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quinta-feira, abril 12, 2007

Sócrates venceu mas não convenceu

O povo respirou de alivio: o primeiro-ministro confessou-se ao país, justificou porque andou armado em engenheiro, fez de vitima, mostrou orgulho na sua carreira académica, falou firme, estava bonito na imagem, enfim: os portugueses por natureza pouco interessados em questões de lana caprina como o ensino, voltaram a identificar-se com o chefe.

Finalmente os cábulas têm cobertura ideológica e política, os xicos-espertos podem verificar que não estão sozinhos, os que se marimbam na academia e no estudo sentem-se, enfim, no país desejado.

Não sei o que sentirá o nosso Presidente Cavaco. Ele que alugou um quartito em Campo de Ourique, modesto, austero, que queimou as pestanas a estudar economia, que carregou com o peso dos dossiers e que depois rumou a Inglaterra para mais uns anos de marranço, que dirá deste passeio de Sócrates por 3 universidades para tirar um canudo inútil porque não dá para exercer profissionalmente o que devia dar. Isto é: ele estudou engenharia numa universidade que a Ordem dos Engenheiros não reconhece o curso.

É como tirar a carta de condução na escola da Brandoa e depois a BT não reconhecer a carta para poder conduzir.

Sócrates terá convencido os tolos e os ignorantes que se identificam com os cábulas. Mas a elite passou a olhá-lo como um provinciano, um novo-rico da política que faz do status um modo de vida. Um faz de conta.

Poderemos dormir descansados, que este homem nos vai cobrar impostos e tratar da vidinha ?

8 comentários:

  1. O Luís bem que podia ter colocado este post uns minutos mais cedo porque o meu comentário/post abaixo fica melhor aqui:

    Como não sou “habilidoso” vou dar banho ao cão...
    Sou, julgo, uma pessoa convincente, mas inconveniente.
    Convincente, porque falo de olhos nos olhos, porque gesticulo, sou espontâneo, directo e jogo sempre ao ataque. E porque não tenho medo das tempestades, porque “quem tem medo das tempestades acaba a rastejar”. E eu detesto rastejar.
    Inconveniente, exactamente pelas mesmas razões. E mais uma, a qual faz toda a diferença. É que não sou “habilidoso”.

    Enquanto na vida profissional activa, durante alguns anos, tive que tomar decisões que interferiam nos interesses de pessoas.
    No exercício dessas funções, era tido por um tipo sério. Mas, por não ser “habilidoso”, não tinha, continuo a não ter, reputação de simpático.

    Sendo um tipo sério, era olhado com alguma desconfiança e nos testes de popularidade não tinha a mínima hipótese, nunca conseguindo ser eleito sequer para simples chefe de turma.

    Agora, na situação de “reformado”, e como gostava de ainda poder ser alguém nesta vida, venho a ponderar apresentar a minha candidatura, aqui na aldeia, para presidente da junta de freguesia.
    Mas, numa freguesia de “habilidosos”, e não sendo eu um “habilidoso”, é certinho que não tenho hipóteses de ser eleito.

    E já chega de traumas psicológicos. Está decidido. Vou antes me dedicar à pesca e lavar o Preto.
    Acho que já conhecem o Preto. Se não conhecem, eu explico. Vou antes dar banho ao cão. Assim, já se devem lembrar do Preto.

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  2. reacção de luís marques mendes à entrevista de josé sócrates (via público.pt):

    « [...] utilizar um título que não se tem, fazer passar-se por aquilo que não se é revela uma falha de carácter, mina a credibilidade e afecta a sua autoridade [...] »

    da biografia de luís marques mendes (via site do psd):

    « [...] FORMAÇÃO ACADÉMICA
    -Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra [...] »

    mas não se costuma o mesmo apresentar como "doutor marques mendes", não sendo médico nem possuindo qualquer doutoramento? alguém alguma vez o ouviu corrigir para "senhor-licenciado-em-direito marques mendes"? em que ficamos?

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  3. Eu já não sei nada. Não faço a menor ideia do que é, afinal, o primeiro-ministro (no que respeita ao seu curriculum académico, no resto tenho alguns receios), é doutor? é licenciado? bacharel? tem a 4ª classe ou só a pré-primária?
    De qualquer forma não deve fazer muita diferença. Antes de conseguir descobrir (e depois do pó assentar) deve estar a aparecer por aí, um diploma honoris-causa para o nosso animal politico.
    Abraço.

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  4. "estudou engenharia numa universidade que a Ordem dos Engenheiros não reconhece o curso. É como tirar a carta de condução na escola da Brandoa e depois a BT não reconhecer a carta para poder conduzir."
    Há muitos ramos de engenharia. Este raciocínio só se pode aplicar a engenharia civil, e mesmo assim é exagerado.

    Noutros ramos de engenharia, como por exemplo o meu (Telecomunicações), o reconhecimento por parte da ordem não vale rigorosamente nada. O reconhecimento de competências é feito pelo empregador, que é quem assume todas as responsabilidades sobre um projecto. E talvez se as coisas se passassem da mesma forma com a eng. civil, não veríamos no nosso país determinadas obras com tão pouca qualidade.
    A própria capacidade de reconhecimento por parte da ordem é limitada. No caso de civil, a coisa torna-se fácil. Afinal de contas, o betão é o mesmo há dezenas de anos. Em cursos como o meu, cujas evoluções técnicas são enormes de ano para ano, a capacidade de acompanhamento pela ordem é quase nula. Disto resultam cursos que, para manter o reconhecimento da ordem, continuam "presos" a curriculos antigos e desactualizados.
    O meu curso é reconhecido pela ordem, mas nunca farei a inscrição porque simplesmente não preciso desse reconhecimento para exercer. O mesmo se deveria passar em engenharia civil. A responsabilidade das obras deveria ser das empresas construtoras. E não é desresponsabilizar o engenheiro, pelo contrário, é responsabilizá-lo ainda mais, sem recurso a lobby's que não são garantia de coisa nenhuma. E obviamente refiro-me à ordem.

    Em relação a Sócrates, seja engenheiro, licenciado em engenharia, ou tenha tirado a 4ª classe à noite, é-me indiferente. Chefia e vai continuar a chefiar o governo deste país. O importante é discutir as suas políticas (e a competência das mesmas) e não o seu currículo.

    Cumps.

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  5. Luiz é com muito gosto que vou seguindo as suas "postadas" neste blog.
    Como dislexico que sou escrever o que quer que seja é um esforço muito grande, por isso considere este "comment" um presente :-)

    A ideia que tenho do politico Português em geral é em muito semelhante a série os "sopranos", interesse, oportunismo, corrupção, mentira, favorecimento e sei lá mais o qué...
    Como o Luis diz será que posso dormir descansado? Eu por enquanto ainda posso, mas o jornalista julgo que já não pode.
    O que se passou hoje na ERC tem algo que me lembra os métodos do antigo regime.
    Um abraço e até ao próximo "post"

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  6. mentiroso, mentiroso, mentirozo.......nao merecem mais!.................

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  7. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  8. Apesar de ter exercido a sua censura, ao menos corrigiu o erro.
    Em vez de me agradecer o que VOCÊ faz? Apaga o comentário que como sabe não continha nenhum insulto nem palavrões. Era apenas uma chamada de atenção caro professor!
    Faça também um "upgrade" aos seus conceitos democráticos, para além claro, da escrita em português.

    ps: já sei que também vai apagar este comentário.

    Abraço de um leitor assíduo e que até gosta bastante deste Blog.

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