Do Público:
As perguntas que esperam uma resposta
As duas referências públicas do primeiro-ministro a este caso foram feitas
por escrito – ao PÚBLICO e à SIC –, mas nunca responderam a questões
concretas. Aqui ficam as questões mais importantes a que José Sócrates
deve responder para clarificar o dossier.
1. Por que razão José Sócrates deixou o ISEL para acabar o curso na UnI?
2. José Sócrates pediu equivalência a 25 cadeiras das 31 que completavam a licenciatura
da UnI. Acabou por receber equivalência a mais uma disciplina, ou seja, a UnI deu-lhe
equivalência a 26 cadeiras. Por que motivo no ISEL teria de completar mais 12 cadeiras
para se licenciar e na UnI apenas teve que fazer mais cinco?
3. António José Morais, então director do Departamento de Engenharia Civil da UnI,
leccionou quatro das cinco cadeiras concluídas na Independente. Segundo o próprio,
este grupo de disciplinas, algumas do 3.º ano, outras do 5.º, representava todas as
cadeiras leccionadas por aquele professor na UnI. António José Morais foi,
simultaneamente ao período em que lhe deu aulas, adjunto do secretário de Estado da
Administração Interna, Armando Vara, colega de Governo de Sócrates, e mais tarde
director do Gabinete de Equipamento e Planeamento do Ministério da Administração
Interna.
3.1. José Sócrates já conhecia António José Morais antes de este ser seu
professor na UnI?
3.2. António José Morais já havia sido seu professor no ISEL?
3.3. Por que razão José Sócrates não identificou António José Morais como
tendo sido seu professor, nas conversas que manteve com o PÚBLICO, ao longo
de uma semana?
3.4. Quantas horas de aulas por semana compunham o horário curricular?
4. Nessas conversas que manteve com o PÚBLICO, antes da publicação da primeira
peça sobre o caso, Sócrates afirmou-se “insultado” pelas perguntas que lhe foram feitas,
disse ter frequentado as aulas e concluído os exames com aproveitamento, mas nunca
forneceu provas sobre o que afirmava.
4.1. José Sócrates não guardou nenhuma prova documental da sua carreira
académica? Nunca levantou nenhum dos diplomas?
4.2. Qual o motivo que levou Sócrates a delegar no reitor da UnI todos os
esclarecimentos, documentais ou testemunhais, sobre o caso, sabendo-se que
Luís Arouca já havia estado na origem de indicações erradas sobre o seu
currículo publicadas no jornal 24 Horas, em que terá referido cadeiras que não
existiam no seu plano de curso?
4.3. Por que razão Sócrates se recusou sempre a responder por escrito às
perguntas formuladas, também por escrito, pelo PÚBLICO?
4.4. Como é que, durante quase uma semana, não foi capaz de citar um seu
colega ou um dos seus dois professores da UnI?
4.5. Qual o motivo por que não apresentou, por exemplo, a sua monografia de
Projecto e Dissertação, tese final do curso?
5. Da matrícula de José Sócrates na UnI consta que não apresentou qualquer documento
de prova das cadeiras já feitas no ISEC e no ISEL e só apresentou atestado das 12
cadeiras concluídas no ISEL, em Julho de 1996, ou seja, quando estava praticamente a
concluir o curso na UnI.
5.1. A que se deveu este atraso?
5.2. Como pôde a UnI aceitar a inscrição, aprovar um plano de equivalências,
permitir a frequência de aulas e a realização de exames sem o documento que
atestava as cadeiras finalizadas no ISEL?
6. Quatro notas das cadeiras concluídas na UnI foram lançadas em Agosto e o diploma
tem data de 8 de Setembro de 1996.
6.1. Sabendo-se ser anormal o lançamento de notas em Agosto, bem como a
passagem de diplomas ao domingo, que justificação é dada para isso?
7. Numa das folhas consultadas pelo PÚBLICO aparece a palavra “isento” no topo da
página.
7.1. Sócrates pagou propinas?
7.2. Que valor foi fixado?
7.3. A despesa entrou no IRS?
8. O reitor Luís Arouca disse por várias vezes que só conheceu Sócrates quando este
ingressou na universidade. No entanto, em trocas de correspondência anteriores,
Sócrates despedia-se “... do seu, José Sócrates”.
8.1. Quando é que Luís Arouca e José Sócrates se conheceram?
9. A que se referia José Sócrates quando, num fax enviado a Luís Arouca que está no
seu dossier de licenciatura, escreveu: “Caro Professor, aqui lhe mando os dois decretos
(o de 1995 fundamentalmente) responsáveis pelo meu actual desconsolo.”
10. Por que motivo não foram corrigidos todos os erros constantes da biografia
publicada no Portal do Governo, mantendo-se a referência errada a uma pós-graduação
em Engenharia Sanitária e continuando a ser omitido o MBA em Gestão já depois de o
termo “engenheiro” ter sido substituído pelo de “licenciado em Engenharia Civil”?