segundos com Al Gore

Estava tudo combinado: uma sessão fotográfica em exclusivo para o Expresso durante a passagem rápida de Al Gore por Lisboa a 8 de Fevereiro. A ideia era termos fotografias em exclusivo para ilustrarem a entrevista que o ex- Vice dos Estados Unidos nos tinha dado.

Cheguei cedo ao Hotel Pestana Palace, em Lisboa. Era o único fotógrafo.

Esperei numa sala pelo fim do pequeno - almoço com personalidades portuguesas,

um pouco nervoso como sempre. Nunca sabemos se será uma sessão boa para fotos. À partida está tudo contra: o local, a luz e, sobretudo, o tempo que vai ser curto.


Fico por ali atento com a máquina meio escondida. De repente vejo Al Gore a entrar para a sala. Levanto a máquina e disparo rápido. Estou com uma tele de 100, com uma abertura de 2 e a sensibilidade a 1600 asa.

Consigo fazer uma foto que não estava prevista. Um ponto ganho.

No final do encontro com os convidados, Al Gore avança pelo corredor, acompanhado de um assessor com quem tinha combinado previamente o local exacto para a fotografia.

Cumprimenta-me, eu indico o sítio para os retratos. Primeiras fotos com ele a olhar para mim, peço-lhe um ar descontraído, ele tenta, disparo de rajada, depois improviso e lembro-me de lhe sugerir a janela, ele aceita, a máquina continua a disparar a 6 fotos por segundo, ainda mais uma pose a olhar de frente para mim, compenso o contra-luz, e…acabou. Ainda corro para a porta para o fotografar a sair mas o assessor diz que já chega.

No jornal vejo no photoshop, no file info: entre a foto L8V5078 e a L8V5129

(numeração da câmera) passaram 21 segundos.

Eu desconfio sempre das sessões especiais combinadas por terceiros.

Há uns bons anos fui a Madrid para fotografar em exclusivo Warren Beatty, onde ia acabando esmagado por dezenas de fotógrafos e paparazzis desvairados.


Já me prometeram um exclusivo com Eros Ramazzotti no Estádio do Milão e depois estava lá uma televisão que monopolizou o tempo e só tive uns minutos para fazer umas fotos idiotas. Ia acabando a vir-me ambora sem lhe fazer uma foto e com uma discussão tremenda com um assessor idiota.


Tive um encontro com a Lauren Bacall ( é verdade, mas já não era a preto e branco e já tinha a encantadora idade de setentas) e deu-me dois minutos e 3 metros de distância, sem teleobjectiva, nem grande angular, para uns retratos de perfil, quase sem olhar.

Mas nem tudo são limitações e com a entrevista ao Salman Rushdie, feita tabém em Madrid na altura em que ele andava fugido aos fanáticos, pude fotografá-lo mais de uma hora sem segurança nem limitações.

Em Portugal até temos algumas facilidades, embora os fotógrafos adorem fazer fazer o papel de chorinhas.

As individualidades nacionais ainda são bastante acessíveis e acabamos por ter condições que no estrangeiro são impensáveis.

Margaret Bourke-White, a célebre fotojornalista de LIFE, teve 1 minuto para fotografar o Gandhi , no dia 30 de Janeiro de 1948. Chegou, montou o tripé para a máquina de chapas de vidro, que só fazia uma foto de cada vez, e com um flash de lâmpada.
Ele insistiu em ser fotografado a fiar e sem flash. Mas aquela máquina só trabalhava a explosão. Convence-o a usar o flash. Ela dispara a primeira foto, o flash falha.

Pede-lhe uma segunda oportunidade e só à terceira tentativa é que conseguiu a foto que acabou por aparecer na LIFE como um grande exclusivo. Uma foto apenas.


Margareth tinha acabado de fazer a penúltima foto a Gandhi em vida. A última foi de Henri Cartier- Bresson que entrou na sala a seguir a ela ( Também não era um exclusivo!).

Passados minutos, depois dos fotógrafos dispararem e saírem, outros disparos assasinaram a grande alma da Índia.


Nós fotógrafos temos esta relação estranha com o tempo e com aquilo que o permite eternizar.


Luiz Carvalho

sábado, fevereiro 10, 2007

O dia sim ou não

Reencontrei o padre Antão à porta da clausura da Cartuxa para lhe entregar a reportagem no Expresso desta semana sobre a vida no convento de Évora. O irmão ficou feliz com o trabalho do Mário Robalo, texto e com as minhas fotos. Devolveu-me por afecto uns rosários feitos por um dos frades e uma garrafinha de azeite da Cartuxa. Gostei muito de o ver. Voltarei se ele o permitir.

O Alentejo está verde e lindo. Silencioso como eu gosto.

Amanhã o regresso a Lisboa na encruzilhada do sim ou não ou na abstenção.

O tema não me agrada e uma frase de Fernando Madrinha que li há pouco no Expresso ainda me baralhou mais. No limite o sim põe-nos ao lado dos países europeus civilizados. É um bom motivo para o sim. Mas com sim ou não vitoriosos a verdade é qaue haverá sempre abortos de vão de escada: serão mais baratos, rápidos e discretos. Ou os praticados nas clinicas privadas: srão mais caros mas também mais rápidos e discretos.

A burocracia estatal irá liquidar a lei e afugentar aquelas mulheres que mais recorrem a esta solução: as pobres e pouco esclarecidas.

O sim ou o não serão uma decisão não de uma palavra mas de várias componentes que se completam e contradizem, como escrevia muito bem Henrique Monteiro.

Amanhã se verá.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Cavasócrates, unidos à parecença


Um dos maiores sucessos da net do momento

Apple defende música sem software anti-pirataria

Steve Jobs, incitou as maiores editoras discográficas do mundo a venderem online as suas músicas sem o actual software de segurança, que previne a pirataria dos ficheiros.

Para Steve Jobs, a abolição do software de protecção anti-pirataria de música, conhecido como «digital rights management» (DRM), seria uma boa medida para os consumidores e até para as próprias editoras, argumentando que este é ineficaz no combate à pirataria.

A Apple tem vindo a sofrer pressões para compatibilizar as músicas vendidas na sua loja virtual iTunes com outros leitores de música, já que estão restringidas ao leitor que a própria empresa comercializa, o iPod.
Desde Junho de 2006, associações de consumidores de vários países da Europa têm recebido queixas sobre a Apple, relativas à incompatibilidade das músicas do iTunes com aparelhos de outras marcas.

Referindo-se a esta situação, Steve Jobs afirma que, a abolição do DRM permitiria a todos utilizadores de mp3 o acesso às músicas de qualquer loja virtual, incluindo a iTunes.
«É claramente a melhor alternativa para os consumidores, e a Apple iria envolver-se a 100% nesta iniciativa», declarou.

Os analistas referem que esta medida iria reforçar a posição da Apple como líder do mercado da música digital.
A loja virtual de música da Apple, iTunes, vendeu cerca de 2 mil milhões de músicas, desde que foi lançada em 2003, e conta com mais de 70% do mercado de música digital dos Estados Unidos.
Segundo Steve Jobs, caso a protecção DRM seja retirada, a Apple estará em condições de criar um sistema de download, que permita a compatibilidade das suas músicas com outros leitores, para além do iPod, inclusive o Zune, recentemente lançado pela Microsoft.
Neste sentido, apelou às quatro maiores editoras discográficas - Universal Music, EMI, Sony BMG Music e Warner Music - que iniciem a comercialização dos seus catálogos de música sem restrições DRM.
A EMI está já a avaliar a proposta, mas a Universal Music não quis adiantar qualquer comentário.
O Emusic, site de download de músicas livres de DRM, no formato mp3 compatível universalmente, reagiu positivamente à ideia de Steve Jobs, das editoras abolirem o software anti-pirataria.
«O DRM serve apenas para restringir as escolhas dos consumidores, impede a evolução do mercado da música digital e torna os consumidores cúmplices involuntários das ambições das empresas tecnológicas», afirmou David Packman, responsável da Emusic.
«Os consumidores preferem um mundo no qual o material que compram possa ser lido por qualquer aparelho, independentemente da empresa que o fabrica, e livre de restrições de utilização arbitrárias».
Diário Digital / Lusa

terça-feira, fevereiro 06, 2007

UMA FOTO POR DIA

Fotografia de Luiz Carvalho. Ouarzazate, Marrocos, 1976.

Vídeo mostra ataque americano contra militares britânicos no Iraque


Erro causa morte de um soldado do Reino Unido

O site do jornal britânico "The Sun" publicou hoje um vídeo de um caça americano que atacou, por engano, uma coluna militar britânica em Março de 2003, no Iraque. O ataque resultou na morte de um soldado do Reino Unido.

O vídeo foi filmado a partir do "cockpit" de um caça A-10 norte-americano e mostra o momento em que o piloto discute com outro piloto os pormenores do ataque.

As imagens mostram ainda o momento em que os pilotos se apercebem do erro e exclamam "We're fucked!"

Andrew Walker, responsável pela equipa de investigação britânica, denunciou na passada sexta-feira a recusa do Ministério da Defesa do Reino Unido em publicar as imagens do ataque. O Governo britânico alegou que "o vídeo pertence aos Estados Unidos e o Ministério da Defesa não tem o direito de o publicar sem a sua permissão".

Porém, foi feita uma cópia do vídeo para um inquérito interno, que acabou por ser tornada pública. Numa reacção à divulgação do vídeo pelo "The Sun", um porta-voz do Pentágono afirmou que a Administração norte-americana nunca publica documentos que fazem parte de uma investigação e acrescentou que "quem divulgou o vídeo para o exterior foi responsável por um crime".

Este ataque contra uma coluna militar britânica que se deslocava nas imediações da cidade iraquiana de Bassorá acabou por matar o militar britânico Matty Hull, de 25 anos.

O ataque aconteceu em Março de 2003, ao sétimo dia da invasão norte-americana do Iraque para derrubar o regime do Presidente Saddam Hussein.( Público)


VEJA AQUI O VÍDEO

Apanhados da RTP. Impagável!

UMA FOTO POR DIA

Fotografia de Luiz Carvalho. Sarajevo.1995

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Voos da CIA vão ter inquérito do MP

O Ministério Público decidiu esta segunda-feira abrir um inquérito-crime sobre a alegada realização de escalas de voos ilegais da CIA em Portugal, revelou à agência Lusa a procuradora-geral adjunta Cândida Almeida, que chefia o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), no final de uma reunião com o procurador-geral da República, Pinto Monteiro.
Cândida Almeida adiantou que o inquérito criminal tem como objectivo averiguar a existência dos alegados casos de «tortura ou tratamentos desumanos e cruéis» sobre prisioneiros suspeitos de terrorismo internacional, tendo sido aberto contra desconhecidos. «Pode ser fácil ou complicado», respondei ainda a procuradora, quando questionada se a investigação seria difícil.

Recorde-se ainda que a comissão de inquérito do Parlamento Europeu (PE) instou o Governo português a prosseguir com as investigações, tendo manifestado «profunda preocupação» pelo número de escalas efectuadas em Portugal. O relatório final da comissão terá ainda de ser aprovado pelo plenário de Estrasburgo, o que deverá acontecer em Fevereiro.

A abertura do inquérito surge ainda na sequência das declarações da eurodeputada Ana Gomes, que anunciou, após uma reunião com Pinto, no final da semana passada, ter entregue «documentação que consubstancia, do seu ponto de vista, indícios relevantes de ilegalidades e graves violações dos direitos humanos decorrentes do transporte ilegal de prisioneiros, através do território português, por parte de agentes ou serviços estrangeiros envolvendo aeronaves em voos civis privados, operados ou ao serviço da CIA, e em voos militares autorizados pelo Estado português».

Lisboa em jornalismo multimédia

Acabo de descobrir LISBOA 24 um trabalho de atelier de jornalismo organizado por António Granado. Muito bom. Vejam aqui.

Liberdade de imprensa em causa

Segredo Justiça: Tribunal do Porto vai julgar 16 jornalistas

O Tribunal Criminal do Porto inicia terça-feira o julgamento de 16 jornalistas acusados de crimes de violação do segredo de justiça, alegadamente cometidos durante o acompanhamento noticioso do denominado «Processo Casa Pia».

O Sindicato dos Jornalistas expressou hoje a sua solidariedade com os arguidos, manifestando a convicção de que «será feita justiça e se reconhecerá que todos fizeram o melhor que sabiam para defender o direito do público à informação».

Em comunicado, o sindicato sustenta que este processo «comprova a necessidade imperiosa da alteração do regime do segredo de justiça», defendendo que os jornalistas apenas devem ficar a ele vinculados «em casos muito concretos e taxativos».

O sindicato salienta o elevado número de arguidos envolvidos no processo, mas também o facto de estarem em causa trabalhos relacionados com um caso que levantou um «apaixonado debate» sobre questões relacionadas com o segredo de justiça.

«É manifesto que os jornalistas são os únicos suspeitos expostos e ao alcance do braço da justiça, assim como parece claro que, neste processo, nenhum dos intervenientes com a obrigação de guardar segredo aparece acusado, não obstante só eles poderem ter gerado a fuga (de informação)», refere o texto.

Na sequência do início do julgamento deste processo, o Sindicato dos Jornalistas lamenta que o Governo não tenha seguido, na proposta de lei de revisão do Código de Processo Penal, as indicações apresentadas pela Unidade de Missão para a Reforma das Leis Penais.

Para o sindicato, a proposta apresentada pelo Governo, não só não resolve a questão do segredo de justiça, como «aumenta os riscos de limitação à liberdade de imprensa».

«A redacção dada na proposta de lei ao número 11º do artigo 86º do Código de Processo Penal põe em risco o próprio jornalismo de investigação e, em particular, a investigação autónoma dos jornalistas», alerta o comunicado.

O articulado em causa determina que «o segredo de justiça vincula todos os sujeitos e participantes processuais, bem como as pessoas que, por qualquer título, tiverem contacto com o processo ou conhecimento de elementos a ele pertencentes».

Nesse sentido, o Sindicato dos Jornalistas considera que, caso venha a ser aprovada esta proposta, «muitos jornalistas que, por mera coincidência, cheguem pelos seus próprios meios a elementos que se encontram em processos sob segredo de justiça cairão fatalmente na suspeita de violação do segredo, serão perseguidos pela justiça e sentirão cerceada a sua liberdade de informar».

Para evitar esta situação, o Sindicato dos Jornalistas espera que a Assembleia da República «reflicta seriamente sobre as consequências» das alterações propostas pelo Governo.

Diário Digital / Lusa

Steve McCurry em Lisboa

Cidadãos-repórteres editam com software livre

Milhões de consumidores compram celulares com câmeras de vídeo a cada semana e diversos sites existem agora com ferramentas gratuitas de edição online, o que está estimulando o desenvolvimento de uma nova geração de criadores de conteúdo.

Os celulares com câmeras estão superando as vendas de câmeras de vídeo tradicionais. Mais de 348 milhões de celulares vendidos em 2006 estavam equipados com uma câmera capaz de registrar e armazenar vídeo, e a estimativa para 2007 é de que o número suba a 490 milhões, de acordo com o grupo de pesquisa de mercado Strategy Analytics.

Além disso, os fabricantes de celulares colocaram câmaras de vídeo nas mãos de uma faixa etária que anteriormente não comprava esse tipo de aparelho: os jovens e as pessoas sem filhos.

O efeito pode ser visto no YouTube, onde mais de 65 mil vídeos novos chegam ao site a cada dia, a maior parte dos quais estrelados por pessoas na faixa dos 20 anos e não por crianças.

A maior parte dos vídeos são amadores, mal iluminados, sem grandes cuidados. Se considerarmos que o site recebe mais de 100 milhões de visitas por dia, aparentemente é isso que os usuários desejam.

"Os vídeos vão direto ao ponto, contam sua história. E de maneira mais cômica do que dramática", disse Nicolas Charbonnier, 24, um dinamarquês que mantém um videoblog.

Muitos dos novos criadores de vídeo chegam ao mundo dos blogs de vídeo com investimento zero, já que seus celulares têm câmeras e as ferramentas básicas de edição podem ser encontradas gratuitamente em sites como o Jumpcut.com e Eyespot.com.

O software gratuito de edição online nasceu devido à frustração dos usuários com relação ao alto preço dos pacotes de programas de edição.

"O motivo para começarmos foi o fato de que tínhamos celulares e câmeras com recursos de vídeo digital (DV), estávamos tentando editar vídeos, mas era difícil. Os pacotes de software são complicados como um ônibus espacial, muito difíceis de usar", disse David Dudas, co-fundador da Eyespot.

A qualidade do vídeo gravado em celulares ainda é baixa, e os recursos de edição disponíveis online são por enquanto básicos, mas esses fatores devem melhorar dramaticamente nos próximos anos.