segunda-feira, março 31, 2008
Júri do Prémio Visão já mexe em Lisboa
Lei AQUI notícia do Público
( continua mais tarde)
domingo, março 30, 2008
Jaime Gama elogia Alberto João Bokassa
A verdade é que os patriarcas da Nação como Jardim e Pinto da Costa - não fossem eles isso mesmo- acabam por levar a comer à mão muitos dos detractores efusivos.
Esta cambalhota de Gama eu não estava à espera, só de outras. Ainda vamos ver Sócrates a dançar em breve o bailinho da Madeira ( aqueles votos dão cá um jeitão!) e Jardim a gozar que nem um perdido com estes bimbos do Contenente.
SOCIALISTAS EM POLVOROSA COM GAMA. Divirta-se aqui.
António Borges espreita entre o nevoeiro
Já depois deste post escrito de madrugada, leio de manhã no Público que Manuel Pinho chamou Borges a seguir ao Congresso do PSD para lhe comunicar que a Golden Sachs, onde era Vice, veria os seus contratos com o Estado português a zero. Chama-se a isto democracia e sobretudo honestidade.
Costa agora vai mudar os radares ! Só visto !
E essa comissão não percebeu que são precisos também na descida da Avenida da Liberdade, onde há carros a descerem aquilo a mais de cem, num local cheio de peões ? Bom, isto é mais uma daquelas medidas de jerico, caras e que só servem para chatear os cidadãos.
António Costa é uma desgraça como Presidente da Câmara ( que fez ele até agora ?) e o seu apoio ao empata Sá Fernandes é vergonhosa, ele que quer pôr moinhos de vento na cidade para produzir electricidade....só com um pano encharcado num tipo que já custou milhões aos contribuintes, desde que empatou o Túnel Santana e que agora na sua vertente institucional vem com ideias de idiota total.
É impressionante o que esta gente complica e leva caro para gerir uma cidade que só precisava de bom senso e sentido prático. Mas isso não se vê. O que se vê são medidas avulsas, tipo trânsito cortado no Terreiro do Paço, medidas politicamente correctas e as ruas esburacadas, decadentes como se fosse uma cidade abandonada. Como se fosse ? É mesmo.
Auto-estrada é fixe, IP3 que se lixe !
Fazer uma auto-estrada ao lado da IP3 que andou quase vinte anos a ser construída, agora que bastavam umas pequenas alterações para ser uma via rápida que servisse as várias localidades limítrofes de uma forma segura e ágil, é um disparate total. Sócrates andou hoje na Beira- Alta, no cavaquistão a mostrar projectos e a sorrir para os telemóveis.
Insistir que o país só tem que ter auto-estradas, pagas pelos contribuintes à boca das portagens e não uma rede capaz de boas estradas nacionais- vejam Espanha, vejam!- é insistir em erros que se vão pagar muito caros. Sócrates acha que Portugal será da linha da frente com aeroportos, auto-estradas e pontes, esquecendo o essencial no desenvolvimento de um país: a educação, a educação, a educação.
Claro que não sou contra as infra-estruturas, mas elas têm de ser um meio para ajudar a economia e não serem elas por si a economia do país.
Vamos ser uma terra de analfabetos, mal formados, cercados de estradas pagas a ouro por todos os lados. É uma opção.
sexta-feira, março 28, 2008
O comportamento de uma ministra da educação
quinta-feira, março 27, 2008
Zero em comportamento nas escolas de 1933
A morte de um fotógrafo que odiava guerra
Há fotógrafos de guerra que se notabilizaram pelo trabalho debaixo de fogo. Mas os que acabaram por dar a imagem mais brutal dos horrores da guerra acabaram por ser os que optaram por mostrar os efeitos desse lado cruel da humanidade, em vez de exibirem o lado espectacular do drama.
Nachtwey está nessa curta de lista de testemunhas acusadoras da guerra e Philip Jones Griffiths, que morreu a semana passada aos 72 anos, já o tinha feito nos anos 70.
Se Robert Capa nos tinha surpreendido pela coragem física e pela empatia que pusera com os protagonistas das várias guerras por onde passou, Griffiths terá sido, juntamente com Don McCullin, Larry Burrows, Eddie Adams, dos fotojornalistas que mais contribui para a denúncia dos efeitos da guerra, nomeadamente a do Vietnam onde o fotógrafo da Magnum, antes foi do Observer, esteve mais de 3 anos para produzir um dos livro mais emblemáticos do jornalismo,“Vietnam Inc.”. Livro que depois de publicado levou à proibição de Griffiths voltar a entrar no Vietnam alertando de forma decisiva a opinião pública americana para a crueldade do conflito.
As fotografias de Griffiths dão um retrato social e humano da guerra. Demonstram mais que mostram.
Os soldados americanos que folheiam catálogos de carros de luxo num intervalo das batalhas, as prostitutas de Hanói que divertem as tropas cansadas, a impotência dos familiares das vitimas abatidas sem piedade, os feridos em combate que esperam por nada com etiquetas atadas à mão, os prisioneiros presos a cordas e guiados por soldados, são cenas que por si só caracterizaram a fundo o pior da guerra.
Raramente se encontra na obra de um fotojornalista rigor gráfico aliado a técnica ( embora simples e discreta) e a compromisso ético. As fotografias deste sociólogo visual são esse exercício levado ao extremo da perfeição.
Com a morte de Phillpp Jones Griffiths fecha-se mais um ciclo de fotojornalismo de autor, num tempo em que o jornalismo do imediato, do directo, é cada vez mais considerado, urgente e implacável.
Poder parar para pensar, foi o que Griffiths conseguiu, embora em clima de guerra. Enquanto no Vietnam as agências transmitiam as fotos do dia, ele aguardou 3 anos para poder mostrar um verdadeiro ensaio fotográfico da guerra.
O farmaceutico que um dia pegou numa câmara para fazer um faits-divers de bairro acabou numa figura mítica do jornalismo contemporâneo.
Clique aqui para ver portfolio multimédia
Também em Flagrante deleite no Expresso online
Entrevista no You tube a Griffiths
quarta-feira, março 26, 2008
Sócrates faz desconto de 1 por cento a eleitores
Hoje nas Amoreiras ao olhar uns Timberland a piscarem-me o olho fiz as contas e dos 100 euros que estavam marcados ia poder comprá-los, em Junho, por menos 1 euro. Já ganho para o parque ! A qualidade e vida dos portugueses vai melhorar da mesma maneira que os atletas dos ginásios passaram a pagar menos pela estafa.
O imposto sobre os produtos petrolíferos, o IMI, o IA, o IRS, o IRC vão continuar na mesma. E a reforma da segurança social foi tão longe que o Estado está quase com superavit embora os portugueses se esgadanhem por trabalhar ( ou fingir que trabalham !) até à hora da morte. Aqui está uma medida socialmente justa: descer o IVA em 1 ponto. Se eu morar na fronteira, ou tiver negócios por lá, de nada vai evitar eu ir a Espanha comprar com menos 4 pontos de IVA.
Depois de ter feito um desconto a 20 por cento de reformados maiores de 65 anos nas taxas moderadoras, Sócrates dá 1 por cento de desconto nas fraldas, papel higiénico e tudo o que compre. Claro que os comerciantes espertos absorvem o IVA com aumento e o Estado acaba por receber 20 por cento em cima do preço de 21, o que acaba por recuperar os 500 milhões de euros que não são de desprezar. É só fazer as contas !
Com estes 500 milhões o Estado até podia aplicá-los em fins sociais. Mas prefere gastá-los em propaganda. A CAMPANHA ELEITORAL COMEÇOU. Oxalá o tiro de partida não saia pela culatra a Sócrates.
terça-feira, março 25, 2008
O regresso do narcisismo-mirandismo
Porque não dá vontade de ver o telejornal
1- Afinal o petróleo está em alta, todos sabemos, mas Portugal é o país dos 25 que está em 4º lugar no preço do gasóleo e quinto da gasolina. Mas na verdade os produtos petrolíferos antes dos impostos já custam mais 20 por cento em Portugal. Aqui está um efeito directo da medida liberalizador do preço dos combustíveis ditada por Barroso. Para um país que precisa de crescer e de aliviar custos estes dados são aterradores.
2- O que era uma boa ideia do governo: pôr a pagar impostos quem não paga e apanhar as mafias que fazem crime organizado no IVA nomeadamente, transformou-se numa cruzada ridícula que só descredibiliza quem a aplica. Assim não. Andar a perguntar às noivas quem deu o cinto de ligas, quanto custou o bolo e se o fotógrafo passou recibo é patético. Estas medidas tomam-se a montante e não a jusante. Um destes dias vão perguntar se alguém foi às meninas e saber se estas passaram recibo ! Riem-se ? já estivemos mais longe...
3- O inefável Cravinho que está num paraíso que é o Banco Mundial, de vez em quando telefona à SIC e tem direito a alguns minutos de bojardas a propósito de nada. Ou antes: a propósito dele. O tipo que inventou o túnel da Praça do Comércio, que nunca mais acabava a auto-estrada para o Algarve, que dizia não haver necessidade de telefones de SOS nas auto-estradas porque toda a gente tem telemóvel, que queria o aeroporto na Ota, que inventou auto-estradas no deserto ( as que estão a ser inauguradas ainda são da cabeça dele), ele que transformou uma via rápida numa auto-estrada paga no Oeste, vem agora dizer que as SCUTS deviam ser de borla ( o compromisso foi dele!) e que se é para arranjar dinheiro melhor é taxar os carros à entrada das cidades. Esta ideia está a ser lançada para ver se pega. Como todos se calam vai pegar e nós pagar. Mais uma vergonha.
4- Pinto da Costa sempre vai a tribunal. Num processo que estava já encerrado e que a ex-amante Carolina Salgado reabriu com a iniciativa de Maria José Morgado. O processo já dura há três anos e só agora arrancou. Numa das sessões anteriores choveu no tribunal, puseram-se baldes de plástico na sala de audiências e a sessão teve de ser adiada. Belo país !!!
5- O dirigente do sindicato dos professores veio dizer que a indisciplina não é matéria prioritária. Magnifico Reitor !!!
6- Pinto Monteiro retoma a urgência de controlar a violência nas escolas. Muito acertado.
7- Cavaco Silva em Moçambique fazendo lembras as viagens do Soares. Até levou com ele a Pantera Negra ! Mas os tempos das viagens de Soares já lá vão e não são se repetem. Não é verdade que esta seja a viagem de regresso de Cavaco a Moçambique. Já lá tinha estado entre ter sido PM e agora, em visita particular que o Expresso acompanhou. Há até a história de uma avestruz que se atravessou numa estrada na mata onde Cavaco viajava em jeep aberto. A avestruz aproximou-se de Cavaco e este manteve uma calma extraordinária. O mesmo não se poderá dizer de outros membros da comitiva que ficaram aterrados. Paralisados mesmo!
segunda-feira, março 24, 2008
Um retrato desfocado de Robert Capa
Em Espanha Gerda não largou o namorado mas a dada altura decidiu emancipar-se e as suas reportagens que vinham sempre assinadas a dois passaram a ser assinadas em caixas altas como de Gerda Taro. O filme vai mostrando tudo isto, embora logo ao princípio haja uma explicação do realizador que Cornell Capa, irmão e herdeiro de Robert ( Bob) também fotógrafo, não autorizou a divulgação de nenhuma das fotos de Bob, mesmo as já vistas.
O realizador foi buscar filmes da época, de qualidade inacreditável, e conseguiu encontrar imagens de documentários que têm as mesmas cenas de algumas fotos de Capa. Mais: alguns desses fotogramas sobrepostos às fotos confundem-se completamente.
A sequência mais dolorosa acontece quando vemos a célebre foto do soldado republicano a cair e outra foto feita no mesmo local, fundo igual, tudo igual, de outro soldado também a cair. O que leva a desconfiar que houve encenações. Aliás era muito frequente na época fazerem-se cenas para as câmaras. As imagens que se vêem da resistência republicana são quase sempre limpas, bem enquadradas, boa luz e sente-se muita encenação nos actores reais. Portanto: não são só as televisões de hoje que mentem !
A morte de Gerda provocou em Capa uma grande depressão que o levou ao álcool e ao jogo e só a reportagem sobre o nascimento de Israel o terá tirado da crise. Ele era judeu convicto e praticante. Para sobreviver Capa fez um pouco de tudo em fotografia. Desde fotografia de moda a cores, em 6x6, em Paris, a reportagens com figuras famosas como Hemingway de quem ficou amigo ou com Ingrid Bergman de quem ficou amante.
Demorou oitenta minutos para fazer História com as fotografias do desembarque na Normandia, usou 4 filmes dos quais sobreviverem 12 fotos depois de terem sido esturricadas no secador da delegação da LIFE em Londres.
A sua morte trágica foi de uma ironia terrível. Aconteceu quando ele já se tinha retirado da fotografia de guerra e estando perto da Indochina, a inaugurar uma exposição no Japão, o editor de LIFE telefonou-lhe ( 1954) desafiando-o para substituir um fotógrafo que já estava farto de Indochina e de guerra.
Robert Capa aceitou voltar ao lugar onde tinha sido feliz. Um erro que nem um herói deve cometer. LC
Don McCullin, a história de um fotógrafo de guerra
O livro é um testemunho vibrante de vida. Difícil de descrever, mesmo de abreviar num texto, muito menos num post de blogue.
Um leitor desafiou-me a ler o livro e afinal eu estava com ele aqui no Alentejo, o único sítio onde ainda consigo ler apesar de muitas vezes adormecer: o calor da lareira supera o calor da cultura.
Este livro de Don é de um realismo terrível. Com ele viajamos pelas guerras do Vietname, do Biafra, do Médio Oriente. Percebemos como um fotógrafo de guerra à moda antiga tinha de ter uma sorte do caraças, uma saúde de ferro, uma postura militar e uma sensibilidade de artista. Com nervos de ferro e rapidez de disparo, fotográfico claro.
Don sobreviveu imensas vezes à morte mas não sobreviveu a Robert Murdock quando este comprou o Sunday Times e transformou um jornal de referência num magazine light e de futilidades.
Foi há mais de vinte anos. Nós por cá podemos dizer que este mal-de- vivre ainda não afectou a nossa imprensa séria. Claro que tudo mudou e o público que compra hoje jornais, mesmo sendo o mesmo de há vinte anos, que não é, também mudou. Isso nada tem a ver com cedências à qualidade.
Estou a gostar muito do livro. Uma ideia central fica para já: o exercício da profissão de jornalista é uma entrega total. Não se tem uma obra como a de McCullin com truques fáceis ou preguiças doentias. Faz-se com trabalho. e só este engrandece, já lá dizia o "outro".
Voltarei ao tema numa abordagem mais detalhada. O post acabou por fugir para Murdockísses mas a esta hora vai mesmo assim. LC
sábado, março 22, 2008
Sábados em Estremoz
Hoje lá voltei. A feira estava animada. Avistei o Manuel Serra, o histórico líder rebelde do PS. Em vésperas de Páscoa havia mais feirantes. Estranhei ver demasiadas esculturas barrocas de igrejas à venda, muito suspeito. Os enchidos e os queijos provocavam, embora ( atenção à desilusão) no Pingo Doce local sejam muito mais baratos e de qualidade nada inferior.
As cidades vivem destes eventos e destas tradições. Era bom que os autarcas e outros decisores entendessem que só a vida espontânea pode permitir a sobrevivência das cidades. Foi o que os autarcas de Lisboa nunca entenderam. E nem querem entender. Ainda ontem lá veio o arquitecto Manuel Salgado ameaçar taxar a entrada de carros em Lisboa. Quer dizer: o tipo projectou um hotel horrendo em cima do Tejo. Ninguém o criticou porque é um génio de esquerda. Mas os carros não podem entrar sem serem taxados ( já são nos parques, na EMEL).
Em Estremoz ainda se pode andar à vontade, embora a Câmara comunista não tenha acarinhado com qualidade a cidade. Mas quanto menos mexem, por vezes melhor.
Manuel Serra, o revolucionário esquecido do PS hoje em Estremoz. Foto: Luiz Carvalho
Directora da DREN vai ser agora também implacável ?
O jornalismo deixou de poder ignorar este fenómeno e era bom que se entendesse que este facto novo não é contornável pondo os leitores a substituírem os jornalistas quando estão em campo lado a lado. O jornalismo do cidadão é necessário onde não há jornalistas e abre o apetite, desbrava caminho, para de seguida virem os jornalistas e seguirem com regras jornalísticas os factos apanhados. O cidadão faz breaking news, os jornalistas servem para contar e analisar. Pelo facto de haver um cidadão que preste um primeiro socorro a um acidentado isso não impede que o cirurgião não intervenha a seguir.
Há quem não entenda esta "nuance" e ponha tudo no mesmo saco.
José Vitor Malheiros hoje no Público mostrava-se chocado com o pequeno vídeo e criticava o facto de ter sido feito e de ter sido exibido. Discordo. O puto que gravava era mais um energúmeno na linguagem que usava - no fundo também ele estava a usar um telemóvel- mas o resultado foi edificante: pudemos ver como os sucessivos governos ao longo de mais de 30 anos têm vindo a abandalhar o ensino oficial. Primeiro começaram por o desprestigiar abrindo portas ao nascimento de um ensino particular medíocre, mercantil, de consumo para uma classe média emergente de tiques de novo-riquismo.
O Estado deixou o ensino público para os mais pobres e deixou a classe média sem saída. Se queria filhos no oficial teria de partilhar problemas graves de segurança, educação e sem poder pedir responsabilidades a quem quer que fosse, em caso de problemas graves.
Os professores que eram uma classe medíocre há muito tempo ( tive no meu tempo professores que eram uma lástima), um grupo de funcionários públicos frustrados que ganhava mal, mas que se contentava com férias sem fim, aulas sem serem preparadas, e umas explicações por fora muitas vezes aos próprios alunos ( o estilo dos médicos que mandavam os doentes do público ao seu consultório privado), esses professores acabaram por ser completamente desprestigiados, largados às feras, às bestas, de uns alunos mal educados em casa.
As sementes da violência escolar foram lançadas por tipos como Veiga Simão, Roberto Carneiro ou Ferreira Leite - e há muitos mais- que em nome de uma democracia irresponsável instalaram o laxismo, a indisciplina. Os alunos passaram a estar em autogestão, as escolas viram-se sem a figura tutelar do Reitor ou do Director, ficou entregue a conselhos escolares dirigidos por professores empertigados, burocratas, carreiristas e que muitos deles odiavam alunos. Ao mesmo tempo não tinham poder para suspender um aluno, expulsá-lo ou apenas castigá-lo.
Como ninguém chumba, como nenhum menino pode ser castigado, a impunidade prevaleceu. Aí está o resultado. E ainda a balbúrdia vai no átrio !
No meio deste pântano há professores sérios, idóneos e trabalhadores e que adoram os alunos. Conheço muitos. Uns são meuis familiares, outros amigos. E são mesmo bons.
O meu filho mais velho andou sempre na escola pública e não foi por isso que hoje não é uma pessoa culta, educada e bom profissional. O meu filho mais novo de 6 anos anda numa escola pública onde os professores são dedicados e não o tratam com menos atenção do que na outra escola privada onde andou 3 anos atrás. O problema é que os meios na pública são menores começando naquele calendário escolar que nenhum ministro explica: como podem os pais que trabalham conciliar as férias desajustadas com o dia a dia ? Parece que as escolas públicas são feitas para quem não trabalha e vive do rendimento mínimo. E parece que é verdade. Infelizmente.
A indisciplina nas escolas está a corromper a sociedade civil. Não sei como podemos construir um país desenvolvido com uma escola destas.
Se o castigo não for exemplar para esta aluna e para os seus cúmplices então não sei mesmo o que vai ser o futuro. Espero que aqui a directora da DREN que expulsou o professor Charrua
( que por ironia está nesta escola!) tenha agora uma atitude igualmente firme para esta miúda malcriada que já devia ter levado uma boa carga de porrada em casa dada pelos papás.
Para grandes males, grandes remédios; a pedagogia que se lixe !
Frio e luz quente no Alentejo
A brisa traz um frio que corta. O Sol da Primavera não dá para aquecer o corpo neste dia santo. As sombras ainda estão baixas e não parece que vá haver conforto tão cedo. O Alentejo fica ainda mais branco, só contrariado pela luz dourada que o fim de tarde retribui, tornando as fotografias mais quentes. Só na côr. O melhor é voltar para a lareira e aquecer, Há muita coisa para ler e ver. O Cristo acabará por ressuscitar. LC
sexta-feira, março 21, 2008
Sócrates pisca-pisca e ressuscita
O facto de dois vices de Meneses terem sido flashados a cento e setenta e tal na A1 não contribui nada para a conjuntura política. É daquelas coisas que são ilegais mas não são imorais. É uma velocidade normal se as condições do piso forem boas e se o trânsito não estiver encalacrado. Ainda anteontem fiz a A1 num Mégane ( alugado) e é difícil manter aquilo nos 120, ainda por cima provoca sono, diminui os reflexos e pode aí sim provocar acidente ( aqui entra já em acção JS!).
A manha de Sócrates fazer um desconto de 50 por cento aos reformados com mais de 65, sendo que só beneficia 20 por cento é que é bestial. O Santana esteve bem na denúncia logo ali na AR. Mas o pobre líder da bancada laranja azulada pode dizer as maiores verdades, ter a máxima razão, que ninguém lhe liga. Caiu em desgraça e isso é mortal. Como não quis fazer a travessia do deserto vai amargar. Em Portugal os falhanços só se recuperam fazendo de morto, ou morrendo mesmo a sério.
Sá Carneiro teria ficado com a áurea que guarda eternamente se não tivesse caído em Camarate ?
Cavaco teria ido a PR se não tivesse feito 10 anos de jejum. Todos esqueceram arrogâncias, buzinões, política sem visão de futuro, etc, etc. Santana calado e quieto teria criado o mito do incompreendido, da vitima das fragilidades de Sampaio. A malta acabaria por ver nele o Sócrates que o José não é, o arquitecto porreiro que o Pá nunca foi.
O que Sócrates está a fazer na época pascal é isso: morrer para ressuscitar ao terceiro dia como um Primeiro novo. Um dialogante, um político que sabe recuar sem beliscar a traseira, um Zé Trocas que muda afinal de política mas que esta se mantém igual como as suas gravatas: sempre lisa e cinzentona. Ele sabe que o povo lhe irá comer à mão e que ele lhe dará na volta uns descontecos nas taxas moderadoras, no IVA dos ginásios, no papel higiénico preto. Dará pontos a quem puser o vidro no vidrão e a quem jurar tatuar-se com " Sócrates é porreiro, pá!".
A verdade é que depois do buzinão dos professores Sócrates é um homem novo. Acabou a crispação. Já há dezenas de escolas a dizerem que não avaliam, os hospitais passam de novo para a gestão pública ( andámos a gastar dinheiro e a discutir princípios políticos para voltarmos para 10 anos atrás!!) e os comunas rejubilam.
Sócrates vira para a esquerda e pisca-pisca, Sócrates recua para trás e pisca-pisca, Sócrates não anda para a frente e pisca.pisca.... já temos hino para a campanha xuxialista.
Vergastado pela oposição, cuspido pelo país, levou a cruz ao Calvário. Nem a Câncio lhe limpou o sangue do sofrimento. Um homem só com a sua teimosia, cercado pela conjuntura. Ressuscitou, está vivo e já mexe! Oh homem da música do PS mete o Vangelis a coisa está a ficar ao rublo!
quinta-feira, março 20, 2008
Video do You tube retirado onde havia violência escolar
segunda-feira, março 17, 2008
Pôr a Escrita em Noite
Não é por ter sido meu aluno mas o Davi Reis merece toda a atenção. É jovem ( já foi mais na verdade, os trintas já se avistam, eheheh!!) de talento vigoroso, inquieto. Tem um blogue formidável Caderno de Corda. Sábado, 29 de Março, na Fábrica de Braço de Prata, vai lançar o seu novo livro de poemas. Lá estaremos.
domingo, março 16, 2008
Ashley, a amante famosa do governador
«Kristen», de seu nome verdadeiro Ashley Alexandra Dupré, alcançou a fama que procurava há dois anos. A call girl foi para Nova Iorque para tentar singrar como cantora e parece finalmente ter conseguido abrir a porta do sucesso. As músicas da mulher que arruinou o governador de Nova Iorque já foram ouvidas mais de 300 mil vezes na internet, só nos últimos três dias, segundo noticia o site G1.
Depois do escândalo, Ashley Alexandra Dupré foi capa do jornal «New York Post» de sexta-feira, numa imagem em que aparece semi-nua com as mãos nos seios. Ashley está também a ser disputada por duas revistas masculinas que querem fotografá-la nua. Outra publicação pede 37 mil euros apenas por uma entrevista.
A música da prostituta também tem recebido a atenção do público. As duas canções que estão disponíveis no MySpace de Kristen estão a ser vendidas e existe um vídeo da cantora no YouTube.
sábado, março 15, 2008
Sócrates levanta-se e ri !
O Homem é o Homem e as suas circunstâncias. Sócrates tem tido a sorte de estar no sítio certo na hora certa. É que o seu povo chama " ter nascido com o cu virado para a Lua".
Confesso que depois ter conhecido a família de Meneses, de ter seguido durante a semana as tropelias do líder do PSD, até melhorou a minha opinião de Sócrates. Ele recuou bem, muito bem, no meio da trapalhada criada pela ineficácia política da ministra. Explicou que avaliações sim ( todos concordamos) mas que pode alterar os critérios. Fez-se de sonso e pós uma carinha de menino envergonhado quando lamentou ter aumentado impostos, veio para o meio da rua no Porto enfrentando o povo e as câmaras da TV. Voltou o Sócrates da campanha eleitoral de há 3 anos. Agora que já nos lixou as reformas, aumentou o desemprego, piorou ainda mais a justiça, tornou a saúde mais cara e burocrática e menos eficaz, agora que nos taxou por todo o lado e fez do Estado um monstro que atropela direitos dos cidadãos e ainda é menos pessoa de bem, depois de tudo isto e muito mais, começou a época doce, tolerante, democrática.
Abriu a caça ao papalvo, ao voto.
PS: A crónica de hoje no Público de Vasco Pulido Valente coincide muito com o que escrevi em cima. Nós os pessimistas compulsivos (!) somos assim.
sexta-feira, março 14, 2008
Meneses na SIC parecia o anúncio do Media Market
Filmada naquele estilo de reportagem, mas que afinal foi tudo encenado ou combinado, embora as duas câmaras tenham cambaleado bastante e os planos se tenham cruzado demasiadas vezes, esta reportagem mais parecia o filme de promoção do Media Market. "Saloio sou eu!" - O guião era mau, a realização pífia, o actor um canastrão. Os diálogos mais primários do que os das novelas venezuelanos.
" Ele é meiguinho e muito humano!"- diz a namorada. " É vaidoso mas não é orgulhoso!- diz a mãe, e acrescenta: " só a paciência que ele tem para aturar este tipo de gente!". O pai gaba-lhe o estilo e Meneses aproveita para fazer queixinhas do pai em directo:" ele bateu-me uma vez depois de uma operação ao apêndice e nem se ralou que eu tinha pontos !". Genial! De seguida, numa tirada à La Santana ( começa a ter tiques e trejeitos dele) faz de pobre e queixa-se da ingratidão de comentadores, jornalistas, críticos. Fica triste, é o novo coitadinho.
Depois foi à barbearia. E numa cena digna de Sinhôzinho Malta, enquanto o engraxador lhe dava lustro aos sapatos, outro cortava-lhe o cabelo e o líder debitava teoria política com o Record nos joelhos.
Depois deste espectáculo que pensar de Sócrates ? Ao menos tem mais bom gosto e bom senso. E sabe de propaganda como este escuteiro de Gaia jamais saberá.
Para terminar com a cereja em cima do bolo, na peça seguinte da SIC, vem Miguel Veiga dizer que o novo símbolo do PSD parece de uma gasolineira. E é. Não têm um líder a gasóleo ? Então atestem.
BESphoto, um cocktail giríssimo. Tá a ver rica?
Gostei do ambiente. Conheci o fotógrafo Jorge Guerra, um decano da fotografia portuguesa, muito discreto, mas que teve uma vida plena de fotografia no Canadá, avistei o José Rodrigues e ainda falei um pouco com o Daniel Blaufuks.
Os canapés iam passando e estavam óptimos. As bebidas bem servidas. Bebi um gin tónico para o caminho e diverti-me a fazer umas fotografias do acontecimento.
Já para o fim chamou-me a atenção para uns painéis de vários metros, coloridos, forrados a vidro, ou acrílico.Um era um céu azul, outro água do Mar parada, outro não me lembro. Outros painéis eram uns carros que podiam fazer parte de um catálogo, só que havia sempre uma versão em que um dos carros era cortado ao meio no photoshop, numa das operações mais banais de fazer. Outro fotografou candeeiros redondos de jardim para fazerem de luas, outro fotografou umas texturas que pareciam merda. lindo! Foi então que me lembrei que estava ali para ver fotografias, mas que não as tinha encontrado.
Na verdade a fotografia não interessa nada para o caso e se interessasse eu ficava com aquela que é simplesmente um céu azul. Ficava bem naquele muro do meu jardim no Alentejo. Evitava gastar dinheiro em tinta e poupava trabalho à Dona Aurora. Muito melhor a pintar rodapés de azul do que aqueles pândegos a fotografar. A Dona Aurora tem um problema: não vive em Lisboa e não se dá nos círculos da inteligentzia.
quarta-feira, março 12, 2008
Paulo Henriques fotografou Fernanda Tadeu
Esta foto é uma das mais fotojornalísticas do ano porque testemunha, é única e cria opinião. Um scoop. Uma oportunidade única para um fotógrafo se destacar. Foi pena não ter sido mais bem divulgada.
Trolha na Laranjolândia
Capucho e Rio tratados abaixo de cão. Ribau usa frase de Salazar, aquela com que o ditador despedia ministros. Ganda Nóia !!!!
António Capucho ameaçou demitir-se depois de o PSD ter aprovado uma alteração ao regulamento interno, que permite o pagamento de quotas em dinheiro.
O autarca de Cascais lançou a ameaça e ouviu da direcção do partido um «agradecimento pelos serviços prestados». Em declarações à SIC Notícias, o antigo líder da bancada parlamentar do PSD considerou a frase «infeliz» e afirmou que o faz recordar uma outra que Salazar usava quando queria dispensar um ministro.
E Mota Amaral pede: " Calma, rapazes!!"
Sócrates mete marcha-atrás, Lurdes trava.
O Ministério da Educação (ME) anunciou hoje estar disponível para adoptar "soluções flexíveis" na aplicação do processo de avaliação de desempenho dos professores e admitiu introduzir "correcções" ao modelo, mas apenas no final do próximo ano lectivo. No entanto, o Executivo nega qualquer possibilidade de suspender o processo.
"Admitimos encontrar soluções flexíveis, de forma a respeitar as diferentes capacidades das escolas na implementação deste modelo, respeitando os interesses dos professores e os objectivos do Ministério da Educação", afirmou o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, em conferência de imprensa, ressalvando que não está em cima da mesa a possibilidade de "suspender" o processo, nem de o aplicar de forma experimental./ Público
terça-feira, março 11, 2008
Ribau malho! A rajada falante
O PSD de Menezes é pior na realidade do que era na nossa imaginação. Tal como o governo do Santana. Ribau de mais para ser verdade. A exibição na SIC N do sectário-geral laranja Ribau Esteves é de chorar a rir. O tipo consegue disparar em todas direcções e atingir tudo e todos. Não é um autarca. Não é um sectário. É uma rajada falante. Quem sai mais chamuscado é o patrão Meneses, mas isso acontece às vezes, vezes de mais, vezes todos os dias. A jogatana política tem nesta direcção do PSD ainda mais sabor, só que o jogo está cada vez mais baixo, trauliteiro, ridículo.
Os menesistas não têm convicção política. Os gaienses não têm uma ideia, mas vivem com a febre do poder. Sonham com estratégias, com manhas. Mas como têm pressa e lhes falta estofo, estampam-se. O Ribau malho é o máximo. Já tínhamos visto muitos atrasados mentais com capachinho laranja, mas nunca como este Ribau....é mau, muito mau, é RIBAU !!!
Laranjinhas: paguem em el contado, hoje há palhaços !!!
Sócrates que vai ter uma manifestação de desagravo, ao estilo brigada do reumático a desagravar Marcelo Caetano, bem pode dormir descansado. Com patetas alegres destes na oposição até eu era presidente do conselho. E agora que já todos sabemos que as classificações dos professores vão ser aplicadas com vaselina ( desculpem a imagem) o país vai ficar uma paz. Podre. RRRRRRR!!!!
A força dos blogues. Costa: a vida Costa!
A blogosfera esteve na primeira linha antes da imprensa escrita e mesmo antes da imprensa online. Tenho muita pena que o autor da fotografia não se tivesse dado a conhecer. Para mim o aspecto mais irritante da blogosfera é o lado anónimo. Por vezes penso mesmo em deixar de escrever na blogosfera por causa desse lado obscuro do anonimato, que descredibiliza o meio. Eu que tenho responsabilidades como jornalista dou o nome e assumo o que escrevo, afirmo e mostro. Acho que o anonimato leva ao culto da cobardia e esse lado da condição humana desgosta-me profundamente.
Voltando à foto da mulher do presidente Costa. O que estava em causa não era ela ser mulher de, mas ser mulher do número dois do PS. O que estava em causa não era o senhor fulano tal ir às putas, o que esteve em causa era o senhor fulano de tal ser governador de Nova York e nessa condição ter tido uma posição de justiceiro contra os pequenos crimes. O que estava em causa não era um engenhocas beirão nos anos oitenta andar a assassinar projectos para amealhar uns cobres para o futuro dos filhos, o que estava em causa é que esse pândego acabou em primeiro-ministro e até criou um programa Pólis para acabar com os patos bravos como ele o tinha sido.
A blogosfera irrita. Hoje o director da Focus num gancho que tem no RCP dizia que a foto da mulher do Costa na primeira do DN era excessiva. Era ? E que na blogosfera...enfim, está bem. Até parece que a Focus é um exemplo de rigor jornalístico e que se tivesse a foto à mão não a publicava. Ai não que não publicava !
segunda-feira, março 10, 2008
Mulher de Costa na manif. dos professores
Costa tem tido destes problemas com a família. Já quando o seu governo, onde era o número dois, decidiu liquidar a histórica Caixa dos Jornalistas ( que tinha superavit) teve de ouvir das boas da sua mãe, a jornalista Maria Antónia Palla, então Presidente da Caixa. Na altura o menino Costa esteve quase a levar um puxão de orelhas e a ir de castigo para o canto do salão.
Agora é a mulher que marchou contra a política obtusa da ministra. É caso para dizer: destes socialistas nem a mãezinha, nem a família, gostam deles.
domingo, março 09, 2008
Os dias de Cavaco por Luis Filipe Catarino
Parabéns ao Luís e a quem na Presidência tem esta visão moderna, multimédia da comunicação.
sábado, março 08, 2008
Hoje somos todos professores
Augusto SS, um democrata de sarjeta
Augusto Santos Silva passou a barreira do bom senso, o limite para lá do qual se entra no pantanal.
O ministro dos assuntos para lamentar, já chamou de "jornalismo de sarjeta" a jornais, depois arremessou alarvidades contra jornalistas e empresas de comunicação social. Agora ataca os professores passando-lhes um atestado de otários e anti-democratas porque, " não sabem distinguir Salazar de democratas". Senhor Silva: sabem sim: Salazar nunca teve a fragilidade para insultar e desprestigiar as classes profissionais, nomeadamente os professores, e até deu uma Caixa aos jornalistas, enquanto estes "democratas" da estirpe de Augusto SS a tiraram.
sexta-feira, março 07, 2008
Câmara de Lisboa não aceita pagamento de defuntos
quarta-feira, março 05, 2008
Clientes queixam-se da FNAC
As maiores empresas têm por vezes atitudes incompreensíveis para com os clientes. Não estou a pensar naquelas empresas do antigamente, sem regras de conduta, sem códigos de ética. Falo da FNAC, uma empresa que nós intelectuais portugueses ( desculpem lá a pretensão!) nos habituámos a admirar nas idas a Paris e que nos deixou confortáveis quando chegou a Portugal. Pois bem, o serviço de atendimento da FNAC tem vindo a perder qualidade. É verdade que há caixas simpáticas e um tipo de empregados com uma cultura acima da média, mas no melhor pano cai a nódoa.
Há meses tive uma discussão a viva voz numa das lojas FNAC quando um segurança impediu o meu filho de 6 anos de experimentar uma Playstation 3 que estava lá para ser experimentada e que ele já tinha usado noutras vezes. Ao perguntar porque não podia o puto experimentar, e porque punha a FNAC seguranças a dialogar com os clientes, ninguém me respondeu. Mandei chamar o gerente e não estava. Depois de uns berros, apareceu o gerente, as desculpas esfarrapadas " não podia experimentar porque não havia empregado..". Uma cena digna de uma loja de bairro daquelas de patrão antipático.
Foi uma cena que me deixou muito indignado e espantado: como pode uma loja daquelas estar preocupada com a demonstração do que vende, já que é por aí que também se conquistam os clientes.
Hoje outro familiar meu, ao comprar uns bilhetes para um concerto, queriam que ele os assinasse, como se para se comprar bilhetes se tivesse de mostrar o BI ! Na FNAC ninguém lhe explicava porquê, mas diziam-lhe: " tem de assinar!".
As empresas estão a seguir o governo e as instituições oficiais em arrogância. O cliente já é um serventuário de quem vende. Tem de se sujeitar a regras estapafúrdias, a caprichos, a burocracias de tipos varridos da cabeça.
Assinar bilhetes na bilheteira ?
A FNAC é a ASAE parte 2 ?
A cena acabou com uma queixa no livro de reclamações e com os bilhetes a serem comprados sem assinatura nenhuma. Óbvio!.. Mas foram 40 minutos a serrar presunto com uma loja que só tinha de servir com dignidade e eficácia os clientes. Mais nada.
O Público maior
O Público fez hoje 18 anos com uma edição de luxo. Pacheco Pereira foi o director em chefe, ele que tanto critica e afronta jornalistas...tornou-se jornalista por uma noite e gostou.
A edição impressa estava muito bem organizada, o suplemento P2 soberbo. Gostei muito do grafismo, bonito e útil ao leitor, sem se sobrepor ao conteúdo. Gostei imenso do trabalho do Miguel Madeira sobre o que mudou nos últimos 18 anos nas nossas vidas, do airbag ao ipod. O Miguel mostrou, e demonstrou, como se podem fazer excelentes fotografias mesmo quando se trata de fotografar apenas objectos. As fotografias davam uma excelente exposição com aqueles objectos mostrados em grande formato. Era uma grande aposta Miguel. Só faltava que tivessem sido feitas com a nova Ricoh GR ! Aí eu passava-me mesmo ! Gostei mesmo muito do trabalho.
A edição online surpreendeu e o facto de toda a edição ter sido aberta é outra grande iniciativa. Claro que não me compete elogiar a concorrência, mas é verdade que entre o Expresso e o Público sempre houve uma concorrência leal e saudável. O Público não foi um jornal que nasceu contra o Expresso. Era outro projecto, embora tenha sido construído com gente que saiu do Expresso, que criou uma concorrência muito saudável nos primeiros anos. Depois a questão da concorrência quase se dissipou. Se hoje ainda se pode falar de concorrência poderá ser nas edições online, embora seja o Público a liderar as audiências. Foram 18 anos que passaram como um fósforo. O Público deve ser o único jornal no Mundo que em 18 anos nunca deu lucro, só acumulou prejuízo, mas a qualidade num país onde as tiragens são baixas, tem de ser paga por alguém. E o engenheiro Belmiro pode dar-se a este pequeno luxo que para ele é um símbolo de orgulho.
Pena é que em 18 anos não tivesse havido outro projecto jornalístico com esta dimensão e qualidade. Nem sabemos quando voltará, ou se voltará, a haver.
O buzinão de José Sócrates
terça-feira, março 04, 2008
O silêncio dos inocentes de Castelo de Paiva
A reforma dourada de Vasco Franco
Comentário de Pézinhos na Areia
O desabafo da socialista Ana Benavente
Professora universitária, militante do PS, ex-secretária de estado do ensino básico de Guterres
1.
Não sou certamente a única socialista descontente com os tempos que vivemos e com o actual governo. Não pertenço a qualquer estrutura nacional e, na secção em que estou inscrita, não reconheço competência à sua presidência para aí debater, discutir, reflectir, apresentar propostas. Seria um mero ritual.
Em política não há divórcios. Há afastamentos. Não me revejo neste partido calado e reverente que não tem, segundo os jornais, uma única pergunta a fazer ao secretário-geral na última comissão política. Uma parte dos seus actuais dirigentes são tão socialistas como qualquer neoliberal; outra parte outrora ocupada com o debate político e com a acção, ficou esmagada por mais de um milhão de votos nas últimas presidenciais e, sem saber que fazer com tal abundância, continuou na sua individualidade privilegiada. Outra parte, enfim, recebendo mais ou menos migalhas do poder, sente que ganhou uma maioria absoluta e considera, portanto, que só tem que ouvir os cidadãos (perdão, os eleitores ou os consumidores, como queiram) no final do mandato.
Umas raríssimas vozes (raras, mesmo) vão ocasionando críticas ocasionais.
2.
Para resolver o défice das contas públicas teria sido necessário adoptar as políticas económicas e sociais e a atitude governativa fechada e arrogante que temos vivido? Teria sido necessário pôr os professores de joelhos num pelourinho? Impor um estatuto baseado apenas nos últimos sete anos de carreira? Foi o que aconteceu com os "titulares" e "não titulares", uma nova casta que ainda não tinha sido inventada até hoje. E premiar "o melhor" professor ou professora? Não é verdade que "ninguém é professor sozinho" e que são necessárias equipas de docentes coesas e competentes, com metas claras, com estratégias bem definidas para alcançar o sucesso (a saber, a aprendizagem efectiva dos alunos)?
Teria sido necessário aumentar as diferenças entre ricos e pobres? Criar mais desemprego? Enviar a GNR contra grevistas no seu direito constitucional? Penalizar as pequenas reformas com impostos? Criar tanto desacerto na justiça? Confirmar aqueles velhos mitos de que "quem paga é sempre o mais pequeno"? Continuar a ser preciso "apanhar" uma consulta e, não, "marcar" uma consulta? Ouvir o senhor ministro das Finanças (os exemplos são tantos que é difícil escolher um, de um homem reservado, aliás) afirmar que "nós não entramos nesses jogos", sendo os tais "jogos" as negociações salariais e de condições de trabalho entre Governo e sindicatos. Um "jogo"? Pensava eu que era um mecanismo de regulação que fazia parte dos regimes democráticos.
3.
Na sua presidência europeia (são seis meses, não se esqueça), o senhor primeiro-ministro mostra-se eufórico e diz que somos um país feliz. Será? Será que vivemos a Europa como um assunto para especialistas europeus ou como uma questão que nos diz respeito a todos? Que sabemos nós desta presidência? Que se fazem muitas reuniões, conferências e declarações, cujos vagos conteúdos escapam ao comum dos mortais. O que é afinal o Tratado de Lisboa? Como se estrutura o poder na Europa? Quais os centros de decisão? Que novas cidadanias? Porque nos continuamos a afastar dos recém-chegados e dos antigos membros da Europa? Porque ocupamos sempre (nas estatísticas de salários, de poder de compra, na qualidade das prestações dos serviços públicos, no pessimismo quanto ao futuro, etc., etc.) os piores lugares?
Porque temos tantos milhares de portugueses a viver no limiar da pobreza? Que bom seria se o senhor primeiro-ministro pudesse explicar, com palavras simples, a importância do Tratado de Lisboa para o bem-estar individual e colectivo dos cidadãos portugueses, económica, social e civicamente.
4.
Quando os debates da Assembleia da República são traduzidos em termos futebolísticos, fico muito preocupada. A propósito do Orçamento do Estado para 2008, ouviu-se: "Quem ganha? Quem perde? que espectáculo!". "No primeiro debate perdi", dizia o actual líder do grupo parlamentar do PSD "mas no segundo ganhei" (mais ou menos assim). "Devolvam os bilhetes...", acrescentava outro líder, este de esquerda. E o país, onde fica? Que informação asseguram os deputados aos seus eleitores? De todos os partidos, aliás. Obrigada à TV Parlamento; só é pena ser tão maçadora. Órgão cujo presidente é eleito na Assembleia, o Conselho Nacional de Educação festeja 20 anos de existência. Criado como um órgão de participação crítica quanto às políticas educativas, os seus pareceres têm-se tornado cada vez mais raros. Para mim, que trabalho em educação, parece-me cada vez mais o palácio da bela adormecida (a bela é a participação democrática, claro). E que dizer do orçamento para a cultura, que se torna ainda menos relevante? É assim que se investe "nas pessoas" ou o PS já não considera que "as pessoas estão primeiro"?
5.
Sinto-me num país tristonho e cabisbaixo, com o PS a substituir as políticas eventuais do PSD (que não sabe, por isso, para que lado se virar). Quanto mais circo, menos pão. Diante dos espectáculos oficiais bem orquestrados que a TV mostra, dos anúncios de um bem-estar sem fim que um dia virá (quanto sebastianismo!), apetece-me muitas vezes dizer: "Aqui há palhaços". E os palhaços somos nós. As únicas críticas sistemáticas às agressões quotidianas à liberdade de expressão são as do Gato Fedorento. Já agora, ficava tão bem a um governo do PS acabar com os abusos da EDP, empresa pública, que manda o "homem do alicate" cortar a luz se o cidadão se atrasa uns dias no seu pagamento, consumidor regular e cumpridor... Quando há avarias, nós cortamos-lhes o quê? Somos cidadãos castigados!
O país cansa! Os partidos são necessários à democracia mas temos que ser mais exigentes.
Movimentos cívicos...procuram-se (já há alguns, são precisos mais). As anedotas e brincadeiras com o "olhe que agora é perigoso criticar o primeiro-ministro" não me fazem rir. Pela liberdade muitos deram a vida. Pela liberdade muitos demos o nosso trabalho, a nossa vontade, o nosso entusiasmo. Com certeza somos muitos os que não gostamos de brincar com coisas tão sérias, sobretudo com um governo do Partido Socialista.