
No rescaldo do fim de semana fica-me sempre o turbilhão de notícias,
reportagens, entrevistas, crónicas, fotografias, que me entram pelos olhos dos
diários e
semanários que junto para ler nos dois únicos dias em que ainda
tenho algumas horas tranquilas.
Que retive de tanta leitura ? Pouca coisa. No
New York
Times fizeram a experiência de fechar numa sala 20 leitores
típicos do jornal
durante uma hora. No final convidaram-nos para falarem do que tinham lido. A maioria dos leitores terá fixado duas notícias no máximo.
Eu tenho um olhar mais analítico, deformado pela profissão.
Começo pelas fotografias, e sem esforço de fixar espero que alguma me prenda o olhar. Rara é a fotografia que me faz parar. esta semana senti um especial contentamento ao ver o Expresso no sábado.
Comprei-o em Estremoz no café onde para o meu ex-director. Enquanto lá estive ao balcão a comprar jornais venderam-se 3 Expressos e 1 Sol. Está mais ou menos na relação de vendas de um para o outro, com contas optimistas para o Sol.
Não vi o arquitecto Saraiva com o tal casaco amarelo oferecido na bomba da
Galp da 2ª Circular e que ele confessou ( e ameaçou!) usar ao fim de semana.
Adiante. O meu contentamento ao ver o Expresso foi a magnifica mancha de fotografias ao longo de toda a edição.
Privilegiámos a fotografia em todos os cadernos e as fotos do primeiro e da economia estavam soberbas. São boas e são grandes , não são boas porque são grandes.
Nesse aspecto acho que jornais como o Público vão no mau sentido. Usam a fotografia como uma decoração, sem edição, sem intenção, nem critério. Buscam umas fotos nas agências e toca de estender o
lençol. Por outro lado a fotografia produzida pelos
fotografos do Público desaparece, não
funciona como informação, nem atracção.
Até o nome dos
fotografos ficou tão reduzido que ninguém lê.
O guru que desenhou aquele entulho gráfico matou a fotografia.
Aliás, diga-se em abono da verdade, e será um tema muito interessante para debater, a ditadura gráfica que mete no mesmo saco fotografia,
infografia e
design reduz a fotografia a mais um elemento gráfico, o que não pode ser.
Fotografia é informação, não decoração.
Para não me alongar.
Gostava de referir a crónica do Miguel Sousa Tavares sobre as empresas portuguesas que ainda acham que os salários de miséria é que dão lucro ( como a Amorim),e a entrevista de José Miguel
Júdice na ÚNICA.
Amanhã inicio em Santarém um
Work Shop sobre
fotojornalismo e multimédia. Darei aqui noticias dessa semana que vai decerto ser muito estimulante.