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sábado, março 22, 2008

Directora da DREN vai ser agora também implacável ?

O filme posto no You Tube sobre a agressão à professora da Carolina Micaelis do Porto é por si a prova de que o jornalismo do cidadão está a ter mais impacto na opinião pública do que muitas reportagens de TV encenadas e feitas de tripé.

O jornalismo deixou de poder ignorar este fenómeno e era bom que se entendesse que este facto novo não é contornável pondo os leitores a substituírem os jornalistas quando estão em campo lado a lado. O jornalismo do cidadão é necessário onde não há jornalistas e abre o apetite, desbrava caminho, para de seguida virem os jornalistas e seguirem com regras jornalísticas os factos apanhados. O cidadão faz breaking news, os jornalistas servem para contar e analisar. Pelo facto de haver um cidadão que preste um primeiro socorro a um acidentado isso não impede que o cirurgião não intervenha a seguir.
Há quem não entenda esta "nuance" e ponha tudo no mesmo saco.

José Vitor Malheiros hoje no Público mostrava-se chocado com o pequeno vídeo e criticava o facto de ter sido feito e de ter sido exibido. Discordo. O puto que gravava era mais um energúmeno na linguagem que usava - no fundo também ele estava a usar um telemóvel- mas o resultado foi edificante: pudemos ver como os sucessivos governos ao longo de mais de 30 anos têm vindo a abandalhar o ensino oficial. Primeiro começaram por o desprestigiar abrindo portas ao nascimento de um ensino particular medíocre, mercantil, de consumo para uma classe média emergente de tiques de novo-riquismo.

O Estado deixou o ensino público para os mais pobres e deixou a classe média sem saída. Se queria filhos no oficial teria de partilhar problemas graves de segurança, educação e sem poder pedir responsabilidades a quem quer que fosse, em caso de problemas graves.

Os professores que eram uma classe medíocre há muito tempo ( tive no meu tempo professores que eram uma lástima), um grupo de funcionários públicos frustrados que ganhava mal, mas que se contentava com férias sem fim, aulas sem serem preparadas, e umas explicações por fora muitas vezes aos próprios alunos ( o estilo dos médicos que mandavam os doentes do público ao seu consultório privado), esses professores acabaram por ser completamente desprestigiados, largados às feras, às bestas, de uns alunos mal educados em casa.

As sementes da violência escolar foram lançadas por tipos como Veiga Simão, Roberto Carneiro ou Ferreira Leite - e há muitos mais- que em nome de uma democracia irresponsável instalaram o laxismo, a indisciplina. Os alunos passaram a estar em autogestão, as escolas viram-se sem a figura tutelar do Reitor ou do Director, ficou entregue a conselhos escolares dirigidos por professores empertigados, burocratas, carreiristas e que muitos deles odiavam alunos. Ao mesmo tempo não tinham poder para suspender um aluno, expulsá-lo ou apenas castigá-lo.

Como ninguém chumba, como nenhum menino pode ser castigado, a impunidade prevaleceu. Aí está o resultado. E ainda a balbúrdia vai no átrio !

No meio deste pântano há professores sérios, idóneos e trabalhadores e que adoram os alunos. Conheço muitos. Uns são meuis familiares, outros amigos. E são mesmo bons.

O meu filho mais velho andou sempre na escola pública e não foi por isso que hoje não é uma pessoa culta, educada e bom profissional. O meu filho mais novo de 6 anos anda numa escola pública onde os professores são dedicados e não o tratam com menos atenção do que na outra escola privada onde andou 3 anos atrás. O problema é que os meios na pública são menores começando naquele calendário escolar que nenhum ministro explica: como podem os pais que trabalham conciliar as férias desajustadas com o dia a dia ? Parece que as escolas públicas são feitas para quem não trabalha e vive do rendimento mínimo. E parece que é verdade. Infelizmente.

A indisciplina nas escolas está a corromper a sociedade civil. Não sei como podemos construir um país desenvolvido com uma escola destas.
Se o castigo não for exemplar para esta aluna e para os seus cúmplices então não sei mesmo o que vai ser o futuro. Espero que aqui a directora da DREN que expulsou o professor Charrua
( que por ironia está nesta escola!) tenha agora uma atitude igualmente firme para esta miúda malcriada que já devia ter levado uma boa carga de porrada em casa dada pelos papás.
Para grandes males, grandes remédios; a pedagogia que se lixe !

1 comentário:

  1. Parece-me bem a sua analise.Falta só referir que a rapaziada de agora trata mal os proprios pais quanto mais uma pobre professora! Os adolescentes de hoje nasceram no incio da decada de 90. Muitos dos seus pais não tiveram hipoteses de lhe darem muita atenção em casa , porque viram-se obrigados a trabalhar ambos para ganharem para as despesas e são com os professores que os putos descaregam as suas frustaç~ões!
    Eu fiz a minha filha pedir desculpa ao professor por situações que até tinham mais a haver com a organização da escola do que com a minha filha , mas por uma questão de autoridade a razão tem sempre que ser atribuida ao professor.
    Os putos tem muito tempo para mandar, não é num sitio criado para educar e ensinar que um fedelho vai impor-se seja de que forma for. Se se quiser impor , que seja fora da escola , junto da canalha!

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