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segunda-feira, março 12, 2007

O que fica dos jornais


No rescaldo do fim de semana fica-me sempre o turbilhão de notícias, reportagens, entrevistas, crónicas, fotografias, que me entram pelos olhos dos diários e semanários que junto para ler nos dois únicos dias em que ainda tenho algumas horas tranquilas.

Que retive de tanta leitura ? Pouca coisa. No New York Times fizeram a experiência de fechar numa sala 20 leitores típicos do jornal durante uma hora. No final convidaram-nos para falarem do que tinham lido. A maioria dos leitores terá fixado duas notícias no máximo.
Eu tenho um olhar mais analítico, deformado pela profissão.
Começo pelas fotografias, e sem esforço de fixar espero que alguma me prenda o olhar. Rara é a fotografia que me faz parar. esta semana senti um especial contentamento ao ver o Expresso no sábado.
Comprei-o em Estremoz no café onde para o meu ex-director. Enquanto lá estive ao balcão a comprar jornais venderam-se 3 Expressos e 1 Sol. Está mais ou menos na relação de vendas de um para o outro, com contas optimistas para o Sol.
Não vi o arquitecto Saraiva com o tal casaco amarelo oferecido na bomba da Galp da 2ª Circular e que ele confessou ( e ameaçou!) usar ao fim de semana.

Adiante. O meu contentamento ao ver o Expresso foi a magnifica mancha de fotografias ao longo de toda a edição.
Privilegiámos
a fotografia em todos os cadernos e as fotos do primeiro e da economia estavam soberbas. São boas e são grandes , não são boas porque são grandes.
Nesse aspecto acho que jornais como o Público vão no mau sentido. Usam a fotografia como uma decoração, sem edição, sem intenção, nem critério. Buscam umas fotos nas agências e toca de estender o lençol. Por outro lado a fotografia produzida pelos fotografos do Público desaparece, não funciona como informação, nem atracção.
Até o nome dos fotografos ficou tão reduzido que ninguém lê.

O guru que desenhou aquele entulho gráfico matou a fotografia.
Aliás, diga-se em abono da verdade, e será um tema muito interessante para debater, a ditadura gráfica que mete no mesmo saco fotografia, infografia e design reduz a fotografia a mais um elemento gráfico, o que não pode ser.
Fotografia é informação, não decoração.

Para não me alongar.
Gostava de referir a crónica do Miguel Sousa Tavares sobre as empresas portuguesas que ainda acham que os salários de miséria é que dão lucro ( como a Amorim),e a entrevista de José Miguel Júdice na ÚNICA.

Amanhã inicio em Santarém um Work Shop sobre fotojornalismo e multimédia. Darei aqui noticias dessa semana que vai decerto ser muito estimulante.

6 comentários:

  1. de facto vamos assistindo, a passo de caracol, ao fim da fotografia na imprensa. Vale as edições da edimpresa e o Sol para contrabalançar o défice fotográfico das restantes edições. A visão está muito melhor, desde a renovação, com mais foto-reportagem. De salutar... Quanto ao workshop, espero que arranje um tempinho para vi ao Porto, um destes dias!!!

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  2. Parece-me que a fotografia do Sol contribui ainda mais para o défice fotográfico na imprensa... pelo menos na qualidade e no género fotojornalístico. É só panos por todo o lado...

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  3. Com a vossa licença, permitam um retrato dos jornais e da comunicação social em geral nos últimos dias, deste putativo fotojornalista, que não sabe sequer usar uma máquina de fazer retratos:

    "Quando falta o pé e não se consegue nadar...
    As intervenções de Pedro Santana Lopes e de Paulo Portas nos últimos dias fazem lembrar aqueles tipos na praia que, não sabendo nadar e ficando sem pé, não se cansam de esbracejar, procurando que alguém os veja.

    Mais o primeiro que o segundo. Ou, se quisermos, ambos no mesmo plano mas nadando em estilos diferentes.

    O Pedro Santana Lopes que, como qualquer bicho político, percebe que precisa de dizer que “anda por aí”, antes que dele se esqueçam de vez.
    Já sobreviveu, como gato com sete fôlegos, tendo como surfista salvador a Câmara da Figueira da Foz, onde hoje ainda se fazem sentir algumas das suas “trapalhadas”, de que se salienta o Oásis em pleno areal da praia, que, passados quase quatro anos, se encontra encerrado, por manifesta violação dos planos de ordenamento marítimo.

    O segundo, mais ave política, gerada nas feiras e mercados, que fazendo figura de mula espantada, não fez mais nada do que conspirar contra a direcção do partido, desde que zarpou após ter levado pancada nas últimas legislativas.

    Ambos geraram as actuais facções conspirativas no grupo parlamentar, que, ao invés de atacar Sócrates, atacam os líderes dos seus próprios partidos, como os meus rafeiros quando mijam em qualquer sítio, apenas pretendendo marcar o seu terreno.

    Metamorfoseando José Pacheco Pereira, quem os quiser bem que os merece."

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  4. E isso a nível nacional.
    Imagine-se o défice (qualitativo) de fotografia na imprensa regional!

    Pelo menos por cá é de bradar aos céus...

    Felicidades para Santarém.
    (Talvez apareça lá um dia destes)

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  5. Muito folgo em saber que está de volta a esta "santa" terrinha. Provavelmente a convite do Observatório novamente? Ah! Traga o Porche que é sempre bonito de ver...
    Marco Dinis Santos

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  6. Muito folgo em saber que está de volta a esta "santa" terrinha. Provavelmente a convite do Observatório novamente? Ah! Traga o Porche que é sempre bonito de ver...
    Marco Dinis Santos

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