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domingo, novembro 19, 2006

Ed Bradley ou quando a nostalgia cai







Os fins de semana dão-me por vezes para a nostalgia. Quando se tem tempo o coração desperta.
Hoje duas coisas me fizeram comover.
A crónica do Miguel Sousa Tavares no Expresso estava do melhor e fez-me gostar de novo do Miguel. Ele para mim está sempre entre o adorável, o genial e o insuportável.
Hoje ele escrevia sobre o seu Alentejo, que fica a 30 quilómetros do meu, e não podia sentir de forma diferente daquilo que ele descreveu: um país são, à parte, onde há tempo e abundância de natureza, onde as gentes valem a pena, os restaurantes não têm novos ricos, nem caçadores, nem televisão, durante a semana, claro. Depois falou do choque que é entrar em Lisboa, sobretudo se saiu de um Sol de Outono na paisagem húmida e se encontrou uma Lisboa chuvosa com céu de chumbo. As palavras são minhas ( até para evitar plágios!) mas a ideia é esta e contém outras mais.
Se quiserem saber mais comprem o Expresso, pois vale a pena (!).

Outra coisa que me levou às lágrimas foi o 60 minutos onde se falou desse grande jornalista Ed Bradley que durante anos foi um dos principais rostos do excelente programa da CBS e que morreu a semana passada.
A forma descomplexada, terna, exaustiva e sucinta com que foi feita a reportagem sobre si devolveu-me o prazer de ver televisão.
Quem disse que o jornalista nunca é notícia? Talvez algum guru cavernícola- sindicalista do jornalismo dos anos setenta.
Ed era uma personagem rica, fraterna, de um humanismo sem fim. Era um descontraído na vida, alma de artista e rigor de repórter. Fez o Vietname debaixo de fogo com um cameraman que chorou na sua hora da despedida. Foi correspondente na Casa Branca, acabou uma carreira rica no 6o Minutes.
São estes mestres que ainda me levam a acreditar na profissão que tenho e amo.
Vale a pena, e só assim vale a pena, exercer este trabalho com paixão, entrega, sentido ético e rigor profissonal. Mas sobretudo sermos nós próprios, não uns cinzentos ou burocratas àvidos de poder ou de promoções carreiristas.
Só vale a pena ser jornalista se se sentir que esta é uma das belas formas de atingirmos a felicidade.
Eu avisei que os fins-de-semana me puxavam para a nostalgia...

PS: só um aparte: Miguel Sousa Tavares diz que uma das pessoas que mais aprecia é Bill Gates por poder usar internet no Alentejo.
Miguel: a internet não deve nada ao Bill, nem ao malfadado Explorer, e num Apple podes fazer o mesmo e muito, muito mais. Não me admira que assim detestes blogues ::)))

2 comentários:

  1. Gostei... apesar de ser bófia.
    Leio o Miguel há muito anos, bem me borrifando para supostos plágios... Como já lia o seu Pai, com as suas crónicas sempre à cacetada.
    Também eu gosto da vastidão, da liberdade, da ausência de limites...
    Tal como faço todos os domingos, no "meu Alentejo", hoje o meu Labrador arraçado lá foi dar as suas braçadas, quando vê água fica doido.
    Como invejo não ser jornalista... Durante quase dois anos assinei com pseudónimo um artigo de opinião, até ser "denunciado". Há dias, fui de novo desafiado para escrever, MAS, NÃO POSSO... Acho que vou fazer um blogue, não me identificando como faz a nossa querida "Puta".
    Talvez, se o Luíz fosse bófia, perceberia melhor os bófias "terroristas" e não dizia alguns disparates.
    PS (1): E, por favor, não ponham mais o sabonete PSL no Expresso, porque, tal como o Zé Cid disse no "Pastéis de Nata", na "Dois" (parti-me a rir com aquilo...) dá-me vontade de vomitar, e gostava de continuar a comprar o Expresso.
    PS(2): Vou passar a usar o "nome" de "212 à hora", como bem passou a ser alcunhado o nosso amigo Pinho.
    PS (3): E agora, vou mijar, que estou aflito e com pressa.

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  2. Não é nada contra si que é muito simpático. Acho que há limites e aqueles embuçados ultrapassarm.
    Também acho que ser plícia implica certas limitações, tal como ser médico, jornalista etc.

    Abraço

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