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quarta-feira, março 28, 2007

Voltando à Baixa da Banheira

Alguns leitores escreveram-me contestando algumas frases minhas sobre a Baixa da Banheira. É verdade que quando falei da vitória do Salazar na RTP fiz a ligação com o povo cinzento da Baixa da Banheira.

O que eu queria dizer é que aquela gente que eu vi na procissão e a espreitar pelas janelas, gente triste, carregada, são rostos de um Portugal abandonado, ostracizado. Os subúrbios de Lisboa mais parecem cidades do tempo da RDA ou de outro país de Leste nos anos setenta.

Claro que há lá gente alegre e feliz mas o que eu vi naquela tarde foi o contrário. Aproveito para dizer que aquela gente me sensibiliza e tenho uma grande admiração e respeito, não fosse eu um fotógrafo em busca de rostos e sentimentos nas pessoas.
Também sei que a gente da margem sul é lutadora, anti-salazarista e que têm dentro de si a chama da resistência.

O perigo das apreciações subjectivas é que podem por vezes magoar e generalizar o que não pode ser.

Espero que os meus amigos da Baixa da Banheira entendam isto e que Nuno Cavaco o Presidente da Junta comunista ( soube agora ao ler um dos comentários) não fique muito ofendido.
Luiz Carvalho

5 comentários:

  1. nas primeiras linhas do post em que tentei contextualizar o que aqui colocou escrevi: "Interessou-me sobretudo o retrato feito por alguém que não conhece esta terra, mas que não deixou de notar algumas das suas características, infelizmente com a contextualização errada." A Baixa da Banheira é subúrbio na área metropolitana de Lisboa com tudo o que isso acarreta, de bom e de mau. As suas referências à RDA não as posso discutir porque nunca lá estive, mas garanto-lhe que é muito mais agradável viver na Baixa da Banheira do que em alguns subúrbios de Varsóvia ou de Paris, e não me refiro aos anos oitenta mas sim à actualidade.

    uma apreciação contraditória, ou mesmo desajustada, é o risco é inerente a quem cria, seja texto, imagem, ou outra coisa qualquer. daí a necessidade do debate.

    nota: o Nuno não é Presidente da Junta. É vogal

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  2. Ao democráticamente tentar formular uma apreciação sobre a Baixa da Banheira , Luiz de Carvalho tropeçou nos mais acérrimos e dogmáticos defensores dos seus pequenos poderes, onde comentar é um acto de lesa magestade e criticar conduz directamente ao cadafalso.

    O Luiz de Carvalho não tem que se retratar perante os personagens que o interpelaram, esses não são o povo supostamente ofendido... são o poder contestado na forma e na fórmula Norte Coreana onde pretendem ser o paraíso na Margem Sul plantado, o comentário anterior diz isso mesmo.

    Cumprimentos.

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  3. Caro Luiz não sou o presidente da junta e nem foi por ser eleito por aquelas gentes que aqui comentei. Gosto da minha terra, sei que tem problemas como todas as outras, mas gosto.

    Ao ler este texto entendo agora algumas observações mas penso que não pode levar a mal algumas reacções. Considero que todos podem ter opinião. Mas ter opinião implica responsabilidade e penso que este post enquadra melhor os outros dois, e retira alguma carga negativa ainda que eu considere que foi muito duro e injusto ainda assim.

    No entanto considero que qualquer pessoa que faça o que o Luiz fez, enquadrar melhor a sua opinião, merece todo o respeito porque assume o que escreveu com toda a segurança de quem anda cá por bem.

    Cumprimentos

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  4. O Nuno já é Presidente da Junta?

    Caro Luiz Carvalho, esta inversão de marcha é "interessante".

    :D

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  5. Gostei desta ultima parte,
    é comovente, é aqui que eles fazem as pazes, até dá vontade de chorar.

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