Respondo agora a Paulo Catrica, taco a taco, para melhor me defender e poder explicar a minha posição, que é definitivamente de pé .
Paulo Catrica: Como referi no outro post que enviei, sou produto apenas do meu própio trabalho, esqueça os lobbys e os fantasmas, a minha iniciativa e o meu raio de acção não se resumem a Portugal nem a um conjunto de pessoas, algumas das quais o Luiz Carvalho adjectiva e classifica com um enorme azedume. muita deselegância e mesmo má educação. O que quer dizer com ‘a camionista’ Teresa Siza ? Tem que ver com os critérios de programação do CPF ou com atributos pessoais ?
Luiz Carvalho: Quero dizer que Teresa Siza tem desprezado arrogantemente uma boa parte da fotografia portuguesa contemporânea. geriu o Centro Português de Fotografia a partir do seu duvidoso gosto e não com uma prespectiva abrangente que pudesse contemplar vários estilos, géneros, tendências da fotografia nacional. Nesse sentido tem tido uma atitude de camionista, como se só valessem as fotografias do seu calendário pendurado na cabine. Arranjou um grupo de apaniguados, geralmente uns diletantes que usam a fotografia para se autopromoverem, mas que na prática não praticam. São professores, estudiosos, curiosos. Não são fotógrafos.
Paulo Catrica: O bigode eu entendo é uma característica fisica do Albano. Esta sua frase é muito infeliz e muito injusta para a Teresa Siza, mas pior não tem nada de critico. Porquê atacar usando insultos pessoais ? É muito ‘Dantas’ e muito século XIX, um pouco como na Assembleia da Republica, a sua bancada aplaude a da oposição assobia.
Luiz Carvalho: Já falou com a Teresa Siza ? Ela julga-se a Madre Teresa de Cedofeita dos fotógrafos e o grave é que lhe deram aquela cadeia para ela ter nas masmorras algum espólio precioso.
Paulo Catrica: Temos algumas caracteristicas em comum, para além dos amigos. Uma é o fotojornalismo, creio que desconhece, trabalhei em A Mosca, suplemento cultural do Diário de Lisboa enquanto durou.
Luiz Carvalho: A Mosca não tinha nada de jornalismo. Era um suplemento muito ousado e de muito bom gosto gráfico. Belos textos do luis de Sttau Monteiro ! Com quem sentia muitas coisas em comum
Paulo Catrica: Também estou na Universidade, não a ensinar mas a investigar. Estudar História da Fotografia fez-me respeitar, admirar e muitas vezes gostar de géneros distintos: jornalistico/documental, mais ou menos conceptual, fotógrafos que estudaram ou auto didactas, da Inge Morath aos Becher, do Augusto Cabrita ao Walker Evans, do António Júlio Duarte ou do Basilico….e muitos, muitos outros. A valorização de uns não exclue os outros. A maior virtude da Fotografia será mesmo a pluralidade o que Stuart Hall classificou como a ‘democracia do olhar’.
Luiz Carvalho: Também admiro esses fotógrafos que citou. Do Cabrita fui amigo e considero-o um mestre, um fotógrafo de rara intuição e sentido gráfico e um pioneiro no documentalismo televisivo. A Inge Morath é uma das minhas preferidas. Meter o António Júlio Duarte no meio já me parece abusivo. Dele gosto daquela fase em que fotografava culinária para o Expresso.
Paulo Catrica: Houve um factor que foi decisivo na minha decisão de responder, o Luiz é Coordenador do jornal Expresso e professor universitário. E tal não o iliba, pelo contrário responsabiliza-o ainda mais. Sem querer ser paternalista, a sua opinião tem de ser mais fundamentada. A polémica aqui não existe porque não se fixa em nenhum critério ou argumento racional apenas numa teoria da conspiração muito ‘grumpy old man’ isto está tudo mal é só ‘lobbyies maus’. Acredite sinceramente que não é.
Luiz Carvalho: Eu posso, e estou a tentar fundamentar mais a minha opinião. Mas ser coordenador-geral do Expresso e ser professor de Fotojornlismo não me pode inibir de opinar. Não tenho nada a mania da perseguição nem acho que toda a gente viva de lobbies e que haja cabalas por tudo e nada. Agora, há circuitos de artistas e tendências que por si geram lobbies tão naturalmente como a cãozoada o faz para se defender. É humano e não vem mal ao mundo. Não sou moralista. Sou muito liberal e cada um deve seguir o seu caminho, o que lhe vai na alma. Até admito que se pratica fotografia com finalidades perversas e subsidiodependentes.
Só gosto de àguas separadas, transparentes.
Paulo Catrica: Por favor não se esqueça ainda que exerce um cargo de chefia, num dos maiores grupos de comunicação do país – pago indirectamente através da publicidade das grandes corporações, dos BES’s. De novo faria supôr argumentos mais pedagógicos e construtivos. Usando-os para criticar o meu trabalho e por acréscimo os critérios e as instituições que trabalham com fotografia em Portugal teria de se incluir e não de se excluir.
Luiz Carvalho: Paulo desculpe mas o facto de o BES ter publicidade no meu jornal, o que muito estimo e que me paga o ordenado, não me vai impedir de dar a minha opinião ! Repito: acho o BESphoto uma palhaçada, e não sou só eu: pergunte ao Nozolino porque recusou que o seu nome entrasse a concurso? Por exemplo, sabe que aqueles sovinas se recusaram a dar dinheiro para um livro do Gageiro ? Acha que o Gageiro é piroso ? E a Amália não era ?
Os meus argumentos não têm de ser pedagógicos. Não sou professor no meu blogue, nem papá desta gente. Se querem aprender vão fazer um workshop com a Madre Siza.
Paulo Catrica: Estamos ambos representados na colecção nacional de Fotografia e creio que noutras colecções institucionais públicas e mesmo noutras privadas. E muito bem. Parece que se o Luiz tivesse poder de decisão faria um ‘livro vermelho da Fotografia Portuguesa’ eliminando instituições e pessoas, as que lhe parecem mal, que não gosta. Qualquer coisa entre o MAO e o Estaline. Fechava Museus, corria com a corja, abria outros e inscrevia o que considera ‘boa fotografia’ na História. No fundo limpava a coisa. Eu iria para o seu Gulag (e sem máquina fotográfica, claro!).
Luiz Carvalho: Oh Paulo não brinque: agora digo-lhe eu que devia usar argumentos mais pedagógicos e fundamentados. Primeiro: não sou comuna, logo livro vermelho nem pensar.
A minha revolta não sei se não percebeu é precisamente por haver censura nos BESphoto e na cadeia da Dona Siza e noutras instituições como a Gulbenkian onde o inefável Molder pontifica com o lobbie de Veneza ( não sei se me faço compreender...).
Está enganado: acho que há lugar para todos, mesmo para os maus ou que nem chegam a ser nada. Há lugar para todos, mas também deve haver algum critério. Voçê na música sabe o lugar que cada um ocupa. porque não há-de ser assim na fotografia ?
Eu como editor publico variadosgéneros, fotógrafos que gosto pessoalmente e fotógrafos que não gosto mas a quem reconheço qualidade. Não me venha com demagogia e tretas de kalimeros da cultura.
Paulo Catrica: Os tempos felizmente são outros e mais plurais. Mas acredite que está mais perto do poder que eu, seja na Universidade ou no Jornal Expresso, a sua opinião representa uma parte do poder. Não se demita.
Luiz Carvalho: não só não me demito como luto diáriamente pela fotografia. Sabe quantos fotógrafos novos viram portfolios no Expresso nos últimos meses ? Sabe quem os recebeu ou convidou? Sabe quantos fotógrafos free-lancers foram publicados no Expresso nos últimos 15 anos ? Quase zero.
Paulo Catrica: A dimensão pública do meu trabalho acrescenta esta possibilidade de ler e de ouvir diferentes opiniões, mas ficaria mais contente se as polémicas e os blogs, permitissem outro tipo de discussão. Não me incomoda a opinião contrária, como lhe disse anteriormente não tenho a presunção da unânimidade. Ser unânime é estar morto. No entanto é raro responder, limito-me a ler quando passeio pelo Google.
Para terminar com algo mais positivo atrevo-me a sugerir a si e aos outros bloggers a exposição ‘In the face of history’ que está aqui em Londres no Barbican Center até Janeiro, inclue fotógrafos que eu sei que preza, juntamente com outros, que eu aposto que não. Mas acredite que vale a pena uns e outros.
Um abraço sem ressentimentos, mas chocado e triste, era melhor discutir a sério do que este Sporting-Benfica da fotografia.
Luiz Carvalho: Paulo não fique triste. Estar em Londres é muito bom. Não sei se está como bolseiro, mas se está faça um bom trabalho. Este derby foi bom e irá continuar.
Este país precisa de polémica. Desde que temos um cara de pau na presidência que só quer consenso e nada de debate isto além de pobre está paupérrimo de espírito.
Saudações
PUM!
ResponderEliminarDas mudanças na editoria fotográfica do Expresso atesto eu - receptividade, capacidade de diálogo, crítica construtiva, ausência de snobismos, derrube daquele "gabinetezinho de chefe", inexistência de ares de chefe e até o pequenino cartoon atrás da secretária, a retratar o editor fotográfico (e acredito que, para quem lá 'viva', as mudanças sejam muitas mais e notórias).
ResponderEliminarAtesto e brado a quem conheço - o Expresso passou a ser 'visitável' sem que tenhamos a sensação de estar a pisar o olimpo, apenas acessível a deuses avaliados por um qualquer critério, ininteligível.
Obviamente, o resultado também é semanalmente notório e o jornal ganhou, pelo menos, mais um comprador.
Anonimamente,
para que nunca se equacione a hipótese de uma ponta de 'graxismo' que seja.
P.S. Relativamente à polémica e ao debate de ideias, eles são desejáveis mas, e por isso me abstive de participar na última, mesmo num blog, considero mais produtivo que se evite determinado tipo de linguagem que parece ter mais de agressividade do que de esclarecimento.
Independentemente do razoável das opiniões, as boas razões diluem-se e passam a ser confundíveis com outros motivos, quando expressas da forma que foram.
Nesta entrada, identifico o Luiz de Carvalho que penso conhecer. Na que deu origem à resposta do Paulo Catrica, independentemente da minha concordância, repito, não.
E duvido que seja por ali que o debate se faça.
Pedro, concordo consigo quanto ao BES, e em relação à Dra. Siza não vamos agora criar um monstro. Hoje o Alentejo devolveu-me a serenidade, daqui a pouco até gosto do Cavaco...Safa!
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