quarta-feira, outubro 31, 2007
terça-feira, outubro 30, 2007
O casamento rosa de Pinto da Costa
Gosto neste friso de fotos que "abafei" do site da Caras graças à operação -maçã, alt, f4- do meu Mac e depois bem compostas à jornalista gráfico, numa pérola onde o debruado a rosa ganha sentido. O conteúdo é forte como podem ver. Os padrinhos foram o general Eanes e a Dra. Manuela, na foto em franca cavaqueira com os pombinhos, e o Lopes a andar por lá, mas foi logo dos primeiros convidados a dar de frosques.
A qualidade das fotos é soberba mas completamente ofuscada pela presença das estrelas do firmamento nortenho. Que mais se pode dizer ? O casamento está bom,recomenda-se.
Tudo está bem quando acaba em bem.
veja também o filme Casamento de Pinto da Costa. Clique aqui
segunda-feira, outubro 29, 2007
Reviver o passado numa gaveta de fotos
O meu sobrinho abriu uma gaveta e começou a tirar de lá fotografias antigas em catadupa, de que eu já não me lembrava ter feito e impresso. Boas tiragens em papel Ilford, glossy, tudo feito com Leica e 35 mm de focal.
Na verdade o grão, a textura e a desigualdade tonal de cada uma, imprimem a cada uma daquelas fotos uma personalidade própria.
Cada tiragem é única, original. Era um um dos encantos da fotografia analógica: pegamos nas fotos com cuidado pois sabemos que mesmo repetindo-as na câmara escura nunca ficarão iguais; podem ficar melhores mas nunca iguais.
Este lado artesanal da fotografia acabou. Fiquei a pensar como eu tinha tempo e paciência para me fechar no escuro e imprimir dezenas de fotos, lavando-as e secando-as de seguida.
Ganhámos tempo e afinal continuamos a não ter tempo. Temos ainda menos tempo.
Há minutos o meu filho de 6 anos quis pôr na parede do seu quarto uma fotografia minha em cima de um jeep durante uma reportagem em Moçambique, ainda havia guerra civil, e ficou admirado por me ver ao lado de um Hummer, em 1991 junto à frente com o Curdistão iraquiano. São fotografias banais mas que impressionam. A memória fascina.
Podemos discutir técnica, pixels e definição, mas é o conteúdo que prevalece no acto de ver fotografias. Daí a paixão que a fotografia motiva e daí a convicção que todos nós temos de sermos uns grandes fotógrafos. Começando por mim, claro...
domingo, outubro 28, 2007
Engate a bordo
A companhia aérea que promove o "SkyDate" adianta que cada participante tem direito a um lugar especialmente reservado no avião.
Depois de levantar voo iniciam-se os encontros. Cinco minutos após o início do primeiro encontro é dado um sinal para que cada um dos 25 homens mude de lugar "e assim sucessivamente até que cada participante tenha convivido com outros dez participantes".
"A ideia era disponibilizar um novo produto para consumidores solteiros, permitindo-lhes conhecer novas pessoas e fazer novas amizades", disse à Lusa Miroslava Krizanova, a representante para Portugal e Espanha da SkyEurope Airlines, a propósito da origem do conceito de "skydating".
Para Miroslava Krizanova, o conceito criado pela companhia aérea "é uma resposta ao crescente número de solteiros na Europa", acrescentando que "cada vez mais as agências de viagem se preocupam em oferecer produtos dirigidos a este público-alvo".
O limite de dez "encontros relâmpago" por participante (num universo de 50, 25 mulheres e 25 homens) tem como objectivo dar tempo a cada um dos participantes para fazer uma avaliação das pessoas com quem falou.
As impressões que cada pessoa regista dos seus encontros é depois entregue à organização do evento, que uma semana após o regresso da viagem faz chegar aos participantes por e-mail o perfil daqueles com quem se partilhou maiores afinidades.
O avião que vai servir de local ao primeiro "speed dating" a 36 mil pés de altitude em céus portugueses parte de Lisboa com destino a Viena à 1h30 de 10 de Novembro, em voo regular, o que obrigará os participantes a dividir a viagem com outros passageiros que nada têm a ver com o evento.
No entanto, os participantes no "SkyDate" estarão concentrados na parte de trás do avião, separados dos restantes passageiros.
A participação no evento custa 160 euros por pessoa, mas o preço "inclui o voo de ida e volta, taxas de aeroporto, estadia de uma noite num hotel de quatro estrelas [neste caso em Viena], visita guiada à cidade e o transporte de e para o Aeroporto", indica a página de Internet portuguesa do "SkyDate", www.skydate.pt.
No mesmo site também se explica o que é preciso para marcar lugar no avião.
O programa agendado para os participantes que partem de Lisboa inclui, após a chegada a Viena (por volta das 06h00): um pequeno-almoço no hotel, visita guiada à cidade, uma saída para conhecer a vida nocturna de Viena e o domingo livre com regresso marcado a Lisboa para a noite de dia 11 de Novembro.
A primeira experiência de "SkyDate" na Europa aconteceu em Junho passado, entre Bruxelas e Viena.
"O primeiro SkyDate foi muito bom, tivemos um óptimo 'feedback' dos participantes e até organizámos uma 'after-party' após o regresso do fim-de-semana", contou Miroslava Krizanova à Lusa.
Ao longo dos fins-de-semana de Novembro a companhia aérea responsável pela realização do "SkyDate" promove, para além do evento português, iniciativas iguais a partir do Reino Unido, Holanda, Bélgica e Espanha com destino a Viena ou Praga./ Público/Lusa
sábado, outubro 27, 2007
Aulas sem faltas? É porreiro, pá!
Esta cultura do facilitismo é, infelizmente, o retrato do país não só no ensino (?) como nas mais variadas facetas da vida nacional. O ensino serve de ensinamento para a vida e para a profissão. Quem estuda numa escola onde se pode faltar irá esperar trabalhar um dia numa empresa onde não precisa de ir, desde que mande por e-mail, ftp ou por estafeta o trabalhinho que o patrão está à espera?
No ensino a balda às aulas também promove os professores que, assim não têm que se confrontar com chatíces a chamar pais à pedra e a terem de justificar perante o conselho directivo a razão pela qual os putos preferem charrar nas traseiras da escola ou jogarem matracalhos na tasca da esquina. O governo também poderá mostrar lindos gráficos em "excel" sobre o desempenho exemplar das escolas portuguesas. Fixe pá.
Na vida profissional criou-se uma cultura semelhante à das faltas permitidas.
Se Sócrates o faz com simplex e ambulâncias-maternidades, porque não hão-de as empresas imitá-lo ? A moda pegou, o pior é que passou de moda a cultura nacional.
O país está a trabalhar para as estatísticas e nisso somos bons. É porreiro, pá!
Os sons lancinantes no Cais da partida
Estamos em Junho de 1961. No cais da rocha do Conde de Óbidos, em Lisboa, a multidão reuniu-se para ver partir um dos primeiros contingentes de soldados a partir para a Guerra Colonial. Há fanfarra, hino e ambiente de festa. O repórter lança-se no seu discurso, previamente revisto, onde fala da grandiosidade do império e do céu azul na partida, despedindo-se com um “boa viagem rapazes e até breve”. Mas o microfone da rádio, que não obedece a ordens, não conseguiu fazer calar os gritos de dor de mulheres e mães que se ouvem de fundo, ao longo de toda a reportagem.
O Público de hoje conta e clique aqui para ouvir
sexta-feira, outubro 26, 2007
Salgado, o fotógrafo da África perdida
Conheci o Sebastião Salgado em Fátima no ano de 1979. Ao meu lado apareceu um fotógrafo estrangeiro, de ar cansado e que começou a comentar como era louco um velhote com as pernas entrapadas que teimava em iniciar de joelhos mais uma dolorosa promessa. O António Pedro Ferreira, outro fotógrafo peregrino, reconheceu-o logo como sendo o Sebastião Salgado. Na época ele ainda não era muito conhecido, tinha iniciado a carreira de fotógrafo em 1975, em Angola, fotografando a aventura portuguesa na hora da descolonização. Mandara às urtigas uma profissão respeitável de economista e descobrira que a fotografia era o meio ideal para mostrar ao Mundo a saga do sofrimento humano.
As suas fotos tinham sido publicadas na Photo e no Paris-Match, que eu me lembre, e tinham-me marcado pela capacidade de testemunharem momentos únicos, aliando o olhar jornalístico, ao apuro técnico, a sensibilidade social ao rigor estético. Sempre me intrigou, e hoje de novo ao ver o "África" onde estão também essas fotos, como é que um fotógrafo sem experiência já conseguia enquadrar de uma forma tão rigorosa e com um carácter tão forte. Só os mestres o conseguem com muita maturidade mas ele já alinhava na grelha de partida em primeiro para aquela que acabaria por ser uma carreira fulgurante.
Em Fátima, no dia seguinte pela manhã voltei a encontrá-lo, sempre com o António Pedro Ferreira ao lado, e ele acabou por confessar (o lugar prestava-se a isso!) que tinha adormecido na véspera no quarto do hotel, depois de um jantar reconfortante falhando assim as fotografias da Procissão das Velas. Eu já contei esta história mas gosto de a repetir porque ela desmistifica a ideia de que os grandes repórteres são infalíveis. Não são.
Falar das fotografias do Sebastião Salgado é redundante. Elas falam, dizem, explicam, sugerem, escondem, denunciam, por si, a visão grandiosa do fotojornalista-autor.
Interessante é o método de Salgado para concretizar as suas reportagens. Trabalha com uma equipa reduzida. A mulher, arquitecta, dá-lhe apoio na produção, no design que transporta as fotografias. Depois conta com mais duas ou três pessoas num pequeno apartamento em Paris. Por detrás das suas imagens uma ideia, um projecto, uma produção, um fim. Salgado não fotografa à solta, não dispara sem objectivo. Por isso as suas fotografias demoram anos a fazer, editar, imprimir, mostrar.
Durante muitos anos o fotógrafo trabalhou nas agências Sygma e Gamma e mais tarde foi membro da Magnum. Para ter fundo de maneio para poder realizar muitas das fotografias que agora aparecem no "África", trabalhava nove meses em Paris a fazer conselhos de ministros, política, faits-divers, para poder financiar os seus projectos especiais a preto-e-branco com cariz de autor, durante os restantes três meses do ano.
O trabalho mais bem pago como fotojornalista foram as fotografias que fez por mero acaso do atentado a Ronald Reagan. A revista Time tinha-lhe pedido para seguir o Presidente durante um mês, ele fê-lo com alguma contrariedade e acabou por estar no sítio certo, à hora exacta, no instante decisivo. Havia mais dois fotógrafos a seu lado, um deles da Associated Press que fez fotos muito melhores, mais nítidas e mais perto, do que as dele, mas Salgado conseguiu mesmo assim com a venda dessas imagens, um pouco tremidas, comprar um pequeno apartamento em Paris.
A obra de Salgado supera muito do que tem sido em geral nos últimos 30 anos a fotografia documental. Não há outro fotógrafo na arte de testemunhar com uma tão extensa foto-galeria.
Mas se o público enche aos milhares as suas exposições e corre a comprar os seus foto-álbuns, há uma elite da fotografia que questiona o sucesso comercial assente no testemunho da tragédia alheia, mesmo que haja no seu discurso visual e falado uma obsessão de esquerda pelo estado das coisas e pelos desígnios da Humanidade.
É um fotógrafo que ainda atravessa o tempo da película para o digital, que permanece um artesão, e que está angustiado porque duvida conseguir no mercado a tempo película a preto e branco para poder acabar o seu novo projecto.
Com "África" regressamos ao tempo perdido e com Salgado revivemos o melhor que há na essência do fotojornalismo documental.
quinta-feira, outubro 25, 2007
A melhor fotografia do Mundo
Optei antes por ir buscar o meu filho à escola, numa saltada. Era á mesma hora.
E valeu a pena: o puto esteve bem no exercício com o computador, embora tenha reparado que " aquele não tem a maçã do pai!". Aguenta o windows e não chores !
A fotografia não é tudo na vida. Há vida para lá da fotografia, pese embora que o fotojornalismo tem esse dom de a poder reproduzir tal qual o fotógrafo a vê.
É o nosso diário.
Impossível ser um Salgado atrás de uma retrosaria a tratar de fotos avulsas, muitas vezes entulho, outras vezes uma pérola rara ( rara!!). Entre o trabalho de amanuense ou o de fotógrafo, não hesito: rua comigo. Já dizia o velho Henri que somos a terceira profissão a trabalhar na rua, o que não quer dizer que a prostituição fotográfica se pratique na rua.
Um amigo que esteve hoje com o Salgado achou-o um chato, um repetitivo e que não fala de fotografia. Só fala de economia e de conjuntura internacional, e este meu amigo é um fã do homem. Também aqui a obra não coincide com o carácter, ou a personalidade se quiserem, do génio.
Se formos a medir os génios, ou os géniozinhos da paróquia pelo carácter ficaremos desiludidos, será pior do que acordarmos ao lado da Michele Pfifer sem estar maquilhada
( a ameaça é dela!). É complicado conjugar a veia artística com o talento,porque os verdadeiros artistas são aqueles que furam as regras, embora as saibam e as pratiquem por vezes.
Não se iludam meus caros. Se tivessem conhecido o Orson Welles, o Cartier-Bresson, o Nachtwey, não gostariam tanto das suas obras. É que diz quem com eles privou. Os bons são mesmo loucos. Os idiotas fazem-se.
Portanto fiz bem em não ter ido ao Salgado. Prefiro ver as suas maravilhosas fotografias de Africa, sublimes na luz, no enquadramento, no testemunho, no rigor. O Salgado que se lixe mais a sua economia, a sua estratégia comercial e algum despudor em transformar a miséria humana numa das belas-artes, pagas a peso de ouro e de que ele beneficia.
Jean François-Leroy, o director do Visa Pour L`Image, acha também isto e disse-me numa entrevista que achava imoral vender em galerias fotografias de miséria humana, e deu também a cházada ao Nachtwey. É discutível, e os meus caros podem abrir aqui um debate sobre este lado comercial da arte fotográfica ( termo que detesto).
Concordo com um comentador do Fatal. A internet abriu-nos espaços fantásticos para divulgação das nossas fotografias e é óbvio que já não é nos suportes tradicionais do papel de jornal, onde não há espaço, as fotos saem retalhadas e o grafismo tomou conta dos conteúdos ( se é que o grafismo é conteúdo...) que o fotojornalismo pode afirmar-se como linguagem autónoma para contar histórias.
Já é tarde para discussões destas. Amanhã é outro dia e só se não puder é que não irei buscar o meu filho à escola, para ter o instante decisivo do dia: o seu abraço, e aquele "olá pai!".
A melhor fotografia do Mundo.
quarta-feira, outubro 24, 2007
Sebastião Salgado hoje em Lisboa
O caso do capítulo desaparecido
Eu, Carolina: MP investiga «extorsão» a Mourinho
O Ministério Público investiga uma possível extorsão a José Mourinho para que fosse retirado do livro «Eu, Carolina» um capítulo com referências a pormenores da sua vida particular.
Segundo informações recolhidas pelo PortugalDiário, através da consulta do processo, a equipa de coordenação do «Apito Dourado» ouviu este mês o gerente da Dom Quixote, editora que publicou o livro da antiga companheira de Pinto da Costa para esclarecer esta situação.
Em causa estão as suspeitas lançadas pela irmã-gémea, Ana Maria Salgado, que em declarações prestadas no DIAP do Porto, a 27 de Junho e 16 de Julho, afirmou que a versão original do livro «Eu, Carolina» continha um capítulo com alusões a aspectos da vida privada de José Mourinho.
Segundo Ana Maria, o referido capítulo teria sido retirado, após o ex-treinador do Chelsea ter pago uma quantia combinada (cujo montante desconhece) a Carolina Salgado. O referido negócio teria sido intermediado por gente próxima de ambos.
Capítulo sobre Mourinho «não se enquadrava»
A equipa de coordenação do Apito Dourado entendeu que os factos denunciados careciam «de melhor esclarecimento» por configurarem um possível «crime de extorsão».
Nessa sequência foi ouvido, a 4 de Outubro, o administrador das Publicações D.Quixote, Juan Mera, tendo este referido que «a decisão de propor à autora que retirasse do livro a parte que dizia respeito a José Mourinho foi efectivamente da responsabilidade única e exclusiva da editora que gere».
Segundo o mesmo responsável, esta «parte do livro» sobre o treinador português «não se enquadrava no contexto editorial do livro». Acrescentou ainda que Carolina «aceitou de imediato e pacificamente a situação, não colocando qualquer tipo de entraves à mesma».
Editora e Mourinho não falaram
O gerente da editora sublinhou, por outro lado, que esta situação não teve um tratamento especial, nem existiu «nada de anormal em relação à publicação desta obra», tendo seguido os «procedimentos habituais».
Questionado sobre se existiu qualquer contacto prévio ou posterior à publicação do livro com José Mourinho, Juan Mera esclareceu «que não», nem da parte da Dom Quixote nem da parte do treinador.
Referiu ainda que foi Carolina Salgado a contactar a editora, desconhecendo os motivos que a levaram a optar pela Dom Quixote.
Quando prestou depoimento no DIAP do Porto, a 23 de Agosto, no âmbito de um outro processo, a professora que escreveu o livro «Eu, Carolina» apresentou duas versões do obra numa «pen», constando numa delas um capítulo alusivo a José Mourinho e que não chegou a ser publicado, segundo lhe terá referido Carolina, «por conselho dos advogados da Dom Quixote». / PORTUGAL DIÁRIO
terça-feira, outubro 23, 2007
Gageiro e as medalhas olímpicas chinesas
Durante vinte e três anos não falei ao Eduardo Gageiro. Ele ficou zangado comigo porque testemunhei a favor da Ana Esquível num processo um bocado patético. Apesar de ter deposto a favor dele em tribunal, mesmo sendo testemunha do lado da acusação, ele achou sempre que eu cometera uma traição. Sempre me doeu ele assim pensar. Ainda tentei explicar-lhe mas ele já era surdo e também não estava para aí virado.
Foi o António Pedro Ferreira que nos aproximou há dois anos, se tanto. Fiquei bastante aliviado. Depois fiz-lhe uma grande entrevista para a Única o que me regozijou muito. O mestre merece-o.
Apesar de não lhe falar, durante todos aqueles anos, nunca deixei de admirar a sua obra. Sempre me intrigou a sua excepcional intuição, o seu apuro técnico, o sentido jornalístico, a capacidade de contar histórias e de fazer História.
E também sempre me fez confusão como uma pessoa com um feitio por vezes muito difícil, de atitudes inexplicáveis ( e isto nada tem a ver com a nossa zanga) consegue fazer fotografias tão sensíveis, pungentes mesmo.
Gageiro é um sobrevivente de uma geração de fotógrafos de imprensa que por vezes tinha contornos de uma verdadeira máfia. Ele para vencer teve de lutar e de usar armas por vezes menos apropriadas. Às vezes tem de ser assim quando a guerra o exige.
Sem complexos posso escrever que aprendi muito com ele. Vê-lo trabalhar era para mim uma lição. Andava como um gato, uma máquina na mão e não a tiracolo, pouco espalhafato, nada de flash, e disparava e desaparecia. Ou dizia qualquer coisa enquanto disparava.
Vi-o discutir com polícias e militares ( numa torre frente ao Ralis no 25 de Novembro), vi-o enfrentar manifestantes, apanhei-o muitas vezes em contracampo à procura de um ângulo diferente. a trabalhar era um buldozzer. Agressivo e rápido.
A ideia de fazer a foto que os outros não tinham feito, o ângulo, o gesto, era um desafio permanente nele. Era, e é, um fotógrafo que procurava fazer diferente dos outros, fotografava sempre com intenção. Podia estar aqui a noite inteira a escrever sobre ele.
Lamento imenso que amigos meus como o António Homem Cardoso não possam nem ouvir falar nele, e percebo-o bem, mas não posso deixar de falar do Gageiro como um caso único de intuição e saber fotográfico.
Ganhou muitos prémios, continua a ganhá-los, mesmo em concursos mais artísticos do que jornalísticos, mas ele é e sempre foi um fotojornalista.
É bom assumirmos os nossos mestres, num tempo em que as referências escasseiam, e os jovens turcos têm como passatempo atirar setas de voodoo àqueles com quem tudo aprenderam.
Parabéns Eduardo e anda daí para um grande cozido no 31 de Campo e Ourique !
Gageiro ganha na China
Eduardo Gageiro voltou a receber três distinções na edição deste ano da Exposição Internacional de Fotografia Artística da China, o maior concurso do mundo, dois anos após ganhar o prémio máximo, informa a agência Lusa.
O fotógrafo português venceu a Medalha de Prata na categoria «Vida Social e Costumes Populares», com a fotografia «O Rolo», enquanto «Sozinho» recebeu a classificação de «Excelente» na categoria «Cenário Natural e Ecologia», disse Chen Jing, responsável do Departamento Internacional da Associação de Fotógrafos Chineses.
Chen referiu ainda que a fotografia «O Monge» conquistou uma menção honrosa na categoria «Retratos, Moda, Publicidade, Natureza Morta e Arquitectura».
Mesmo antes de saber as categorias em que tinha ganho, o fotógrafo português afirmou tratar-se de «um prémio super-importante», realçando ser a segunda vez que concorre e o evento ser agora mais conhecido e ter cada vez mais e melhores concorrentes. «Posso morrer amanhã, que morro feliz», disse Gageiro à agência Lusa, em Pequim./ DIÁRIO DIGITAL
Lisboa perde habitantes....
Estavam à espera de quê ? Que as pessoas paguem portagens, Emel, IMI de arromba, porcaria e confusão ? Eu já me mudei há 10 anos e não estou arrependido. LC
O concelho de Lisboa continua a perder habitantes a favor das zonas limítrofes com as famílias a dirigirem-se preferencialmente para a linha de Cascais e para Norte, revela um estudo sobre fluxos migratórios esta terça-feira divulgado, escreve a Lusa.
O relatório da Imométrica, uma empresa de sistemas de informação para o sector imobiliário, baseou-se na análise dos pedidos de reencaminhamento de correspondência postal feitos pelos agregados familiares entre 2005 e o primeiro semestre de 2007.
Com base nos 23.266 movimentos de mudança de casa que tiveram como origem ou destino a Área Metropolitana de Lisboa, o estudo concluiu que o concelho de Lisboa apresentou um saldo migratório negativo de 3 por cento, tendo originado 9.585 saídas e sendo destino de apenas 8.435 mudanças
Quando o ridículo mata
Estudo aponta principal causa de poluição do ar na Europa
O fumo do tabaco é a principal causa de poluição do ar na Europa, conclui um estudo europeu que mediu níveis de monóxido de carbono (CO) em fumadores e não fumadores e que defende políticas anti-tabágicas mais restritivas, informa a agência Lusa.
O estudo mediu os níveis de exposição ao CO de 111.835 fumadores e não fumadores dos 27 Estados-membros da União Europeia durante eventos da campanha anti-tabágica «Help: por uma vida sem tabaco». Entre os participantes, 44 por cento são fumadores e 56 por cento não fumado/ Diário Digital
segunda-feira, outubro 22, 2007
Os três marretas
Alberto João Jardim refreou o discurso e foi vê-lo a cochichar durante o Congresso de Torres com o seu Delfim, presidente da Câmara do Funchal.
Jardim Gonçalves paga a dívida do filho querendo com esse gesto de 12 milhões de euros ( my God!!) limpar o seu nome, o do filho, da família e do banco que ele fundou.
O problema para estes três marretas é que já é tarde. Isto é: não se retiraram quando o deviam ter feito, quando alcançaram o auge da glória, e da fama. Era nesse instante fatal (!) que deviam ter partido.
Sabemos como os mitos se criam com a morte. Se o pobre James Dean não tivesse morrido dentro do seu Porsche spider, seria hoje o mito que é? E se Sá Carneiro tivesse sobrevivido ao desastre de Camarate e ao desastre político de Soares Carneiro, seria o mito que é ? E se Santana nunca tivesse sido primeiro-ministro, seria ainda o mito que era ?
O apego ao poder é o pior que há na raça humana. Pior que o apego ao poder só pode ser a ganância, o vale-tudo para se conquistar um lugar no poleiro a qualquer preço. Ou passando por cima daqueles a quem se deve respeito, lealdade e ética, ou queimando etapas para se inchar de regozijo perante esse deslumbramento.
Isto aplica-se aos grandes cargos como aos pequenos.
O que leva Jardim Gonçalves a querer continuar à frente de uma instituição que prejudicou, o que leva Pinto da Costa a continuar presidente do porto ou o que mantém Jardim no governo da Madeira, é o mesmo bichinho que transforma por vezes gente adorável em pequenos tiranetes, ou talentos promissores em jovens turcos.
O poder pelo desejo de mudança, pela luta por um ideal, pela paixão por uma causa, está cada vez mais arredada da sociedade em que vivemos. Vemos na política, no desporto, no show-business, numa repartição pública ou na catequese.
O poder pelo poder é o afrodisíaco para medíocres, alguns desequilibrados mentais, consumidores de Viagra ou gente mesmo má. Claro que existe uma guarda avançada de quadros e gestores geniais, sérios, e de pequenos e médios quadros que são por si o coração português a bater.
Estes três marretas personificam o poder decadente. Saber retirar a tempo é uma grande virtude,saber gerir o poder com ambição e sentido da obra feita é outra qualidade de que os bons não devem abdicar nunca.
Basta a Jardim Gonçalves pagar ?
Obrigado filhos.
Jardim Gonçalves também à sua escala terá de certeza incutido nos seus filhos os melhores valores. Acredito e nada tenho a ver com isso. O problema é quando as brincadeiras dos filhos dos outros afectam o meu orçamento e contribuem para algum mal estar colectivo.
Sendo eu cliente do BCP, nem sequer accionista, sinto-me mal quando o banco onde tenho uns tostões e que me cobra por tudo e por nada, se dá ao luxo de ter um Presidente que tem este comportamento.
O que estava em causa, e continua a estar, é como o BCP dá crédito naquelas condições e aceita como incobráveis valores daqueles sem haver avales. E porque tem um amigo meu de andar a pagar parte da sua reforma há 1o anos porque um amigo o deu como avalista, não pagou e é o desgraçado que tem de pagar da sua modesta reforma.
O facto de Jardim Gonçalves vir agora pagar o calote do filho até lhe pode ficar bem como pai, mas não o iliba da fama de gestor duvidoso ou de quem está abaixo dele nos destinos dos créditos do seu banco.
O facto de eu pagar contrabando na fronteira depois de ser descoberto não me tira a penalização legal. Ora aqui trata-se mais ou menos da mesma coisa.
António Costa mostra serviço em Lisboa
Mais de 5000 viaturas foram multadas por estacionamento ilegal em segunda fila em Lisboa durante o primeiro mês da operação de «tolerância zero» àquela infracção promovida pela autarquia da capital, revelou à Lusa fonte da presidência.
Na operação, uma promessa eleitoral do presidente, António Costa (PS), foram autuados 5.024 veículos, 1534 foram bloqueados e 277 rebocados.
Jardim paga mas não se demite
O PÚBLICO não confirmou o pedido de demissão do fundador do BCP, um rumor que correu ao longo da tarde. Jardim alega que desconhecia que o crédito do filho tinha sido declarado incobrável pela gestão do banco, tendo apenas tomado conhecimento desse facto recentemente. O ex-presidente do BCP defende ainda que não beneficiou directa ou indirectamente dos empréstimos concedidos a Filipe Gonçalves, razão pela qual considera o financiamento “regular”.
Jardim Gonçalves paga dívida do filho
A verba resultou de créditos considerados incobráveis pelo banco, o que foi considerado um procedimento normal pela gestão. A liquidação da dívida foi efectuada sexta-feira.Leia o desenvolvimento desta notícia no Público de ama/ Público
domingo, outubro 21, 2007
A comovente confissão de Cecilia Sarkozy
Em entrevista ao Diário de Notícias e ao L`Est Républican, Cécilia considera que não é possível dissociar a vida pública do seu casamento. E recorda o caso amoroso que fez correr tinta nas páginas dos jornais, há dois anos.
Cécilia recorda caso amoroso
«Houve na minha vida um acontecimento do qual a França, infelizmente, está a par, porque, sendo eu uma mulher mediática devido às funções do meu marido, tudo o que acontece na minha vida deve ser explicado. Acontece que, em 2005, eu conheci uma pessoa, apaixonei-me e fui-me embora (¿). Quis tentar comportar-me correctamente e regressar para tentar reconstruir qualquer coisa».
«Nos últimos dois anos, não falei», mas «esta vida pública não tem a ver comigo, não tem a ver com aquilo que sou no mais fundo de mim própria; sou uma pessoa que gosta de ficar na sombra, que gosta da serenidade, que gosta da tranquilidade», confessa.
«Já não é o meu lugar»
«O meu marido era uma figura pública, sempre soube disso e acompanhei-o durante 20 anos. Este combate levou-o a um lugar onde penso que ele é fantástico, porque é um homem de Estado, um homem que é capaz de fazer muito pela França e pelos franceses. Mas penso que esse não é o meu lugar. Já não é o meu lugar», diz Cécilia.
Sarkozy «é como uma violinista que recebe um Stradivarius»
Admite que durante 20 anos combateu uma «luta», mas «houve também momentos interessantes, apaixonantes, porque a política é apaixonante, ao lado daquele que era meu marido. No caso dele, é como um violinista que recebe um Stradivarius: de repente, tem oportunidade de praticar a sua arte».
Mas para Cécilia, no que lhe diz respeito, «não é de forma alguma igual: trabalhei a seu lado, mas não fui eleita e e não tinha vontade de ser eleita».
«O que me aconteceu tem acontecido a milhões de pessoas»
As razões que levaram ao fim do seu casamento não são exclusivas do casal Sarkozy: «O que me aconteceu tem acontecido a milhões de pessoas; um dia, alguém já não tem o seu lugar no casal. O casal deixa de ser a coisa essencial da vida dessa pessoa, já não funciona, já não resulta. As razões são inexplicáveis, acontecem a muitas pessoas. Aconteceu-nos a nós».
Cécilia sublinha, contudo, que «tentou tudo». «Tentámos tudo, tentei tudo, mas simplesmente já não era possível». A neta do famoso compositor espanhol Albéniz revela que «a crise não chega de um dia para o outro. Voltei a casa há um ano. Durante um ano, tentei empenhar-me profissionalmente, pessoalmente, mas isso não funcionava todos os dias».
«Se não fui votar, foi porque já não me sentia bem»
Questionada sobre o facto de não ter ido votar na segunda volta está relacionado com o fim da relação, Cécilia anui: «Durante o G8, preferi afastar-me, porque aquele já não era o meu lugar. Se não fui votar, foi porque já não me sentia bem, porque não era o momento de me mostrar».
Sobre o futuro, Cécilia diz que quer concentrar-se na família. E depois «projectar o futuro», porque não quer «viver mais em função do meu passado», nem no «meio dos escombros». «Ainda em criança, quando terminava um desenho, virava a página e começava a fazer outro. Pois bem, peguei nos pincéis para pintar uma história nova».
Meneses avança para os subúrbios
A Cova da Moura passou de bairro sinistro a bairro chique e também concordo. Estive lá duas vezes e gostei daquela malta. Almocei com a Susan Meiselas numa tasca muito boa e os putos receberam-me com simpatia. Embora nunca finado pois aqueles maninhos são muito imprevisíveis.
Agora este périplo pelos subúrbios, onde Sócrates nunca arriscaria ir já demonstra trabalhinho de campo do nosso líder da oposição.
Ele tem aprendido de bases em Gaia e terá de jogar muito neste tabuleiro popular, antes que Santana também se lembre de ir visitar os eleitores que representa no Parlamento.
sábado, outubro 20, 2007
quinta-feira, outubro 18, 2007
Canon, assistência má em câmara boa
Quando em 1990 fui à Canon em Lisboa e lhes propus para ficarem com as minhas Nikon e me venderem Canon Eos 1, como a marca o estava a fazer lá fora aos fotojornalistas, quem me recebeu ficou de boca aberta. Claro que me disseram não passados dias.
Entretanto fui a Nova York e comprei num armazém de judeus da Rua 42 a minha primeira EOS1. Mesmo à porta comecei a fotografar em autofocus e automático, e nunca mais parei de o fazer até hoje.
A Canon é o BMW das máquinas fotográficas. Tem fiabilidade, design, é rápida, inteligente, é a câmara mais amiga do fotógrafo. Não é por acaso que todos os grandes profissionais de todo o Mundo a preferem, tendo destronado a NIKON, uma marca mítica até à F3. Claro que não são as máquinas que pensam as fotografias, nesse sentido tudo serve para disparar.
Posso dizer que fui o primeiro fotojornalista em Portugal a usar Canon e muitos colegas passaram-se para o lado Canon por minha influência. O Gageiro já usava Canon desde os anos 70.
A Canon portuguesa, até há 5 anos atrás, era de uma eficácia e de uma simpatia inexcedível para os fotógrafos. O José Manuel teve aqui um papel muito importante, era um bom interlocutor, arranjava preços imbatíveis, emprestava material quando o nosso se danificava. Tínhamos a Canon como uma marca que tinha os profissionais em grande conta. Contávamos com ela.
Hoje tudo mudou. A assistência Canon tornou-se numa lástima. É cara, lenta, impessoal, burocrática. Está-se nas tintas para os profissionais e cobra preços aos amadores exorbitantes. Demora meses a reparar ninharias e já nem dá material de substituição.
Isto torna impraticável o trabalho dos profissionais, e frustrante os problemas dos amadores.
É um serviço pós-venda digno de uma dessas marcas da treta sem representante.
Imaginem que compram um BMW e não há pastilhas de travão para mudar.
Como a representação passou para mãos espanholas, e como o mercado português não é relevante, a assistência "lhega quando lhega".
Pode sempre mandar-se o material por DHL para Espanha e repará-lo lá. E vai ter de assim ser se os fotógrafos em Portugal ainda insistirem em usar Canon.
Não há saída: a Canon é uma câmara única e vamos ter de viver com esta vergonhosa representação.
Aliás a Canon não está só nesta miséria empresarial: a Apple não tem representação em Portugal ( os tugas adoram windows, que aliás é um sistema que lhes fica a matar!), só tem revendedor. A semana passada para encomendar online um livro digital tive de pôr no endereço Lisboa, Espanha, para o livro cá vir ter. E veio !
Afinal havia outro
Sarkozy é amigo do patrão de Paris-Match e este não terá gostado mesmo nada.
Esta demissão deu que falar em França, país da liberdade, e provocou uma grande desilusão nos leitores do Paris-Match ( onde eu me incluo) por não fazer parte da tradição do magazine este tipo de censura.
Afinal, o demitido tinha razão antes de tempo e a desconfiança na imprensa quando vêm à baila estas notícias nem sempre é de aplicar.
Este divórcio vem mostrar como os homens políticos são iguais ao comum dos mortais e a forma discreta como o processo de divórcio foi feito demonstrou um grande nível.
Numa sociedade tradicional isto seria impensável há pouco tempo. Hoje os eleitores percebem que os seus dramas amorosos são aplicados aos líderes. Torna-os mais humanos e até poderão "facturar" votos.
A imagem de solitário de José Sócrates não o prejudicou até hoje e o que se tem escrito sobre o novo romance do novo líder eleito também não.
Sá Carneiro ( e aqui olho para o céu como Santana) até nisto foi pioneiro.
Enfim:Cécilia deixa Sarkozy
O Presidente francês, Nicolas Sarkozy, de 52 anos, e a mulher, Cécilia, de 49 anos, decidiram separar-se «por mútuo acordo», anunciou hoje a presidência francesa em comunicado, noticiou a Lusa.
«Cécilia e Nicolas Sarkozy anunciam a sua separação por mútuo acordo. Não farão qualquer comentário», diz o comunicado de apenas 15 palavras.
A presidência oficializou uma separação que há vários dias era alvo da atenção da imprensa francesa.
O texto não menciona o início do processo de divórcio, que terá já sido apresentado a um juiz de Nanterre, perto de Paris, de acordo com vários jornais franceses.
Cécilia Sarkozy e o marido Nicolas, que têm em comum um filho, Louis, de dez anos, terminam assim um casamento de 11 anos.
A separação do casal tem sido notícia nos meios de comunicação social franceses com mais insistência desde há duas semanas, uma vez que o casal não era visto em público desde o Verão passado.
A ausência de Cécilia na recente deslocação de Sarkozy à Bulgária, onde era esperada com grande expectativa devido ao papel que desempenhou na libertação das enfermeiras búlgaras detidas na Líbia, aumentou as especulações.
quarta-feira, outubro 17, 2007
Mediastorm, multimédia de referência
A verdade inconveniente de Furtado
É evidente que só a RTP tem rede para poder arriscar a pôr no ar, no horário nobre, um programa daqueles. Numa privada o falhanço de uma experiência destas pode causar muito prejuízo. Ninguém hoje arrisca.
O programa do Joaquim tem a grande qualidade de ser isento, objectivo. É jornalismo puro: testemunha sem preconceitos. As imagens de arquivo são de grande qualidade e vem reforçar a ideia de que na RTP havia uma escola de grande repórteres, de grande cameramen, na década de sessenta. As imagens não são só boas por serem documentos únicos. Têm qualidade técnica e formal.
A vida nas colónias era uma boa vida e ali dá para percebermos melhor o nosso passado muito mal contado no pós- 25. Aquelas manifestações na baixa contra a guerra, com milhares de pessoas, não podiam ser só encenadas. havia ali fervor, autenticidade, ideia de Pátria.
A forma como Holden Roberto ( que entretanto morreu) contou o ataque da UPA no Norte de Angola, é brutal em verdade. Os portugueses foram barbaramente chacinados para darem lugar a ditaduras, mas nada há a fazer contra a avalanche da História.
Sobrevivemos e pode-mo-nos orgulhar do que deixámos em África. Assim pudéssemos dizer o mesmo do que fizemos em 30 anos de democracia.
Capitalismo selvagem
Este terrorismo de marketing está a invadir a nossa vida e pelos vistos não há entidade reguladora que meta estas empresas na ordem. Viola-se a privacidade, usam-se dados que foram fornecidos para fins diferentes e ainda se tenta vincular as pessoas a compromissos comercias mais ou menos tentadores.
O capitalismo tornou-se selvagem e sem ética neste país baralhado entre um poder político cada vez mais absoluto onde o cidadão já não tem quem o defenda de nada. Estranha forma de democracia. É que temos.
Não sou propriamente um apreciador do estilo Paulo Portas. E é verdade que ele na oposição tem uma utilidade que no Poder é mais que indesejável. Mas o seu apontar à tirania do fisco é bom tiro. Ainda hoje uma amiga se queixava que tinha de pagar 16 mil euros às finanças porque vendera um prédio em ruínas, que tinha comprado para reconstruir para habitação própria, pediu o empréstimo,depois vendeu-o mas como tinha a morada fiscal na porta ao lado, que era uma casa alugada, agora vai ter de pagar a barbaridade em mais valia. Pode protestar mas paga já.
O que vale é que somos o país europeu com mais caixas multibanco.
terça-feira, outubro 16, 2007
Eva Green por Demarchelier na Vanity Fair
Bertolucci maiden and Bond girl Eva Green plays a 300-year-old witch in this winter's fantasy event The Golden Compass. She's also the commercial face of Dior's new Midnight Poison scent. Here are Patrick Demarchelier's vampy photos of Green from the November V.F., along with a few Web-exclusive outtakes.
Fotógrafos á solta no Congresso do PSD
Santana Lopes chegou a meio da tarde ao Congresso rodeado de seguranças e do séquito fiel. Beijinho aqui, abraço ali, os fotógrafos iniciaram o ataque, atirando-se como gato a bofe perante as sempre surpreendentes expressões do Menino Guerreiro.
"Vocês não vão entrar ali comigo, pois não?"- perguntou, simpático, perante a possibilidade da sua entrada no Congresso poder vir a ofuscar tudo e todos com o circo da imagem atrás. Acabou por entrar pela direita baixa, com seguranças a abrirem caminho e os fotógrafos a correrem pelo corredor central para fazerem mais uma banal imagem do político a sentar-se.
Não há nada melhor para um político brilhar do que aparecer rodeado de um batalhão de fotógrafos, com flashes a luzirem e holofotes seguidores. Se um tipo é assim fotografado é porque tem carisma, fama e Poder. Portanto: nada melhor para um político em rampa de lançamento do que deixar aproximar os fotógrafos, mostrar confusão, espectáculo. Menezes já o sabe também, não estivesse ele bem rodeado de ex-jornalistas a aconselhá-lo.
No dia a seguir a ter estado no Congresso fui a um casamento e reparei como era importante para a solenidade a presença do fotógrafo e do operador de vídeo. Eles faziam parte do espectáculo, davam à cerimónia uma importância extra, eram por si só a prova de que a eternidade daqueles momentos estaria assegurada. Os noivos sentiam que também eles podiam ser vedetas por um dia, serem alvo das atenções. Tinham finalmente direito aos seus minutos de fama. Nada de mal nisto. A vida é, verdade seja dita, também feita de grandes momentos de auto-estima.
Meneses com Cunha Vaz, assessor da agência de comunicação. |
A importância da imagem está mais que assimilada pelos actores políticos.
A relação destes protagonistas com a imprensa está a mudar profundamente em Portugal.
Há anos para se fotografar Soares ou Cavaco Silva, fazia-se um telefonema para o assessor, muitas vezes mesmo directamente para eles, e era fácil combinar uma sessão de fotografia numa situação exclusiva. Hoje fia mais fino. Qualquer fotografia fora do âmbito público tem de passar pela agência de comunicação que controla, até ao desespero, os passos, os gestos, as expressões, a roupa, a maquilhagem, o fundo cenográfico...tudo passa pela agência de comunicação.
Mesmo que o político esteja disponível para se deixar fotografar ao pequeno-almoço antes de ir para o Congresso, a ler jornais e a concentrar-se, o controleiro da agência de comunicação pode dizer que não, dar uma alternativa sem interesse jornalístico, propondo uma encenação com ar de propaganda. O jornalismo - verdade, aquele que pode transmitir emoções e dar o lado mais intimista (não intimo!) e humano de um político está cada vez mais difícil de praticar.
Num dos seus últimos livros, o fotojornalista francês Raymond Depardon conta que nos anos setenta conseguiu convencer Giscard D`Estaing a deixar-se seguir por ele com uma câmara de 16 mm filmando e gravando toda a campanha eleitoral, numa visão intimista. " Foi a primeira vez e a última que um político o deixou fazer em França!"- confessa o fotógrafo.
Ao longo da minha vida de fotojornalista tive momentos de grande privilégio ao poder fotografar políticos em situações exclusivas. Lembro-me de estar sentado na relva da vivenda Mariani com Cavaco Silva enquanto a Dra. Maria brincava com a neta, de poder fotografar um passeio de fim de tarde na Praia do Vau entre Soares pai e Soares filho e da viagem com Durão Barroso e Kofi Anan a bordo de um pequeno jacto de regresso da Cimeira do G8, ou mesmo a recente sessão de fotografias com Teresa Caeiro, impossíveis de fazer com um assessor de um qualquer estamine de comunicação a meter-se e a dar palpites.
Foram trabalhos possíveis devido à confiança que em mim depositaram. Mesmo nestas situações, nós jornalistas temos de aceitar que nem tudo é "on" para a fotografia e deve sempre prevalecer sempre a independência mas também a educação.
As facilidades para as fotografias nunca são ingénuas e os políticos sabem gerir bem essa dosagem de disponibilidade. Tal como os artistas de variedades.
O que há de novo é a profissionalização da imagem dos protagonistas políticos. A política entrou no espectáculo e as regras da marcação dos actores no palco não é muito diferente da praticada numa NBP. Os eleitores cada vez ouvem menos e cada dez olham mais, portanto: a imagem é tudo. Mandem entrar os fotógrafos.
( também em www.expresso.pt)
Sócrates já dá boda aos funcionários públicos
16.10.2007 - 09h05 Lusa
O ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, anuncia hoje, em entrevistas publicadas na imprensa, que o bom desempenho das contas públicas vai permitir descongelar a progressão dos salários e carreiras dos funcionários públicos.
Meus caros: o pior que temíamos aí está. Andamos a poupar a pagar impostos brutais para o ministro das finanças vir agora dizer que esse esforço de todos, da classe média diga-se sem complexos, vai beneficiar a classe mais improdutiva do país, embora útil quando competente, pese o peso (!) exagerado do número de funcionários.
A tentação do governo em começar a desacelerar com vista às eleições é evidente, notório, escandaloso. Estes portuguesinhos de memória curta vão depositar o fiel voto na caixinha para gáudio do engenheiro e seus acólitos.
Entretanto paguem e refilem pouco.
PS: quanto a redução de efectivos na função pública está quieto.
Os 3 por cento pelos Gatos Fedorentos
segunda-feira, outubro 15, 2007
BCP: Meus Deus ao que eu cheguei!
Nos meus cheques do BCP está lá escrito: " cliente desde 1991". Com esta atenção acho que tenho alguns direitos ao ser cliente deste banco. Tenho lá a minha conta ordenado e uma outra com uns trocos. Por várias vezes pensei em tirar de lá o meu dinheiro mas depois recuo porque a facilidade em utilizar os serviços online do BCP está muito acima em facilidade dos outros bancos. Depois há cheques avulsos em qualquer multibanco BCP, o que me tem safo em situações mais imprevisíveis. Os empregados são muito simpáticos, pese embora que é o pior banco para pedir crédito à habitação, fazer seguros dos carros.
Enfim: funciona bem mas embirro com o banco. Porquê ? Nem eu sei. Embirro com a marca e com a cultura de empresa que sugere. Mau brandt.
Hoje apetece-me tirar de lá a massa.
A notícia que o Expresso deu em primeira mão sobre o empréstimo a um filho de Jardim Gonçalves de 12 milhões de euros e que foram pelo cano abaixo é muito, muito grave. A guerra vai voltar ao BCP, Berardo já clama por justiça e nos entretantos já apareceu mais um calote de 15 milhões relacionado com um administrador nos Açores.
Como chegou a este ponto o maior banco privado português, dirigido por um crente e praticante da Opus Dei, como este tipo de manobras que assistíamos na política começam agora a contaminar a economia, é preocupante.
O pior que a economia portuguesa podia agora padecer era de falta de confiança no sistema bancário.
Depois de irmos atestar a Espanha, estudar para Espanha, trabalhar em Espanha, parir em Espanha, só nos falta mesmo é pormos lá o nosso dinheiro a salvo. Pode ser exagero, mas acredito que já haja muita gente a fazê-lo. Por mim tanto me faz, desde que possa dormir descansado em cima do meu colchão.
domingo, outubro 14, 2007
Meneses não matou os fantasmas do PSD
Sejamos claros: Manuela Ferreira Leite interveio ontem no Congresso de Torres para defender a não diminuição dos impostos, porque era a sua política que Meneses poria em causa e não, como ela disse, que assim o PSD estava a legitimar o sucesso do governo PS.
Ora, vou repetir-me, esta política da tanga, do aumento do IRS, IVA, SCUTS, reformas a pagarem mais IRS, portagens, cortes nas despesas da saúde, educação, maior poder à RTP, destruição do Estado Social, maior despesismo e maior repressão, começou com Leite, ministra de Durão Barroso, teve um apogeu com Bagão Félix, ministro de Santana, e Sócrates limitou-se a reforçar ainda mais esta política com o conforto da sua maioria. A mesma política: cortes na economia em nome do déficit.
Leite, que agora aparece como a Santa Padroeira do PSD, foi a autora material da política cega de combate ao déficit, onde valeu tudo, que teve reflexos directos nas nossas reformas, que atacou sem precedentes a classe média.
Foi ela que inventou o super director-geral dos impostos, um competente quadro que conseguiu este milagre: pôr a estrutura informática a combater não só a fraude fiscal- essa deve ser combatida, claro- mas a perseguir os cidadãos contribuintes tendo essa política resultado num saque admirável aos contribuintes.
O déficit de 3 por cento, que agora Sócrates se orgulha de apregoar, mais não é do que um aumento brutal da carga fiscal, sem correspondência inversa a cortes na despesa pública e sem crescimento. Resultado disto: o país não consegue nem vai crescer, o desemprego aumentou brutalmente porque em época de crise como não há investimento privado am alta, deveria ser o Estado a fazer investimento produtivo, só que não o faz.
O drama está à vista: vamos continuar a pagar impostos e quanto mais pagarmos menos cresceremos porque o nosso dinheiro não vai para acelerar consumo, revitalizar a economia privada. O nosso dinheiro irá para sustentar um Estado pesado, incompetente, parasita, um Estado que não serve os cidadãos, um Estado que vive como uma sanguessuga de impostos directos e indirectos.
Meneses não vai conseguir matar aquele PSD sinistro do Dr. Lopes. Pior: vai ter o "loser" Lopes, detestado pelo eleitorado que o penalizou fortemente, que não o quer de volta, que lhe acha graça e até simpatiza com ele ( falo por mim) mas que é um bluff como governante, ele vai ser líder parlamentar! Até tem lógica: Lopes vai liderar 80 por cento dos depitados que ele escolheu nas suas listas. Vai haver dois PSD: o da AR e o de Gaia. Eeheheh!!! E o da madeira, of course!..
Não tenhamos memória curta por favor. Lembremo-nos do seu super Audi da Câmara, da sua arrogância, de Portas e Bagão Félix e Morais Sarmento. E o cromo Rui Gomes da Silva, o inteligente ministro que deu a barracada com Marcelo ? Please!!! Um pouco de refresh ! Um pouco mais de decência e já agora de competência.
O que Cavaco Silva dirá deste PSD? O pior imagino.
Para mim a imagem mais degradante do congresso foi ver tête-à-tête Meneses e Lopes com a quadrilha de ex-ministros que nos últimos anos governaram o país. O novo líder devia ter dado o sinal inequivoco que o PSD falhado, falido, tinha terminado. Não. Pôs o Lopes a seu lado e caiu no ridículo a convidar Leite para Presidente do Congresso. Levou tampa depois de se ter ajoelhado à Santa Padroeira. Fracasso.
Se Meneses vai continuar a fazer política por impulsos, e não sabemos se não terá sido Santana a sugerir-lhe o gesto, já que cochichava a seu lado, então prepare-se para ser apeado daqui a dois anos pelo Passos Coelho que já começou a fazer-lhe a cama.
Não parece que o homem de Gaia esteja bem rodeado e mesmo alguns notáveis como Aguiar Branco, que vieram dizer que estão vivos e que se houver um lugar especial até alinham, sejam por si moeda forte para segurar um partido que trás consigo um passado recente do pior que Portugal alguma vez teve em política. Só a vassourada total permitiria um bom fôlego a Meneses, como aliás Cavaco o fez em 1987. Seguiu sózinho o seu caminho e trouxe consigo, pela rédea curta, uns jovens turcos que depois deram naquilo que sabemos: uma casta cavaquista que enriqueceu e se tornou no pior do que a política pode ter.
Portugal pagará caro estas aventuras. Aquela gente não tem autenticidade, valor, seriedade, estrutura intelectual, nem espírito de serviço público. É uma classe que faz da política um jogo de mau xadrez, uma perversão da causa pública.
Demasiado mau para ser verdade. A única vantagem é irem morder as canelas do já cansado Sócrates, um líder só, sem sucesso, sem talento, um político que não soube arriscar em fazer um país a caminho da Europa.
A coisa está mesmo feia.
Também fui ao Congresso PSD
A última vez que tinha ido a Torres Vedras tinha sido ao Carnaval. Hoje voltei para ir ao Congresso do PSD. Estava menos animado do que o Carnaval, menos aguerrido do que nos tempos idos. Há por ali muita contenção.
A minha entrada começou logo com um sobressalto. Um tipo que me deve 6oc contos há anos aparecia a apoiar um líder. E corro sempre o risco de ainda ser sovado. Depois um segurança que me levou pelo braço no congresso de Tavira lá estava mais velho, claro, mas ainda mais parecido com um armário. O ambiente não estava nada a meu favor. Ia sendo atropelado pelo passo acelerado de Macário e confundi o penteado do Mendes Bota com um capacho voador.
Alberto João Jardim era o mais igual a si próprio, tirando Manuela Ferreira Leite. Jardim esteve sempre com o seu delfim, o presidente da Câmara do Funchal. Ainda me atirou:" pare lá com as fotos, amda-me a fotografar há 30 anos!"- Depois estendeu-me a mão.
Bom foi ver a cara de Cunha Vaz, o dono da agência de comunicação que controla Meneses, quando Jardim disse que a política está cada vez mais nas mãos da Maçonaria, dos lobbies ( desta vez não referiu o gay) e das agências de comunicação.
Paula Teixeira da Cunha abandonou ao fim da tarde o Congresso, vestida de casual chique, fumando muito e com uma evidente falta de bom perder.
O PSD vai voltar à ideologia e estética provinciana, aliás a única que lhe fica a matar. aquilo é um partido nascido pela caciquagem ( não existe esta palavra, passa a existir!) local, pelos homens que herdaram muitas posições políticas locais ainda do regime deposto, e agora e já antes são os filhos, netos e enteados que aí estão. Há muita gente de qualidade, são empreendedores, adoram obras públicas, são os pais das rotundas, dos pavilhões gim no-desportivos...sei lá. Que seria do país sem estes cromos de farpelas cinzentas, penteados com laca e capachinhos laranjas ?
Havia por ali gente aos bonés e alguns oradores foram lá dizer que afinal estavam disponíveis. Ao contrário de Manuela Ferreira Leite que acabou por desiludir Meneses e fragilizá-lo ao recusar depois de ter sido convidada em directo perante o congresso. A xico-espertísse de Meneses falhou, foi a primeira manobra perigosa e saiu logo de estrada.
A sombra de Santana foi permanente durante a tarde. Ele acabou por pedir por favor aos fotógrafos para não o seguirem na entrada no pavilhão para não ofuscar o líder. Acabou por esperar e entrar pela lateral, abdicou noite dentro de falar e disse que nele ninguém manda. Lindo menino guerreiro!
Ressuscitou e aí está para lançar a confusão.
Sá Carneiro foi constantemente citado, deverá ser dos defuntos mais felizes, sempre recordado por tudo, todos e a propósito de nada.
Zita Seabra também resiste e aí está ao lado do homem de Gaia.
Ao perto vê-se melhor: Meneses parece querer dar outra imagem de si. Parece andar ao ralenti, posa com as mãos na cara, fala mais pausadamente, está contido.
Vai caír no erro de Santana: quer ser outro, mostrar outro perfil. Vai perder autenticidade e vai-lhe tirar credibilidade, se é que tinha alguma.
À sua volta os ex-cavaquistas voltam a reunir-se. Duarte Lima, Mendes Bota, Arlindo carvalho, Couto dos Santos, Ângelo Correia... meu Deus, se isto é renovação vou ali já venho.
Claro que Meneses vai dar cabo da cabeça a Sócrates e vai haver oposição cerrada ao engenheiro. Mas não consigo imaginar esta gente de novo no governo. Algumas destas figuras fazem parte do pesadelo recente de Portugal. Foram eles que lançaram esta ideia do país na tanga, do neo-liberalismo, da pesada carga dos impostos. O pior da política do Sócrates bebe neste PSD dos interesses, no liberalismo para despedir e privatizar e no socialismo para cobrar impostos.
Amanhã encerra mas eu vou a caminho de um casamento, depois do funeral.
sexta-feira, outubro 12, 2007
Coisas e factos da semana
Vai ter Meneses à perna. Viu-se já ontem, e hoje, e terá Santana Lopes no Parlamento de quinze em quinze dias a morder-lhe as canelas.
O orçamento é a prova que o país engordou, o Estado engordou. o déficit baixou mas a economia do país continua no mesmo atraso. O sucesso deste orçamento, desta política, é que o Estado conseguiu sacar ainda mais impostos ao cidadão para esbanjar em despesa pública. Não investiu, não criou riqueza, não há crescimento do PIB. Enquanto os outros países cresciam nós apertávamos o cinto à classe média; agora que os outros regridem, aí estamos nós a alinhar por baixo. Lamentável, grave. Aguenta classe média que paga impostos.
No PSD Meneses não conseguiu impôr a solução Zita Seabra para líder parlamentar, portanto vai ter também uma sombra na sua liderança. Péssimo lideranças com sombra.
José Rodrigues dos Santos está na Feira do Livro de Frankfurt mas por cá fala-se muito dele. Os jornais e revistas aproveitam para atacar a RTP e a administração. O homem tem mel e sabe-o. Veremos se vai haver coragem para o meter na ordem.
A nova basílica de Fátima inaugurou. É a quarta maior do Mundo, custou o dobro do orçamentado ( ai Portugal!) e na verdade o ícone Fátima está cada vez menos antigo e de tom rural. Transformou-se num centro religioso, numa inspiração dos centros à Belmiro. Não é mau em si, mas para mim que visito o santuário há 50 anos, desde pequenino, e que o fotografo há 30, Fátima já não tem o encanto que tinha. Mas o que é que ainda tem ?
A Moda Lisboa arrancou em Cascais. Já não está na moda.
Al Gore sempre ganhou o Nobel. O tipo tem faro mas não acredito no homem. Acho aquilo tudo um pouco trafulha. O aquecimento global, a ecologia é o grande negócio do século, depois dos computadores pessoais. Vamos ser nós europeus a pagarmos pelo inferno chinês e de todos os países subdesenvolvidos. Vamos andar armados em ingénuos a pagarmos para os outros poluírem e destruírem sem regras.
Amanhã rumo a Torres Vedras. Trabalho é trabalho.
PNR tem hoje novo cartaz no Marquês
Bush recebe Dalai Lama, Sócrates não
10 anos para fazer 4 quilómetros de estrada
E António Costa gosta de apregoar que a cidade tem de ter menos carros.
Começou por tornar o Terreiro do Paço ao domingo num ermo desolador e a irritar os poucos forasteiros que têm a insensatez de visitarem ao fim de semana uma cidade moribunda, sem vida, nem gente, nem nada.
Até o Cais das Colunas foi armazenado e um tapume encobre o Tejo da cidade há 10 anos.
Costa insiste que há muitos carros em Lisboa. Não fala em melhorar acessibilidades e em tornar Lisboa numa cidade amiga e anfitriã a quem nela quer entrar. Costa enxota os visitantes e depois queixa-se que a cidade está moribunda.
Ora, uma das razões para Lisboa ser uma cidade saturada vem do facto que muito, muito, do trânsito que circula na cidade é fluxo de passagem. Há muita gente que tem de atravessar a cidade, e pior: há muito camião que a atravessa fazendo transporte de mercadorias do Porto de Lisboa que não passaria pelo centro se já tivessem sido construídas alternativas de circulação. Quem o diz aliás é o seu vereador Manuel Salgado. Pelo menos dizia-o quando só era arquitecto.
O prolongamento da CRIL foi anunciado esta semana, mas até à sua conclusão ainda vão ser precisos mais dez anos. As obras já foram interrompidas há mais de 10 anos ! A sua conclusão permitiria escoar o trânsito que vem de Cascais para a A1 sem passar pela segunda circular, que aumentou de tráfego quando Barroso voltou a pôr portagens na CREL.
A inauguração dos 4 quilómetros que passaram a ligar a Ponte 25 de Abril à A1 demorou 10 anos. Sócrates até foi à inauguração como se aquilo fosse uma obra do regime e uma empreitada em que o Estado se pudesse gabar. Podia ter dito que aquele era o mau exemplo de obras públicas que o governo não queria. Não. Sócrates deu aquilo como mais uma obra simplex para engrandecer a obra do Estado Socialista.
É preciso ter muita lata e muito despudor!