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quarta-feira, outubro 26, 2011

A famelga MERKOZY


segunda-feira, outubro 24, 2011

Miguel Macedo vai devolver os subsídios?

Miguel Macedo tem uma casa de 4 assoalhadas em Algés, na rua Fernando Curado Ribeiro, com uma hipoteca a favor do Millennium BCP. Tem rendimentos dela ou usa-a como habitação? Se a usa porque aceitou receber um subsídio de alojamento? Esse direito só lhe seria consentido caso não tivesse residência em Lisboa. VAI DEVOLVER OS SUBSÍDIOS QUE RECEBEU ATÉ HOJE?

Rui Vasco mostra Rita Pereira, e outras, hoje no Curso de Fotografia de Luiz Carvalho

Rui Vasco é o convidado de hoje no CURSO DE FOTOGRAFIA. Vai falar do seu trabalho e da sua experiência como fotógrafo. Uma honra para mim em o receber na LIGHTSHOT, LxFactory, num curso que tem corrido com muita fotografia.

Miguel Macedo vive ou não vive na casa de Algés?

Miguel Macedo que é hoje ministro da administração interna, era um dos mais ruidosos deputados contra o governo de Sócrates. Acabou por ganhar com Passos Coelho, e todos os outros que infelizmente conhecemos, umas eleições precipitadas através de um golpe de secretaria em nome da verdade, do rigor e do fim de uma política gastadora.

Tudo serviu para ganhar o Poder. Prometeram mais do que qualquer santo milagreiro de que há memória. O povo habituado em acreditar em telenovelas e casas de segredos, apostou nestes cavalos políticos, desconhecendo que eram umas pilecas e não uns verdadeiros corredores.

Nos últimos dias descobriu-se que Miguel Macedo, ministro de um governo que decretou medidas inenarráveis sacrificando milhões de portugueses que ficam agora na pobreza, não perdeu tempo e pediu um subsídio de alojamento em Lisboa para quem é da província, vem para o governo e precisa de ajuda.
A lei faz sentido. Se um daqueles caciques locais é chamado para ser ministro, sendo o ordenado de um ministro modesto, sendo as casas em Lisboa caras, sendo eles uns tipos sem grandes posses pois se o fossem não iriam para ministros, o subsídio justifica-se. Mas a lei refere que isso se aplica a quem não tem casa em Lisboa, ou num raio de 100 quilómetros.

Ora Miguel Macedo tem uma casa em Algés, que rima com Massamá, embora ( e aqui está a xico-espertísse) a sua residencial oficial seja no Porto. Isto é: esperemos que legalmente seja no Porto a sua morada fiscal.

Eu gostava de saber, já agora, se ele tem usado a casa de Algés, ou se usou o subsídio para alugar outra.

Como foi apertado o ministro não teve outro remédio senão desistir do subsídio.

Para um político neo-liberal que vive a criticar os subsídios do Estado, que por ele acabava com todos os apoios sociais, matando esses monstros que engolem os impostos da classe média, abdicar de um subsídio que é mais alto do que o mais alto subsídio de desemprego que o seu governo acaba de baixar, deve ser duro. Mas devia ser uma VERGONHA. E ainda vem com ar de Maria ofendida dizer que foi tudo transparente e declarado. Pois foi. E daí?

A ética acaba na lei e a atitude política acaba na lei? Também é legal ter dinheiro em off-shores e é legítimo um político fazê-lo? Também é legal vender acções do BPN, mesmo que tenham sido oferecidas, mas num político isso é aceitável?

É legal essas figuras da democracia como Dias Loureiro, Miga Amagal, Armando Vara ou Ângelo Correia, ou a renegada Zita Seabra receberem pensões vitalícias. Mas isso é moralmente aceitável e éticamente correcto?

Tal como a lei que prevê o subsídio de deslocação, a pensão vitalícia faz sentido. Mas se não for acumulável com reformas ou outras pensões. E só na idade da reforma e não antes. Mesmo assim é discutível.

O primeiro-ministro viaja em turística (embora fosse de investigar se essa promessa se tem verificado. Eu duvido) numa campanha de marketing parola e populista, mas os seus Chicago-boys vão metendo a mão na massa e aí estão a montar a pileca do Poder, não no seu esplendor, mas na pior das
mesquinheses pequeno-burguesas.

Como todos os moralistas, estes tipos são de uma total perversão no exercício das funções. E a procissão ainda não saiu do adro.

sexta-feira, outubro 21, 2011

CURSOS DE FOTOGRAFIA

Entre no site e veja os cursos de fotografia e de fotojornalismo dirigidos por Luiz Carvalho

quinta-feira, outubro 20, 2011

KADAFI ESTÁ MORTO


Um governo a prazo

As pessoas esquecem-se: este governo assenta numa coligação. Não é um governo maioritário de um partido maioritário. O PSD ganhou as eleições com uma maioria relativa. Foi preciso que o CDS, na sua ânsia de voltar ao Poder, entrasse neste casamento de conveniência, com comunhão de bens e separação de adquiridos.

Ora, depois da intervenção de ontem  de Cavaco, que acaba de pôr em alvoroço a base eleitoral do PSD, duplamente desiludida, porque votou num partido que jurava às crianças que nunca roubaria o subsídio de Natal, nem aumentaria impostos, e desencantada porque afinal Cavaco acordou e já viu que o país corre sérios riscos de revolta social, a caminho da falência geral. Depois de ontem este governo não terá mais a solidez que aparentava. Foi o primeiro dia do resto da sua desgovernação.

Estas medidas avulsas, num misto de ressabiamento político e de susto em temer não conseguir cumprir o recado da Troika, que ele mandou chamar num golpe de Estado em democracia, muitas delas em que o CDS discorda mas consente, estão a partir a corda.

Quando o CDS chegar á conclusão que nada ganha em estar na agência governativa, e que a sua continuidade neste governo o vai reduzir de novo ao partido do táxi, e que Portas acabará o seu reinado de Jardim do CDS no desemprego político, a coisa mudará. Se acrescentarmos a agitação social a coisa vai estar difícil.

Até a confereção dos patrões começa a dar sinais de descontentamento com as medidas tomadas. Promovem a atrofia da economia, logo: as empresas vão vender menos, lucrar menos, fechar mais.

A inexperiência de Coelho, ao querer repetir o pecado original de Sócrates, que era disparar sobre tudo e todos, acabará por o catapultar para as calendas da política. Voltará ao seu escritório das Amoreiras com vista para o Tejo, retomando os seus negócios da biomassa (a adversária das eólicas, não esquecer!) e outros negócios de grande alcance económico.

O psico-drama telenovelesco de que a culpa é do outro e que esta política não tem alternativa cairá com este governo sem política, sem rasgo, sem palavra e sem rumo. O governo comporta-se como uma nave de loucos em que cada um grita e atira ao mar quando o mar se revolta e a solução é ir deitando a tripulação com escorbuto económico às vagas.

Os portugueses estão entregues a si próprios. Mas foi parte deles que optou por pôr a cabeça no cepo. Desça a guilhotina. Pum.


quarta-feira, outubro 19, 2011

E quem pagou os estragos do Hitler?

O historiador Albrecht Ritschl evoca hoje em entrevista ao site de Der Spiegel vários momentos na História do século XX em que a Alemanha equilibrou as suas contas à custa de generosas injecções de capital norte-americano ou do cancelamento de dívidas astronómicas, suportadas por grandes e pequenos países credores.

Ritschl começa por lembrar que a República de Weimar viveu entre 1924 e 1929 a pagar com empréstimos norte-americanos as reparações de guerra a que ficara condenada pelo Tratado de Versalhes, após a derrota sofrida na Primeira Grande Guerra. Como a crise de 1931, decorrente do crash bolsista de 1929, impediu o pagamento desses empréstimos, foram os EUA a arcar com os custos das reparações.

A Guerra Fria cancela a dívida alemã

Depois da Segunda Guerra Mundial, os EUA anteciparam-se e impediram que fossem exigidas à Alemanha reparações de guerra tão avultadas como o foram em Versalhes. Quase tudo ficou adiado até ao dia de uma eventual reunificação alemã. E, lembra Ritschl, isso significou que os trabalhadores escravizados pelo nazismo não foram compensados e que a maioria dos países europeus se viu obrigada a renunciar às indemnizações que lhe correspondiam devido à ocupação alemã.

No caso da Grécia, essa renúncia foi imposta por uma sangrenta guerra civil, ganha pelas forças pró-ocidentais já no contexto da Guerra Fria. Por muito que a Alemanha de Konrad Adenauer e Ludwig Ehrard tivesse recusado pagar indemnizações à Grécia, teria sempre à perna a reivindicação desse pagamento se não fosse por a esquerda grega ficar silenciada na sequência da guerra civil.

À pergunta do entrevistador, pressupondo a importância da primeira ajuda à Grécia, no valor de 110 mil milhões de euros, e da segunda, em valor semelhante, contrapõe Ritschl a perspectiva histórica: essas somas são peanuts ao lado do incumprimento alemão dos anos 30, apenas comparável aos custos que teve para os EUA a crise do subprime em 2008. A gravidade da crise grega, acrescenta o especialista em História económica, não reside tanto no volume da ajuda requerida pelo pequeno país, como no risco de contágio a outros países europeus.

Tiram-nos tudo - "até a camisa"

Ritschl lembra também que em 1953 os próprios EUA cancelaram uma parte substancial da dívida alemã - um haircut, segundo a moderna expressão, que reduziu a abundante cabeleira "afro" da potência devedora a uma reluzente careca. E o resultado paradoxal foi exonerar a Alemanha dos custos da guerra que tinha causado, e deixá-los aos países vítimas da ocupação.

E, finalmente, também em 1990 a Alemanha passou um calote aos seus credores, quando o chanceler Helmut Kohl decidiu ignorar o tal acordo que remetia para o dia da reunificação alemã os pagamentos devidos pela guerra. É que isso era fácil de prometer enquanto a reunificação parecia música de um futuro distante, mas difícil de cumprir quando chegasse o dia. E tinha chegado.

Ritschl conclui aconselhando os bancos alemães credores da Grécia a moderarem a sua sofreguidão cobradora, não só porque a Alemanha vive de exportações e uma crise contagiosa a arrastaria igualmente para a ruína, mas também porque o calote da Segunda Guerra Mundial, afirma, vive na memória colectiva do povo grego. Uma atitude de cobrança implacável das dívidas actuais não deixaria, segundo o historiador, de reanimar em retaliação as velhas reivindicações congeladas, da Grécia e doutros países e, nesse caso, "despojar-nos-ão de tudo, até da camisa".



Fátima Doelinger

terça-feira, outubro 18, 2011

O despudor do BCP e outros que tais

Por vezes descubro que ando a dormir na forma, quando lido com os bancos onde tenho as minhas misérias, os serviços da Zon, ou com um telefone de fio que esqueci ligado em casa.


Acabo de descobrir que o BCP, que passa a vida a chatear-me porque quer que eu aplique dinheiro em coisas que não quero, me cobra 10 euros por uma conta "prestige". Quer dizer: um banco falido, sem liquidez, a quem eu entrego o meu dinheiro numa atitude de optimista parôlo, cobra-me 10 euros para eu fazer o favor de lá ter o meu dinheiro. Devia ser ele a pagar-me, mas sou eu que pago!


O BES acaba de me cobrar 300 euros de um seguro da casa (obrigatório para o crédito) quando me cobrava 200. A casa desvalorizou, mas eles aumentam o seguro. E nem sequer contempla o pior dos riscos: os sismos.

A Zon reduziu-me em 20 euros mensais os meus custos com internet e tv, porque fui lá acertar as contas senão saía da operadora. Se não tivesse dado conta eram mais 20 euros.

A PT que oferece no pacote da MEO o velho telefone de fios, um serviço que não tem razão de ser nos dias de hoje, cobrou-me 35 € este mês por meia dúzia de chamadas. É um serviço gratuito que eles cobram a quem está distraído. Um roubo. E para desisitir do telefone parece que se vai iniciar um divórcio!

As empresas poderosas do mercado continuam a portar-se como donas dos clientes. Cobram à socapa, prestam maus serviços, são um Estado dentro do Estado. E os clientes aceitam pacificamente este estado. 

Eu com o BCP vou resolver a coisa. Se me cobram 10 euros para eu lá ter uma conta, que movimento e onde entra e sai dinheiro (não é uma conta parada), eu vou mudar a conta para o Barclays ou para o Deustch Bank. Esta gente tem de aprender e têm de ser os clientes a decidir. Acabou a mama.

Se a banca portuguesa julga que está no tempo das vacas gordas, engane-se. Há bancos estrangeiros a operarem em Portugal. São a mesma coisa? Não digo que não. Mas só o facto de mudar afecta-os. E isso é bom para os consumidores.

sexta-feira, outubro 14, 2011

Aula sobre o que é o Banco Central Europeu

MENINAS E MENINOS A AULA DE HOJE É SOBRE O
QUE É O BCE?

- O BCE é o banco central dos Estados da UE que pertencem à zona euro, como é o caso de Portugal.

E DONDE VEIO O DINHEIRO DO BCE?

- O dinheiro do BCE, ou seja o capital social, é dinheiro de nós todos, cidadãos da UE, na proporção da riqueza de cada país. Assim, à Alemanha correspondeu 20% do total. Os 17 países da UE que aderiram ao euro entraram no conjunto com 70% do capital social e os restantes 10 dos 27 Estados da UE contribuiram com 30%.

E É MUITO, ESSE DINHEIRO?

- O capital social era 5,8 mil milhões de euros, mas no fim do ano passado foi decidido fazer o 1º aumento de capital desde que há cerca de 12 anos o BCE foi criado, em três fases. No fim de 2010, no fim de 2011 e no fim de 2012 até elevar a 10,6 mil milhões o capital do banco.

ENTãO, SE O BCE É O BANCO DESTES ESTADOS PODE EMPRESTAR DINHEIRO A PORTUGAL, OU NÃO? COMO QUALQUER BANCO PODE EMPRESTAR DINHEIRO A UM OU OUTRO DOS SEUS ACCIONISTAS.

- Não, não pode.

PORQUÊ?!

- Porquê? Porque... porque, bem... são as regras.

ENTÃO, A QUEM PODE O BCE EMPRESTAR DINHEIRO?

- A outros bancos, a bancos alemães, bancos franceses ou portugueses.

AH PERCEBO, ENTãO PORTUGAL, OU A ALEMANHA, QUANDO PRECISA DE DINHEIRO EMPRESTADO NÃO VAI AO BCE, VAI AOS OUTROS BANCOS QUE POR SUA VEZ VÃO AO BCE.

- Pois.

MAS PARA QUÊ COMPLICAR? NãO ERA MELHOR PORTUGAL OU A GRÉCIA OU A ALEMANHA IREM DIRECTAMENTE AO BCE?

- Bom... sim... quer dizer... em certo sentido... mas assim os banqueiros não ganhavam nada nesse negócio!

AGORA NãO PERCEBI!!..

- Sim, os bancos precisam de ganhar alguma coisinha. O BCE de Maio a Dezembro de 2010 emprestou cerca de 72 mil milhões de euros a países do euro, a chamada dívida soberana, através de um conjunto de bancos, a 1%, e esse conjunto de bancos emprestaram ao Estado português e a outros Estados a 6 ou 7%.

MAS ISSO ASSIM É UM “NEGÓCIO DA CHINA” SÓ PARA IREM A BRUXELAS BUSCAR O DINHEIRO!

- Não têm sequer de se deslocar a Bruxelas. A sede do BCE é na Alemanha, em Frankfurt. Neste exemplo, ganharam com o empréstimo a Portugal uns 3 ou 4 mil milhões de euros.

ISSO É UM VERDADEIRO ROUBO... COM ESSE DINHEIRO ESCUSAVA-SE ATÉ DE CORTAR NAS PENSÕES, NO SUBSÍDIO DE DESEMPREGO OU DE NOS TIRAREM PARTE DO 13º MÊS.

As pessoas têm de perceber que os bancos têm de ganhar bem, senão como é que podiam pagar os dividendos aos accionistas e aqueles ordenados aos administradores que são gente muito especializada.

MAS QUEM É QUE MANDA NO BCE E PERMITE UM ESCÂNDALO DESTES?

- Mandam os governos dos países da zona euro. A Alemanha em primeiro lugar que é o país mais rico, a França, Portugal e os outros países.

ENTÃO, OS GOVERNOS DÃO O NOSSO DINHEIRO AO BCE PARA ELES EMPRESTAREM AOS BANCOS A 1%, PARA DEPOIS ESTES EMPRESTAREM A 5 E A 7% AOS GOVERNOS QUE SÃO DONOS DO BCE?

- Bom, não é bem assim. Como a Alemanha é rica e pode pagar bem as dívidas, os bancos levam só uns 3%. A nós ou à Grécia ou à Irlanda que estamosde corda na garganta e a quem é mais arriscado emprestar, é que levam juros a 6%, a 7 ou mais.

ENTÃO NÓS SOMOS OS DONOS DO DINHEIRO E NÃO PODEMOS PEDIR AO NOSSO PRÓPRIO BANCO!...

- Nós, qual nós?! O país, Portugal ou a Alemanha, não é só composto por gente vulgar como nós. Não se queira comparar um borra-botas qualquer que ganha 400 ou 600 euros por mês ou um calaceiro que anda para aí desempregado, com um grande accionista que recebe 5 ou 10 milhões de dividendos por ano, ou com um administrador duma grande empresa ou de um banco que ganha, com os prémios a que tem direito, uns 50, 100, ou 200 mil euros por mês. Não se pode comparar.

MAS, E OS NOSSOS GOVERNOS ACEITAM UMA COISA DESSAS?

- Os nossos Governos... Por um lado, são, na maior parte, amigos dos banqueiros ou estão à espera dos seus favores, de um empregozito razoável quando lhes faltarem os votos.

MAS ENTÃO ELES NÃO ESTÃO LÁ ELEITOS POR NÓS?

- Em certo sentido, sim, é claro, mas depois... quem tem a massa é quem manda. É o que se vê nesta actual crise mundial, a maior de há um século para cá.

Essa coisa a que chamam sistema financeiro transformou o mundo da finança num casino mundial, como os casinos nunca tinham visto nem suspeitavam, e levou os EUA e a Europa à beira da ruína. É claro, essas pessoas importantes levaram o dinheiro para casa e deixaram a gente como nós, que tinha metido o dinheiro nos bancos e nos fundos, a ver navios. Os governos, então, nos EUA e na Europa, para evitar a ruína dos bancos tiveram de repor o dinheiro.

E ONDE O FORAM BUSCAR?

Onde havia de ser!? Aos impostos, aos ordenados, às pensões. De onde havia de vir o dinheiro do Estado?...

MAS METERAM OS RESPONSÁVEIS NA CADEIA?

- Na cadeia? Que disparate! Então, se eles é que fizeram a coisa, engenharias financeiras sofisticadíssimas, só eles é que sabem aplicar o remédio, só eles é que podem arrumar a casa. É claro que alguns mais comprometidos, como Raymond McDaniel, que era o presidente da Moody's,uma dessas agências de rating que classificaram a credibilidade de Portugal para pagar a dívida como lixo e atiraram com o país ao tapete, foram... passados à reforma. Como McDaniel é uma pessoa importante, levou uma indemnização de 10 milhões de dólares a que tinha direito.

quarta-feira, outubro 12, 2011

Cursos de Fotografia da LIGHTSHOT

A LIGHTSHOT sob a direcção de Luiz Carvalho, continua a promover no seu estúdio na LxFactory em Lisboa, workshops e cursos de fotografia e de fotojornalismo.

Aos fins-de-semana há workshops apara quem quer entrar na fotografia. São aulas descontraídas a pensar como actividades de fim de semana. Há sessões dentro do estúdio e no exterior. Muita prática enquadrada na teoria da fotografia e nas referências aos grandes mestres da fotografia.

Por trimestre há os cursos que decorrem em horário pós-laboral, 20-23 horas. Cursos com 3 fases, para quem quer aprofundar a fotografia ou aprender a profissão de fotojornalista. Clique na imagem e entre no site onde pode melhor se informar e escolher. Venha clicar com o Luiz Carvalho.

segunda-feira, outubro 10, 2011

Adeus Fátima Raposo

Nunca a fotografei mas percebia-lhe a fotogenia quando com ela me cruzava no edifíco da Impresa, onde trabalhávamos. Não me lembro desde quando a conhecia, mas há muitos anos, ainda
dos tempos em que fotografava no Grupo Impala.
Não interessa agora.
Fui surpreendido pela sua morte, num acidente de viação, ontem sábado, num choque em cadeia em que o seu Smart não foi capaz de aguentar a violência do embate.

Uma grande tristeza a sua partida.
A vida ensina-nos todos os dias que vale mesmo a pena viver bem cada momento. Uma saudade eterna.

O bailinho de Alberto João Jardim

Contra tudo, contra todos, menos contra o  povo que o voltou a eleger pela 42ª vez, Alberto João Jardim torna-se com esta vitória o último dos sobreviventes da política ao longo dos últimos 30 anos.

42 vitórias seguidas é obra, e não se pode justificar esta proeza no facto do povo da Madeira ser burro, ou a outra desculpa esfarrapada de que não há democracia na ilha.

Na ilha não há sim, uma oposição competente, e o povo está bem com a obra feita, e mais: sabe que pode confiar num líder que está disposto a dar o corpo às balas, quando está em causa o interesse da Madeira.

Gastou sem declarar ? E então? A obra está lá. Exagerada, megalómana, como todas as grandes obras públicas que se fizeram neste país, começando nos quartéis dos bombeiros e palácios da justiça inaugurados por Eanes, às obras do betão de Cavaco, por aí fora. Eram tempos do crédito fácil e todos sem excepção quiseram mostrar obra numa alarvidade de novo-rico.

Jardim voltou a ganhar. Podemos detestar o estilo, fazer juízos de valor acalorados, podemos berrar e desvalorizar a obra, mas os madeirenses sabem que ali há um líder.

E isso é o que ninguém pode sentir quando olha para os políticos nacionais.

sexta-feira, outubro 07, 2011

O TGV a Passos de Caracol

O actual primeiro-ministro é um homem simples. Declarou um Opel Corsa como património automóvel, apareceu num programa de TV para mulheres a defender os animais abandonados ( aí está uma causa que partilho com ele, talvez a única) e gosta de pedir desculpa com o mesmo ar com que o Zé Maria (lembram-se do cromo?) pedia desculpa na casa da Teresa Guilherme.

Todos sabemos que além de simples, num remake requentado da pobreza franciscana de Salazar e do lar-doce-lar do cavaquismo na fase Travessa do Poussulo, o primeiro-ministro que uma maioria reduzida de eleitores pôs a enterrar o país, ele gosta de fazer mais do mesmo que Sócrates teimava em fazer.

Trata-se de mudar o nome às moscas e de carregar no remédio ao ponto de o transformar em veneno nacional. Todos aqueles que não andam a dormir e que não acreditam no Pai Natal, que é o meu caso, já sabíamos que o homem que cresceu a ver passar os comboios na sua Massamá acabaria por aprovar a construção do TGV. Mas como essa foi uma das grandes mentiras que ele teve de inventar para enganar os pacóvios que nele votaram, numa catarse anti-engenhocas, o homem não tinha outra solução do que tornar a coisa numa obra politicamente correcta.

É a teoria de viajar em turística aplicada ao TGV. O que fazer para gastar o dinheiro e parecer uma coisa séria e de acordo com o garrote da Troika? Basta pôr aquilo a transportar cimento, e inventar uma linha que alarga e emagrece (inspirada na barriga da classe média portuguesa) consoante o comboio. Mesmo que o tal TGV (R) demore mais tempo a atravessar a Ponte Salazar do que uma viagem entre Badajoz e Paris nos carris de nuestros hermanos. Ou mesmo que se torne mais barato e rápido ir de carro até Badajoz e depois apanhar lá o TGV espanhol.

O importante é o estilo. Um estilo que alimente a destruição do país em prol de uma agenda neo-liberal, suicidaria e fatal.

PS: e a ideia de jerioco de querer tirar as low-coast da Portela é outro atentado aos interesses dos consumidores, para proteger a TAP privatizada. Só falta o Miga comprar aquilo ao desbarato.

quinta-feira, outubro 06, 2011

Workshop de fotografia, 22 e 23 de Outubro

Volta a haver weekend fotográfico na LxFactory, no LIGHTSHOT STUDIO, sob a direcção do fotógrafo e fotojornalista Luiz Carvalho.

Um workshop feito a pensar nos iniciados na fotografia. Dois dias a aprender. Teoria mas, sobretudo, muita prática. Controlar a câmera, enquadrar bem, tratar básicamente em photoshop e partilhar na net.

Clique AQUI e entre no site para saber tudo.

19 anos de SIC. A aventura foi ontem

A SIC faz hoje 19 anos. Para mim foi ontem. Acompanhei essa grande aventura de perto. Foi o 25 de Abril na televisão portuguesa. Não era um canal privado que surgia. Era um projecto de televisão, irreverente, ágil, revolucionário, para devolver a televisão ao público.
A SIC inovou em todas as frentes. Na informação que se tornou directa, viva e actuante. Nos métodos de trabalho, com equipas reduzidas de gente nova e muito bem preparada. Na ideia de convergência entre quem filma, edita e quem escreve e dá a cara. Na imagem colorida, moderna e apelativa de Taveira. Na audácia dos temas e na imaginação de programas que nem foram importados de formatos estrangeiros. Nas condições de trabalho dadas a todos.

A SIC fez História. Nasceu num armazém de bananas e cresceu ganhando o primeiro lugar. Combateu a RTP que lhe fez uma guerra desigual com Eduardo Moniz à frente. Incomodou Cavaco Silva e deu em directo momentos tão altos como o buzinão na ponte.

Um estilo novo num país onde a RTP era um serviço burocrático que tinha caído na pasmaceira, no comodismo e no compadrio. A SIC contagiou a RTP que arrepiou caminho e foi com grande dificuldade que a TVI conseguiu afirmar-se como um canal profissional e respeitado.

A SIC esteve sempre à frente. Tinha os melhores cameraman, muitos que seriam vedetas numa CNN ou numa ABC. Renato de Freitas, José Maria Cyrne, Carlos Santos...e muitos outros que deram o corpo às balas e nos mostraram imagens raras em qualidade estética e em informação.

Na altura estive quase a deixar o Expresso e a ir para a SIC, contagiado pelo entusiasmo de Rangel e pela partida de colegas do Expresso como o Paulo Camacho e o Ricardo Costa, entre outros. Eu queria entrar numa equipa que tivesse o jornalismo como uma das belas-artes.

Passados 19 anos a SIC mantém a qualidade, embora os tempos sejam agora de menos riscos e de maior contenção. Mas sem a SIC, nada do que tem sido a televisão em liberdade, informação e independência, seriam hoje possíveis, mesmo com os erros cometidos. Sem um patrão de imprensa como o jornalista Francisco Pinto Balsemão também nunca teria sido possível chegar desta forma a estes 19 anos de uma juventude amadurecida. Parabéns e que nunca desistam de um dia tocarem a Lua.

Steve Jobs, o homem que mudou a minha vida

Detesto computadores, informáticos e gadjets que se vendem nas lojas para "kitarem" aquelas caixas horrendas que transportam o sistema windows.

Detesto computadores, mas amo a Apple.
Não sei seria capaz de viver sem o mundo que Steve Jobs criou para mim. Um ambiente de trabalho, lazer e de facilidade de partilha.
Comecei por ter um G3, depois um G4, depois um iBook, depois iPod, depois, um iPhone, depois um iPad... é com estes amigos que trabalho as minhas fotografias, os meus vídeos, os meus textos, a minha música, os meus sites, os meus cartazes. Cruzo tudo isto num ambiente fácil de utilizar. Poupo tempo, dinheiro, e vivo como peixe na água à frente deste meu iMac de onde escrevo agora.

O meu filho de 9 anos confiscou-me o iPad e lida com ele com mais à vontade do que com os irritantes menus da Playstation 3. E o Magalhães que recebeu este ano, está sempre fechado porque não atina com aquilo.

Steve Jobs foi um visionário e um génio. Pôs o computador ao serviço do utilizador, sem vírus, sem avarias, sem bugs. Em 12 anos nunca levei um Apple à oficina, nem sei o que é um informático, felizmente.
Steve criou uma rede de máquinas inteligentes, intuitivas, uma cultura de trabalho online. A Apple pensa nas máquinas, no seu design minimalista e desenvolveu essas máquinas a pensar na net. O iTunes é uma invenção maravilhosa. Nunca mais comprei um disco, embora goste da ideia de ter CD. Mas para quê? Para acumular prateleiras de caixas poeirentas de difícil acesso?

Foi essa cultura nova de trabalho que Steve Jobs revolucionou e que, diga-se em verdade, muitos utilizadores de Apple não exploram por preconceito e preguiça.

Como empresário Steve Jobs foi o paradigma do patrão que cria riqueza através do trabalho, da inovação, da qualidade das equipas e da intransigência com a qualidade. Viu sempre a Apple como uma marca para inovar e não como uma fonte para exibições de novo-riquismo. Aquele patronato português, que tem a mania que é inovador, devia pôr aqui os olhos e aprender.

Tinha de escrever sobre Steve Jobs. Embora o que sinta neste triste dia em nada se possa traduzir numas pobres palavras.

Obrigado Mestre Steve Jobs!! Quando chegares ao céu, Deus vai aderir ao sistema Apple!

segunda-feira, outubro 03, 2011

Um texto do caralho!

Partilhando um apropriado texto do Millôr Fernandes.. A importância das caralhadas...O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de “foda-se!” que ela diz. Existe algo mais libertário do que o conceito do “foda-se!”? O “foda-se!” aumenta a minha auto-estima, torna-me uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Liberta-me. “Não quer sair comigo?! – então, foda-se!” “Vai querer mesmo decidir essa merda sozinho(a)?! – então, foda-se!” O direito ao “foda-se!” deveria estar assegurado na Constituição. Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para dotar o nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade os nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo a fazer a sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia. “Comó caralho”, por exemplo. Que expressão traduz melhor a ideia de muita quantidade que “comó caralho”? “Comó caralho” tende para o infinito, é quase uma expressão matemática. A Via Láctea tem estrelas comó caralho! O Sol está quente comó caralho! O universo é antigo comó caralho! Eu gosto do meu clube comó caralho! O gajo é parvo comó caralho! Entendes? No género do “comó caralho”, mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso “nem que te fodas!”. Nem o “Não, não e não!” e tão pouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade “Não, nem pensar!” o substituem. O “nem que te fodas!” é irretorquível e liquida o assunto. Liberta-te, com a consciência tranquila, para outras actividades de maior interesse na tua vida. Aquele filho pintelho de 17 anos atormenta-te pedindo o carro para ir surfar na praia? Não percas tempo nem paciência. Solta logo um definitivo: “Huguinho, presta atenção, filho querido, nem que te fodas!”. O impertinente aprende logo a lição e vai para o Centro Comercial encontrar-se com os amigos, sem qualquer problema, e tu fechas os olhos e voltas a curtir o CD (…) Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um “Puta que pariu!”, ou o seu correlativo “Pu-ta-que-o-pa-riu!”, falado assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba. Diante de uma notícia irritante, qualquer “puta-que-o-pariu!”, dito assim, põe-te outra vez nos eixos. Os teus neurónios têm o devido tempo e clima para se reorganizarem e encontrarem a atitude que te permitirá dar um merecido troco ou livrares-te de maiores dores de cabeça. E o que dizer do nosso famoso “vai levar no cu!”? E a sua maravilhosa e reforçadora derivação “vai levar no olho do cu!”? Já imaginaste o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: “Chega! Vai levar no olho do cu!”? Pronto, tu retomaste as rédeas da tua vida, a tua auto-estima. Desabotoas a camisa e sais à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios. E seria tremendamente injusto não registar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: “Fodeu-se!”. E a sua derivação, mais avassaladora ainda: “Já se fodeu!”. Conheces definição mais exacta, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusivé, que uma vez proferida insere o seu autor num providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando estás a sem documentos do carro, sem carta de condução e ouves uma sirene de polícia atrás de ti a mandar-te parar. O que dizes? “Já me fodi!” Ou quando te apercebes que és de um país em que quase nada funciona, o desemprego não baixa, os impostos são altos, a saúde, a educação e … a justiça são de baixa qualidade, os empresários são de pouca qualidade e procuram o lucro fácil e em pouco tempo, as reformas têm que baixar, o tempo para a desejada reforma tem que aumentar … tu pensas “Já me fodi!” Então: Liberdade, Igualdade, Fraternidade e foda-se!!! Mas não desespere: Este país … ainda vai ser “um país do caralho!” Atente no que lhe digo!

sábado, outubro 01, 2011

O processo kafkiano de Isaltino de Morais

Os juízes são pessoas e têm direito a errar. Mas o que aconteceu com a decisão da juíza de Oeiras que mandou prender Isaltino de Morais, não pode ser aceitável à luz de um Estado de Direito.

Não se consegue compreender como pode ser mandado executar uma ordem desta dimensão, com todas as consequências públicas que acarreta para a honra de quem está a ser detido, sem que se estude a fundo os processos e sem se fazer cruzamento de decisões a correrem noutras instâncias judiciais. Que se saiba há um sistema informático na Justiça, e se esse sistema nem cruzamento de dados faz...então o melhor é voltarmos aos tempos dos tabaliães.

Uma juíza de Oeiras que manda executar uma prisão, que tem de ser feita pela Polícia de Segurança Pública e pela Polícia Municipal locais, com todo o enxovalho que isso acarreta para o visado, não se dá ao cuidado de fazer um check-list, de forma à sua decisão ser incontestável? Em que país vivemos ?

Os juízes nos últimos anos tornaram-se demasiado protagonistas na vida pública. Passaram a vir à televisão, comentam tudo e todos, são vedetas mediáticas, reivindicam, pressionam através de um poderoso sindicato. O juiz que deve ser discreto e fazer um trabalho de toupeira, acaba muitas vezes, demasiadas vezes, por deixar passar para a opinião pública, aspectos que nunca deviam sair do segredo dos tribunais.

Claro que temos de acreditar na Justiça. Aliás, temos que acreditar porque não temos outro remédio! Mas a Justiça não pode ser intocável, nem pode ser isenta de críticas num Estado democrático.

Os juízes são pagos pelos contribuentes e devem justificações da sua competência, da sua produtividade e da sua isenção. Um erro que um juiz cometa deve ser punido, e até o Estado reembolsado se uma decisão errada implicar custos para o contribuente. A aplicação da lei não pode ser influenciada por preconceitos, estados de espírito ou outros dados subjectivos. A lei é para ser aplicada e tem de o ser à letra. Os erros judiciais não são aceitáveis, sobretudo quando são erros grosseiros.


Quando Sócrates disse um dia, logo no início do seu primeiro mandato, em off, mas cuja frase acabou por ser soprada cá para fora, que queria "partir a espinha aos juízes, teria porventura alguma razão. E todos sabemos como ele acabou por ser vítima de uma classe cujo lobby ninguém ousa afrontar.

Os julgamentos na praça pública são intoleráveis. Como são inadmissíveis as constantes fugas de informação dos processos judiciais que acabam por fazer julgamentos na Praça Pública, agora não através de uma fogueira, mas da televisão, e de outra imprensa rasca, sempre à espera de condenar, saciando a inveja nacional e a má língua de uma audiência medíocre e maldosa.

As opiniões sobre a prisão de Isaltino, ditas no facebook por cidadãos comuns, mas também dadas por gente que tem responsabilidades políticas, são confrangedoras. Por exemplo, o que disse Isabel Meireles, de quem sou amigo, sobre a prisão do autarca de Oeiras, é uma enormidade, ainda por cima vinda de uma jurista. Regozijar-se com uma prisão ilegal, fazer julgamentos finais, só porque perdeu umas eleições para uma câmara, para a qual não tinha a mais pequena competência, é lamentável. E lamento ter de o dizer.

Era bom que toda esta gente parasse para pensar. E que só julgasse os outros, quando aquela justiça em que tanto acredita, faça mesmo Justiça. Com rigor, competência, discrição e, já agora, com mais rapidez. Trabalhem mais e façam menos sindicalismo.