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quinta-feira, agosto 30, 2007

Diana, a santa padroeira dos fotógrafos

SIGA E PARTICIPE NOS COMENTÁRIOS DE MAMI, JS, CARLOS, PÉZINHOS DE LÃ E OUTROS BLOGUISTAS ANÓNIMOS SOBRE OS ATREVIMENTOS DA PRINCESA DO POVO

Há dez anos estava de férias em Tavira a fazer compras num supermercado e vejo numa das televisões por ali ligadas que Diana tinha morrido em Paris. Fiquei atónito. Tinha uma grande admiração pela princesa, aquele sentimento que costumo nutrir por figuras ímpares, independentes, irreverentes, chiques e conservadoras. Corajosas também. E controversas, já agora.

Estive a escassos metros dela, fotografei-a quando esteve em Portugal. Na altura fui eu que descobri, e publiquei na revista Nova Gente ,( a vida dá muitas voltas!) que ela não tinha dormido com o marido e que pela manhãzinha tinha ido tomar banho "alone" a uma piscina reservada dos bombeiros da Amadora ( ou por ali perto).

Ela personificava a rebeldia feminina contra o marido chato, sensaborão. Muitas mulheres viam nela a adúltera que gostavam de ser ou a cúmplice naqueles segredos de facada no matrimónio.
Infeliz mas com amantes, chique mas simples, boa mãe de família, Cinderela, e já com laivos de irmã bondosa dos desprotegidos e pobrezinhos, Diana incendiava o público. Falamos de um período onde não havia Acorrentados, Big Breda e Floribelas, nem Macaco Adriano.

Fez mais pelos tablóides de todo o Mundo do que ninguém, enriqueceu fotógrafos, editores, fez sonhar uma burguesia frustrada e mal amada, deu esperança aos que sonhavam um dia ter a seu lado o sonho.
A morte trágica, no Túnel da Alma, parecia uma maldição do marido que a trocara por uma bruxa má, a prova de que o destino marca a hora, a infelicidade dos fotógrafos poderem ser os malditos montados em scooters ( e não em potentes motas!) , o drama dos motoristas copofónicos, ou mesmo a falência do prestígio da Mercedes que nesse ano vira o seu novo Classe A virar com o golpe do alçe e que agora não provava infalibilidade do seu topo de gama S contra um pilar de betão a uns míseros 120 quilómetros por hora.

O odioso acabou por cair nos fotoqueiros. Durante algum tempo eu e outros colegas quase não podíamos sair à rua para fotografarmos. Uma cigana numa feira atirou-me:" desapareci paparazi!!" e esse termo italiano que encantara Fellini era agora uma pedra de arremeço contra os bate-chapas, não os que nunca conseguiriam repor o brilho do S mas daqueles que metralhavam na película. Ainda não havia digital e a net era uma criança.

Por cá Maria Barroso estava indignada com os fotojornalistas e o debate estava aberto: os culpados eram os fotógrafos, a matilha que assustara um chauffeur bêbado e azelha. Curiosamente o único ocupante que não morreu levava cinto e ia no lugar do morto.

O debate sobre a culpa dos jornalistas ainda vem hoje ao de cima.
Penso que é normal que os fotógrafos queiram fotografias de uma personalidade que acaba de chegar à cidade e que é incontornável. Ela jogava o jogo da sedução com os fotógrafos e tratava-os como aos amantes: às vezes queria e punha-se a jeito, outras vezes fazia-se cara e dava-lhes para trás. A cumplicidade entre ela e a imprensa rosa era total. É bom que se repita. Tentar desviar disto as atenções é pura demagogia.
E o irmão dela e a dona Fernanda Câncio deviam estar caladinhos com essa treta dos jornalistas com sangue nas mãos só porque publicaram fotos da noite, que caso ela não tivesse morrido, seriam mais umas a somar a tantas outras que fizeram dela uma mulher especial com fotos especiais.

O SMART chinês


A Mercedes está fula e com razão. Os chinocas querem apresentar no Salão Automóvel de Frankfurt a sua versão do Smart. E vão processar a marca chinesa por plágio. O carro é caricato, faz lembrar alguns feitos em Portugal para condutores sem carta ( e há um dos modelos que também imita o Smart!). O pior ainda são as réplicas dos Ferraris...

Os gráficos vão adorar este programa

O encolhe-encolhe, estica-estica, o quadrado ao alto com panorâmica ao baixo, o tira ali-disfarça aqui, tudo vai ser possível com este programa que manipula tão bem que o photoshop ao pé dele parece o Pinóquio de madeira. Vejam, divirtam-se e ( fotógrafos !!) assustem-se.
Obrigado Paulo Sousa pela dica.

O ensino do jornalismo há 60 anos



(dica de António Granado/Ciberjornalismo)

quarta-feira, agosto 29, 2007

Para Mexia não há almoços grátis

A EDP é uma daquelas empresas portuguesas que factura milhões e ganha com uma margem de lucro muito grande. Os portugueses pagam mais pela electricidade do que os espanhóis e as empresas lusas desembolsam mais pelas suas facturas energéticas do que as de Espanha, logo: o país perde em todas as frentes, só a EDP ganha.

António Mexia é o presidente da EDP, um dos cargos mais bem pagos do país. O gestor esteve de ministro no governo de Santana e a sua carreira tem subido vertiginosamente. Para uns é um bluff como gestor, para outros um génio. Era um " enfant terrible" na juventude, andava barbudo à boleia e parece que o seu primeiro carro foi um mini, bem diferente do Mercedes S topo de gama e último modelo, de preto reluzente, em que se faz transportar todos os dias na sua qualidade de "patrão" da EDP.

Ora, o nosso Mexia lembrou-se que os reformados e pré-reformados da EDP andavam a almoçar de borla e que essa gorjeta custava cento e tal mil euros por ano, uma gota nos milhões de lucro da EDP. Cada "pobre" poupava 4 euros e tal por dose. Ele decidiu acabar com a benesse de trinta anos. Até pode ter alguma razão e veio logo dizer que tirava a uns para poder dar a outros. O que me parece desumano é uma empresa como aquela fazer contas a trocos ferindo a sensibilidade e o orgulho de quem durante anos se entregou de alma a uma empresa daquelas. Nem tudo são contas de somar e sumir.

Este é o Calcanhar de Aquiles dos neo-liberais. Acham sempre que há uns priviligiados que têm de abdicar da gorjeta em nome da justiça social e fazem-no com a arrogância de quem pode entre um almoço pago a cartão platina e o arranque no brutal Mercedes S.

Grandes mentiras da fotografia

Cliquem na foto e vejam este curioso trabalho do EP3, suplemento do ElPais

Tudo sobre o encontro Harley em Málaga

Rainha da estrada, máquina infernal e poço de avarias. Apaixonante, portanto. É uma Harley Davidson. Clique na foto e preveja o que vai acontecer em Málaga no próximo sábado.
Clique na imagem para ler a crónica de Alberto João Jardim e comente

terça-feira, agosto 28, 2007

Novas funcionalidades no INSTANTE FATAL

Aos poucos o INSTANTE FATAL vai mudando de grafismo e de conteúdos. Graças às novas potencialidades do editor do Blogspot cada vez mais amigo do utilizador.
Apesar do blogue ter bastantes limitações editoriais, sobretudo gráficas, já é possível ter por aqui vídeos em mudança permanente a partir de temas pré-estabelecidos, notícias e destaques, inquéritos, linkagem para autores como Miguel Sousa Tavares do Expresso e para as crónicas do Eduardo Prado Coelho no Público. Outros autores virão. Esta possibilidade de partilha que só a internet permite beneficia os autores, os sites linkados e o Fatal.
Continuarei a aceitar as sugestões e criticas dos internautas.
Vamos subir as audiências para fazermos deste blogue uma comunidade...Fatal.

So What? Tomem lá Miles e Coltrane



Alguns comentadores disseram sentir falta de música no Fatal. Alguém se atreveu mesmo a dizer que eu não sou muito virado para músicas. Falso. Só que não posso falar aqui de tudo. Miles ou Chet estão sempre nos 25 preferidos no meu Ipod

Daily Mail tem 11,8 milhões de visitas mensais


O aparecimento de jornais gratuitos na Europa e, principalmente, na Inglaterra, parecia uma mudança no gosto dos leitores, diante de um produto mais bem acabado, e uma formula que procura aliar bom jornalismo a serviços. Perante isto, os tabloides (pagos) sensacionalistas pareciam com os dias contados, mas renascem agora com toda a força na internet. É o caso do Daily Mail que como noticia The Editors Weblog está com toda a força depois de insistir com a velha fórmula de notícias sobre a vida dos famosos, crimes e notícias sobre o mundo do espetáculo. Matéria central na edição de hoje é a decisão de Camilla Parker-Bowles, a mulher do Príncipe Charles, de não participar nas solenidades dos dez anos da morte de Diana. A matéria é recheada de boas fotos, no estilo revista. A fórmula levou o Daily Mail (11,8 milhões de visitas mensais) ao segundo lugar entre os sites britânicos mais visitados, depois do Guardian que conta com 16 milhões de visitas mensais. O Daily Mail experimentou um crescimento de 162% em um ano./ Media blog

A Grécia ou o Inferno visto do Céu

Foto Nasa
70 mortos, 8oo soldados, 20 aviões, 19 helicopteros, centenas de bombeiros... o inferno grego

Resposta ao Paulo Querido

Há uns dias Paulo Querido comentou assim o meu post sobre a alteração da biografia de Sócrates na Wikipédia:

Luis,
chamo trivialidades às tretas em torno da licenciatura de José Sócrates, a maioria delas serviu mais para chamar a atenção para quem as disse / escreveu do que para o assunto.
A isto chamo simplesmente bloguismo tablóide :)
E é tablóide por dois aspectos.
Primeiro, omite que foram feitas outras alterações a fichas da Wikipedia a partir daquele IP. Como só interessa malhar no Sócrates, nada mais existe.
Segundo, passa completamente ao lado da filosofia da Wikipédia.

Responde-me com a maior franqueza que puderes: achas que se pode falar em censura quando se está a falar de uma página que 1) QUALQUER PESSOA pode editar, apagando o que considere lixo, 2) TODAS AS ALTERAÇÕES ficam registadas para consulta?

Abraço

Paulo Querido

Respondo agora, porque de férias não me apeteceu falar disto, aí vai:

Acho que o Sócrates não faz censura organizada porque nem competência para isso tem. Os acólitos do Poder, muito mais crentes quando o padreca é líder maioritário, fazem esse trabalho num tique subliminar crónico de mentes inferiores. Não acho que a directora da DREN tenha recebido ordem para despachar o Charrua ou a Dona Charrete para de onde nunca deviam ter saído. O meu cão, infelizmente, é muito menos obediente que esta seita burocrática. Seita que paira sobre a sociedade portuguesa e não é exclusivo do PS (Queriam !!).

Agora é um facto que este governo está preocupado com a força da net. O Costa do Castelo ( melhor: do Terreiro do Paço!) tinha um blogue quando era ministro e sabe bem, eu testemunhei, a diferença entre uma entrevista para o impresso ou para a net. A propaganda digital está online com estes tipos. Simplex ! portanto, a troca de frases e conteúdos está a ser feita na net.
Não acho nada que seja obra de blogues tablóides, acho que o preciosismo do governo é ridículo e mata. Podes crer que o teu blogue é visto pelo PS ( ainda te contratam, eheeh!) e que o meu também, pese eu ter a honra de ser visitado por uma alta figura da Nação que o faz por curiosidade, com a qual me sinto muito honrado, mas que me inibe por vezes.
Portanto, estamos todos na rede, e Sócrates, que não acredito que perceba muito de computadores e internet, está atento à coisa.
A credibilidade da Vikipédia vale o que vale, tal como a dos blogues, e dos jornais tradicionais.
Não é a facilidade com que se altera que credibiliza ou não, é o que lá fica e que acaba por se afirmar sério ou lixo.

Abraço.

Luiz Carvalho

PS: E vê lá se escreves o meu Luiz com Z. Esta é para o meu ego ::))))

segunda-feira, agosto 27, 2007

A entrevista de Jean Francois-Leroy de VISA

Carregue na imagem para ver a entrevista do organizador de Visa pour L`Image

BCP, SLB, PSD, PT, as siglas que nos chateiam

Há umas instituições em Portugal que acham que os portugueses não têm mais nada do que ouvir falar delas, aturá-las e ainda por cima pagar para elas. Falo do BCP, do SLB, do FCP, da PT, do PSD. Podia acrescentar mais umas siglas à lista.

Os portugueses da classe média vivem para pagar os lucros colossais da BRISA, os sucessos da RTP, a notoriedade do Sr. Carrapatoso, a sorte grande de Paulo Teixeira Pinto, os lucros do engenheiro Belmiro, a esperteza de Joe, os milhões das operadoras de telemóveis, o atraso de vida ideológico da TVI, a fortuna da GALP.

Não sou nada contra o capitalismo mas reconheço, depois de consultado o meu saldo detalhado, que grande parte do meu ordenado vai para estas empresas que vivem acima do nível do país, atrasam o país, e são um monopólio disfarçado. Posso mandar às urtigas a TV Cabo ? Não. Tenho alternativa à portagem da BRISA na CREL e na A25? Não. Posso ir pôr gasolina a Espanha ? Não. Posso contornar o Continente ? Posso abdicar da Vodafone ? Não. Os consumidores estão encurralados e têm de consumir estes serviços: caros, maus e monopolistas.

Uma das minhas alegrias de conservador foi abrir há 17 anos uma conta no BCP. finalmente podia ter o meu dinheiro num banco que me tratava com deferência, atenção, eficácia.
Há 20 anos para receber o meu ordenado de arquitecto do Ministério das obras Públicas tinha de ir para uma bicha da CGD. Parecia que ia receber a féria de um operário dos anos 20.
Hoje percebemos que estas empresas se marimbam na proximidade com o cliente. Esbanjam em marketing o que lhes falta em qualidade, mas não param de nos chatear com as suas tricas, intrigas, coisas de meninos ricos que não têm mais nada que fazer a não ser a gestão e o jogo do Poder. Só e apenas isto.

No lado da política é o mesmo. Alguém tem pachorra para o PSD ? Para o Mendes e a sua falta de intuição e talento ? Para o Menezes
( quem se lembra ainda das viagens fantasmas ? e daquela conferência de imprensa em directo para a TV com a família, que mais parecia o Egas Moniz ?) que agora copia na net ?

Alguém sério pode aceitar aquela bagunçada do pagamento da Somague ao atelier de design ? E agora Durão vem dizer que não foi nada com ele ? Não era o líder do PSD por acaso?

Já pagamos demasiado para esta gente, no mínimo não nos chateiem. No mínimo.

domingo, agosto 26, 2007

Fotografar e filmar ao mesmo tempo?



Dirck Halstead é um fotojornalista, decano do Vietname, o mesmo que fotografou Clinton a beijar Monica Lewinsky. É um praticante do fotojornalismo digital, e editor do site The Digital Journalist, um filmaker que consegue conciliar as duas linguagens visuais: a fotografia e o vídeo. Tem um excelente livro publicado Moments in time e vai estar em Perpignam onde espero encontrá-lo para falarmos sobre os nossos interesses e paixões comuns: a linguagem do fotojornalismo digital.

Muito interessante o texto seguinte de sua autoria:

For the past few weeks a vociferous debate has been raging on the Platypus Park and Newspaper Video X Yahoo Groups sites [newspapervideo@yahoogroups.com, and PlatypusPark@yahoogroups.com].

As more newspapers around the country are tasking their photographers to shoot video for the Web sites, some are asking their photographers to shoot video instead of stills, while others are asking the photographers to double duty.

This is a question we have addressed since the very start of the Platypus Workshops.

It is important to remember what the Platypus is. It has always been a hybrid. Before the Platypus there were still photojournalists and there were TV camera people. One group did NOT try to do the jobs of the other. There was peace and happiness in the universe.

There were also newspapers that were healthy and profitable, with career-long employment for their photographers. There were big magazines with unlimited budgets to send photographers flying off around the world to take their pictures. There were picture agencies that actually represented photographers, splitting sales with them. There were unions that guaranteed TV shooters as much work as they could handle, with liberal benefits, including double overtime for "golden hours." Couriers delivered lunches on assignment.

That was then. But everything has changed.

In the '90s, I started carrying around my Sony VX1000 on trips with President Clinton. My job was to cover these stories with still photographs. Time had no interest in video. (Actually a few people there did, but that is another story). However, I had another commitment, to myself, which is to record history. In 2000, the Newseum took hours of my Hi8 and DV tapes and cut a 5-minute movie called "The Boys On the Bus." That movie ran the length of the main hall, across three huge screens, until the Newseum closed.

At the Center For American History [University of Texas at Austin], we have a long-term project underway to take these tapes and archive them for future generations.

Shooting these videos did not interfere with my prime job, which was to take pictures. I did them as I had time, of which there was plenty, as anyone who has ever covered a campaign knows.

For most of the past seven years, editors at best tolerated newspaper video. The vast percentage of editors had no interest in them, as they had little interest in that pesky "Internet."

Some intrepid photographers, such as Gail Fisher of the Los Angeles Times, managed to cope with both mediums, and turned out magnificent packages.

But then, the world turned upside down again. Publishers, frantic to keep their brands alive in the face of lost readers and advertising, realized they had to focus their energies on the Web. Shortly thereafter newspaper photographers by the droves started showing up at the Platypus Workshops.

At the workshops we focus on teaching the skills of video. We don't pay attention to enhancing still photographic skills, because we feel the students already know that. But, as David Leeson of The Dallas Morning News writes, we emphasize that they must still remember the rules they learned over the years as still photographers if they want to be able to pull stills from their video.

The reality is that video at newspapers is still a toddler. The requirements will vary from paper to paper. Some like The New York Times will have the luxury of turning photographers into video journalists, assigning them to do that skill set. Most papers will be more cautious, and expect photographers to continue to take stills as well as do video. It's hard, but not as hard as it used to be shooting both black & white and color on the same assignment when we worked with film.

I personally think there will continue to be a role for the still camera at newspapers. There are some things that stills just do better. I think for example that it would be extremely difficult to cover a football game with video. Sports are by definition about capturing peak moments, and the photographers who do this consistently are specialists and very good at it. The idea of trying to follow the action from the sidelines, with the camera on a tripod is a nightmare. A Dallas Morning News photographer found this out the hard way while trying to shoot a high school game with a Canon HX-A1, and was almost immediately taken out by a running back. He wound up being treated for his injuries at the scene. But the camera wound up going to intensive care.

On the other hand, there are wonderful features that call out for video, which can produce memorable little movies out of subjects that would normally rate only a few-column cut in the newspaper.

What this all boils down to is what I have said in every workshop. We are not there to turn out a new generation of TV photojournalists. TV news is for all intents and purposes dead. What we are there to do is to teach a skill that will provide choices that can be used to continue a career in visual journalism.

Dirck Halstead

O Jardim do PS também "ataca" Sócrates!

O novo líder do PS-Madeira ( que ainda não consegui fixar o nome) fez uma festarola na Madeira a imitar o Alberto João Jardim no Chão da Lagoa. E que disse ele e em que tom ? Atacou Sócrates o tempo todo numa linguagem a armar ao carroceiro mas que não o conseguiu ser. Aquilo é nitidamente uma acção consertada com o "engenheiro" para fazer de conta que está contra o Governo da República para ver se tira dividendos da artimanha.
Depois quer a PJ a investigar na Madeira. Se esta for ali tão competente como o tem mostrado ser no caso Maddie bem pode o Jardim estar descansado e à sombra da bananeira.

O novo génio do PS acabou a cometer uma gaffe ao dizer que "a presença de Sócrates aqui foi má para nós", quando o comício não teve um único dirigente socialista do continente. E se o picareta falante regional não se cala ainda vai ter de pagar mais 35 mil mocas ( não de Rio Maior) a Alberto JJ por difamação !

Instituto a náufragos destrói dunas

O Instituto de Socorros a Náufragos comprou umas invejáveis moto-quatro. Todas artilhadas com uns heróis a mostrarem como este equipamento é bestial a socorrer aventureiros das marés vivas. Acho bem. Mas quando se percebe que os brinquedos vão andar na areia, sobre as dunas, em zonas pouco acessíveis, é de recear o pior. Para provar isto o último plano da reportagem na RTP mostrava uma daquelas motas a acelerar pelo meio da praia cheia de gente a ir fazer um (pseudo) socorro.
Oxalá os pescadores da Nazaré passem também a poder ser salvos com este dinamismo televisivo.

Esperemos que os ambientalistas que não querem carros em Lisboa, nem no Terreiro do Paço, venham protestar por este (SIM !) atentado ao ambiente.

O terreiro dos patos

Era o que eu esperava no Terreiro do Paço e hoje vimos na TV: uns tipos a cantarolarem debaixo das arcadas, um GNR a ferrar um cavalo, um turista a brincar aos tiros em cima de um tanque da GNR ( a nova atracção turística Lusa: venha brincar aos valentões que desafiam os terroristas ecologistas!), umas velhinhas histéricas por aparecerem na televisão a fazerem bicha ( que Costa não respeitou) para andarem de borla de carroça, mais uns cavalos e os camelos que não foram mas estavam bem representados pelos artolas que para ali foram fazer figuras.
A RTP teve o cuidado de não mostrar as obras que duram há 10 anos ( a panorâmica parou antes) mas mostrou um sinal manhoso de sentido proibido. Foi este o grande investimento de António Costa para já.
Depois das 20 horas o Terreiro do Paço voltou ao normal e os sem abrigo, que ali dormem todas as noites, puderam ter de novo o seu lar.

Amanhã voltarão os carros oficiais dos ministérios a encher a praça.

O Festival de Cannes do fotojornalismo


O melhor do Visa Pour L`Image o grande encontro de fotojornalismo, onde eu vou estar a partir de domingo próximo em Perpignam.
(Vão poder seguir aqui todos os dias no Fatal e no Expresso online).
Para já deixo-vos aqui uma fotogaleria do melhor que lá vai estar.
Cliquem na foto para ver mais.

Adeus Mestre

Eduardo Prado Coelho fotografado em Lisboa no mês de Julho. Foto Luiz Carvalho
Pela manhã um alerta da SIC no telemóvel trazia-me a triste noticia da morte do Eduardo Prado Coelho. Eu estava na varanda olhando o adro vazio da aldeia.
Tinha pelo Eduardo uma enorme consideração, via-o como um mestre, alguém que nos abre caminhos, desbrava ideias, um batedor intelectual. Um professor.
Ler as suas crónicas no Público era sempre uma surpresa o seu pensamento irreverente, contraditório, por vezes escandaloso por conservador ou duvidoso por avançado no tempo, eram para mim uma fonte de inspiração e reflexão.
O meu primeiro contacto com ele foi em Paris quando era adido cultural e foi graças à sua compreensão que consegui entrar na visita reservada, no Palais des Arts, de Miterrand e Soares à exposição da Helena Vieira da Silva, também presente. Pude assim fotografar em exclusivo para O Jornal a pintora com os dois grandes socialistas ( estou com a ligeira sensação de estar a ficar velho!).

Em 1985 ele estava no Estúdio do Homem Cardoso para ser fotografado por mim, juntamente com um número significativo de artistas, para um retrato sobre os pós-modernos portugueses. Quem reuniu todos foi o Leonel Moura.

Há semanas estive em sua casa a fotografá-lo. Recebeu-me com grande amabilidade e disponibilizou-se para um retrato sereno. Gostei muito do resultado. Estava muito animado, ia de seguida a uma exposição, e uns dias mais tarde acenou-me ao longe da sua mesa no jantar de apoio ao António Costa na FIL.

O Eduardo criou amores e ódios entre os intelectuais mas não deixou nenhum indiferente.
A sua relação de amizade com a família Cavaco em pleno cavaquismo, com serões em S. Bento, deu muito que falar, agora estava mais próximo dos socialistas.
Num meio onde os pensadores de voz própria são cada vez menos, o desaparecimento do Eduardo é uma grande perda e uma grande tristeza.

sábado, agosto 25, 2007

Paris-Match esvazia pneu de Sarkozy

A foto retocada pelo Paris-Match e a foto de Cecile com o amiguinho que levou à demissão do editor. A revista já não é "O peso das palavras, o choque das fotos", agora é:"A graxa das palavras o chique das fotos"
O ‘Paris-Match’ publicou no dia 9 uma fotografia retocada do presidente francês, Nicholas Sarkozy. A mentirola foi denunciada pela ‘L’Express’ que acusa a popular revista de em Photoshop ter feito desaparecer as gorduras da cintura do chefe de Estado. Um golpe que nem o Rei dos Pneus conseguiria ( também não sabe de photoshop!).
O proprietário de ‘Paris-Match’, Arnaud Lagardère, é um dos melhores amigos de Sarkozy e já em Novembro último despedira o editor Alain Genestar, por este ter publicado uma foto de Cecília Sarkozy, mulher do actual presidente, na companhia do então seu amante, o editor nova-iorquino, Richard Attias. O Paris- Match já não é o que era com Roger Thérond !

Luis Filipe Menezes apanhado no copianço

Como não há-de Sócrates sorrir ? Com oposição desta até o Pateta era líder da maioria. Citando o Público:

O blogue de Luís Filipe Menezes é feito por um dos seus assessores, afirmou ontem ao PÚBLICO António da Cunha Vaz — da agência de comunicação que foi contratada para fazer a campanha do autarca de Gaia para a liderança do PSD —, a propósito da notícia do PÚBLICO que revela que o presidente da Câmara copiou, sem referir a fonte, artigos nomeadamente da Wikipédia sobre Michelangelo Antonioni, Bergman, sobre Hiroshima e sobre Miguel Torga.

O mesmo responsável, admitindo os erros de não citação das fontes dos textos nele contidos, afiançou que se trata de um "blogue pessoal" e não de um blogue do candidato à presidência do partido social-democrata, que Menezes já tem há muito tempo.

Não foi contudo explicada a aparente contradição de Luís Filipe Menezes ter um "blogue pessoal" que é gerido pelo assessor. Nem tão pouco o facto de os artigos sobre Miguel Torga, Michelangelo Antonioni, Ingmar Bergman e Hiroshima terem sido copiados de outras fontes, sem que a sua origem apareça referida.

No final dos textos em causa, surgia até ontem ao final do dia a frase "Autor: Luís Filipe Menezes", que entretanto foi alterada para: "Publicado por Luís Filipe Menezes".

Por outro lado, o blogue em causa é apresentado no Google como o "Weblog do candidato à Presidência da Comissão Política Nacional do PSD".

Em declarações à Lusa, uma fonte da candidatura desvalorizou os lapsos noticiados pelo PÚBLICO na sua edição de hoje, referindo que "o problema ocorreu com dois textos em que, por lapso, não foi identificado o sítio de onde foram retirados". A mesma fonte acrescenta que "quem lê esses textos percebe percebe perfeitamente que não são da autoria de Luís Filipe Menezes".

"Autor, não se refere à autoria do conteúdo mas sim à autoria da postagem ou publicação"

Já a meio do dia de ontem foi enviada pela Cunha Vaz Associados uma nota à comunicação social, de 32 linhas, onde se refere que "o blogue pessoal" "não é da candidatura, nem da campanha, e que existe há mais de dois anos", tendo "publicados posts que não são da autoria de Luís Filipe Menezes".

Os assessores de Menezes passaram a ideia de que os artigos, não sendo da sua autoria, foram publicados por ele, remetendo para a indicação "Publicado por Luís Filipe Menezes". Sucede que esta indicação resulta de uma alteração feita depois do PÚBLICO contactar um assessor da sua candidatura à liderança do PSD. Até terça-feira à noite, todos os textos referiam "Autor: Luís Filipe Menezes".

Na nota enviada às redacções alega-se, todavia, que "na blogosfera, o termo autor, não se refere à autoria do conteúdo mas sim à autoria da postagem ou publicação". Acrescenta-se ainda que, apesar do lapso, houve "boa fé", uma vez que"é visível" a "colocação entre aspas dos textos que motivaram a notícia" do PÚBLICO. Ao contrário do que refere a agência de comunicação de Menezes, contudo, nenhum dos textos referenciados como tendo sido copiados estava entre aspas.

sexta-feira, agosto 24, 2007

Macário beijou cinzeiro ?

Por detrás do Sol posto chegam-me novas da Pátria.
Leio o DN de hoje e quatro sobressaltos.

Um: Macário Correia acusado de assédio sexual.
O homem para quem beijar uma mulher que fumasse era como beijar um cinzeiro é agora atirado para as bocas do mundo. Parece que a queixosa não é de fácil trato, está com baixa psiquiátrica, mas a acusação está lá. Sinceramente espero que a " assediada" não fume ( isso sim, seria um verdadeiro escândalo:" Macário assedia fumadora e esta atira-lhe uma baforada em legitima defesa!")!! ou outro escândalo: " Macário apanhado a beijar um cinzeiro, teme-se que o autarca tenha tara perdida!". Para chatear ainda mais o ex-secretário de estado do ambiente de Cavaco, ele é agora o porta-voz de Marques Mendes ( que fuma que se farta!").

Dois: Fernanda Câncio regressou ao que tudo parece de férias e escreveu no DN uma crónica a dizer que nós jornalistas andamos a matar a Diana há 10 anos no Túnel de Alma ( um bom título para um romance:" Matadores do Túnel de Alma" ou " Dez anos a matar no Túnel de Alma").
Esta crónica é anti-jornalística. Câncio está desconcertada porque no caso Maddie os jornais tanto dizem uma coisa como outra e que deviam estar caladinhos até se saber o desfecho final da história. Quem quer ir mais longe é jornalista sensacionalista, pouco sério, falta acrescentar que o ministro Augusto Santos Silva devia puxar-lhes as orelhas ou mandar caçar a respectiva carteira profissional ( lá chegará, vontade não lhes falta aos socialistas!). Eu compreendo que a Fernanda Câncio goste de um jornalismo asséptico, politicamente correcto com laivos feministas. Só que o jornalismo não é um púlpito para pregar ideologia e opções pessoais como foi feito na campanha do aborto. O jornalismo verdadeiro, da Bayer (!) aquele que mata que se farta (!) é independente, profissional e corta a direito. Faz mossa, deixa o namorado feroz, mas vale a pena porque é dele( jornalismo) que depende a liberdade e os direitos dos cidadãos.

Três: um tipo que matou uma jovem com 25 anos num despique bestial numa auto-estrada foi condenado a visitar durante seis meses uma unidade de politraumatizados. Os crimes ao volante continuam a ser assim penalizados. Portanto: qualquer assassino da estrada continua a gozar das maiores impunidades. Depois destas campanhas de marketing feitas pela polícia com balões para tinto e coca e outras substâncias psicotrópicas.
Esta falta de responsabilidade perante os criminosos da estrada é revoltante. Mas aqui está tudo calado. Não dá propaganda, nem votos, nem Poder, nem aumenta o bolo dos impostos. Então inimigos do automóvel ? Porque estão caladinhos ? É mais giro cortar o trânsito no Terreiro do Paço e promover o dia sem carros, não é ? Os energúmenos podem continuar impunes.
Quatro: Em Sernancelhe, aqui onde estou, um tipo foi apanhado pela GNR na passada segunda às 10 da manhã com 3,6 graus no sangue. Tinha mais álcool que sangue nas veias! Não é a primeira vez que é apanhado. Que lhe fez o juiz ? Prendeu-o ? Tirou-lhe a carta ? Não. Vão fazer um inquérito e o bêbedo pode, entretanto, continuar a conduzir. Hello!!! É mais giro tirar os carros do centro do Santuário da Lapa do que prender este bandido da estrada, não acham ?

Cinco: Parece que aquele oferta ao PSD vai ficar impune porque na altura não havia a figura de doações ilegais aos partidos. O PGR já mandou ponderar a reabertura do processo. A verdade é que se fossem investigar os donativos dos partidos até tinham de ir mesmo ao Brasil e reabrir aquele processo das dádivas para o PS que entretanto a imprensa já fez o favor de fazer cair no esquecimento. Vejam mais no Queijo Limiano este excelente post.

Já se fala chinês no Cavaquistão

Um castanheiro com 300 anos. Hoje. Foto de Luiz Carvalho

Numa bomba de gasolina perto de Sernancelhe, em pleno Cavaquistão, pára ao meu lado um Mercedes CLK. A condutora é jovem e a acompanhante com ar de sua mãe tem um aspecto de mulher do campo, tradicional. A gasolineira, jovem e magra, traz uma daquelas calças sem gola e umbigo à mostra. A Beira- Alta que eu conheci na minha infância era bem diferente. Mudou e ainda bem. Houve por aqui um desenvolvimento evidente, que não tem só a ver com o regresso de alguns emigrantes. Os apoios comunitários para uma geração que hoje tem à volta de 30-40 anos ( alguns filhos de emigrantes mas que nunca daqui saíram) e o papel das autarquias no chamado progresso ( ainda que pago à custa dos contribuintes que nunca aqui puseram os pés!) possibilitaram o aparecimento de uma região onde hoje se sente qualidade de vida e bem estar.
As moradias enormes desintegradas da paisagem, ostensivas e de uma certa arrogância nova-rica estão por todo o lado. Os armazéns que desafiam a paisagem, estragam a escala e assustam os lobos, proliferam e dão o sinal de que há uma industria a laborar. A castanha, o granito, os frangos, são algumas das actividades que trazem dinheiro. Os emigrantes rebentam foguetes e trazem um parque automóvel de ficar boquiaberto. Atrás da minha casa, num beco onde outrora as vacas deixavam a bosta a ornamentar a quelha, estava um BMW série 7, last model. “É igual ao do Cavaco Silva”- alguém comentava com pronúncia do Norte.
A vila de Sernancelhe, que foi um baluarte contra o comunismo da 5ª Divisão em 1975, defendido pelo Padre Cândido de Azevedo, seguramente o último salazarista vivo ( Jaime Nogueira Pinto é um estagiário comparado com ele!) é hoje um concelho presidido por um PPD, que nunca o foi, e que apostou na pujança da terra. Numa vila pequena, ele conseguiu um centro de saúde excelente, um centro cultural de arquitectura arrojada, um lar de idosos modernaço, rotundas para a malta andar às boltinhas, estradas e circunvalações, uma biblioteca municipal e muitas obras que não consigo citar de memória. Há estradas alcatroadas até para um souto do meu pai que hoje visitei e onde existe um castanheiro da família com 300 anos.

Para quem precisou de meter uma cunha a um salazarista influente para nos anos 70 a Sarzeda ( a minha aldeia) ter electricidade ( anos 70 meus caros!) é de se ficar espantado com a competência do autarca de Sernancelhe. Quando olho para esta obra feita sinto satisfação, porque é bom sair do miserabilismo e dar dignidade e conforto a esta gente que sempre viveu no esforço máximo para uma vida mínima. Há no entanto um certo exagero em custos em infra-estruturas para uma comunidade tão pequena. Por exemplo: hoje descobri uma pista para putos andarem de carros de pedais para aprenderem o código da estrada. Parece que o Sampaio foi lá inaugurar aquilo. Às 5 da tarde ainda estava aberta e ao lado havia crianças a saírem de um ATL num palacete comprado pela câmara e restaurado. Quem me dera ter aquele luxo no Estoril para o meu filho ! Tudo á borla, pago aqui pelos totós no IRS. Mas tem e isso é bom.
Vive-se muito melhor na província ( desculpem o termo) do que nas grandes cidades e aqui há uma relação de proximidade enorme entre o poder autárquico e os eleitores. Eu que sou um anti-autarcas primário acabo por ter de reconhecer que aqui o Poder dos eleitores e o controle do exercício do Poder é muito mais directo e eficaz. Falam do Jardim ? Venham ver aqui. É a mesma escola: competência, obra feita, proximidade com os eleitores e favoritismo político. “ Quem está comigo mama, quem não está que esteja”- assim comentava para mim um preterido pelo Presidente.

O desenvolvimento deixa para trás a memória, a cultura ancestral, a poesia que estas terras continham. O falar cantado já quase não se ouve. Numa pisaria de um ex-emigrante, em Sernancelhe, entra uma francesa de “calçonetes” e pede em francês e é servida na língua mãe. Ça va bien ! Bom... Uns metros acima, ao lado daquela que foi a padaria mais famosa da terra lá está uma loja de chineses a “falalem” chinês. Não acredito !Lá está a loja cheia de tralha. Nenhum beirão precisa de nenhum traste daqueles. Chineses no Cavaquistão ! Chinocas nas terras do Demo ! Fala-se chinês na terra do Aquilino Ribeiro? Pourquoi-pas ?

Por detrás do desenvolvimento: a paisagem sacrificada ao negócio do granito para exportação, o lixo que invadiu as margens do Rio Távora onde eu passei tardes de encanto com o meu filho André há 20 anos, o desprezo pelo património, o fim da arquitectura popular, os supermercados em força, o fim das tascas e das mercearias de aldeia ( bem porcas, sempre sem nada e com produtos fora de prazo, é verdade!) a perda de uma harmonia que cruzava as gentes e as suas poses, o som, a luz, o cheiro ( ás vezes a merda de boi!!) a cozinha tradicional, os cantares, as motorizadas Famel Periquito, as bicicletas à inglesa, a fé.

É um Portugal muito melhor, sem dúvida. Se tivéssemos podido acompanhar o desenvolvimento cultural com o económico isto podia ser hoje um mundo quase perfeito.

Ao caír do dia, no fim do caminho quando o Range já não tem espaço para avançar entre muros de pedra caída e silvas, não muito longe uma figura foge recortada pelo Sol do entardecer. Foge e ainda me olha. Uma raposa! Divino.
Andei uma vida para ver isto.

quinta-feira, agosto 23, 2007

Uma foto por dia

Piscina perto de Aguiar da Beira. As aldeias perderam o lado rural, o sacrifício do trabalho de Sol a Sol. Agora o Sol é outro.
As terriolas fizeram do verão o tempo do regresso de Paris, Champigny.... A Santa Terrinha acolhe os corpos ao Sol, no esplendor da relva nas cadeiras de plástico branco.
Ao fundo a paisagem dos pinheiros, do granito, das casas que vão crescendo na paisagem, sem esplendor. A paisagem sempre agreste, sempre misteriosa.
Foto de Luiz Carvalho, 22 de Agosto, 15 horas, 2007

quarta-feira, agosto 22, 2007

O adro da minha aldeia


Sarzeda, Terras do Demo,22 de Agosto de 2007, 16h,30m. Luiz Carvalho

destaco estes belos comentários:

Terras do Demo, um termo muito Aquilino Ribeiro muitoooooooooo que hoje vê negada a transladação dos ossos para o panteão sob a acusação de terrorista pelos monarquistas miguelistas ( mendias,braganças etc) pois que obviamente foi cúmplice no regicidio e era anarquista convicto e confesso. No entanto dele disse salazar conformado "´É nosso inimigo mas é um grande escritor..."


É mais livre e maior o "adro" da minha aldeia.

Nunca ninguém pensou no que há para além
Do "adro" da minha aldeia.

O "adro" da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

(Pessoa, numa outra versão, inventada agora, para o Instante Fatal)

E mais este, em versão original:

Da minha aldeia

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe
de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos
nos podem dar,

E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é VER.

Pessoa (alberto caeiro)



terça-feira, agosto 21, 2007

Terreiro do Paço fecha. Vou para o Colombo!

Lisboa está mais limpa ? Mais silenciosa à noite nos bairros dos bares abertos até de madrugada ? Há mais polícias na rua para protegerem os cidadãos? O serviço de táxis está a ser mais vigiado para ser mais europeu e civilizado ? Não, meus caros. Mas de uma coisa podem ter a certeza: O Terreiro do Paço vai deixar de ter carros ao domingo.

Porquê ? Os socialistas já acabaram com aquela vergonha de obra do tempo do Cravinho ? Não. O Terreiro do Paço está limpo e com um tratamento urbanístico capaz de servir os utentes ? Não. Há um projecto, uma ideia para o Terreiro do Paço e toda a envolvente urbana ? Não.
Mas há já uma acção, simples, de borla, populista: proibir o acesso dos carros.
Nunca falha.
Os carros são sempre os culpados de tudo e sem carros o tonto do tipo dos automobilistas automobilizados, ou lá o que é, já pode para lá ir andar de bicicleta com a Roseta e o Costa a empurrar com a barriga.

Eu avisei. A demagogia está lançada na CML.
Os socialistas adoram estas palhaçadas.
Esta gente não percebe que com estas medidas está-se a matar a cidade. Estas mentes não percebem porque estão cheios os centros como o Colombo e a baixa está às moscas.
É simples: no Colombo há estacionamento, conforto, segurança, há serviço aos utentes.
Na baixa há assaltos, falta de acessibilidades, falta de estacionamento, desconforto ( ou calor ou frio), o comércio é uma porcaria, não há oferta. Não há pachorra.

Se o presidente Costa não percebe isto não percebe que uma cidade é uma estrutura viva, não um museu, não um sítio inóspito para uns palermas irem para lá armados em ecologistas a andarem de bicicleta com a Teresa Ricou e seus palhaços amestrados.

Poupem-nos !!! Devolvam-nos Lisboa e deixem-se de fazer da cidade laboratório.

segunda-feira, agosto 20, 2007

Sócrates foi de férias mas não dorme

Com a devida vénia ao Zero em Conduta:


"Politicamente só existe aquilo que o povo sabe que existe", disse Salazar, durante a inauguração do Secretariado de Propaganda Nacional, em 26 de Outubro de 1933.

Um estudante de doutoramento de Caltech acaba de lançar uma ferramenta de busca na Wikipédia que promete dar que falar. É só inserir o nome ou morada IP de uma organização e, voilá, temos o historial de alterações da Wikipedia submetidas por essa morada. (ver história da Wired ou o site aqui: se não der é porque meio mundo está a aceder ao site). A Wired lista já algumas das mudanças (onde as mudanças feitas pelo servidor da FOX News já estão a dar que falar) .

E então experimentei o seguinte: o sufixo do Governo Português .gov.pt (ver CEGER para uma listagem de gov.pt). Depois é ir aqui para ver qual a morada IP correspondente: neste caso, 193.47.185 (0 a 255, ocupam a banda de IP). Depois é só ir ao motor de busca para ver a máquina de contra-informação a funcionar.

Pelos dias em que rebentou o escândalo Sócrates-UNI (início de Abril de 2007), alguém (IP 193.47.185.124) apagou:

"Universidade Independente is presently (06-04-2007) under investigation on alleged irregularities on several matters. The Portuguese Prime Minister alleged university degree by this university is presently under a huge public discussion and media storm. A strong case is being build up against possible false declarations by José Sócrates on his university degree. Under heavy pressure, the Portuguese Prime Minister promised to clarify the situation..."

e apagou também o "briefly" em "he briefly attended the ''Instituto Superior de Engenharia de Lisboa'' .

A luta de posts e contraposts repete-se nos dias seguintes, onde se afiança que "He completed an MBA" e apaga a sua média de curso ("12 out of 20"), bem como a descrição da vida pessoal: "Sócrates, a father of two who is divorced, lives in Lisbon and is a registered elector of the municipality of Covilhã (central inland Portugal) where he lived throughout his childhood and teen years with his father, a divorced architect."

Já em Julho também acharam por bem apagar uma parte de biografia de Luís Amado: "He is married (separated, long time affair with an Executive member of the World Bank; Mrs.Sarah Cliffe) and has two children". Passou a " married and has two children".

Ficam aqui os resultados desta busca: José Sócrates versões 1,2,3,4 e Luís Amado 5

PS: A Wikipedia não estava a dormir. Aqui fica a acusação de "vandalismo" ao IP 193.47.185



PS: O Paulo Querido chama a isto trivialidades...

Já voltámos ao PREC ou a GNR tem medo?

Catarina Eufémia a comunista morta em Baleisão pela GNR antes do 25 de Abril, tem hoje um movimento que usa o seu nome e fica impune perante a mesma GNR pelas acções violentas em propriedade privada
Vi de relance na televisão: uns hippies ( pensava que já tinham crescido!) a invadirem uma propriedade privada e uns cabos da GNR cheios de medo a sacudirem o pó a uns vadios que decidiram arrancar uma plantação de milho transgénico em Silves.

A herdade é privada, a plantação legal, mas aquele grupelho achou-se no direito de destruir propriedade alheia e a GNR em vez de os meter na choldra apontou os nomes de alguns para posteriores averiguações.

O ministro da agricultura foi depois lá muito preocupado ( ele preocupa-se muito, já assim ficou com aqueles excedentários que agora não sabe o que fazer-lhes e alguns até eram funcionários muito competentes, e também ficou preocupado quando o Expresso contou a história dos fins de semana e ano novo na quintarola de Alter). Depois foi a vez do ministro da administração interna vir defender os valentes soldados, " devem ter feito tudo dentro da lei".

Se um tipo é apanhado com excesso de álcool é preso ( e acho bem, quem quer beber não conduz). Se um tipo vai em excesso de velocidade, mesmo num sítio seguro mas que um engenhocas decidiu que ali havia limite baixo, paga. Uns vândalos arrasam uma plantação e a GNR verga-se, o governo consente. Vão investigar e tomar notas!

Estes terroristas vão um destes dias incendiar os carros poluidores ( já o estão a fazer com os Hummer nos EUA!), bater em quem fuma, rasgar as gravatas de seda dos pipis, tapar os umbigos às queridas, obrigar os obesos a comerem vegetariano.
Eu brinco, mas estes sinais são preocupantes. E quando os socialistas toleram estas palhaçadas acabam por tolerar mais tarde as acções graves. Este governo tem medo de afrontar a esquerdalhada, ele sabe que vão precisar destes tontos para se manterem no Poder.


PS: Movimento Verde Eufémia dá para ver de onde vem este grupo. A Zita Seabra explica bem no seu livro da capacidade dos comunistas para criarem grupos de acção desestabilizadora para poderem viver à sombra das regras democráticas. Aí estão eles em acção. Onde pára a polícia?

Ver mais em Abrupto

Uma crónica fotográfica

Clique sobre as fotos para ver em janela grande

Vantagem de quem tem um Range que avaria e tem de ficar na oficina. Depois anda-se a pé, descobre-se por perto uma estação de comboio, que julgava abandonada. Afinal há máquinas de bilhetes, um casal abandonado e duas velhotas que passeiam naquele marasmo. Lembro-me de Wim Wenders. Saco da Ricoh GR. Entre atravessar a linha e o comboio chegar descubro uma praia só com uma mulher a banhar-se de biquini. Depois um casal à espera, e na vista seguinte uma praia com bar, sem gente. Avista-se ao longe a Caparica mas do lado de cá as barracas de pescadores, um bairro de lata na praia, fazem parte porventura da praia mais pobre e mais livre de Portugal. Uma pequena bandeira nacional voa, dois homens conversam como se o tempo não contasse.
Portugal tem destas bolhas deprimentes mas também felizes.

As fotos foram feitas às 16 horas de hoje. Isto é uma crónica fotográfica. O fotojornalismo também deve ser isto.

domingo, agosto 19, 2007

Uma foto por dia

Margens da Barragem do Divor. Foto Luiz Carvalho

Fotojornalismo ou fotodecoração?

Tazzio Seccharolli, o famos paparazzi de lambretta que inspirou Fellini

Há pouco numa livraria passei os olhos pelo catálogo do Prémio Visão deste ano.
Não se pode dizer que não há fotografia nem fotojornalismo por cá. Estão lá reportagens fortes, boas fotos e muitos nomes desconhecidos, o que quer dizer que há sangue novo a disparar. É bom.
Temos mais fotógrafos do que espaço nos jornais e revistas e temos melhores fotojornalistas do que jornais. Muitos daqueles trabalhos passaram desapercebidos nos jornais ou revistas de onde são oriundos.
Muitos deles terão tido uma edição desgraçada, as fotos devem ter sido esquartejadas, sem hierarquia gráfica, sem ligação. As fotografias são na maioria dos jornais o tapa-buracos, o enfeite, a mancha gráfica que dá jeito, o fundo que os gráficos ( agora promovidos a jornalistas!) adoram usar para puderem meter títulos.
A fotografia serve para quase tudo menos para o que devia: dar informação, dar credibilidade, convidar os leitores a mergulharem nos textos ou serem elas próprias o veículo principal de informação. Fotojornalismo contra a fotodecoração, informação gráfica contra a mariquice das fotos giras, bonitas, artísticas. Fotojornalismo, carago!...

Neste catálogo da Visão sente-se que há boas fotos ( como nos sites de foto-amadores, que estão cheios de fotos bonitas) mas raras são as que mostram um olhar pessoal, diferente, com carácter.

Há uma moda de fazer fotojornalismo: a grande angular, a dispersão dos enquadramentos, a falta de intenção, de marcar um rumo. Falta escola e falta estilo, sobra habilidade. Há pouco envolvimento com os temas, pouca emoção e sentido gráfico.
Raras são as imagens que acabam por nos ficar na memória.

O que se deve questionar é se estas fotografias contam o Portugal de hoje.
Se daqui a 20 anos serão estas as fotografias que poderão documentar o Portugal da crise de crescimento, do desemprego, da juventude sem causa, dos rebeldes dos subúrbios, das culturas que importámos, das ucranianas que alegram os olhares, dos bairros negros, das praias coloridas, do Algarve novo-rico, da destruição da paisagem, do desemprego, da modernidade, da decadência moral, da apatia política, da religião imparável, do crepúsculo comunista... bom, são muitos temas que estão a mudar Portugal e os fotojornalistas têm esta missão, sem a qual não faz sentido a actividade: testemunhar a sociedade, fazendo História, escrevendo crónicas fotográficas, como o fez Fernão Lopes com palavras no seu tempo.

Fotografias giras, bonitas, fotógrafos habilidosos e photoshop, há em todo o lado. Pode ser gratificante, simpático, egocentrista...mas não faz fotojornalismo.
Corremos o risco de voltarmos aos concursos de fotografia de salão: tudo artístico tudo entulho. Queremos arquitectos da imagem, não queremos decoradores.

Uma das grandes qualidades da Magnum, e a razão da sua sobrevivência em 60 anos, é que os seus fotógrafos estavam "lá" quando era urgente testemunhar:no Dia D, no Maio de 68, no retrato do Matisse, do Picasso etc... na Praça Tienamen, na morte do Kennedy, no choro de Jacqueline, na nudez de Agnelli, no popular que aperta a bochecha de Soares no 25 de Abril. Estavam lá. Não sei se os fotojornalistas portugueses estão sempre no sítio certo e na hora certa, e se o sabem fazer com humildade, talento e sentido da História.
Vale a pena parar e pensar nisto.

Uma foto por dia

Alentejo, Carrascal. Foto de Luiz Carvalho

Os chicos espertos da fotografia

A popularidade deste blogue também tem custos. O maior é que no meio de uma comunidade de entusiasmados comentaristas, que já nem precisam de mim para nada, falam entre si e ainda os vou ver a marcarem encontros fortuitos fora de horas ::))) aparecem uns chicos espertos provocadores que não tendo mais nada para dizer atiram alarvidades julgando que me irritam. Eu não vou começar a responder taco a taco porque isso iria marcar o que eu devo ou não aqui escrever. Se não gostar dos comentários vou apagá-los porque este espaço é meu e não tenho que levar com tipos parvos em minha casa. Ponto.

Mas houve aqui uns comentários que não posso deixar passar. Um refere-se ao Augusto Cabrita,( foto em cima) outro a mim insinuando que sou um sectário para quem a fotografia é só fotojornalismo e que acho a Cindy Sherman um nojo e os artistas plásticos armados em fotógrafos uns diletantes e o lobby da Siza...por aí fora.

Por partes:

O Augusto cabrita foi o fotógrafo mais representativo da fotografia portuguesa contemporânea. Foi um director de fotografia que Di Venanzo elogiou com "Belarmino" e foi um pioneiro na RTP com as suas curtas metragens a pb, câmara ao ombro e uma poesia profunda no olhar. Era um intuitivo que conhecia HCB de trás para a frente. Foi um repórter de tv audaz que filmou com coragem o sismo de Agadir. Ele pertence àquela geração do Baptista Rosa que sendo tipos de direita, envolvidos com o regime, foram experimentalistas, inovadores e fizeram da RTP da altura uma estação de grande qualidade e pioneirismo. Fernando Lopes, Hélder Mendes, Augusto Cabrita, Luís Andrade, Alfredo Tropa e mais alguns, deram um grande contributo para a imagem. Não são do meu tempo, eu sou muito mais novo, mas seguia os seus trabalhos quando tinha 16-17 anos e andava à procura de referências para me iniciar como fotógrafo e como cineasta que sempre quis ser.
Eram tipos que amavam profundamente o que faziam. Ousavam, eram modernistas em toda a acepção da palavra.
Quem vomita arrogância sobre esta gente só pode ser ignorante total.
Não podemos ser inovadores se não soubermos os clássicos. Picasso dizia-o:" para reinventarmos temos sempre de partir do que existe".

Quanto aos estilos de fotografia. Eu sou fotojornalista porque sou jornalista. Mas também sou fotógrafo. Não catalogo a qualidade de um fotógrafo a partir dos meus gostos. Por exemplo. acho que o La Chapelle faz aquilo muito bem, é bom no que faz, mas acho-o detestável.Gosto mesmo muito do Helmut Newton e da Leibowitz, ou da Bethina Reims e não são fotojornalistas. Gosto do Ansel Adams, do Man Ray.... agora meus caros: aquelas vigarices que se apresentam no Besphoto e em muitas exposições da Dona Siza não gosto: são mal executadas, faltam-lhe técnica, são básicas, básicas, básicas.

Um dia em Paris ao ver umas impressões minhas o organizador do Mois de la Photo disse-me:" Luiz podes fotografar o que quiseres mas as impressões têm de ser perfeitas. É como vestir bem, tomar banho. É uma questão de educação no mínimo, de respeito para quem nos vê".

Tornou-se tique em Portugal uns putos arrivistas acharem que os fotógrafos com carreira ( coitados! Carreira em Portugal!) são uns velhadas que vivem à custa do nome e que ganham bem e saem cedo. Esse estigma pega. A prova é que qualquer rapazola que abandonou as fraldas há pouco, já se acha o maior. Conseguem ser chefes em jornais que pagam 500 euros, chegam a fazer reportagens de guerra naqueles tours promovidos pelo exército português no estrangeiro, Afeganistão, Timor etc , têm uns portfolios catricas, mas um fotógrafo de imprensa faz-se com muito trabalho, muita humildade, muita paixão pela fotografia, muita cultura fotográfica.

Trabalhem mais e arrotem menos.

sábado, agosto 18, 2007

Guerra no Kruger

Mais de 14 milhões de visitas no YouTube

Querido, escolhi o blogue!

O Paulo Querido escreveu esta semana um texto sobre blogues.
Conheço o Paulo há 18 anos, desde os tempos em que era jornalista no Expresso. Chegámos a ir os dois a Madrid entrevistar o Futre- na altura em que ele tinha o célebre 944 amarelo!- onde dançámos noite dentro no Joy e acabámos a mudar uma roda do meu Alfa 33 em plena estrada Madrid-Lisboa às tantas da madrugada. Grandes tempos !
Considero-o um jornalista da geração online habilitado e foi por isso que o convidei para colaborar comigo no Expresso quando eu era editor multimédia, onde aliás mantém uma colaboração e um blogue. Ele mesmo já me deu aqui uma mãozinha de mestre no Fatal.

É evidente que um jornalista não pode ter o critério editorial num blogue como quando exerce a sua profissão. Esse é mesmo o maior desafio para um jornalista. Um blogue não é o escape daquilo que não se faz na profissão. Não. Um blogue é um confessionário pessoal, subjectivo, parcial, onde as regras éticas do jornalismo não estão em jogo. Claro que não é um objecto de comunicação sem regras morais e éticas, mas é sim um espaço pessoal, muito pessoal de opinião. Não vou deixar de ter um blogue porque sou jornalista, mas neste caso preferia não o ser. Dava-me mais jeito ser só arquitecto, por exemplo.
Por exemplo: pelo facto de eu aqui criticar Sócrates não quer dizer que quando o fotografo não o faça com a maior seriedade e com a preocupação de dar dele uma imagem que tenha a ver com o contexto em que o estou a fotografar e que sirva os interesses editoriais do meu jornal. As coisas não se podem misturar nunca. É como se houvesse vários heterónimos.
Entender isto é aceitar a democracia e a liberdade de expressão plenas. O que é por vezes arriscado e incompreendido. Talvez por isto alguns blogues de jornalistas são anónimos e até há um excelente e famoso ( que Querido não refere na sua lista) e que tem fama de ser escrito por agentes da Judiciária ! Sério!

A festa do Apito Encarnado

Não consigo encontrar o tal dossier sobre o Apito Encarnado. Refugiado na planície com net a caracol ( parabéns Vodafone, bem podem limpar as mãos à parede com a vergonhosa placa 3G que vendem aos clientes!) não há um site que me informe sobre essas bocas incendiárias sobre o Rei dos Pneus.
Para cúmulo atrevo-me a comentar.
Imagino que deve haver marosca entre Alverca, Benfica e algumas personalidades vermelhas. Sempre me intrigou porque seria Vale e Azevedo o único "vigarista" do futebol em Portugal. A verdade é que o homem quando chegou à Luz era um dirigente bem intencionado com vontade de acabar com vícios e mordomias instaladas. Eu acompanhei-o no seu primeiro dia de Presidente, sempre a fotografá-lo. Ele dizia: telemóveis à descrição acabaram. Charutos em repastos romanos a milhares acabaram. Um tostão é um tostão, o Benfica tinha de acabar com os madrassos. A matilha raivosa uniu-se e enquanto não acabaram com ele não descansaram. Estávamos num tempo em que o rigor fiscal das contas de todos os clubes era uma ficção e era normal presidentes darem dinheiro seu, transferirem, receberem e voltarem a dar. E voltarem a ficar...Só pouco depois é que o rigor chegou. Vale e Azevedo foi trucidado e ficou como o único empresário " vígaro" em Portugal que foi preso, julgado não sei quantas vezes e que ainda continua com processos às costas.

Ele até pode ter todas as penas do Mundo. E os outros ? Não há mais "vigaristas" em Portugal para serem presos ? Só ele ? Acho muito pouco até porque aquelas figuras que correram com ele e o substituíram no clube, fazendo lembrar um golpe populista à Chavez, nunca foram acusados de nada. Inocentes como virgens.
A verdade é que a facção vingadora ganhou ( não o campeonato !!) e aí está a bombar.

O que quiseram fazer com Pinto da Costa é semelhante ao que conseguiram com Vale Tudo. Aquelas historietas de fruta e café com leite são no mínimo ridículas e o livro da Salgado é muito interessante como novela, giro como enredo, comovente como história de amor- cornudo, irónico como o destino, é um script com todos os ingredientes para uma fita de putas, sexo, amor, velhadas que tomam Viagra, um retrato português, mas quanto a matéria de facto para condenar pessoas vou ali e já venho. Qualquer pessoa que não goste de futebol, nem do FCP, nem se meta nesses enredos ( o meu caso) percebe desapaixonadamente que o Apito Dourado não passou de um processo de intenções, uma operação de marketing político para dar a provar à populaça que havia justiça num país que na verdade não a tem.
O Apito Dourado faz parte daquela conjuntura que Sócrates gosta: tirar os poucos privilégios que ainda existem para fazer crer que isto é um país bestial.
Portanto, este Apito Encarnado não me espanta que possa trazer muita borra no fundo e que venha a demonstrar que no futebol o café com leite, a fruta ou uns chouriços por baixo da mesa fazem parte do folclore. O futebol português é mau mas em fumeiro é divino.

E quando os ex-estalinistas e quejandos querem fazer a revolução aos 50 quando a falharam aos 18 é...Mao. Nem com o Viagra do Pintinho lá vão!...