sábado, outubro 27, 2007
Os sons lancinantes no Cais da partida
Estamos em Junho de 1961. No cais da rocha do Conde de Óbidos, em Lisboa, a multidão reuniu-se para ver partir um dos primeiros contingentes de soldados a partir para a Guerra Colonial. Há fanfarra, hino e ambiente de festa. O repórter lança-se no seu discurso, previamente revisto, onde fala da grandiosidade do império e do céu azul na partida, despedindo-se com um “boa viagem rapazes e até breve”. Mas o microfone da rádio, que não obedece a ordens, não conseguiu fazer calar os gritos de dor de mulheres e mães que se ouvem de fundo, ao longo de toda a reportagem.
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Aqui está uma imagem forte, que faz parte da nossa história recente e de que não nos poderemos orgulhar. Na memória de todos nós está ainda bem viva, a imagem das familias que no Cais de Alcantara choravam e acenavam lenços brancos na direção dos seus filhos e maridos que enchendo literalmente os paquetes da Companhia Colonial de Navegação rumavam para paragens até então desconhecidas das nossas tropas, que mal preparadas e desconhecendo em absoluto o terreno que iriam pisar, mais não foram do que carne para canhão, ou antes, para catana, pois para sorte nossa os guerrilheiros da UPA estavam muito mal equipados... caso contrário seria bem pior para o nosso lado.
ResponderEliminarDo que realmente se passou e que durante tanto tempo esconderam, Joaquim Furtado e a RTP a quem endereço os meus parabéns, estão agora trazendo à luz do dia.
Pela minha parte quero apenas fazer um pouco de humor e partilhar aqui um pormenor "delicioso" que tem a ver com as "famosas" senhoras do M.N.F. Movimento Nacional Feminino, que já na amurada do Vera Cruz nos desejavam boa sorte e entregavam a cada soldado uma pequena saca com algumas insignificâncias... lembro-me de uma esferográfica, um macinho com os famosos Aerogramas, por nós apelidados de "bate-estradas" e melhor ainda, um maço de cigarros...hehehehehe, nem sequer me perguntaram se eu fumava, mas nada fizeram pela minha mãe e pelos meus irmãos, apesar de no meu processo constar que eu como filho mais velho era o amparo de mãe...
O que me espanta é que, meio século depois ainda surjam aqui e ali indicios de saudade desse tempo.
Tenham um excelente domingo
É ISSO QUE ME FAZ INTERROGAR. NÃO AS GENTES DESTA GERAÇÃO QUE NASCERAM COM A PAPINHA FEITA E A FRALDINHA JÁ POSTA. MAS OS DE ONTEM . DONDE LHES VEM ESSAS SAUDADES ? SÓ POR IGNORÂNCIA OU POR MALDADE SE PODE RECORDAR ESSE TEMPO COMO O TEMPO BOM E O DE HOJE COMO O TEMPO MAU. NÃO É DEMAIS MOSTRAR E FAZER LEMBRAR IMAGENS E SONS DESSA ÉPOCA QUE DE SAUDADE SÓ POR SERMOS JOVENS E AINDA TERMOS A NOSSO LADO OS NOSSOS FAMILIARES: NADA MAIS !
ResponderEliminarANTÓNIO JOSÉ - LOULÉ