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sexta-feira, julho 24, 2009

A berlusconização das listas de Sócrates


O que é um deputado? Um isco para o voto de idiotas úteis? Uns agentes que falam pelos eleitores e os defendem? Uns assistentes que ocupam o hemiciclo de S.Bento como os reformados o fazem nas plateias dos talk-shows deprimentes das televisões generalistas? Porque pagamos aquela gente? Porque gostamos de portugueses felizes, e acreditamos que assim isto é uma espécie de democracia?

Era bom que o engenheiro Sócrates nos explicasse. Pelo que soubemos ontem, afinal o critério para a escolha das listas dos socialistas é por um lado o da representatividade da brigada do reumático, do aparelho socialista, dos Lellos desta vida, e por outro há em Sócrates uma berlusconização dos seus muchachos parlamentares no sentido de abrilhantar a bancada rosa.

Ao escolher a actriz Inês de Medeiros para terceiro lugar em Lisboa e em sétimo um independente, que não sei sequer o nome, mas que está lá porque defende habitualmente os gays, parece-me um critério muito pouco socialista. Se Sócrates quer nomes que dêem share, então convença a Diana Chaves que é mais gira, nada diz, é querida, e consegue o milagre da multiplicação das audiências aparecendo apenas (veja-se o seu sucesso naquele concurso da SIC). Ou se quer ser mesmo popular avance com a Teresa Guilherme ("quem tem ética passa fome") ou com um daqueles moranguitos com açúcar!...

Não parece que a Inês de Medeiros seja um grande valor em votos. Provavelmente nem o pai votará nela, pois Vitorino de Almeida que era MDP-CDE, disse um dia que Soares era como uma borbulha que se espremia e voltava a crescer (uma das coisas mais repugnantes que já ouvi em política!). Se escolher deputados é como optar por um modelo de roupa, uma moda ou uma tendência, então Sócrates está mesmo muito pior do que se julgava.

Fazer escolhas destas é demonstrar que a política deixou de ter ideologia, valores, ética. E que ser militante de um partido é uma estupidez, pois na hora da verdade são os independentes, os para-quedistas, que acabam por apanhar os lugares mais desejados.

O que sentirá um militante sério e empenhado que teve de desistir de ser candidato à AR, para ser só candidato autárquico, perder a partida, e ver no seu lugar estagiários da política?

Por estas e outras o PS começa a entrar em ebulição e nem os posts de Lello no Twitter vão acalmar a revolta das bases. E a indignação dos eleitores.

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