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domingo, novembro 26, 2006

2 ou 3 coisas sobre Mário de Cesariny

foto de Luiz Carvalho

Desde os meus 17 anos que ouvi falar do Mário Cesariny.
Paulo da Costa Domingos , um dos meus amigos de então do Liceu Padre António Vieira, falava-me dos surrealistas portugueses como de heróis míticos.

Eu puxava mais para os neo-realistas, atitude que me seria fatal, pois acabei por ficar com uma cultura um pouco para o esquerdalho, rectificada mais tarde ::))

Fotografei um dia Cesariny num comício da AD, ao lado de Natália Correia, num pavilhão desportivo da Amadora. Aquilo para mim era uma imagem decadente de alguém que tendo sido um anarca e um irreverente acabava a bajular Sá Carneiro, na altura personificando a direita conservadora.

Os surrealistas tinham destes desvios políticos...
Mais tarde foi com admiração que vi Cesariny ser dos poucos a contestar a decisão de Sampaio, enquanto presidente da Câmara de Lisboa, em permitir a destruição do EDEN.
Sampaio acabou por o condecorar enquanto PR.

Há pouco mais de um ano estive em casa do poeta a fotografá-lo e senti uma grande comoção.
Que grande previlégio poder eternizar este homem que pôs tudo em causa e que viveu nos limites, quando engatava marinheiros na Avenida da Liberdade ou quando usava as palavras para um discurso estético ímpar.

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