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sexta-feira, julho 31, 2009

Todos contra a medida que penaliza familias com rendimento mensal de 5 mil euros

Teixeira dos Santos não sabe o que é um rico!

TC humilha Sócrates e Cavaco sai em grande

Repórter da RTP empurrada por segurança de Sócrates

Sócrates tem BMW 7 novo e não é o Lexus Hibrído

Joana Amaral confirma ao Expresso assédio de Sócrates

Sócrates humilhado foge da repórter

A repórter que pede a Sócrates para comentar a decisão do Tribunal Constitucional sobre o Estatuto dos Açores, e que deixou o PS numa total humilhação política face ao PR, é empurrada por um segurança que a impede á força de se aproximar. Ela ainda protesta. Não era nenhuma repórter da TVI, nenhuma mandada por Manuela Moura Guedes. Era uma jornalista da RTP!...

Sócrates meteu-se no "seu" novo BMW série 7 (o PM tem um carrão novo e não é o Lexus hibrído!) sorriu por detrás do vidro com a expressão B52 para ocasiões de apertos e pirou-se.

Segundos atrás, Cavaco Silva, visivelmente inflamado, comentava o facto de haver deputados que ainda ousam por em causa as decisões do tribunal Constitucional e ficava perplexo com a falta de qualidade na redacção de 12 artigos desse estatuto, inconstitucionais, e escritos com os pés (a expressão é minha)pelos senhores deputados socialistas.

Sócrates que comenta tudo, promete tudo, e ri-se de todos com a maior da desfaçatez, meteu a viola no saco e preferiu dar tempo ao tempo, para poder exibir amanhã mais uma frase feita soprada pela sua corte, para se safar desta. Ou fará mesmo de morto, para não justificar esta humilhação, muito bem feita, pois estava em causa a unidade do Estado e a dignidade política do Presidente da República. Eu escrevi: vai fazer de morto. Não: ele já está morto!

Vão mudar o Mini e vão estragá-lo

O novo mini vai ser maior, com design menos puro. Por exemplo:desaparece o conta-quilómetros redondo. Verdade! Olhem para este da foto como o último.

quinta-feira, julho 30, 2009

Já chegou de férias a camarada Joana Amaral Dias?

O pantanal de Sócrates

Sócrates no seu pantanal. Não é o Chão da Lagoa, é a política do pântano. Ontem a apresentação do programa do PS foi um show de demagogia total. O que se pode perdoar e explicar dada a época estival que atravessamos. O que não se pode calar é a esperteza saloia de Sócrates ao querer enganar os eleitores.

Dizer que vai mexer nos escalões do IRS para beneficiar a classe média (sendo que para ele quem ganha 3 mil euros líquidos por mês é rico!!!!) e depois vai reduzir as deduções fiscais, é das maiores vigaríces que já se viram. Embora Sócrates já tenha mexido no último escalão do IRS (passou-o para 42%) e nas deduções do ensino e da saúde.

Mais demagogia: vai ajudar as famílias com filhos, dando 200 euros a um prazo de 18 anos, e ao mesmo tempo mexe de novo na dedução dos custos do ensino no acerto final do IRS. Dá um presunto a quem lhe dá um porco.

Outro ponto ridículo é o incentivo à compra de carros eléctricos. Ora, todos sabemos, que ainda não há carros eléctricos no mercado. Vai haver, mas tudo está em estudo. Há dois modelos hibrídos acessíveis no mercado, mas até são maus e um deles (o Toyota Prius) polui mais o fabrico das suas baterias do que se fosse movido a petróleo puro a vida toda. É pio que carregar um carro eléctrico num gerador a gasóleo!

Portanto, o que Sócrates quer é: aumentar fortemente os impostos nos carros que vão andar sem ser a electricidade. Lança a doutrina, consegue o apoio dos totós e fica com legitimidade para carregar fiscalmente. Não se esqueçam do que escrevo.

Se este governo quisesse mesmo fazer algo de útil e barato bastava ter tornado mais acessível o uso de GPL. Podia-o ter implementado há muito nos carros do Estado a gasolina, e usado biodiesel nos carros a diesel do Estado e em transportes públicos, nomeadamente nos táxis.

O governo não fez nada por promover o GPL, pelo contrário. Obriga os utilizadores a mostrarem um catrapázio humilhante e feio nas traseiras dos carros e trata este combustível como uma opção de pobres e enjeitados.

Há limites para a demagogia.

O autocarro escolar de António Costa

No debate de ontem na SIC entre Costa e Santana, o salvador das finanças da Câmara e actual presidente saiu-se com uma ideia genial: vai comprar autocarros escolares para as crianças de Lisboa. Ele queixou-se que não se faziam escolas há 7 anos na cidade (se não há crianças para quê fazer escolas?) e que os pais são uns poluidores compulsivos que têm a suprema lata de levar os filhos à escola de carro, em vez de usarem os choras, as bicicletas ou as patas.

Aconselhado pela sua corte de urbanistas académicos (eu conheço-os bem de 6 anos de Arquitectura na ESBAL) e como o ministro de Lisboa não dorme a pensar no CO2 da capital, o modelo de veículo para levar as poucas crianças que restam em Lisboa já existe. É este da foto.

É amarelo como os eléctricos e os bus escolares da América, não polui nem gasta gasolina no radiador (como diria o Zenha), cria um posto de trabalho e as crianças habituam-se a viajar no melhor espírito da carneirada. Isto não é choque tecnológico, é chocante mesmo!!

PS: pode ser usado no túnel do Marquês a descer.

quarta-feira, julho 29, 2009

Explicado o flop do directo de Sócrates com blogueiros

Está explicado o falhanço do directo do encontro de Sócrates com alguns blogueiros.

Paulo Querido, sentado à direita do Primeiro não explicou ainda o flop, a SAPO que dispunha da plataforma diz que não tem nada a ver com a falha e Zorrinho que é o pai do Plano tecnológico socialista ainda menos.

Mas ao visionar há minutos um blogue e ao deparar-me com este vídeo da SIC, fez-se luz. A presença negra de Leonel Moura, o artista que põe robots a pintar para si (até porque pintam melhor que ele, o que também não é difícil, e pelo menos nem sabem copiar!) estava presente no evento. Ora, estando o artista (que é um bom artista!) habituado a fazer rotundas relvadas inspiradas nos Flinstones (lembram-se daquela em Carcavelos? ainda do tempo daquele instituto da prevenção rodoviária do camarada Vara?) é natural que tenha havido uma dosagem errada na poção de engraxatório.

Pelo que se viu a blogosfera está a domesticar-se, a perder em irreverência o que ganha em reverência e contra os Balbinos deste Mundo...há sempre uns tipos porreiros, pá!

Sócrates na Meditação na Pastelaria

clique na foto e entre

terça-feira, julho 28, 2009

O triângulo Joana Amaral, Sócrates e Louçã

Parece uma birra ciumenta de putos. Louçã está indignado porque Sócrates terá convidado a Joana Amaral Dias para deputada PS.

Joana que está de férias no estrangeiro (portanto: uma burguesa de férias lá fora, só lhe faltando ir tomar chá à Versailles!) não fala, mas já deixou cair uma pequena lamuria por não ter sido incluída na lista do seu BE. Sócrates, que não tem perfil político para convidar Joana Amaral (nem foi ele que convidou Inês de Medeiros!) jura a pés juntos que "jamais" lhe terá passado pela cabeça tal ideia perversa.

Louçã aproveita para insultar Sócrates (uma prática que lamentavelmente parece estar a cair em rotina em certa oposição) e não pensa pedir-lhe desculpa. Francamente!..

Uma cena desgraçada. Aqui até defendo Sócrates. Ele tem o direito de convidar quem quiser para jantar ou para se juntar às listas socialistas. Costa também angariou Sá Fernandes para o seu lado ainda o queixinhas era digno representante bloquista. Ainda por cima há a sensação que Joana Amaral Dias tem os seus dias contados no Bloco. Já foi desautorizada anteriormente por Louçã e nem Miguel Portas já vem em seu auxílio.

O seu tom de menina mimada, sobranceira e com anteriores recaídas soaristas, ainda por cima usando toilletes de marca, não farão dela nunca uma heroína da esquerda festiva.

Joana fica sem dúvida melhor no retrato de grupo de socialistas giras (que o PS tem vindo a constituír num belo portfolio) do que numa galeria onde só combinaria com Ana Drago (que por sua vez também não fica bem numa pose ao lado dos habituais cromos bloquistas).

Também não é crime um Primeiro propor figuras públicas femininas para cargos públicos, só porque estão casadas com outro partido. Se Berlusconi o faz com leviandade, não se percebe porque não o fará Sócrates com qualidade. Quem pode ficar indignado é o eleitorado PS e antes os militantes que dão o corpo ao manifesto para depois virem para-quedistas tirar-lhes os lugarzinhos!

Louçã parece estar a sofrer do síndroma do último a saber. Não quer a Joana Amaral Dias a protagonista, mas também não quer que os outros a convidem para voos mais altos.

Depois do seu ex-camarada empata Fernandes, parece que temos agora um empata votos!

Edite Soeiro


Morreu a querida Edite Soeiro. Não a conheci muito mas o pouco que convivi com ela marcou-me profundamente.

Quando em 1987 comecei a colaborar na revista de O Jornal com uma secção semanal de 4 páginas da minha responsabilidade, a convite do Cáceres Monteiro, senti uma certa hostilidade por parte de alguns colegas da redacção. Viam talvez em mim um colaborador que aparecia e desaparecia e que acabava por ter um espaço demasiado significativo.

Claro que a maior resistência veio do Joaquim Lobo que era o chefe da fotografia...

A Edite Soeiro recebeu-me desde o primeiro dia com uma disponibilidade total. Ajudou-me logo. Ouvia o que eu tinha para propor de fotos e pequenos textos e as coisas saiam sempre, fechadas por ela, em perfeita sintonia. Raro nos jornais.

Mais tarde, de há 4 anos para cá, passei a cruzar-me com ela no edifício da Impresa, onde trabalhava na Visão. Falávamos sempre com um beijinho e um afecto muito grande.

Resistiu a não deixar nunca de trabalhar e embora para o fim não fosse todos os dias à redacção, essa sua participação permitia que se sentisse útil e jornalista- o que ela gostava e sabia ser na vida, que durou até hoje, aos 75 anos de idade.

Uma grande lição humana e uma grande referência no jornalismo português.

Um grande beijinho querida Edite !!!

segunda-feira, julho 27, 2009

O falhanço de Sócrates em real-time


Hoje Sócrates quis dar uma de Obama e ensaiou responder a uns blogers através do seu site. Foi pelo menos o que percebi, passando de raspão pelas notícias da tv, pois estou de férias.

Parece que a operação foi um fracasso porque os seus informáticos (sempre essa praga de empatas!) não conseguiram pôr o site em real -time. Mário Soares foi o primeiro político português a dar em real -time na net a sessão de apresentação da sua candidatura com a tecnologia da Akamai, uma empresa que gere internacionalmente os melhores sites de empresas de referência.

Portanto: o simplex de Sócrates redundou num complex total. Sócrates acha que está na América e que vai ganhar as eleições na internet. Esquece-se que os Magalhães que andou a dar, na sua maioria não foram subscritos com net, são portanto umas máquinas de escrever com uns jogos básicos, que as crianças com playstation acham uma treta.

Sócrates não percebe que os portugueses estão fartos de marketing e que as operações de charme são agora verdadeiros espanta-votos. As pessoas estão fartas e, como nos casamentos falidos, já não servem jantares à luz da vela, fins-de-semana em lugares paradisíacos, já nada reacende a chama. No caso de Sócrates não vai lá com Facebook!!!

O governo de Sócrates prejudicou demasiada gente. Conseguiu acertar nas profissões liberais, nos gestores, empresários, professores, estudantes, médicos, jornalistas, juízes, operários, rurais, reformados...não há uma classe neste país que não tenha sido prejudicada por este governo. Sócrates não decidiu contra os interesses, Sócrates lesou os interesses de todos. O que é notável em estupidez política.

Ainda hoje no jornal i vem muito bem contada a forma ruinosa para várias gerações, da forma como foi feita a reforma da segurança social. Há já um grupo de quadros superiores que decidiu processar o Estado porque vão ver reduzias em 60 por cento a reforma. Porquê? Porque esses malandros que andaram a descontar sobre ordenados de dez mil euros vão agora receber menos de cinco mil. Mudaram-se as regras a meio do caminho, coisa que os ingleses conseguiram preservar. Para Sócrates estes malandros são menos de 100 por ano, não têm peso nenhum no equilíbrio da segurança social, mas servem bem para serem usados como exemplo na campanha demagógica socialista de que quem ganha muito tem de ser depenado, em nome da inveja nacional e da esquerda radical.

Este é o Estado que temos. É a ignomínia institucionalizada, calada por todos, dos partidos da direita à comunicação social, porque fica mal defender a classe média, a elite técnica, os portugueses que não tiraram cursos ao domingo, que não triunfaram na vida pela golpada partidária. O que o Estado está a dizer aos jovens quadros é que vão trabalhar para o estrangeiro. O que os pais ricos vão fazer é por os filhos a salvo, a estudarem numa universidade estrangeira e a ficarem lá.

Claro que Sócrates é um primeiro-ministro moderno. E ainda há-de vir outro dizer que fez mais pela derrota da classe média do que ele. A Dona Leite também é especialista nesse tipo de caça.

Hoje ao dar uma de internauta, o que Sócrates devia ter feito pela comunidade digital era isto: pressionar as operadoras a baixarem o preço das comunicações de dados e de telemóvel, que são as mais caras da Europa, promover muitos mais pontos públicos gratuitos de wireless e de tornar dedutíveis no IRS as compras de computadores, sem estarmos sujeitos à palhaçada dos Magalhães. Obrigar os serviços públicos a informatizarem-se sem burocracia, tornar as escolas e os espaços públicos nacionais com internet livre para os cidadãos.

A política da propaganda e da fachada é altamente irritante. E se Sócrates julga que o povo é parvo, espere pela pancada em Setembro. Não vai ser virtual, vai ser real. E em real-time sem falhas!!!.

domingo, julho 26, 2009

Hoje sonhei com Marcello Caetano !


"Marcelo Caetano, o homem que perdeu a fé"- a biografia feita pela minha amiga e colega no Expresso, Manuela Goucha Soares, fez-me hoje sonhar com o continuador de Salazar. Acabei de ler o livro eram 4 da manhã no silêncio do monte alentejano onde estou perto de S. Miguel, Odeceixe.

A escrita da Manuela é simples, directa, escorreita, e de quando em vez deixa cair pormenores que dão á história uma maior autenticidade e permitem revelar em síntese traços fortes do retratado. É uma escrita de príncipe: cativa sem floreados, tem ritmo e é de uma economia total de palavras. Está lá o que é necessário. Agarra, deixou-me de rastos até de madrugada.

O livro tem por detrás um grande trabalho de pesquisa, reportagem. Ela é uma repórter notável. Trabalhei com a Manuela várias vezes ao longo dos últimos 20 anos, mas foi há dois na Libéria atrás de António Guterres primeiro, e depois num retrato sobre aquele esquecido e perigoso país africano, que pude ver a sua fibra de repórter.

A entrevista com a Presidente da Libéria foi uma audiência de grande furo jornalístico. A Manuela tem um charme e uma educação superior, que se sente na forma de perguntar e estruturar o trabalho. Essa qualidade sente-se aqui na biografia de Marcelo.

A história de Marcelo tocou-me bastante. Ele faz parte das minhas memórias de adolescente. Numa das fotografias do livro, em que ele vem á varanda de sua casa agradecer aos populares depois de ter sido eleito, eu estava lá. Ou porque ia a passar- eu namorava perto de um jardim de sua casa, ou porque sabia que ia haver aquela pequena manifestação. Morava a 500 metros da casa dele em Alvalade, Lisboa, e via-o passar muitas vezes no seu Mercedes 280 SEL, DF-78-44.

Por ali perto moravam também o actor Américo Coimbra e o seu Porsche 911 (!), o realizador da RTP Alfredo Tropa (que realizou as Conversas em Família), o José Cardoso Pires, o economista Pereira de Moura, o pintor Tomás Mateus, Daciano Costa, José Gomes Ferreira...era um bairro de notáveis que só mais tarde, já adulto, vim a perceber.

Aos 15 anos era completamente apolítico, mas dois anos mais tarde já detestava o marcelismo e ficava danado com as conversas em família.

Percebia que o marcelismo tinha uma componente tecnocrática evoluída, houve grandes mudanças no progresso do país, mas politicamente era um regime anacrónico, fora do tempo, desligado da juventude e das pessoas (um pouco como hoje).

No liceu Padre António Vieira onde eu andava com Louçã e Santana Lopes, e outros, o ambiente era de contestação total.

O livro da Manuela trouxe-me de volta esses tempos e mostrou-me um Marcelo íntegro e humanista, cheio de coerência e de projecto político. Um projecto que teria sido extraordinário se pudesse ter sido posto em prática em 1951.

Um homem fora de tempo, injustiçado e abandonado pelos seguidores. Um homem que amava a política e que morreu na véspera em que faria 30 anos de casado, com aquela a quem nunca abandonou na doença, a sua mulher Teresa. Uma vida subida a pulso, na maior da austeridade e da modéstia.

Um homem de cultura, porventura demasiado inflexível, mas que no fim da vida acaba a defender o divórcio, por evidente solidariedade para com a neta casada com Abel Pinheiro (uma revelação para mim).

A derrocada de uma vida, a total desilusão de quem viu ruir uma ideologia, um projecto, uma ideia patriótica. Discordo totalmente da sua visão política e ideológica, mas não posso deixar de respeitar a integridade e coerência deste homem. Assim se pudesse dizer o mesmo da maioria que pratica política nos dias de hoje.

Ferreira Leite engripada falha Chão da Lagoa

Já não vai haver banho de multidão, nem Jardim ao lanche. Uma gripe retém Ferreira Leite de molho e impede-a de cumprir aquela que seria uma das missões mais impossíveis do seu mandato como líder oposicionista: ombrear com Jardim na longa caminhada das ponchas, de barraca em barraca, até ao discurso final.

sexta-feira, julho 24, 2009

A berlusconização das listas de Sócrates


O que é um deputado? Um isco para o voto de idiotas úteis? Uns agentes que falam pelos eleitores e os defendem? Uns assistentes que ocupam o hemiciclo de S.Bento como os reformados o fazem nas plateias dos talk-shows deprimentes das televisões generalistas? Porque pagamos aquela gente? Porque gostamos de portugueses felizes, e acreditamos que assim isto é uma espécie de democracia?

Era bom que o engenheiro Sócrates nos explicasse. Pelo que soubemos ontem, afinal o critério para a escolha das listas dos socialistas é por um lado o da representatividade da brigada do reumático, do aparelho socialista, dos Lellos desta vida, e por outro há em Sócrates uma berlusconização dos seus muchachos parlamentares no sentido de abrilhantar a bancada rosa.

Ao escolher a actriz Inês de Medeiros para terceiro lugar em Lisboa e em sétimo um independente, que não sei sequer o nome, mas que está lá porque defende habitualmente os gays, parece-me um critério muito pouco socialista. Se Sócrates quer nomes que dêem share, então convença a Diana Chaves que é mais gira, nada diz, é querida, e consegue o milagre da multiplicação das audiências aparecendo apenas (veja-se o seu sucesso naquele concurso da SIC). Ou se quer ser mesmo popular avance com a Teresa Guilherme ("quem tem ética passa fome") ou com um daqueles moranguitos com açúcar!...

Não parece que a Inês de Medeiros seja um grande valor em votos. Provavelmente nem o pai votará nela, pois Vitorino de Almeida que era MDP-CDE, disse um dia que Soares era como uma borbulha que se espremia e voltava a crescer (uma das coisas mais repugnantes que já ouvi em política!). Se escolher deputados é como optar por um modelo de roupa, uma moda ou uma tendência, então Sócrates está mesmo muito pior do que se julgava.

Fazer escolhas destas é demonstrar que a política deixou de ter ideologia, valores, ética. E que ser militante de um partido é uma estupidez, pois na hora da verdade são os independentes, os para-quedistas, que acabam por apanhar os lugares mais desejados.

O que sentirá um militante sério e empenhado que teve de desistir de ser candidato à AR, para ser só candidato autárquico, perder a partida, e ver no seu lugar estagiários da política?

Por estas e outras o PS começa a entrar em ebulição e nem os posts de Lello no Twitter vão acalmar a revolta das bases. E a indignação dos eleitores.

O regresso a casa de Oliveira e Costa

A foto de hoje no i de Filipe Casaca é excelente, do bom fotojornalismo que queremos. Mostra o arguido Oliveira e Costa a sair da ramona. O seu relógio marca 9h20 em ponto e um livro com um título irónico tenta tapar-lhe a cara, em vão. "Um novo mundo"- como se fosse uma legenda de uma história ainda sem final.

O homem que no tempo do cavaquismo atacou os contribuentes com medidas duras e que mais tarde se transformou num dos maiores banqueiros da praça, regressa agora ao lar-doce-lar depois de uma permanência nos simpáticos calabouços da Judiciária- uma espécie de hotel para prisioneiros de classe.

Oliveira e Costa deu brado na comissão de inquérito da AR, granjeou a simpatia de deputados, levou até o deputados bloquista a mostrar alguma simpatia, tramou o seu ex-amigo e "companero" Dias Loureiro e na hora do regresso a casa, usando uma pulseira electrónica à prova de evasão (não fiscal!), voltou ao personagem anterior de envergonhado.

Vestia uma camisa vistosa, às riscas, daquelas que os ricos gostam de exibir, calça clara como se fosse a uma festa da noite algarvia, mas agora a expressão já não era a do pobre velho que estava na AR para ajudar a verdade, entre risos e piadolas mastigadas com sandes.

Um rico da sua categoria poderia ter sido despejado num condomínio de alto luxo, rodeado de campos de golfe e gorilas amestrados, mas foi para a sua residência, um apartamento numa avenida da classe média alta de há 50 anos atrás, em Lisboa. O que remete para Madoff: também este Midas vivia numas casas boas mas demasiado modestas para os montantes que recebia e deixou de dar. Muito curioso este lado um pouco austero de génios que fizeram em certo tempo uma engenharia financeira mais difícil do que a construção de uma torre de babel.
O dinheiro, afinal, não é tudo.

A ginástica de Rendeiro, o ex-Midas português

foto de Luiz Carvalho

João Rendeiro vestindo a camisola do BPP nos tempos aúreos, quando muitos o tinham como o Rei Midas da finança portuguesa. Hoje é arguido no processo do banco que liderou e que já deixou o ministro das finanças cansado e os depositantes desesperados.

quinta-feira, julho 23, 2009

A partida breve de Alegre

fotografia de Luiz Carvalho

Manuel Alegre arrumou hoje os tarecos e deixou a AR. Foram 34 anos de política pura. Um abandono que deixa o Parlamento mais pobre ainda e a democracia menos bem defendida. As partidas são sempre tristes e as despedidas deprimentes. A política precisa de personalidades fortes e coerentes, de gente com causa e empenho, e de emoção. Alegre é tudo isto e muito mais. Como veremos nos próximos capítulos.

terça-feira, julho 21, 2009

Pulseira electrónica estilosa


Há de vários estilos, gostos e preços. Algumas são belas peças de design com assinatura, outras vieram da loja do chinês, outras passaram de padrinho para afilhado.

As pulseiras electrónicas estão a ser um "must" nesta temporada Primevera/Verão.

Os juízes descobriram este "gadjet" para presos muito amantes de liberdade e o Estado Social empatou uns euros, nada de relevante, comparado com o orçamento destinado a alimentar malandros na prisão para se ver livre de dependentes.

Com a pulseira o preso vai para casa e a família que o sustente e que tome conta dele. É o princípio do utilizador-devedor.

Oliveira e Costa vai agora regressar ao Lar Doce Lar sem deixar de exibir a sua pulseira de estilo italiano, numa combinação generosa de tolerância democrática e sede de mais justiça.

Para os derrotistas para quem tudo está mal em Portugal, esta nova vida de Oliveira e Costa vem provar que a Justiça funciona, o simplex na Justiça está a bombar, que o ministro Costa é um must em competência, e que o BPN vai ficar para a História como uma instituição em movimento perpétuo. Grandes homens que ergueram grandes bancos!!!

Enquanto Arlindo de Carvalho, esse Cavaquista que nos andou a tratar da saúde, é impedido de falar à saída do tribunal pela firmeza do seu advogado Dr. Nabais, mas que mostra uma calma tão sólida como a amnésia de outro "companero" o também cavaquista Doutor Loureiro, enquanto a justiça se mexe, Oliveira e Costa (o secretário de estado Cavaquista que flagelava o contribuinte) reencontra a paz doméstica.

Tudo está mal quando acaba em bem !!!

Benfica também não gosta da TVI

Acabo de ler que uma equipa da TVI foi expulsa de uma conferência do Estádio da Luz, por três gorilas, alegadamente porque o clube não concorda com a linha editorial da estação.

O Sindicato dos Jornalistas, afinal ainda existe, já balbuciou que discorda da acção.

Finalmente o Sindicato disse alguma coisa sobre atropelos ao exercício da profissão (embora isso devesse ser feito por uma Ordem que não existe e devia existir) depois de ter estado caladinho durante o ano a imensos atropelos e abusos aos direitos laborais dos jornalistas. Adiante.

Esta moda de se expulsar, censurar e ridicularizar quem não está de acordo com uma linha editorial partiu, é bom lembrar, pela primeira vez, e em directo, de um outro benfiquista, o actual primeiro-ministro José Sócrates. Quando alguém no topo das responsabilidades da Nação toma as atitudes que toma, que podemos esperar de um presidente de um clube ou de um revendedor de câmaras de ar' Ãh?Âh!?....

segunda-feira, julho 20, 2009

A chegada à Lua vista da minha janela


Há 40 anos resisti a não adormecer para poder ver em directo a chegada do Homem à Lua. Tinha 14 anos, morava no Bairro de Alvalade, Lisboa, andava no Liceu Padre António Vieira e a vida era austera, controlada, rigorosa. Ia de gravata obrigatória para o liceu, onde predominava uma disciplina rígida, em casa o ambiente era muito idêntico ao que a série "Conta-me como foi" retrata tão bem.

O Mundo era já um vulcão e nós por cá sabíamos da guerra em África, de uns tipos que andavam a bofar e de uns vizinhos, e colegas, que de vez em quando desapareciam e voltavam de cabelo rapado.

A chegada à Lua era mais importante do do que o anual Festival da Eurovisão. A RTP era uma televisão parca e solene e tinha em figuras como José Mensurado um dos pivots mais competentes e populares. Fazia reportagem em África, entrevistava a Amália no Face- a -Face (acho que era assim o nome) um programa de entrevistas muito moderno, com uma realização jogando com planos fortes, contra-campos, plongés, só com desenho de luz contrastada.

Há 40 anos foi o mesmo José Mensurado a fazer o off da chegada à Lua. Jamais me esquecerei dessa noite. Penso que terá contribuído muito para o meu gosto pelo jornalismo, pelo directo (sempre quis fazer televisão) pela emoção. Era um tempo simples mas que nos dava acontecimentos que acabaram por marcar as nossas vidas.

Hoje o José Mensurado vive em frente à loja dos meus pais em Alvalade (ainda hoje avistei o seu belo Mazda Mx5) e podia estar, se vivesse noutro país, a apresentar como sénior um grande programa de informação, como o faz tão bem o 6o minutos.

Fica-nos a memória dessa bela noite de Verão.

Férias escaldantes no comboio da linha

Comecei as minhas férias apanhando o comboio de S.João do Estoril para Lisboa. É uma viagem cómoda e agradável. Única em beleza ao podermos ver as praias , o mar, ali ao lado sempre a guardar-nos. Há gente de todo o tipo, o que se torna curioso para um fotógrafo, mesmo com a G10 guardada na mochila.

Como raramente ando de transportes públicos, aquilo sabe-me a quebrar a rotina. Estou mais atento a tudo. Demorei logo mais 20 minutos porque perdi um comboio por estar avariada a máquina automática de venda de bilhetes. No atendimento pelo funcionário só uma utente demora 5 minutos a fazer perguntas inúteis e uma bicha já de 20 pessoas à espera. Afinal não se pode comprar um bilhete avulso sem ser nas máquinas! Tenho de ir até ao fundo da estação, onde já está outra bicha enorme. Sento-me, acendo uma cigarrilha, leio o i. Deu para acabar a cigarrilha, ler por alto o jornal até chegar o próximo comboio.

Já dentro do comboio só eu é que vou a ler um jornal. E um passageiro que lia um desportivo. A carruagem quase cheia leva gente que fala alto ao telemóvel, outros que ouvem música nos ipod, outros que pensam na morte da bezerra.

Era aqui que queria chegar: o povo português não lê jornais, mesmo quando tem 30 minutos entre a casa e o emprego. Não me venham com a história que os jornais são caros. Um euro não dá para nada e não é por aí que o orçamento vai para o galheiro. Nem me venham com a habitual desculpa que a malta prefere a internet para ler noticias, pois não tem nada a ver ler o Público ou o i, o DN ou o Correio da Manhã, o 24 ou o Jornal de Negócios no papel ou na net!

Há uma cultura instalada do desinteresse, uma cultura que os governos criaram ao promoverem um ensino pouco catalisador do conhecimento, uma escola que obriga a marrar mas que não estrutura as mentes para a vida.

Essa aposta na educação, e no seu reflexo no quotidiano e no trabalho, é que falhou totalmente este regime. Não acha professor Cavaco?

domingo, julho 19, 2009

Costa e Santana aprenderiam muito no Dolce Vita

Ontem ao ouvir o Daniel Oliveira,no Eixo do Mal, percebi mais uma vez que para o bloco de esquerda e outros afins, o problema é que o povo que vota no Jardim, no PS e na direita, é estúpido, ignorante, desprezível.

A sociedade ideal para esta esquerda era gostarmos todos de baladas, bicicletas, José Saramago, andarmos de transportes públicos e odiarmos o sucesso e o trabalho, entre outras coisas.

O pânico de Daniel Oliveira é que Santana ganhe Lisboa. Porquê? Porque nunca fez nada, ao contrário de Sampaio e de Costa que deixaram uma obra que o Duarte Pacheco inveja do Céu.

Os lisboetas que votaram no sempre em pé da política são uma cambada de aduladores de teatro de revista, andam de carro em túneis perigosos, e desprezam o mármore rosa de Carrara que o Dr. Costa queria por a ornamentar a base da estátua do D. José.

Os energúmenos que se preparam para eleger Santana são para Daniel Oliveira uns putativos idiotas. Elas serão loiras oxigenadas, eles usam crucifixos nos retrovisores dos seus Seat Ibiza para se armarem em lisboetas castiços.

Hoje ao passear-me pelo Dolce Vita, um mega centro comercial construído ao lado da mítica Brandoa clandestina dos anos setenta, pensei como o Daniel Oliveira deveria achar aquela gente consumista repugnante. E se Costa tivesse ido para lá beber uma bejeca com o seu vice Zé Fernandes, ficaria assustado ao perceber que o povo quer é lojas, ar condicionado, estacionamento gratuito, acessos rápidos a qualquer zona à volta de Lisboa, sítios para os filhos se divertirem em segurança, e que se estão nas tintas para ruas sem trânsito, valas para esgotos, mármores nas praças, esplanadas pindéricas, ciclopistas sem princípio nem fim, pedintes, polícias municipais armados em bons....o povo quer conforto, luxo, fresquinho e muita emoção.

Os candidatos a Lisboa, incluindo Santana, ganhavam muito em ir ao Dolce Vita. Podemos achar tudo aquilo absurdo, piroso e sub-urbano, mas é a nova realidade.
É aquela cidade que a malta grama. Educaram-nos assim, aturem-nos e agradem-lhes se querem sobreviver na política.

Deputados muito faltosos e muito candidatos

Afinal os nossos deputados continuam uns calinas e deviam auto-adoptar um sistema de classificação que permitisse no final do mandato saber se tinham ou não nota positiva. Se os senhores professores devem ser avaliados não percebo porque o não devem ser os nossos representantes no grande hemiciclo da democracia.

O que me espanta é que um deputado que já foi ministro e que é o braço direito da Dona Ferreira Leite seja um dos mais faltosos. Luís Aguiar Branco que gosta de apregoar o rigor e de dar sempre a subentender que no país há pouca disciplina, seja ele a faltar mais ao Parlamento do que um adolescente às aulas para ir jogar matraquilhos na tasca da esquina da escola.

Claro que há mais faltosos, só fixei este por ser o mais exposto, e que agora vai encabeçar a lista de deputados do PSD pelo Porto.

Hoje li na Sábado as tropelias dos deputados para lutarem por um lugarzinho elegível ou, na pior das hipóteses, para ao menos o seu retrato aparecer nos cartazes da santa terrinha. Uma história que revela a mediocridade de um bando que tem as nossas vidas nas mãos.

sexta-feira, julho 17, 2009

quinta-feira, julho 16, 2009

Noites no sofá

Deitado no sofá depois de jantar a saltar entre as tv´s de noticias é um exercício de profundo masoquismo.

É como mergulhar no Day After.

Entre a gripe inevitável, a divida que nos espera, os juros que vamos pagar, o desemprego mais galopante que a própria gripe, o despesismo do perdulário Santana, as virtudes de António Costa e sua trupe, o sucesso de Ronaldo (o único português feliz!) dado já como uma carreira falida, a desgraça de Michael Jackson em vídeo inédito,
mais uma opinião do Dr. Bagão Félix (que hoje não veio gabar as virtudes do sr. Luis Filipe Vieira), a dureza de Manuela Arcanjo (mas com uma clarividência rara), ou a surpreendente tolerância de Martim Avillez para com as intenções de Costa....Ufff! Ver televisão é na verdade um péssimo exercício de auto-estima.

Não encontramos nesta hora pós-prime time um momento de alívio mental.
Só lágrimas e suspiros.

Claro que o país acaba por absorver este estado de espírito.
Isto é um mata-borrão que todos os dias impregna as mentes, a confiança, o ânimo.

Neste preciso momento arranca a Quadratura do Círculo, um painel de mais umas inefáveis figuras e onde António Costa continua como se não fosse candidato a nada nem tivesse responsabilidades públicas de nada.

Portanto: começou a minha contagem decrescente para as férias. Sem tv cabo, claro.

Jardim, os foguetes e os idiotas

Alberto João Jardim atirou mais uma bojarda e a inteligência opinativa da televisão por cabo não se cala com o facto de o comunismo dever ser abolido da Constituição, segundo o pândego da Madeira.

Quer dizer: é evidente para todos que a nossa Constituição é uma peça de museu que a maioria dos portugueses gosta por conter o chamado espírito de Abril. E nessa onda cabe uma enorme tolerância que até abrange o comunismo. É uma declaração de princípios que ninguém leva a sério, nem os comunistas. Para estes a possibilidade de haver comunismo em Portugal, e até no Mundo, é tão improvável como um rico poder passar pelo buraco de uma agulha. E para os anti-comunistas o facto de essa ideia poder estar prevista na Constituição não passa de uma piada. É como os católicos esclarecidos aceitarem que quando morrerem vão para o Céu ou outro destino turístico.

O que é incrível é como toda esta gente da política se leva a sério e como todos fazem de uma provocação um "leitmotiv"para iniciarem mais uma guerrilha de insultos uns aos outros.

Quem deve gozar que nem um transmissor de gripe porcina é Alberto João Jardim. Deita os foguetes e os idiotas correm que nem doidos a apanhar as canas.

PS: Diga-se que Jardim referiu que nunca estava em causa proibir partidos mas sim a existência de um regime comunista em Portugal. Um pormenor que já ninguém ouviu, claro.

Jardim Tropical ao abandono

O Jardim Tropical é um dos espaços verdes mais mágicos de Lisboa. Foi criado no início do século XIX e ainda ostenta um conjunto de árvores e plantas tropicais raras e de uma beleza natural comovente. Se hoje se fala tanto em ecologia e espaços verdes, aquele jardim é por si só de um potencial fabuloso para os lisboetas.

Fica ao lado do Palácio de Belém, há mesmo uma entrada que permite ao Presidente ir directamente para lá passear, e o mais inacreditável desta realidade: o jardim está à beira do colapso, sem sistema de rega permanente, com a relva desalmada, os cisnes à solta estragando o pouco que resta do verde, as árvores rodeadas de lixo, os bancos partidos com ramos de vegetação a caírem-lhes em cima.

O horário é impróprio para quem trabalha e tem filhos na escola (fecha às 18 horas), tem um preço absurdo de entrada para o espectáculo lamentável que dá a ver em desmazelo e porcaria (1,5o euros).

A promoção é zero e para se encontrar a entrada só mesmo para quem andou a pesquisar.

Ora bem, perante esta lamentável gestão de um espaço público (que não sei a quem pertence, nem me interessa) o que é importante e proibido ? Que não se façam fotografias dentro do jardim. Não sei se para não se ver aquela vergonha ou se não interessa mesmo promover um espaço de boa memória e que só orgulha quem o criou.

Quando se fala tanto em pequenos investimentos públicos este era um dos investimentos que valiam a pena fazer. Mas se o fizerem limitem-se a arranjar o que está deteriorado. Não inventem, nem ponham arquitectos paisagistas a tirarem a relva, os canteiros e a pôrem saibro como foi feito no Jardim de S. Pedro de Alcântara.

terça-feira, julho 14, 2009

A trupe subsidiodependente à volta de Costa

Carlos do Carmo é um homem íntegro. Aceitou ser mandatário de António Costa, mas atirou-lhe logo na cerimónia de apresentação da candidadtura: "não se esqueça da solidão dos velhos, da pobreza envergonhada e rodeie-se de gente que ame a cidade e não esteja consigo para ganhar dinheiro"- cito de cor. Olhei à minha volta e só via rostos conhecidos das artes, da cultura, da política, que davam para fazer uma infografia, daquelas que agora estão na moda nos jornais, e por baixo de cada rosto podia-se escrever uma frase que justificava a sua presença ali e o interesse respectivo.

Um estava ali porque a mulher era vereadora, outro porque precisaria de uma ajuda para comprar mais motores para uns robots pintores, outra porque tinha um atelier da Câmara, outro porque faz a maioria dos catálogos da edilidade, outra porque tem uma associação que nunca existiria sem o subsidio camarário, outra porque é directora nomeada, outro porque sonha filmar depois de 10 anos parado, outro porque a tia mandou-o ir, outro porque a sua arquitectura é imprescindivel à cidade, outro porque faz umas fotos boas para arquivar, outra porque está a pensar acabar na Casa do Artista, outro porque seria uma vergonha não ir...nunca mais acabaria.

A cultura em Portugal está dominada pelos interesses políticos, refém dos subsídios, das encomendas. Escritores, pintores, cineastas, actores, músicos e afins, estão todos de mão estendida à espera do miserável subsidio.

A arte que tinha como fim ser do contra, irreverente, anti-poder, libertária, está afinal dominada pela mesquinhez das ajudas do Estado e das autarquias. As rotundas deram a volta à cabeça a trolhas e escultores, o síndroma do mamanço estendeu-se a tudo o que é obra de arte. A malta já não cria, inventa e escreve longos projectos para pingarem em dinheiro.

A apresentação hoje da candidatura de António Costa não era um happening político, era uma romagem de sedentos de ajuda, uma sopa aos pobres intelectuais, que não vivem sem o poder e as suas ajudas. Estavam ali representados todos os interesses nas diferentes vertentes desta nossa intelectualidade lisboeta, o eixo Bairro-Alto/ Bica do Sapato.

Sócrates que descobriu agora que tem a paixão da cultura (e não me admiro, se ele perder as eleições que não se vá matricular no IADE para ter aulas de cultura técnica!) embora tenha dedicado à cultura uns míseros zero virgula qualquer coisa do orçamento, ele que deixou desabar património, que se marimbou na trupe de artistas de negro à sua volta, ele que preferiu o estilo "maisons com janelas estilo fenêtre", está agora comovido com centenas de iminências pardas que invadiram o Jardim de S.Pedro de Alcântara, como se António Costa fosse ali promover o milagre da multiplicação dos subsídios.

Acredito que a política possa mobilizar as almas sensíveis. Mas ao ponto de haver tanta unanimidade entre tanta gente diferente...deixa-me perplexo.

Claro que Santana tem também a sua trupe de artistas. Não fui à sua apresentação de candidatura mas não devem ter faltado a Maria José Valério e o Rui de Carvalho de braço dado com Eunice Munoz, ou o Parque Mayer a cair da tripeça a chorar os tempos áureos da revista à moda da Pátria. E se Costa tem fado, Santana manda com faduncho. E se Costa tem Salgado, Santana tem Ghery, e se Costa tem Sócrates (na vertente artística!), Santana tem a Vovó cantigas. A cada um o seu artista.

Lisboa é que aguenta tudo isto. E não chora.

segunda-feira, julho 13, 2009

Finalmente um vizinho barulhento condenado


A condenação pelo tribunal de um vizinho que infernizou com barulho uma família durante anos é de aplaudir. Vai fazer jurisprudência e abrir uma nova mentalidade nas relações de vizinhança.

A falta de educação e de respeito pelos outros atinge o inaceitável quando se fala de vizinhos.

Eu tenho sido protagonista de vários casos lamentáveis de vizinhos: uma velhota que tinha um galo que não me deixava dormir, uma garagem que tinha táxis a noite toda a meterem gasóleo com os carroceiros a rirem e falarem que nem alarves, um bar que despejava bêbados até às 5 da manhã, um vizinho educado e empresário mas que tinha dois cães que cagavam o quintal todo e ladravam em contínuo durante horas, um vizinho que passou a usar uma janela que dava directamente para o meu pátio, uns brasileiros que punham a charanga aos berros, o último foi o proprietario de um pitbull que andava sempre solto na rua e que acabou a morder o meu cão.

Claro que tudo isto foi em lugares diferentes e ao longo dos anos. E acabei por resolver estes problemas...à porrada.

Há uma cultura em Portugal que qualquer animal pode fazer barulho e incomodar os outros desde que não seja meia-noite. Num país onde cada um só pensa em si, e onde as autoridades além de moles não podem usar leis cívicas que não existem, a impunidade é total. O único remédio acaba por ser a justiça pelas próprias mãos. A Polícia nunca vê, nunca fiscaliza, uma simples queixa não basta: é preciso provar o que se torna difícil.

Há situações que estragam a vida às pessoas. Um familiar meu comprou um apartamento para descansar em Vila Nova de Mil Fontes. Passado um ano abriu uma discoteca por baixo que não dava descanso a ninguém. Foi há 15 anos. Ainda se mantém, agora mais calada porque está falida. Todas as queixas caíram em saco roto.

São as autarquias a permitirem a devassa no sossego dos cidadãos. Vão ao Bairro Alto e vejam como a Câmara de Lisboa pactua com o barulho e a falta de civismo. Recordemos o que a Câmara fez na Praça das Flores, um stand de carros que só fechava à uma da manhã.

Esta sentença é exemplar e apesar de ter demorado 7 longos anos a ser ditada vem reconhecer que todos nós temos o direito a respeitar os outros e não só depois da meia-noite!

domingo, julho 12, 2009

Recepção do Hospital de Santiago do Cacém com tratamento abaixo de cão

Sou acordado às 5 da manhã com um telefonema. Um familiar meu sentiu-se mal e foi parar ao hospital de Santiago do Cacém. Arranjo-me rápido e chego por volta das 8,30 à recepção do hospital. Pergunto pelo familiar internado, resposta rápida, a olhar para o lado do funcionário:" só às 10,30 é que pode saber".

Eu insisto, que estou preocupado, que tenho o direito a saber, resposta do funcionário:" Você está muito nervoso!..."- eu repondo-lhe: nervoso vai ficar você quando eu participar de si se não for aí ao computador e não me disser onde está e como está o meu familiar. Resposta dele, depois de finalmente ir ao computador:" Ah, não está internado, está na urgência, mas tem de esperar meia hora, o enfermeiro-chefe está a mudar de turno!".

Vou para a porta do "banco", vejo um médico a sair, interpelo-o e diz-me de imediato: Esse seu familiar está bem disposto, está ali no corredor a tomar o pequeno-almoço, venha comigo. Entro com ele e ali estava tudo a correr bem e com alta dada dali a vinte minutos. Uma postura irrepreensível e profissional do médico.

Este é o retrato dos serviços públicos. Não há normas de atendimento e os funcionários dão-se ao luxo de se comportarem como senhores e donos dos serviços e de tratarem quem querem como querem.

Claro que posso participar do incompetente, pago com os meus impostos e que usurpa o seu lugar de trabalho como se fosse uma quinta sua. E, pela idade que mostrava, deve ter este comportamento há muitos anos na maior das impunidades. Isto não tem só a ver com governos, ministros e aparentados. Isto tem a ver com a nossa cultura arrogante, burocrática e incompetente, que os governos promovem mas com que todos nós pactuamos.

Pensando bem vou mesmo participar do idiota.

sábado, julho 11, 2009

Vencedor do BESfoto retirado do NYT por photoshop mentiroso

Esta é uma das obras recusadas pelo NYT depois de denunciada por um leitor como fraude

Edgar Martins é um tipo que intitulando-se fotógrafo ganhou o BESFoto deste ano. E conseguiu convencer o New York Times a andar pelos Estados Unidos durante 21 dias a fotografar 19 cidades para depois saírem...6 fotos (os nossos editores inspirem-se aqui).
A bronca rebentou quando um leitor do Minesoto reconheceu que as fotos eram photoshopadas, com efeitos de espelho, subvertendo a realidade, o que levou o NYT a retirar de imediato as fotos do site. O artista justifica a habilidade dizendo que não foi fotografar para fazer meros documentos. Portanto: para o artista a fotografia documental, o fotojornalismo, toda a fotografia que não é manipulada, não passa de um produto vomitado por uma fotocopiadora.

Este incidente, que o sujeito acha que devia servir para discussão (portanto: falem de mim, discutam o jeriquismo que isso é bom!) vem demonstrar sem debates da treta em como uma escola medíocre, modista, baseada na ignorância dos macacos, tem vindo a ocupar espaço mesmo nos jornais de referência em nome do arejamento que mais não é do que uma nauseabunda forma de produzir imagens.

A fotografia é uma forma de expressão com História, mestres e referências. Como a literatura, o cinema ou a pintura. Não podemos gerir a edição fotográfica assente no achismo de uns convencidos, ou na graciosidade de umas mentes que se acham iluminadas pelo gosto-não gosto, sem critério sério, nem cultura. Escolher fotos não é como apalpar fruta na praça, e ser fotógrafo não é uma profissão para a qual apenas é preciso lata, descontracção e uma infindável estupidez natural.

A desonestidade de uns espertos que usam o photoshop como garimpeiros do sucesso é escandalosa. Já vi um desses artistas pegar numa foto alheia, passá-la pelo filtro de tela e fazer uma capa de revista assinada como obra sua. Mas se fosse contar este tipo de alarvidades...faria um livro de fotografia para Totós.

Claro, que quem não alinha com estes pimbas é titulado de bronco, quadrado ou arcaico. É a fuga para a frente de um grupo de medíocres que está a ganhar espaço num meio que perdeu referências e que entrou na frivolidade.

Há anos a National Geographic pediu desculpa aos leitores por ter comprimido a distância das Pirâmides para caberem ao alto na capa. Vários fotojornalistas foram despedidos por terem manipulado as fotos e o NYT acaba de irradiar editorialmente este artista de salão.
Não está em causa o uso do photoshop. É uma ferramenta fundamental para os fotógrafos, tal como o era a câmera escura. Mas não é por usarmos a língua que temos de ser mentirosos.

Edgar Martins está bem no BES mas é escorraçado dos jornais de referência. Era bom que por cá tirássemos conclusões.

Perestrello: o candidato esticado no photoshop


MUDAR O QUE ESTÁ MAL : a fronha do candidato
MELHORAR O QUE ESTÁ BEM: o charuto de Isaltino. ( passará a ser cubano puro)

Depois de passado pelo filtro blur botox do photoshop, o candidadto ficou neste estado!!!

sexta-feira, julho 10, 2009

António Costa dá 30 mil para filme sobre Saramago

Não é um ensaio sobre a cegueira feito por António Costa, é mais um subsidiozinho para um documentário sobre Saramago, pois há poucos filmes sobre o Nobel, não sabemos nada sobre ele, nunca o vimos na ilha espanhola que elegeu para exílio dourado e de onde critica ferozmente o seu país, portanto: um documentário sobre Saramago, com a ajuda da Câmara de Lisboa, faz todo o sentido. É urgente. Não sabemos onde a Câmara o irá exibir, porventura no S.Jorge à mantinée para uns gatos pingados, mas é um gesto nobre, cultural e de esquerda.

A verba não dá nem para tapar os buracos criminosos que estão à entrada da Rua do Alecrim, e que estão há 35 anos pelo menos, portanto: Acção!!!

O que é bastante irritante é que Saramago que já vai ter a sua casa dos bicos, que está a ser tratado nas palminhas por Lisboa, continua a criticar Portugal como se fosse um país ingrato, indiferente aos seus génios. Ainda esta semana se atirou à Pátria porque Maria João Pires ameaçou querer ser brasileira (como se alguém se ralasse com a birra!).

Saramago que já disse cobras e lagartos dos socialistas, que foi candidato da CDU contra o PS, aceita agora com naturalidade este bónus de Costa, o candidato que quer aglutinar a esquerda.

Proponho já outro documentário sobre Saramago a Costa. Sinopse: primeiro plano: travelling pelo túnel do Marquês. Ao fundo vê-se uma luz. A câmera aproxima-se e deixa ver o edificio do Diário de Notícias. Começa a ouvir-se "O povo vencerá!!" De uma das janelas surge Saramago com a lista dos que saneou do jornal. O ambiente é de 1975 e o filme é a preto e branco para ser mais ecológico. Que tal ? Quero também 30 mil. JÁ!

JORNAL NACIONAL VAI DE FÉRIAS. SÓCRATES ALIVIA

Sócrates pode respirar e alívio. Pelo menos até 4 de Setembro, dia em que Manuela Moura Guedes ameaça voltar com o Jornal Nacional de Sexta. Hoje foi o último. Ao princípio mais macio mas com um final já a grande velocidade. Algumas peças requentadas e noticias que já estavam dadas há meses. Caso das ambulâncias e da frequência da ponte sobre a Lezíria e algumas auto-estradas.

O Olhar indiscreto de Obama no G8

quinta-feira, julho 09, 2009

Sócrates arregaça as mangas

Sócrates está preocupado, nervoso e faz questão em espalhar simpatia entre os deputados no jantar de hoje no final da legislatura. Quando chega a vez de falar, entusiasma-se, ganha fôlego, recupera ânimo e fala ao coração dos socialistas. Traça a linha que separa o PS do PSD: um é social, o outro esconde privatizações para tudo, incluindo as politicas sociais.

Alegre fica ao lado de Sócrates (o que irrita muita gente!) e ali está como uma figura de referência a parecer avalizar o que é dito, embora por vezes torça o nariz, não aplauda e só se entusiasma quando Sócrates promete não se esquecer da vertente social do PS ou quando fala abertamente contra o PSD.

Os candidatos que jogavam em dois carrinhos estão em polvorosa, lá no Porto a coisa está complicada, e Sócrates chega a justificar a um candidato de Leiria que nada pode fazer.
Um jantar de despedida definitiva para alguns, um limpar de armas para muitos.

Sócrates e o PS à procura de si próprios e até talvez Alegre ainda venha a dar uma grande ajuda...

quarta-feira, julho 08, 2009

TGV JÁ !..

Gostava de saber se a decisão de fazer TGV em Espanha provocou uma histeria colectiva entre economistas, sábios, sabões, esquerdalhos e liberalóides. Ou se a construção da rede invejável de estradas em Espanha foi um longo debate nacional sobre a necessidade de haver caminhos decentes para um país poder comunicar e progredir. É que a Espanha também tem dívida externa (quem a não tem?) só que soube investir na modernização, sem fazer disso uma paranóia nacional.

Aquele argumento de que o TGV não é rentável, e que o melhor era dar esse dinheiro aos pobres, às pequenas e médias empresas, aos funcionários públicos ou aos habituais pedintes à mesa do orçamento, não me parece que possa ter algum sucesso.

Se eu em minha casa não trocar de carro porque a torneira pinga, a camisa que comprei há 5 anos na China está a ficar rota, o meu filho mais novo não tem a enésima Playstation, a minha conta PPR não existe, a gata já devia ter sido esterilizada, e por aí fora...eu nunca faria nenhum daqueles "investimentos" que me dão prazer e qualidade de vida e que deixam uma clique de invejosos, com quem me tenho de cruzar no dia-a-dia, ainda mais roídos.

Ninguém precisa de TGV em nenhum lado do Mundo. Ninguém precisa de um Porsche na vida. Mas que a vida não é a mesma com eles, que ninguém duvide.

Nem todas as opções na vida podem ser feitas à luz do deve e haver. Esse tipo de tabuada é boa para a nossa contabilista-adjunta do professor de economia Cavaco Silva, a dona Ferreira Leite. Há muitas opções na vida que, tendo custos, não são por si resolvidas só à pala das contas de somar e sumir. São opções políticas, opções de vida, no limite são opções ideológicas.

Os portugueses são um povo sem ambição, com medo e com o gosto pelo miserabilismo. A opinião pública esteve contra a construção do CCB, da Ponte Vasco da Gama, da auto-estrada para o Algarve. Houve quem estivesse contra a televisão a cores em Portugal e isso ia custando votos ao governo socialista de então.

Os portugueses estão contra quem tem sucesso, contra a modernidade, embora depois sejam dos maiores consumidores de telemóveis e peregrinos de centros comerciais.

Quando tocam os sinos da piroseira a malta toca a reunir nas grandes superfícies. Quando está em causa uma aposta, o risco, preferem um subsidio.

Nunca se chegará a um consenso sobre o TGV. Este governo perdeu já demasiado tempo, encheu-se de miaúfa, está a adiar o que já devia estar a andar.

A grande vigarice de Ferreira Leite e dos seus putativos ministros será esta: negarem agora o investimento nas grandes obras, ganharem as eleições com essa tramóia, e se forem poder (te arrenego!!) a primeira medida que vão tomar é por essas obras a andar. Só que não será pelo lado visionário, será pela pressão das clientelas que apoiam este PSD dos interesses.

Não fazer TGV é ficar de fora da rede europeia e é cortar ainda mais com a ligação a Espanha.

É olhar o passado pelo retrovisor com nevoeiro sebastianista pela frente.

segunda-feira, julho 06, 2009

Ronaldo em Madrid a falar espanhol

Sou um amador de futebol "soft". Não por preconceito, mas por falta de oportunidade para me dedicar mais ao interesse do jogo. E confesso que me irrita demasiado o absurdo mundo do futebol com aquelas criaturas de perfil mafioso e de uma boçalidade sem limites.

Percebo pouco da bola, mas quando vi o Ronaldo jogar pela primeira vez, na televisão, fiquei fascinado com o miúdo. Era um jogador a ter um gozo infinito em campo, expressivo, rápido, ágil, surpreendente, engenhoso, inteligente, e com uma alegria estampada no rosto, naqueles braços que pareciam abraçar o mundo depois de um golo.

Um jogador deve ter gozo no campo, como um músico em palco, como um fotógrafo envolvido numa acção no terreno da reportagem. Gosto de gente assim: que sofre e tem prazer no trabalho, que se dedica de alma e coração ao que faz.

Deus protegeu Ronaldo e ele hoje teve uma apoteótica recepção em Madrid, com o estádio do Real Madrid a transbordar com os 85 mil espectadores que só lá foram para darem as boas vindas ao jogador.

Ronaldo esqueceu o português e falou num portunhol estudado. Acho que os loucos madrilenos que ali estavam, ficariam marados se o portuga ousasse falar português. Portanto, quem paga é quem manda e aqueles pagam demasiado bem para serem contrariados.

Não saberemos se Ronaldo se irá juntar aos portugueses famosos que agora querem trocar a nacionalidade portuguesa pela brasileira ou pela espanhola.

Hoje, o amargo José Saramago disse aos jornais que se estava a marimbar, se o Miguel Sousa Tavares quer ir viver para o Brasil. Mas já não diria o mesmo pelo facto de Maria João Pires querer ser brasileira. Afinal, a pianista quer nacionalidade nos dois carrinhos (um pouco como Saramago) e Miguel Sousa Tavares fará o que o coração lhe ditar, sabendo nós que o conhecemos que o fará sempre como opção pessoal, sentido da liberdade e não por uma birra de intelectual subsidio-dependente que quer sempre fazer chantagem com o lobbie intelectual para sacar mais uns tostões.

Ronaldo fez hoje muito por Portugal. Embora o Presidente Cavaco (esse professor de economia que tanto acreditava nas virtudes do mercado!) tenha feito aquele lamentável comentário ao saber do valor que o Real Madrid decidira dar pelo português.

Tinha hoje ficado bem ao Presidente emendar a mão e ter desejado a Ronaldo um grande tempo em Espanha, com sucesso e sorte. O que for para ele será também para o país. Ele, ao menos, triunfa sem pedir subsídios, sem chorar que o Estado português não o ajuda. Pelo contrário: o seu Presidente ficou apenas surpreendido pelo seu valor. Fantástico!!!

Assim Maria João Pires usasse só e apenas os seus talentosos dedos para tocar, e Saramago usasse os seus dedos apenas e só para escrever os seus livros para quem gosta e tem pachorra para os ler.Façam como o Ronaldo: trabalhem mais e chorem menos. Boa sorte Ronaldo.

sábado, julho 04, 2009

A patética noite do vitorioso Vieira e acólitos

O espectáculo indigente, dado ontem durante grande parte da noite pelas televisões de notícias, foi bom para recordar como um exemplo de mau jornalismo, condicionado pelas audiências.

Percebo que uma perda de audiência brutal seja muito penalizadora, mas que diabo não podemos por tudo à frente em nome dos caprichos do povinho. E canais como a RTPn (a que melhor fez o directo do ponto de vista técnico) quer a SIC n, não precisam de cair naquele tipo de cedências. Deixem isso para a TVIn com os seus pirosos separadores. Deviam reportar mas não assim.

O senhor Luis Filipe Vieira não é o chefe da Pátria e o doutor Manuel Vilavinho não é o Dalai Lama. Portanto: por em directo durante longos e penosos minutos uma câmera a abanar aos solavancos, com um pivot sem saber o que dizer nem o que fazer (não lhe invejo a situação!), fazendo lembrar aqueles directos lamentáveis do tempo da RTP antes das privadas, dar directos destes... era melhor estar quieto.

As eleições para o Benfica são a versão B do que é a política portuguesa. Manobras,
chicos- espertos, uma justiça sem poder e contraditaria, um povinho manobrável e que legitima com 80 por cento de abstenção uns ditadorzecos de pacotilha.

Foi revelador, ver ao lado do vencedor já algumas figuras da política e que se mexem sempre como sombras por detrás do Poder. Lá estava Luis Nazaré, um socialista de peso, ex-presidente dos CTT, o mesmo que desancou a DECO quando esta revelou que os CTT prestavam um serviço medíocre aos utentes, lá estava um tipo que foi deputado do PSD e que um dia teve o descaramento de insultar o então Presidente Mário Soares em plena AR., muitos se colocavam já no tabuleiro do xadrez.

Ali estava a total promiscuidade entre futebol e política ( Bagão Félix apressou-se a reconhecer que a vitória de Vieira era legítima) e as televisões a darem àquele circo tanta importância como a uma noite de eleições nacionais.

Isto é: o povinho acaba por assimilar que votar no Vieira dos pneus é igual a votar na dona Leite ou no engenheiro Sócrates.

Talvez seja verdade: trata-se em ambos os lados de encher chouriços.

A SOLIDÃO DE MANUEL PINHO

Fotografia de Luiz Carvalho/ Expresso

Manuel Pinho minutos depois de ter acabado a sua entrevista em directo na SIC, poucas horas depois de ter apresentado a demissão a José Sócrates. A solidão de um ex-ministro recebendo telefonemas de amigos.


A foto fez a primeira do Expresso de hoje.

sexta-feira, julho 03, 2009