sábado, março 31, 2007
Macário Correia dá bicicletas aos funcionários
A SIC noticias acaba de passar uma reportagem em Tavira sobre 4 bicicletas que a autarquia de Macário Correia ( aquele que achava que beijar uma mulher que fuma era o mesmo que comer um cinzeiro!) pôs à disposição dos funcionários para circularem em trabalho.
Na reportagem aparece o autarca a dizer que é uma coisa bestial, protege-se o ambiente, a verborreia do costume. Até uma criança anafada aparece a dizer que anda de bicicleta nas férias porque é bom para o ambiente, o costume.
O que a reportagem não mostrou é que Tavira era uma das mais belas vilas portuguesas e que o betão, a estupidez do imobiliário selvagem, a cegueira da câmara de Macário transformou em mais um lamentável exemplo de mau urbanismo. As ruas de Tavira são de mau piso, mal sinalizadas, não há estacionamentos e toda a zona das salinas e do rio estão ao abandono, subaproveitadas, invadidas por hipermercados em barracões.
Macário Correia que gosta da demagogia, pode andar de burro e de bicicleta, pode enganar papalvos mas nunca conseguirá explicar ( também não lhe perguntam é verdade) como transformou Tavira num subúrbio sem graça.
Canudo de Sócrates passado a um domingo
Sócrates é engenheiro?
Não.
Sócrates é licenciado em engenharia?
Sim
E sabe construir casas?
Não.
Andou na Universidade?
Sim.
E foi às aulas?
Não.
E alguém o viu por lá?
Sim.
E sabemos quem ?
Não.
Aplica-se aqui o curso simplex?
Sim.
E o Mariano Gago reconheçe-o ?
Não.
Sócrates pode projectar?
Sim.
E o que acontece às casas?
Caem.
E isso é relevante para o país?
Não.
Os alunos de Portugal podem seguir o exemplo Sócrates?
Podem.
E devem fazê-lo?
Não.
E o que acontece se o fizerem ?
Chumbam.
Pode-se trabalhar aos domingos?
Não.
E pode passar-se canudos ao domingo?
Pode.
E é válido ?
Sim e não...
sexta-feira, março 30, 2007
Cavaco sobrevoa a zona da Ota
Consta que terá sido por aqui, mais milha menos milha, que o Presidente sobrevoou o local da Ota onde Sócrates quer fazer o novo aeroporto.
A foto, excelente, deve ser do meu amigo Luís Filipe Catarino.
Com esta qualidade só pode, e deve.
No sítio certo, no instante exacto
Prémio Visão, a vitória da oportunidade
Hoje em conversa com Jean François Leroy, director do Festival Visa pour L`Image e júri este ano do Prémio Visão, ele dizia-me e à Ana Soromenho, durante uma entrevista para o Expresso, que os fotógrafos contavam menos do que as fotografias.
Dava o exemplo da foto feita no Vietname da miúda queimada com napalm, imagem sem nenhum interesse estético ou técnico e que , no entanto, se tinha tornado num ícone da guerra. Mais: por ironia a um canto dessa foto vê-se um fotógrafo a mudar um rolo, falhando por completo a foto, que é David Burnet um dos mais brilhantes fotojornalistas americanos. ( Ver post acima).
Isto a propósito da foto que ganhou o Visão deste ano. Logo que vi esta foto, acho que na primeira do DN ,disse ao António Pedro Ferreira: " Grande foto!" depois vi que era do Manuel de Almeida da Lusa. Confesso que não sou apreciador do trabalho do Manuel de Almeida e que não gosto nada do trabalho que a Lusa faz, posso até dizer porquê noutra altura. A verdade é que o estar no local certo à hora certa e disparar sobre o que mexe pode dar uma foto soberba.
Parabéns Manuel ! (O pior vai ser aturá-lo ! Ele já se achava o maior repórter de guerra português , imagine-se agora !...)
O prémio de reportagem para o trabalho de Nelson d Àires sobre Fátima, no dia da transladaçaõ do corpo da Irmã Lúcia, é um excelente olhar sobre uma realidade já muito batida e que ele soube retratar de uma forma nova.
Não há temas esgotados. Há olhares esgotados.
Gostei mesmo muito deste trabalho.
Merecia mais prémio mas também reconheço que a foto do Manuel de Almeida supera e torna-se incontornável.
quinta-feira, março 29, 2007
Moda Salazar
Os velhadas estão a voltar.
Salazar acaba de ser vingado num concurso na televisão estatal. A RTP que fez 50 anos, fez mais pela memória de Salazar em meia dúzia de horas de emissão do que os saudosos do antigamente, os frequentadores da velha senhora. A própria RTP se tornou numa velha senhora, ela que durante anos foi a senhora do regime deposto no 25 de Abril.
Por incúria, falta de rins, por ingenuidade e pânico, a RTP fez tudo ao contrário no concurso e acabou por se ver com um fantasma no armário. Se toda esta palhaçada se tivesse passado numa televisão privada a Entidade reguladora já tinha começado a cuspir e a ameaçar. Como foi na RTP foi serviço público. E que serviço !
Salazar ganha na TV. Salazar vai ter museu em Santa Comba.
A irmã Lúcia fez 100 anos que nasceu e vai ter também um museu no Carmelo.
Mais um golo do antigo regime.
Marcelo Caetano é recordado no Rio de Janeiro com pompa e circunstância numa cerimónia onde estará Rui Patrício, ex-ministro do regime.
Salazar é representado no Teatro Dona Maria.
A filha do pide Silva Pais dá livro e peça de teatro...
Provavelmente ainda muitas outras figuras do regime antigo serão devolvidas à História. Portugal precisa de exorcizar os seus fantasmas.
Esta semana o jornal espanhol El Mundo começou a oferecer uma colecção de selos e notas do regime franquista, cópias claro. Imaginam uma colecção destas sobre o salazarismo dada em Portugal por um jornal de referência ?
Estamos ainda muito preconceituosos com o regime passado e isso é mau: repõe saudosismos e nostalgias doentias mitificadas, boas para cresceram num período sem horizontes, nem ânimo, nem nada.
quarta-feira, março 28, 2007
Voltando à Baixa da Banheira
O que eu queria dizer é que aquela gente que eu vi na procissão e a espreitar pelas janelas, gente triste, carregada, são rostos de um Portugal abandonado, ostracizado. Os subúrbios de Lisboa mais parecem cidades do tempo da RDA ou de outro país de Leste nos anos setenta.
Claro que há lá gente alegre e feliz mas o que eu vi naquela tarde foi o contrário. Aproveito para dizer que aquela gente me sensibiliza e tenho uma grande admiração e respeito, não fosse eu um fotógrafo em busca de rostos e sentimentos nas pessoas.
Também sei que a gente da margem sul é lutadora, anti-salazarista e que têm dentro de si a chama da resistência.
O perigo das apreciações subjectivas é que podem por vezes magoar e generalizar o que não pode ser.
Espero que os meus amigos da Baixa da Banheira entendam isto e que Nuno Cavaco o Presidente da Junta comunista ( soube agora ao ler um dos comentários) não fique muito ofendido.
Luiz Carvalho
segunda-feira, março 26, 2007
Homenagem a Salazar
Se esta Luciana Salazar fosse a votos perderia e o velho das botas viveria. A democracia tem destas injustiças, principalmente quando praticada ao telefone!...
Que Deus nos perdoe e Cerejeira abençoe.
Salazar vence "maior português de sempre"
Uma vitória embaraçosa, uma vitória que é uma derrota para a democracia, um protesto porventura para o presente em que vive a política portuguesa.
O povo que eu hoje vi na Baixa da banheira tem muito a ver com esta vitória: é a vitória do cinzentismo, da falta de cultura democrática, é a vitória de um povo que aprendeu o paternalismo com Salazar, com Eanes e Cavaco e que despreza votando para pior português de sempre Mário soares ( já ninguém parece lembrar-se dessa votação).
Claro que o salazarismo esta mal contado. Claro que esse período de Portugal foi pintado por comunas mentirosos e enfadado por conservadores mentirosos.
Mas esta votação em Salazar nada tem a ver com história esclarecida. Tem tudo, e só a ver, com este tique português, porventura do Homem: o autoritarismo tem adeptos, demasiados, e o que a malta gosta é mesmo de umas boas arroxadas.
domingo, março 25, 2007
Todos nós devíamos ir à baixa da Banheira
Estive lá a fotografar uma procissão com teatro alusivo à crucificação de Cristo.
Largas centenas de pessoas com as crianças vestidas de anjos participaram no evento organizado pela igreja e por um grupo de franciscanos, fãs, fanáticos, devotos do santo.
A Baixa da banheira é um subúrbio de Lisboa nascido nos anos sessenta colado a um tecido urbano antigo. Tem toda a paisagem de subúrbio: casas escalavradas, uma linha de comboio com passagens para carros e peões, janelas tristes com gente a espreitar, lojas decrepitas e lojas de chineses, ruas com nome de liberdade e uma rua chamada da amizade, cartazes do PCP chamando à acção política, céu de chumbo onde espreita arco-íris, tascas com pastéis de bacalhau e televisões de plasma, carros abandonados nas ruas sem saída, gente de kispos escuros como um país de Leste dos anos setenta, muitos velhos, idosos como é correcto dizer, crianças loiras e alegres, algumas mulheres que devem ter sido belas, ex-cover girls de revistas eróticas vestidas de santas, padres antigos e padre de cabelo comprido e ar de cocheiro, uma igreja que parece uma estação de camionagem, uma cruz de néon recortada na rua deserta, uma tristeza latente, a triste vida dos subúrbios das cidades modernas- partindo desse princípio para se falar de Lisboa.
Há alguns anos fui à baixa da banheira fotografar um quarto onde tinha vivido um serial killer que actuava nos comboios franceses, Hoje voltei para fotografar uma procissão.
Allgarve e o Pinho passou-se de vez
Mais um disparate nacional made in Manuel Pinho. Que dizer de tanta asneira ? Todos contestam e agora ?
sábado, março 24, 2007
Presidente Cavaco baralha-se com @ e dot.com
O Presidente Cavaco Silva quer ser multimédia ( está na moda, não é o único!) mas afinal não sabe distinguir um endereço de e-mail de um endereço de um site. A gaffe monumental vai ficar para o rol das piadas nacionais ao lado pib de Guterres. "É fazer as contas..."- foi há pouco na SIC notícias fazendo parte de uma reportagem sobre a estreia do filme de Luís Galvão Teles, " Dot com", em Ferreira do Zêzere.
Também vi Manuel Pinho em Paços de Ferreira a aproveitar um espelho de um pechiché para ajeitar a gravata. É o dia do móvel de pinho (!) e não se admirem se as peças do IKEA passarem a trazer uns torneados!
A vitória de Portugal sobre a Bélgica foi como limpar o rabo a meninos ( desculpem a graçola só possível num
blogue). A prova de quem canta de galo acaba crucificado na panela.
A SIC notícias interrompeu a transmissão da entrevista a Jacques Delors para ir em directo para a conferência de imprensa de Scolari. Aí está uma boa opção editorial para uma estação que se pretende de referência.Eu nem queria acreditar.
Ainda por cima para ouvir as habituais banalidades do brasileiro ditas como se fossem grandes tiradas filosóficas. Poupem-nos !
Hoje na minha rua no Livramento, Estoril, cruzei-me com um Opel Corsa com a sigla da Câmara de Lisboa, com uma cadeirinha de bebé atrás ocupada. Em serviço não andava de certeza. Porque temos nós contribuintes de pagar isto ?
Viram os ordenados dos gestores das empresas camarárias ? E algumas até gastaram o capital social ! Depois disto o "engenheiro" Sócrates ainda se considera um moralizador ?
Ontem na A5 na zona de 3 faixas Cascais- Carcavelos uma Transit dos serviços prisionais circulava na faixa do meio a 80 à hora. Eu para a ultrapassar com o meu jipe que vinha na direita a 100 tive de passar para esquerda e depois de buzinar insistentemente voltei à direita. A Transit continuou ao meio e acabou por virar à direita para sair em Carcavelos. Se nem a polícia cumpre porque deverão os cidadãos fazê-lo?
sexta-feira, março 23, 2007
Sócrates é engenheiro ou não ?
O jornal Público de hoje, 22-3-2007, traz uma reportagem extensa da autoria de Ricardo Dias Felner, e ainda de Andreia Sanches, sobre "Falhas no dossier da licenciatura de Sócrates na Universidade Independente" . Ver este link da página 2 do jornal - os demais textos só estão disponíveis para assinantes. O que se conta é mau demais para poder ser concebível como verdade... Do Portugal Profundo analisaremos mais tarde esta reportagem, os novos elementos que revela e novas pistas de investigação.
O jornal "O Crime" de hoje, 22-3-2007, continua a explorar o tema do título de "engenheiro" do primeiro ministro e o recuo na sua utilização.
A seguir, irei analisar a reportagem do Público de 22-3-2007 (pequena entrada na capa e desenvolvimento nas pp. 2-5) sobre o percurso académico do primeiro-ministro José Sócrates e a utilização do título de "engenheiro" em sete capítulos: bacharelato no ISEC; frequência do ISEL; licenciatura na Universidade Independente; "pós-graduação na Escola Nacional de Saúde Pública"; a conexão partidária do docente de quatro das cinco cadeiras da licenciatura; a nota do primeiro-ministro ao jornal; e a ética da notícia. Depois da análise dos novos factos trazidos pelo Público, apresentarei ainda algumas pistas de investigação que faltam explorar e esclarecer.
1. O bacharelato no ISEC
Pela primeira vez é revelada a nota do bacharelato em Engenharia Civil no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC) de José Sócrates, 12 valores, e a data de conclusão em Julho de 1979.
Realmente, a história de altar "Sócrates - Da infância ao poder" publicada na revista Tabu do semanário Sol de 10-3-2007 estava incompleta nos elementos mais importantes: se lá vinham as notas de 18 a Análise Matemática I e Física II, o 17 a Física I, o 12 a Química Aplicada e a referência a mais "três 15", do primeiro ano e o 15 a Análise Numérica do segundo ano, além de "dois 17" e "míseros 10", faltava a nota do bacharelato omitida na história completa da vida do primeiro-ministro publicada no Sol.
Tendo em conta esta média de 12 e o peso das cadeiras do bacharelato do ISEC na licenciatura, para cumprir a média de 16 com que José Sócrates, segundo o reitor da Universidade Independente Luís Arouca em entrevista ao diário "24 Horas" de 28-2-2007, teria terminado a licenciatura, ameaçava atirar as notas do ISEL e da Universidade Independente para valores aritmeticamente impossíveis. No entanto - e após o post Do Portugal Profundo de 28-2-2003 "O Dossier Sócrates da Universidade Independente" que teve ampla divulgação na blogosfera e foi citado n' "O Crime" -, a autora da peça, Ana Sofia Fonseca (com base em informação do entrevistado José Sócrates) corrige a informação do reitor e publica o 14 como a média da licenciatura na Independente...
Limitação de responsabilidade (disclaimer): José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa não é arguido ou suspeito no seu percurso académico do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade.
O papel social do Engenheiro...
No artigo "A Profissão de Engenheiro em Portugal e os Desafios Colocados pelo Processo de Bolonha, nas jornadas «O Processo de Bolonha e as Formações em Engenharia», Universidade de Aveiro, 2003" Maria de Lurdes Rodrigues refere que:
E mais à frente, na mesma comunicação, a professora agregada de Sociologia do ISCTE, actualmente ministra da Educação, desenvolve o tema:
O curso de Engenharia Civil da Universidade Independente, como já provei, ainda não está acreditado pela Ordem dos Engenheiros, carecendo o candidato, que obtenha o respectivo diploma de licenciatura, de aprovação numa prova de admissão, para além do estágio obrigatório para quem possua um curso acreditado pela Ordem ou não.
Já expus no post de ontem (21-3-2007) que José Sócrates parece saber a diferença entre o grau de licenciado e o título de engenheiro. Mas, se permanecer com dúvidas, deve perguntar à sua ministra da Educação que ela com certeza lhe explicará. De qualquer modo, ficamos aguardar o furor do artigo da ministra "O Papel Social dos Engenheiros" no livro "A Engenharia em Portugal no séc. XX", organizado pelo secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Prof. Doutor Manuel Heitor, possa aclarar este case-study sombrio.
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Quarta-feira, Março 21, 2007
O candidato ao título
Realmente, é bom que o esclarecimento se faça sobre o seu uso do título de "engenheiro" e sobre os seus registos académicos... Continuamos à espera.
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Terça-feira, Março 20, 2007 "Estou aqui só como engenheiro e como político"
Engenheiro eu sou...
O Carlos da Grande Loja do Queijo Limiano encontrou duas referências nos media em que José Sócrates se terá apresentado ou assumido como "engenheiro":
uma da RTP/Lusa de 3-6-2006:
Mas a melhor até agora, descoberta por um leitor deste blogue, parece ser a de 5-2-2007 no DN, em que Sócrates, num comício da campanha sobre o referendo do aborto, terá dito:
Palavras para quê?...
Segunda-feira, Março 19, 2007
O "engenheiro" e a "Engenheiria"
.
Fim de semana passado, os assessores - presumo - voltaram a rastrear este blogue Do Portugal Profundo e viram que tinham deixado de fora o rabo do gato. No fim da reunião de damage control marcada por terem sido apanhados com a boca na botija, devem ter concluído que não restava outra possibilidade senão emendarem-na, mesmo nas barbas do público atento. Pediram autorização - a quem manda - para alterar também essa outra página do Portal do Governo e hoje (19-3-2007) à tarde corrigiram-na - de manhã ainda estava na versão de "engenheiro", conforme consta da versão que imprimi.
Por informação de um comentador, reparamos na alteração. Mas... nova cavadela: nova minhoca. Esta tarde, o "engenheiro" passou a "licenciado em Engenheiria Civil" (sic) - página consultada e gravada às 16:15 de 19-3-2007 e aí em cima exposta. Assim seja. Aliás, depois de tantas contradições e silêncio, José Sócrates pode ser o que ele quiser.
Pós-Texto: Sugerimos aos leitores que vão consultando e imprimindo as diversas versões da página da never-ending-story da biografia do primeiro-ministro. São provas.
Limitação de responsabilidade (disclaimer): José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa não é arguido ou suspeito no seu percurso académico do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade.
Sexta-feira, Março 16, 2007
José Sócrates já não é engenheiro...
Quando consultei a página da biografia do primeiro-ministro no Portal do Governo - várias vezes desde que tomou posse do Governo em 12 de Março de 2005 e nos últimos tempos em 28-2-2007, 4-3-2007 e 10-3-2007, altura em que escrevi os postes sobre o tema -, José Sócrates assumia-se como "Engenheiro civil", facto confirmado também por fac-simile da biografia oficial publicado no jornal "O Crime" de 8-3-2007. Hoje (página consultada às 10:01 de 16-3-2007, na sequência de informação de leitor atento) é... apenas "Licenciado em engenharia civil"... Peço aos leitores que imprimam a nova versão da biografia do primeiro-ministro e que se habituem a imprimir os links de informação sensível em linha, como eu tenho o hábito de fazer, para que se retenham as provas do que se afirma.
Eu, e muitos portugueses - porque coloquei nos posts o link do Portal do Governo para que fosse verificado o que digo -, guardamos prova daquilo que creio ser a utilização do título de engenheiro, regulado pelo Estatuto da Ordem dos Engenheiros, aprovado pelo decreto-lei 119/92 de 30 de Junho, publicado no Diário da República n.º 148, I Série A, de 30 de Junho de 1992. Tendo em conta esta mudança, parece cair a argumentação da absoluta regularidade ou legalidade da utilização do título de "engenheiro" pelo primeiro-ministro - de outro modo não se compreenderia que arrepiasse caminho. Creio que uma explicação e um pedido de desculpas se justifica por ter dito que era o que já não diz ser. Além dos esclarecimentos devidos sobre o seu percurso académico.
Uma questão já está, portanto resolvida: José Sócrates, ao contrário do que afirmava, não é engenheiro - como o próprio admite, indirectamente, ao modificar a sua biografia oficial. Mas o assunto não está encerrado, pois permanecem outras dúvidas. Falta responder às outras questões, que colocámos, e prestar os esclarecimentos sobre as lacunas pendentes no seu percurso académico, que identificámos, como é obrigação de um primeiro-ministro.
Do Portugal Profundo temos informação e documentação ainda não publicada e continuamos a investigar de forma lícita e legítima. Solicito aos leitores que possuam informação sobre este assunto público (registos académicos) e aos contemporâneos do curso de Engenharia Civil (e de Engenharia de Recursos Naturais) da Universidade Independente de 1995/96 ou que tenham sido contemporâneos de José Sócrates na dita pós-Graduação em "Engenharia Sanitária na Escola Nacional de Saúde Pública" (ano indeterminado) me forneçam informação para o endereço a.b.caldeira@gmail.com, que eu prometo investigar, no respeito da lei, e publicar aquilo que apurar ser verdadeiro e for lícito fazer. Nada mais, nem nada menos, do que a verdade.
Pós-Texto 1 (15:48 de 16-3-2007): Porém, alertou-me há pouco outro leitor, neste outro caminho do mesmo Portal do Governo - Governo> Composição> Perfil> Área Primeiro-Ministro - às 15:48 de hoje, 16-3-2007, ainda constava como "Engenheiro civil". O pessoal da Presidência do Conselho não deve ter conseguido cumprir discretamente a ordem e o gato parece ter ficado entalado com o rabo de fora... Convinha emendar rapidamente também esse perfil...
Pós-Texto 2 (20:35 de 16-3-2007): Na Voz Surda pode ver-se o fac-simile das duas versões da biografia do primeiro-ministro: antes, em 10-2-2006 ("engenheiro") e depois, 16-3-2006 ("licenciado em engenharia civil").
Limitação de responsabilidade (disclaimer): José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa não é suspeito no seu percurso académico do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade.
Onde está o canudo de Sócrates?
Depois a dúvida instalou-se na Nação: Sócrates tem canudo? Sócrates é engenheiro? Terá saído a Sócrates o Curso na Farinha Amparo?
" Quer ser engenheiro ? Simplex! faça como o engenheiro Sócrates: venha para a Independente e saia engenheiro contente!".
Na pátria dos patos bravos encartados, ser ou não ser cabouqueiro é tudo o que precisamos de saber.
Os engenheiros deixara marcas na História do país. Veja-se Guterres o engenheiro de correntes fracas, mas que em casa era incapaz de mudar um fusível !
Veja-se o "inginheiro do Norte carago" e outros ícones que têm feito deste país o clube dos amigos das secretárias e por outro lado um território construído como se fosse o somatório de muitas casas de banho com as paredes viradas para a rua.
Agora o mistério sobre a licenciatura de Sócrates na Independente no tempo em que era secretário de estado merece toda a investigação jornalística.
Quero saber se tenho mais habilitações do que o primeiro-ministro.
Quero saber se o compagnon de route de Sócrates, essa figura maior da democracia e da gestão da Caixa Geral de Depósitos, essa vara chamada Armando ( o homem que inventou as matrículas K e a data do ano de fabrico nas mesmas) e o grande idiota da tolerância zero nas estradas ( as pessoas têm memória curta é bom lembrar), o mesmo da Instituto da Prevenção Rodoviária que depois daquelas cegadas levou Sampaio a obrigar Guterres a demitir Vara, esse génio, afinal, parece que foi também encartada pela mesma Universidade!
Como querem falar de educação e de qualidade no ensino se afinal temos um Primeiro licenciado de aviário, que parece ter tanta vergonha do seu canudo que a página da Presidência do Conselho de Ministros lhe retirou o título académico desde ontem ?
Sócrates tem um curso simplex de engenheiro e pelos vistos vai querer aplicar a fórmula ao país. Imaginem uma universidade de canudos simplex: o aluno entra por um lado e sai pelo outro já formado, licenciado, apto.
Simplex, meus caros.
Claro que ser ou não ser engenheiro não faz dele melhor ou pior Primeiro. Não ser verdadeiramente engenheiro para mim até é uma qualidade. Como arquitecto sempre detestei engenheiros em geral, gostando depois muito de alguns em particular.
Mas que tudo isto é irónico e revelador de um país não tenhamos dúvidas. Quando a credibilidade da formação académica de um primeiro-ministro anda nestes termos o que havemos de dizer dos outros que saem das faculdades ou daqueles que desistem de lá entrar ?
Depois dos jornalistas, dos médicos, dos advogados, dos políticos, da justiça, chegou a hora do descrédito das universidades. Mau, muito mau. Como sustentar uma sociedade democrático sem instituições credíveis, sem pilares ?
Ao que chegámos
A piscina pequena que permite o Alentejo nas escaldantes tardes de verão será apontada do céu por um helicóptero das finanças e do Ministério do Ambiente, e da Câmara claro.
Quando passarmos os 120 na auto-estrada teremos, já temos, um besouro atrás disfarçado de Mr. Magoo, a lareira a fumegar será denunciada por uma vizinha invejosa e até namorar será um abuso considerando que só o faz quem tem tempo e como luxo pagará imposto…
Enfim: a vida não está fácil. Isto é: as nossas liberdades estão ameaçadas.
Hoje de manhã na rádio uma reportagem feita na Assembleia da República apontava os deputados prevaricadores que fumavam no corredor da Assembleia. Ontem Durão Barroso era citado na BBC porque o Tuareg da mulher era muito poluidor.
Aos poucos esta democracia vai tornando a vida cada vez mais controlada.
Os cidadãos sentem que são cada vez mais reprimidos. Lendo o relato da via verde, do Multibanco, do telemóvel, basta para se fazer o trajecto diário do cidadão, para saber dos seus defeitos e virtudes.
O governo, qualquer que seja, já percebeu que a ecologia dá dinheiro e que os contribuintes já estão preparados para pagarem mais e mais.
Portagens, parkings, multas, contribuições, todos pagam. Ainda ninguém provou que se paga para uma melhoria da igualdade social, da eficácia do Estado, do bem comum.
Pagamos para alimentar uma máquina estatal trituradora e um poder que assenta na força omnipresente do mesmo Estado.
O mercado acaba quando as OPV`s atacam as golden share do Estado, o mercado acaba quando a televisão privada ameaça crescer e pôr em causa a influência da televisão estatal.
O controle que o Estado quer fazer à imprensa com a nova lei e com a regulamentação das televisões é um exemplo claro e escandaloso de uma influência estatal que não abdica.
No fundo quem é que quer ceder poder ? Ninguém, só os parvos.
Sócrates sabe-o bem e os outros da oposição também. Aliás esta semana ouvindo falar no Pós e Contras o antigo ministro Morais Sarmento, para mim um dos mais detestáveis governantes de sempre ao lado de Bagão Félix, até gostei do que disse. O que é inacreditável para comigo mesmo. Mas lá está: o homem falava como contra-poder e ali ele estava na plenitude das suas capacidades de convencer o otário desprevenido.
Talvez nada disto ligue. Mas o que sentimos todos é que a ideologia que defendíamos nos anos setenta para uma sociedade mais justa, harmoniosa ( no sentido do planeamento urbano e da organização do trabalho), moderna, ousada, arrojada, irreverente e responsável, está cada vez mais longe. Pagamos mais, somos mais controlados do que com a PIDE, as nossas liberdades culturais de escolha aumentaram porque a cultura passou a ser um negócio de supermercados.
Talvez deprimente, mas amanhã é outro dia.
Luiz Carvalho
terça-feira, março 20, 2007
Trabalhadores de ouro
Elogia o modelo e confessa que a 2oo GT tem mais raça do que a 250 i.e que tem já injecção electrónica.
Porque falo nisto? Porque o mecânico da Motor Haus é romeno, infelizmente não fixei o seu nome, e revelou-se um profissional perfeito. Trabalha com desmesurado prazer e é de uma competência e dedicação à prova de bala. Porque não encontramos portugueses assim? Ou porque quando encontramos um português assim já tem uma certa idade e se dedica a uma profissão do passado, em vias de acabar?
Mudei de cabeleireira, a minha anterior está em Lisboa e não me dá jeito nenhum lá ir. Num centro comercial de Cascais sou tosquiado por uma romena. Tem 27 anos e 4 em Portugal. Estudou matemática no país natal, aqui é uma profissional competente, sem complexos por não praticar o que aprendeu na escola. Trabalha sem pressas, é eficaz, cuidadosa, atenciosa. Aceita a gorjeta final com timidez como se isso fosse um extra de que não estava à espera.
Quantos brasileiros não se cruzam connosco diariamente e nos provam o seu profissionalismo? Que seria de Portugal sem esta troca de culturas e raças ? Esta gente que tão bem se misturou entre nós, será decerto uma das razões pelas quais Portugal não se afundou ainda mais.
Eles contribuem para a qualidade dos serviços e para uma postura de responsabilidade que infelizmente não encontramos na maioria dos portugueses, sem habilitações, sem competência e sem vontade de trabalhar.
E nem vou falar do canalizador que me apareceu à porta de Audi A4 e me queria levar 100 euros para mudar a anilha de uma torneira….
segunda-feira, março 19, 2007
O mel de Santana
Não há dúvida: o homem tem mel e um mamar doce.
Quem o ouve não o leva preso.
Estatelado no sofá ria-me com mais vontade do que com os Gatos fedorentos. Com Santana a realidade é sempre muito mais interessante do que a ficção, pese embora as suas excelentes qualidades de actor.
Conseguiu atacar Sampaio, Cavaco Silva, Marques Mendes, Durão, Carmona Rodrigues, o homem de Gaia, Portas e poupou Fontão de Carvalho e o Major Valentim Loureiro.
Com ele a oposição a Sócrates seria dura e com números. Isto é: os números dele eram melhores no tempo dele, tirando as exportações e estas cresceram com o crescimento dos países para onde mais exportamos.
Acho que ele até tem razão. O pior é quando ele governa. Ainda teve tempo de citar de rajada a obra por ele feita entre túneis, viadutos, centros culturais, rotundas e umas gorjetas a artistas desempregados do Parque Mayer.
Foi uma hora de grande televisão.
Para acabar em grande faltou o hino do menino guerreiro.
Mas esperem pelos 15 minutos que ele tem na manga para intervir na Assembleia. Serão os 15 minutos de glória efémera ou eterna ? Aguardemos.
Diane Arbus, fotografia e suicidio
"Para mim o sujeito de uma fotografia é sempre mais importante que a fotografia. E mais complicado..."- Diane Arbus, fotógrafa
A fotógrafa americana Diane Arbus marcou a história da fotografia contemporânea com as suas fotografias de figuras bizarras desde os anos cinquenta até meados dos anos sessenta.
O filme que agora estreou nas salas de cinema, com Nicole Kidman no papel brilhante de Arbus é uma versão livre e delirante da vida e da personalidade da fotógrafa. A mestria do realizador, a capacidade criativa do director de fotografia, a ambiência dos cenários e o talento de Kidman tornam este filme num dos raros casos em que saímos do cinema com o alento de termos partilhado uma já rara fita de autor.
Conheci as fotografias da Diane Arbus pouco tempo depois de me ter obcecado pela obra e pelo significado de Henri Cartier-Bresson. Já lá vão seguramente mais de 30 anos. Percebi logo que o registo de Diane Arbus nada tinha a ver com o do mestre francês, o teórico do Instante Decisivo, bem pelo contrário. Em Arbus prevalecia a pose, o relacionamento directo com os personagens apanhados na rua ou nos seus habitats naturais. As fotografias dela deixavam-me uma estranha angústia, uma mescla de ironia e crueldade, de ternura sórdida. Remetiam-me aquelas fotos para um olhar próximo de Fellini, um dos meus realizadores preferidos, mas ao mesmo tempo não tinham a tolerância e o paternalismo do mestre italiano. Nem podiam: ela era uma fotógrafa realista, ele um cineasta neo-realista com todas as diferenças culturais e políticas implícitas.
As figuras de Diane Arbus são infelizes e patéticas, inofensivas, desgraçadas, marginais. A técnica fotográfica em Arbus é elementar. Usava uma câmera de película 6x6, geralmente uma Rolleiflex, usada ao nível do umbigo e que enquadrava olhando por um visor colocado no cimo da máquina. Era mais discreta, dispensava levar o visor ao olho. O flash enchia de luz o primeiro plano onde se situavam as personagens que assim ficavam mais recortadas dos fundos. Esta luz de flash permitia olhares limpos, sem sombras, luz directa, crua como o olhar da fotógrafa. A técnica não fugiria muito à usada pelos fotógrafos de casamento, os bons, do tempo da película e do preto e branco muito nítido.
No filme lá estão muitas daquelas figuras bizarras que transformaram a vida pessoal da fotógrafa e a deixaram refém desse mundo estranho, estimulante, terminal que a fotógrafa abraçou: anões e nudistas de corpos disformes em campos próprios, gigantes em casas de bonecas, famílias jovens de postura estranha com filhos estrábicos, burguesas decadentes, faquires de circo, travestis e outros cromos.
As fotografias de Arbus parecem por vezes o prolongamento de muitas das figuras de Weegee, um fotojornalista de Nova Iorque famoso nos anos vinte pela coragem e pelo desassombro das suas imagens tomadas à socapa nas ruas da cidade.
Diane Arbus começou como fotógrafa de moda, ensinada pelo marido. Mais tarde foi com o maior director de arte de sempre, Alexey Brodovitch, o criador de Harper`s Bazar e com o fotógrafo Richard Avedon que deu os passos decisivos para uma carreira profissional.
Tornou-se fotojornalista nos anos sessenta. Publicou na Esquire, no New York Times Magazine, na Harper`s Bazaar e no Sunday Times,
Teve duas bolsas Guggenheim (1962 e 1966) que lhe permitiram desenvolver melhor o seu trabalho de autora, mostrado pela primeira vez num museu em 1967 (colectiva New Documents Museum of Modern Art).
O catálogo dessa exposição que o célebre editor John Szarkowski concebeu, em 1972, tornou-se num dos mais influentes livros de fotografia. Desde então, foi reimpresso 12 vezes e vendeu mais de 100 mil cópias.
A exposição do Museu de Arte Moderna viajou por todo o país e foi vista por 7 milhões de pessoas. No mesmo ano, Arbus tornou-se a primeira fotógrafa americana a ser escolhida para a Bienal de Veneza.
Um ano antes, em 1971, tomou barbitúricos e cortou os pulsos. Como se os personagens das suas fotografias, na sua expressão sórdida e pungente, tivessem sido a premonição do seu final infeliz.
sábado, março 17, 2007
Final de fotojornalismo em Santarém
Conclusão: há um número significativo de fotografias muito curiosas, feitas por quem nunca tinha vindo para a rua fotografar frente-a-frente com pessoas.
Técnica à parte, as fotografias acabam por ser um relato vivo da cidade, de aspectos urbanos, património, afectos e desamores. Irónicos por vezes, ternos e realistas outras vezes.
A fotografia é hoje uma actividade possível a qualquer mortal. Pôr na mesma linha do coração o olhar, é um bom caminho para se chegar a fotos com interesse para serem vistas e recordadas.
Foi uma boa experiência e penso que ninguém que esteve nas aulas voltará a olhar a fotografia da mesma maneira. Ficaram abertos para a disciplina e podem fazer dela uma rotina e um prazer.
Todos na faixa do meio da auto-estrada
Os portugueses cheios de «cagufa» das multas pesadas, passaram a andar mais devagar nas auto-estradas. Mas insistiram no tique antigo: faixa da direita é para esquecer, a faixa do meio é para quem paga portagem, quem vem atrás e quer ultrapassar… que passe por cima!
À noite ligam ainda os faróis de nevoeiro para impressionar.
Estes alarves conseguem circular quilómetros sem fim nesta postura ,sem que a carta lhes seja aprendida e a justa multa passada. Porquê? Porque não há pura e simplesmente fiscalização nas nossas auto-estradas. Onde pára a polícia? Está parada para poupar no combustível e nos quilómetros dos carros-patrulha.
Há radares escondidos, carros da bófia imprevisíveis, mas não há fiscalização séria e pedagógica.
Esta semana fiz mil quilómetros na A1 e não passei por uma única brigada de trânsito. Vi um daqueles Subarus pretos parados na berma à caça da multa.
Com estes teimosos da faixa do meio torna-se mais perigoso e difícil andar lá a 140 do que a 200 na faixa esquerda. Andar dentro das regras a 120 na auto-estrada implica um constante travar e passar para a faixa esquerda, voltar para a direita e ficar mais à frente entalado entre um cretino a 70 ao meio e um caracol a 90 na direita.
Resolvia-se com brigadas activas mas preferem as operações stop gigantes, à noite, nas áreas de serviço. Dá show para a tv e mais receitas.
quinta-feira, março 15, 2007
Imagens do Work-shop de fotojornalismo em Santarém
Às 5 em ponto da tarde nas Portas do Sol
De manhã tive uma das aulas mais extraordinárias que há muito tempo não tinha: os meus alunos da UAL estiveram em força na aula da manhã. Uma grande maioria de presenças femininas, atentas, interessadas e participativas. Falar de fotojornalismo para gente jovem e curiosa é sempre muito estimulante.
Ainda cheguei a Santarém para a sessão de hoje do Work-shop que amanhã termino no Politécnico com o patrocínio do Observatório de imprensa. Foi também uma oportunidade para rever a Teresa Moutinho e o meu amigo Francisco Sena Santos.
Esta semana de férias no Expresso transformou-se para mim em 5 jornadas de trabalho. Parece que a minha vida mudou e que me tornei num professor a tempo inteiro.
Já tenho saudades do jornal.
Esta introdução ( prometo que não falarei no irracional do Óscar e mesmo que me obrigassem jamais diria que pus gasóleo na Repsol da Segunda Circular) é para me dar balanço para mais umas notas soltas sobre um dia fora de portas, às 5 em ponto, nas Portas do Sol.
Um dia quente, Sol duro a pedir boné.
O jardim das Portas do Sol é dos mais belos do Mundo com aquela paisagem brutal sobre a lezíria ribatejana. Hoje à tarde Moita Flores, Mister President de Santarém, pôs musica barroca no ar, teatro invocando Afonso Henriques, e muitas crianças de escolas a verem teatro e a brincarem. Este homem vai marcar a cidade, não se esqueçam.
Os meus alunos fotografavam e eu acabei com a bateria da Epson RD1. Lá em baixo passam os comboios junto ao Tejo. Há namorados jovens aos beijos, abraços, muito calor e duas jovens de ombros descobertos olham o rio, a paisagem, próximas, intimas, numa pose delicada, entregues ao tempo. Descubro que uma tem Cânon 300D, mais tarde sei que estudam e que conhecem bem os meus alunos.
O ambiente em Santarém é fabuloso. Apetecia ficar ali até o Sol se pôr e depois…Quinzena, essa tasca que me deixou a bater mal de bem.
A fotografia permite destas experiências de vida. Se não fosse pela fotografia que estaria eu ali a fazer de justificável, numa tarde de Primavera antecipada, rodeado de jovens que nasceram depois do Salgueiro Maia ter dado o golpe e que falam no capitão com a admiração e o respeito que se tem aos heróis?
Estes “putos” sabem de tudo e têm uma memória selectiva: Os Xutos são uns cotas, o Veloso um jarreta, o Variações um anarca incompreendido, a ditadura um período negro com Salazar a ser recusado mas de alguma forma entendido nos primeiros tempos de Estado Novo. Entre memórias fazem-se fotografias, filma-se com uma HD e até há quem traga um batuque. Há espaço para beijos furtivos, um namorado que aparece e desaparece. O dia, é o dia que transforma tudo em objectos de desejo.
Há anos aquele local era um ponto de encontro para mim, de encontros fortuitos, com a envolvente cénica de um filme entre o guião de um romance do Eça e uma comédia italiana à Alberto Lattuada. Fantástico! ( só conto nas confissões…ehehe!!)
Amanhã, adeus Santarém.
A vida é feita de pequenos nadas.
Flash com Maria das Dores e Joana Amaral Dias
Falo do caso da badalada figura que está presa por suspeita de ter mandado matar o marido e que tem um filho de que se suspeita de ter fanado 30 mil ao pai. Uma história triste mas que dava uma sinopse para um excelente filme português filmado pelo Almodôvar. Tem os ingredientes todos: crime, sexo, perversão, infâmia, intriga, ambição...e muito mais.
Bom, que têm feito as revistas que andaram a promover uma empregada bancária, reformada, como uma figura da mais fina casta ? Têm andado a mitificar a presa, e o filho dela mais velho, como personagens interessantes, com história para contar. Estão a ser humanizados, quase perdoados, lavados mais branco, nas páginas rosa.
Daqui a pouco, se não já, estão a torná-los nuns heróis nacionais. Haja decoro minhas senhoras directoras ! Haja bom gosto, e já agora, ética. Gostam muito da Holla, passam a vida a sonhar em fazerem hollas mas na hora...caem no estilo jornal do Crime em versão couchet.
A Flash desta semana já põe o filho a defender a mãe. A coisa está a ficar um Big Breda.
Côr-de-rosa, dois:
Aquela deputada do Bloco de Esquerda, filha do psiquiatra Amaral Dias, que um dia na AR, nos Passos Perdidos, veio ter comigo a dizer-me que estava a invadir a sua privacidade por a estar a fotografar, sendo ela deputada, aparece esta semana na Flash, também nos Passos Perdidos, a posar e a debitar umas banalidades. Uma tontaria de esquerda com laivos populistas.
Depois do fascínio do arquitecto Saraiva pelo mundanismo temos aí mais aderentes: do Bloco de Esquerda às pérfidas figuras de um jet-set decadente, nacional,a bem da Nação.
terça-feira, março 13, 2007
Santarém cresce e aparece
1- Vai-se de Lisboa a Santarém tranquilamente ( obrigado Bento!) com o cruise-control nos 150 km/hora ( o limite de tolerância nos radares da BT). Passada a confusão da A5, Segunda circular, e troço da A1 até Vila Franca, depois é passeio.
2- Santarém tem novos acessos que põem a cidade mesmo no centro do país. Dali se vai para o Porto, Algarve e Lisboa, em auto-estradas magnificas.( Que diabo nem tudo é mau no burgo!)
3- A cidade está muito bem organizada, nos acessos e, lá no centro, vê-se obra feita. Há harmonia, casas velhas a serem reabilitadas. Sente-se a História e sente-se que é uma cidade habitada por gente de idade e jovens.
4- Moita Flores, Presidente da Câmara, está a arrasar os privilegios dos funcionários camarários mas os habitantes estão a gostar do estilo. Moita dá pimbas, cultura, festa brava. Este fim -de- semana há tourada, tascas improvisadas, festa. O autarca gosta de bons carros mas vai de bicicleta para a Câmara. Quem sabe, sabe...
A cidade vai crescer e parece haver planos para mudar a Praça de Touros e fazer uma nova envolvente virada para a animação. Tintól, touros e tradição. A estátua a Salgueiro Maia está de pé, depois de tirada de um armazém. Foi preciso vir um PPD para fazer o que um PS ignorou. Pagou nas urnas.
5- As igrejas de Santarém são sublimes, as ruas tranquilas, até a luz ajuda.
6- O velho e lindo Mercado Municipal agoniza com a concorrência desleal dos supermercados. SOS: vai fechar em breve, façam qualquer coisa!
7- O incêndio no teatro Damasceno (?), no passado fim-de-semana, é um crime e a recuperação devia ser feita pela câmara respeitando a traça original.
8- A tasca "A Quinzena" é a descoberta do ano ( para mim). Há muito que não comia tão bem, num ambiente tão bom, com um serviço tão bom e por... 7 euros. Verdade! Espero bem que figure no Boacama boamesa.
9- Regressar pela estrada antiga a Lisboa, via Benavente, é outra boa experiência. Os campos verdes, os agricultores a venderem à beira da estrada, as novas construções que revelam a mudança de muita gente para aquela zona está à vista.
É tudo mais barato e a qualidade de vida é muito melhor do que em Lisboa.
A província somos nós lisboetas.
Fotojornalismo em Santarém
Hoje pela fresca andei pelas ruas de Santarém com os meus alunos, com uma média de 25 anos de idade. Uns já concluíram o Curso de jornalismo na Escola Superior em Lisboa, outros tiraram Marketing na Superior de Santarém.
Larguei-os de máquina fotográfica pelas ruas da cidade e passadas duas horas trouxeram-me imagens feitas com espírito critico e de observação visual atenta. Gostei muito e veio conferir o que tenho vindo a defender: a fotografia é para todos tendo cada um de ir avançando pelos vários níveis que a linguagem exige. Na técnica e na cultura de ver, de saber ver, e não ficar só pelo olhar.
Voltarei a falar aqui do curso e tenho fotos para mostrar. Hoje não tenho tempo para uploads.
segunda-feira, março 12, 2007
Há dois anos que nos vimos livres de Santana
O governo de Sócrates fez dois anos. Portugal viu-se entretanto livre dos governos de Durão e Santana. Acabaram os troliteiros da direita, o Portas, o Lampião Félix, a maga patológica das finanças. Passámos pelo vexame de sermos vistos como um país com o governo mais divertido do Mundo, quando Santana brincava a primeiro-ministro e à sua volta todos fingiam que aquilo era um governo a sério. Rábula tamanha só mesmo nos dias finais de Salazar quando ele fazia de conta que governava e os outros à volta fingiam que ele não sabia que eles sabiam.
Passados dois anos, a crise mantém-se, a falta de objectivos políticos também, navegamos como nau desgovernada mas que ainda mantém a costa à vista para se poder orientar.
Sócrates tem sabido como ninguém manter uma imagem que vende bem o governo. Isto é: ele é determinado, corta a direito, mas... para quê ? O que melhorámos ? A educação ? A saúde ? A competência ? A competitividade? As finanças ? O crescimento ? emagrecemos o Estado ? Passámos a pagar menos impostos ?
Quantos portugueses vivem melhor hoje do que há 2 anos ?
Muitas perguntas mais podía fazer e as respostas seriam bastante desoladoras.
Claro que Sócrates é inteligente, culto e veste Armani ( estilo).É uma pessoa frontal e de diálogo fácil, pese embora o seu feitio de animal feroz. Mas os resultados não são
nada animadores: estamos a meio da tabela dos países europeus, estaríamos no final não fosse a entrada dos ex-países de Leste.
Temos o melhor pagamento multibanco, a 4ª taxa de mortalidade infantil mundial, a melhor banca em eficiência, temos ilhas de sucesso que bem aproveitadas podiam fazer de nós um país com pernas para andar. Para isso não basta mudar de governos, temos de mudar todos, a começar pelos empresários, os trabalhadores, os criativos. Todos.
PS: Portas e Santana, quais mortos-vivos ameaçam saír dos caixões ! Vai ser gozar vilanagem !
50 anos, 50 reportagens
O que fica dos jornais
No rescaldo do fim de semana fica-me sempre o turbilhão de notícias, reportagens, entrevistas, crónicas, fotografias, que me entram pelos olhos dos diários e semanários que junto para ler nos dois únicos dias em que ainda tenho algumas horas tranquilas.
Que retive de tanta leitura ? Pouca coisa. No New York Times fizeram a experiência de fechar numa sala 20 leitores típicos do jornal durante uma hora. No final convidaram-nos para falarem do que tinham lido. A maioria dos leitores terá fixado duas notícias no máximo.
Eu tenho um olhar mais analítico, deformado pela profissão.
Começo pelas fotografias, e sem esforço de fixar espero que alguma me prenda o olhar. Rara é a fotografia que me faz parar. esta semana senti um especial contentamento ao ver o Expresso no sábado.
Comprei-o em Estremoz no café onde para o meu ex-director. Enquanto lá estive ao balcão a comprar jornais venderam-se 3 Expressos e 1 Sol. Está mais ou menos na relação de vendas de um para o outro, com contas optimistas para o Sol.
Não vi o arquitecto Saraiva com o tal casaco amarelo oferecido na bomba da Galp da 2ª Circular e que ele confessou ( e ameaçou!) usar ao fim de semana.
Adiante. O meu contentamento ao ver o Expresso foi a magnifica mancha de fotografias ao longo de toda a edição.
Privilegiámos a fotografia em todos os cadernos e as fotos do primeiro e da economia estavam soberbas. São boas e são grandes , não são boas porque são grandes.
Nesse aspecto acho que jornais como o Público vão no mau sentido. Usam a fotografia como uma decoração, sem edição, sem intenção, nem critério. Buscam umas fotos nas agências e toca de estender o lençol. Por outro lado a fotografia produzida pelos fotografos do Público desaparece, não funciona como informação, nem atracção.
Até o nome dos fotografos ficou tão reduzido que ninguém lê.
O guru que desenhou aquele entulho gráfico matou a fotografia.
Aliás, diga-se em abono da verdade, e será um tema muito interessante para debater, a ditadura gráfica que mete no mesmo saco fotografia, infografia e design reduz a fotografia a mais um elemento gráfico, o que não pode ser.
Fotografia é informação, não decoração.
Para não me alongar.
Gostava de referir a crónica do Miguel Sousa Tavares sobre as empresas portuguesas que ainda acham que os salários de miséria é que dão lucro ( como a Amorim),e a entrevista de José Miguel Júdice na ÚNICA.
Amanhã inicio em Santarém um Work Shop sobre fotojornalismo e multimédia. Darei aqui noticias dessa semana que vai decerto ser muito estimulante.