Páginas

quinta-feira, março 15, 2007

Às 5 em ponto da tarde nas Portas do Sol


Mais pareço um caixeiro viajante do ensino.
De manhã tive uma das aulas mais extraordinárias que há muito tempo não tinha: os meus alunos da UAL estiveram em força na aula da manhã. Uma grande maioria de presenças femininas, atentas, interessadas e participativas. Falar de fotojornalismo para gente jovem e curiosa é sempre muito estimulante.

Ainda cheguei a Santarém para a sessão de hoje do Work-shop que amanhã termino no Politécnico com o patrocínio do Observatório de imprensa. Foi também uma oportunidade para rever a Teresa Moutinho e o meu amigo Francisco Sena Santos.

Esta semana de férias no Expresso transformou-se para mim em 5 jornadas de trabalho. Parece que a minha vida mudou e que me tornei num professor a tempo inteiro.
Já tenho saudades do jornal.

Esta introdução ( prometo que não falarei no irracional do Óscar e mesmo que me obrigassem jamais diria que pus gasóleo na Repsol da Segunda Circular) é para me dar balanço para mais umas notas soltas sobre um dia fora de portas, às 5 em ponto, nas Portas do Sol.

Um dia quente, Sol duro a pedir boné.
O jardim das Portas do Sol é dos mais belos do Mundo com aquela paisagem brutal sobre a lezíria ribatejana. Hoje à tarde Moita Flores, Mister President de Santarém, pôs musica barroca no ar, teatro invocando Afonso Henriques, e muitas crianças de escolas a verem teatro e a brincarem. Este homem vai marcar a cidade, não se esqueçam.

Os meus alunos fotografavam e eu acabei com a bateria da Epson RD1. Lá em baixo passam os comboios junto ao Tejo. Há namorados jovens aos beijos, abraços, muito calor e duas jovens de ombros descobertos olham o rio, a paisagem, próximas, intimas, numa pose delicada, entregues ao tempo. Descubro que uma tem Cânon 300D, mais tarde sei que estudam e que conhecem bem os meus alunos.

O ambiente em Santarém é fabuloso. Apetecia ficar ali até o Sol se pôr e depois…Quinzena, essa tasca que me deixou a bater mal de bem.

A fotografia permite destas experiências de vida. Se não fosse pela fotografia que estaria eu ali a fazer de justificável, numa tarde de Primavera antecipada, rodeado de jovens que nasceram depois do Salgueiro Maia ter dado o golpe e que falam no capitão com a admiração e o respeito que se tem aos heróis?

Estes “putos” sabem de tudo e têm uma memória selectiva: Os Xutos são uns cotas, o Veloso um jarreta, o Variações um anarca incompreendido, a ditadura um período negro com Salazar a ser recusado mas de alguma forma entendido nos primeiros tempos de Estado Novo. Entre memórias fazem-se fotografias, filma-se com uma HD e até há quem traga um batuque. Há espaço para beijos furtivos, um namorado que aparece e desaparece. O dia, é o dia que transforma tudo em objectos de desejo.

Há anos aquele local era um ponto de encontro para mim, de encontros fortuitos, com a envolvente cénica de um filme entre o guião de um romance do Eça e uma comédia italiana à Alberto Lattuada. Fantástico! ( só conto nas confissões…ehehe!!)

Amanhã, adeus Santarém.
A vida é feita de pequenos nadas.

1 comentário:

  1. Olá Professor.
    Acho que para completar o seu post, nada como uns frames em HD, para lembrar a tarde de hoje!

    http://stage6.divx.com/members/432621/videos/1154888

    ResponderEliminar