O OMO é o detergente com mais sucesso em Portugal.
Deve ser dos sítios do globo onde se lava mais branco. Temos memória curta. Atiramo-nos às figuras públicas como gato a bofe, fazemos julgamentos populares, usamos e abusamos da má língua até engolirmos o nosso veneno mas no fundo somos uns tansos, uns otários ( Viva a Ota, eheheh!!) que à primeira oportunidade devolvemos a inveja, o ódio, em forma de lavadela em barrela a condizer.
Vem isto a propósito da forma como as televisões e as revistas do coração têm feito uma lavagem a Carlos Cruz. Eu percebo que é aceitável que uma figura polémica e popular, controversa, chame público pelas melhores e piores razões. E se Cruz vendeu pelas piores razões, agora pode vender pelas melhores.
As parangonas da passada semana que puseram o arguido da Casa Pia como se se tratasse do regresso de um herói, fazendo dele uma vitima, um protagonista de uma história menor em que ele teria sido vitima, o retrato de um bom pai de família (somos todos meus caros, todos) que agora tem dificuldade em realizar que quando vem a Lisboa não vai a caminho do tribunal é de um ridículo atroz.
As revistas rosa que passaram das historietas das madames recauchutadas, às mais lamentáveis intromissões na esfera privada com o uso de uns franco atiradores, designados à pressa por paparazis, descobrem agora outra face: o branqueamento de protagonistas envolvidos em sérios casos de justiça. Já tinha acontecido com a trágica morte do empresário que levou à prisão da socialite sua esposa, acontece agora com Cruz.
Não se trata de condenar ninguém, para isso existem os tribunais. Mas se não os devemos julgar na praça pública, também não os devemos endeusar ou torná-los em pobres vitimas.
A verdade é que me custa muito entender este povo e até me dói quando verifico a facilidade com que são manipulados pela imprensa cor-de-rosa ou não, e ondeiam ao vento como canas. A educação é sem dúvida o maior atraso estrutural deste país, bem diz o outro que se deixou envolver num «fait diver» trazido pelo tempo, porque não pode ou não soube cortar pela raiz
ResponderEliminarOra a felicia cabrita publicou uma história. Como é sabido, todas as histórias a esse nível têm que merecer uma aprovação... Do editor, que leva ao director, que leva à administração... Chegada lá, a história, o "administrador" ter-se-á posto a pensar: "Hum... Mas onde levará esta história?" "Aos amigos"? Pensou. "Aos anunciantes"? Pensou. "Aos políticos"? Pensou... "Quais"?
ResponderEliminarBom, feitas as contas tomou a decisão, e a Felicia lá teve a "caixa". A SIC pegou na coisa (os milagres da comunicação global, e dos grupos são vários), resuscitou a Teresa Costa Macedo, ainda em sarilhos por causa dos problemas da COFAC, e da Lusófona. A mulher havia tido um rasgo de consciência, e assaltara-a a lucidez passados 20 anos. Depois saíu de cena, claro, e com essa saída saiu o caso Lusófona da agenda dos media,como que por milagre...
Uns tempos depois (depois do Morais Sarmento ter assinado um protocolo que garantia a diminuição de publicidade aceite pela RTP, com a SIC e TVI), alguém especulava sobre a possibilidade de um tal Conde estar implicado... Como sempre nestas coisas criam-se conjunturas, e escapa-se a gestão adequada...
Enfim, o resto da história presume-se,mas confesso-me má na presunção.
Não sei se o Carlos Cruz é ou não um culpado. Sei que os media têm, como dizia a esse respeito o director do El País em entrevista, um poder: O poder de derrubar governos,ou como referia o Dr. Balsemão, o poder de os eleger.
A comunicação deve actuar com sabedoria, e não o fez com Carlos Cruz. O povo vai a reboque, e a verdade é que trucidaram a imagem de um homem, que manda o direito, devemos julgar inocente até prova em contrário. Claro que isso é fácil de dizer, mas menos fácil de fazer. O efeito da comunicação social no caso Casa Pia foi irresponsável, e o que esteve em questão não foi o direito de informação do público. Portugal é um bidé, e vivemos todos no ralo. O que se sabe, sabe, e uma das coisas que se aprende, é que o poder corrompe. Todos, aliás. A comunicação social a reboque.
Não há jornalistas. Os que havia reformaram-se ou foram reformados. O Carreira Bom, o Letria, etc., já lá vão, infelizmente. O Fernando Cunha, na foto, e o Eduardo Gageiro serão insubstituíveis. Hoje há boys, que abandonam a redacção muito cedo. Acabou a ditadura gráfica, e o linotipo. Começou a geração que se passeia entre corredores de agências de comunicação, e serve interesses. Do Opus, da Maçonaria, do PSD, do PS, do Benfica e do Sporting... Depois passa-se directamente para a banca, como aconteceu com o P.F. no caso do BCP.
Enfim... Apenas um desabafo...
Creia-me com elevada estima e consideração,
E. B.
Já agora, e ainda a tempo para uma tomada de consciência. Assinei apenas iniciais, e várias vezes fala dos anónimos. Não tomarei do mesmo chá. Fica portanto um nome:
ResponderEliminarElisabeth Butterfly
Um amigo chinês, em conversa informal, contou-me uma estória onde comparava Portugal e a China com 2 baldes de caranguejos.
ResponderEliminarNo balde chinês, quando um caranguejo tentava sair, os outros ajudavam empurrando. No balde português puxavam o desgraçado para trás.
Um jornalista à procura de uma caixa empurra ou puxa?
Abraço.
PS - Ainda vou ver um grande plano do nariz do Carlos Cruz numa revista rosa?