A foto de hoje no i de Filipe Casaca é excelente, do bom fotojornalismo que queremos. Mostra o arguido Oliveira e Costa a sair da ramona. O seu relógio marca 9h20 em ponto e um livro com um título irónico tenta tapar-lhe a cara, em vão. "Um novo mundo"- como se fosse uma legenda de uma história ainda sem final.
O homem que no tempo do cavaquismo atacou os contribuentes com medidas duras e que mais tarde se transformou num dos maiores banqueiros da praça, regressa agora ao lar-doce-lar depois de uma permanência nos simpáticos calabouços da Judiciária- uma espécie de hotel para prisioneiros de classe.
Oliveira e Costa deu brado na comissão de inquérito da AR, granjeou a simpatia de deputados, levou até o deputados bloquista a mostrar alguma simpatia, tramou o seu ex-amigo e "companero" Dias Loureiro e na hora do regresso a casa, usando uma pulseira electrónica à prova de evasão (não fiscal!), voltou ao personagem anterior de envergonhado.
Vestia uma camisa vistosa, às riscas, daquelas que os ricos gostam de exibir, calça clara como se fosse a uma festa da noite algarvia, mas agora a expressão já não era a do pobre velho que estava na AR para ajudar a verdade, entre risos e piadolas mastigadas com sandes.
Um rico da sua categoria poderia ter sido despejado num condomínio de alto luxo, rodeado de campos de golfe e gorilas amestrados, mas foi para a sua residência, um apartamento numa avenida da classe média alta de há 50 anos atrás, em Lisboa. O que remete para Madoff: também este Midas vivia numas casas boas mas demasiado modestas para os montantes que recebia e deixou de dar. Muito curioso este lado um pouco austero de génios que fizeram em certo tempo uma engenharia financeira mais difícil do que a construção de uma torre de babel.
O dinheiro, afinal, não é tudo.
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