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quarta-feira, outubro 17, 2007

A verdade inconveniente de Furtado

Não vi todo o programa do Joaquim Furtado sobre a Guerra Colonial. Do que vi gostei muito. Parece que foi um sucesso de audiência. Isto prova que vale a pena fazer televisão com qualidade e não apostar só na fancaría das telenovelas e dos reality- shows.
É evidente que só a RTP tem rede para poder arriscar a pôr no ar, no horário nobre, um programa daqueles. Numa privada o falhanço de uma experiência destas pode causar muito prejuízo. Ninguém hoje arrisca.

O programa do Joaquim tem a grande qualidade de ser isento, objectivo. É jornalismo puro: testemunha sem preconceitos. As imagens de arquivo são de grande qualidade e vem reforçar a ideia de que na RTP havia uma escola de grande repórteres, de grande cameramen, na década de sessenta. As imagens não são só boas por serem documentos únicos. Têm qualidade técnica e formal.

A vida nas colónias era uma boa vida e ali dá para percebermos melhor o nosso passado muito mal contado no pós- 25. Aquelas manifestações na baixa contra a guerra, com milhares de pessoas, não podiam ser só encenadas. havia ali fervor, autenticidade, ideia de Pátria.

A forma como Holden Roberto ( que entretanto morreu) contou o ataque da UPA no Norte de Angola, é brutal em verdade. Os portugueses foram barbaramente chacinados para darem lugar a ditaduras, mas nada há a fazer contra a avalanche da História.
Sobrevivemos e pode-mo-nos orgulhar do que deixámos em África. Assim pudéssemos dizer o mesmo do que fizemos em 30 anos de democracia.

7 comentários:

  1. Eu só vivi numa ex-colonia após a independêcia e por isso não vivi o antes.
    Mas do que vivi, em varios anos, deu para perceber que este tema é fracturante na nossa sociedade.
    E sem duvida nenhuma , eu senti-me mais Português em Africa que em Portugal e do ponto de vista da pessoa em si, a riqueza de espirito que se recebe, não tem preço e faz-me compreeder aqueles homens que não quiseram voltar para Portugal e pegaram nas armas, lutando contra um inimigo invisivel.
    Infelizmente, os politicos de Lisboa nunca estiveram nem estão à altura dos portugueses que deveriam ser protegidos,amados e reconhecidos na sua Patria e foram abandonados e descriminadamente tratados como "retornados".
    Portugal sempre foi assim!
    Estou a lebrar-me de como morreu Camões!
    ps: Também é importante referir que os politicos de Lisboa também foram incapazes de perceber que os "pretos" apenas queriam ser aceites na sociedade da sua terra e receber algum carinho como humanos que são. Foi-lhe dado pelos Russos, cubanos e chinocas e hoje choram de amargura.Muitos, quase todos, tem tb muitas saudades desses tempos e infelizmente, hoje, estão muito piores! Mas hoje os colonos são outros e têm varias raças.

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  2. O processo de descolonização foi um dos maiores erros da história recente de Portugal.
    Pagou-se bem caro.
    Os de cá.
    Os de lá.

    Ainda hoje se está a pagar.
    Cá e lá.

    é a vida ....

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  3. gostei muito do que vi,
    e preciso perceber como estas coisas se passaram,
    a meu ver a politica nao funcionou muito bem,
    mas alguma vez funcionara?!

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  4. Meus amigos, o meu comentário vai no sentido de reconhecer que também a mim aconteceu o mesmo que à esmagadora maioria dos jovens da década de sessenta "para Angola rápidamente e em força" Salazar decidiu e nós qual carneiros inocentes, a maioria iletrados, politizados nem pensar, lá avançamos ao som do ANGOLA É NOSSA... e se a maioria de nós por lá nada tinhamos, alguns milhares houve que passaram a ter! UMA TOSCA SEPULTURA aberta pelas mãos dos companheiros algures nessas longinquas paragens,(convém recordar que Salazar apenas transladava para a Metrópole os mortos das classes de Sargentos e Oficiais)as praças eram sepultadas lá, a não ser que as suas familias pagassem a transladação...!!! o tempo passou e nos ultimos anos tenho adquirido tudo o que encontro que diga respeito à GUERRA COLONIAL, há que assumir o peso das palavras, mas não tenho encontrado nada de relevante e achava que já eram horas de a história se começar a escrever, surge agora este que me parece ser um trabalho de grande folgo do Joaquim Furtado, e como se aqui se prova não é necessário ter-se entrado na guerra para se fazer um trabalho sério sobre um tema que marcou negativamente a vida dos portuguêses na segunda metade do século XX e de cujo ferrete ainda não nos livramos.
    Assinalo como muito positivo no meio de tudo isto, a gigantesca onda de fraternidade que se formou entre todos nós, quatro décadas depois da mobilização, que faz com que continuemos ligados pelos mesmos elos que nos uniram na longinqua década de sessenta do século passado.
    Quero também dar o meu testemunho acerca do extraordinário sentimento de portugalidade que existia em Angola nessa época... arrepia só de recordar o respeito com que todos os cidadãos negros e brancos,se perfilavam durante o içar e o baixar da nossa bandeira no Quartel General de Luanda... o transito parava todo sem excepção, e toda a gente saía das viaturas e assistia em respeitoso silêncio à exibição da fanfarra militar que percorria a zona envolvente ao Q.G.!!! temo no entanto que tudo aquilo a que vamos assistindo e sentindo na pele nestes ultimos tempos tenha matado este sentimento de patriotismo que acabo de descrever.

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  5. Aplaudo com emoção o que Gaspar de Jesus escreveu.

    Sorte a sua, Caro Amigo, que ficou cá para nos recontar o que viveu.

    Uma sorte que não foi a de muitos cidadãos portugueses e angolanos... mortos em combate.

    Pagaram com a vida, um lugar na nossa História (recente).

    :-(

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  6. O MEU MUITO OBRIGADO à Senhora que assina PÉZINHOS NA AREIA, pelas suas palavras.
    Tenha um excelente fim de semana.
    G.J.

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  7. Luiz Carvalho,

    A verdade da História necessita ser reposta e o tema de seu post sobre "A Verdade Inconveniente de Furtado" contribui para que a mesma verdade seja divulgada. Por isso, seu comentário está também, hoje, no ForEver PEMBA
    http://foreverpemba.blogspot.com/
    Como sempre, o tempo escreve a História...e deslustra falsos e frouxos "mascates" da História Colonial Portuguesa.
    Saudações,
    Jaime

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