sábado, fevereiro 28, 2009
Sócrates mete free-lancer Vital para cabeça europeia
Sócrates está cheio de miaúfa do Bloco e agora quer ser um menino de esquerda. Um Zézito de esquerda. António Costa vociferou ódio contra o Bloco e até defendeu essa dama caricata do poder autárquico, o empata Sá Fernandes.
Com um curriculum de 4 anos lamentável, com uma prestação política neo-liberal que fez o PSD ranger de raiva por não ser tão competente a usar do Poder, Sócrates muda de personagem, e com o seu talento de actor de novela, só não veste uma t-shirt Prada estampada com o Che, porque ainda não há esse modelo para vira casacas.
A escolha apressada do dinossauro Vital Moreira para cabeça de lista à Europa traz esse medo, que é o facto do eleitorado do PS que vai atrás de Alegre, estar farto de direitismo. Ora, escolhendo Vital, Sócrates julga neutralizar parte de Alegre (o lobbi de Coimbra) e julga (coitado!) que o eleitorado vai votar num académico, sem jeito para comunicar que fez adormecer o pavilhão de Espinho e que tem um discurso que mais parece um trabalho de casa feito para o senhor professor avaliar.
O aparelho deve ter ficado danado (a expressão forçada de Maria de Belém via-se bem!), pois com tanta gente capaz, Sócrates deu o ouro ao free-lancer. portanto: já não compensa engraxar o chefe e fazer de cão de guarda do socialismo desta terceira via à esquerda.
O PSD se fosse inteligente cilindrava já o académico que tem a mania que é fotógrafo, e faria das europeias o início do escalar rumo ao Poder ( Deus nos livre também!).
O problema de Sócrates é que está sempre a mudar de rumo, Veremos o que vai dizer amanhã, domingo, o dia em que ele gosta de ser promovido.
SOCIAL-PORSCHISMO NO CONGRESSO PS
sexta-feira, fevereiro 27, 2009
quinta-feira, fevereiro 26, 2009
Annie Leibowitz falida
Engenheiro Kim Jong II avança para o palanque
Portanto: nem com a Caixa forte podemos já dormir descansados tendo lá o nosso dinheirinho.
O retrato devastador de uma classe governante, onde se cruzam políticos e negociantes, ministros hoje, banqueiros amanhã, ministros hoje, gestores privados daqui a pouco. Um fartar vilanagem, em nome do mercado, das leis do mercado, do neo-liberalismo, do socialismo da terceira via. Bancos feitos casinos, casinos feitos ministérios da cultura, ricos sem criarem empregos, e patrões a darem à sola aproveitando o PREC versão chique.
A sensação de insegurança não podia ser maior. Percebemos que o nosso futuro imediato está entregue a fulanos como Lino e Pinho, Santos Silva e Associados, Santos e Companhia limitada, Sócrates & Herdeiros, Costa e contra Costa, Coelho e Betão Armado, Almeida e Secas. Toda uma galeria de horrores da ala "on" para não falarmos da Viúva Leite e dos deserdados Portas e Lampião.
As nossas vidas entregues a uma casta de alucinados por jogos de Poder, sem saber académico, sem ideologia, sem um rumo, uma ideia.
A política marimbou-se na ideologia, depois da vitória da novela, do enredo, da intrigalhada.
Os sinais que vieram da América nada fizeram mudar em Portugal- e pelos vistos na Europa- a forma de fazer política. O divórcio entre quem vota e quem manda é total, e já ninguém representa ninguém, tirando os poderosos de sempre, agora apanhados na curva da desgraça, mas que saberão sobreviver porque lhes darão de novo o kit de sobrevivência.
Quando amanhã Sócrates avançar para o palanque do seu Congresso, qual Kim Jong II da Pátria, então poderemos mudar para o Canal Memória: lá onde os tempos do atraso e da ignorância vivem também lado a lado.
quarta-feira, fevereiro 25, 2009
Vou fazer queixinhas ao senhor polícia
Um dos mitos sobre a PIDE, conta que um dia o livro técnico "Betão armado" foi retirado das livrarias por ser considerado subversivo. A PSP do ministro Rui Pereira decidiu apreender ontem em Braga um livro que tinha uma capa considerada pornográfica. Trata-se de uma pintura clássica, embora ousada. Mas a PSP não tem de ser culta, tal como o meu cão não tem que saber distinguir um resto de bife de umas ervas daninhas que adora comer no pinhal. Mas a PSP tem de saber viver num regime democrático, tal como o meu cão sabe que não pode morder no dono.
O que é grave, e preocupante, é esta tendência agora revelada para a censura. Qualquer bicho.careto está candidato a bufo do regime. São os novos inquisidores.
Está na massa do sangue dos apaniguados. Veja-se a procuradora de Torres, veja-se o cabo de esquadra de Braga. Não esqueçamos a Margarida Moreira da DREN, a funcionária pública que deve ter o retrato de Sócrates na mesinha de cabeceira.
Em tempos de crise de valores é sempre o pioria que vem à tona.
terça-feira, fevereiro 24, 2009
O Carnaval na Parvoeira
Aproveita-se o Carnaval para experimentar fétiches, nunca ousados em época normal. Há uns machões que se vestem de puta e metem meias de rede nas pernongas, há umas simplórias que aproveitam para mostrar as misérias e darem a ver a cabra que há nelas. O deboche do povo, no dia em que tudo é tolerado, menos o Merdalhães com mulheres nuas, ou a capa de um livro erótico com uma ratazana asquerosa, logo sacado pela beata-polícia do ministro Rui Pereira.
É a época mais estúpida que já se viu, o Carnaval. O original, o tradicional, revelava a inspiração malvada e incontida do povo, mas agora neste mundo suburbano e surreal, o Carnaval não passa de uns dias reles para gente sem grande nível.
Visto no grande terreiro de Estremoz, o Carnaval revelava este lado sórdido, enquanto centenas de rostos, máscaras, assistiam ao corso. Gente velha, triste e solitária, velhos enrugados e distantes, jovens já velhos, num país que nem no Carnaval a alegria salta, por muito breve que fosse. Não há felicidade, só parvoeira.
domingo, fevereiro 22, 2009
Morreu o meu Mestre Lagoa
Há pessoas, muito poucas, que se cruzaram connosco na vida e nos transformaram. Deram-nos um rumo, abriram-nos um caminho, serviram-nos de exemplo, embora nunca nos tivessem dado uma cartilha, obrigado a cumprir regras e normas, porventura nem terão falado demasiado da sua arte, do seu ofício. Limitaram-se a transmitir a emoção, que provoca na gente de talento o acto de criar, recriar, essa capacidade supra, que alguns têm, de refazer a vida com a gramática própria da linguagem artística.
Várias gerações de pintores, escultores, designers e arquitectos passaram pelas aulas do Mestre Lagoa Henriques. Eu tive o grande privilégio de ele me ter encaminhado para as minhas primeiras aulas de desenho de estátua, por ironia da vida, naquela precisa tarde de 1972, em que o seu atelier ardeu por completo. Eu tinha-lhe batido à porta minutos antes, ninguém respondeu, e bastou ter atravessado o largo entre o atelier e a estação de Belém para ver uma nuvem enorme de fumo a sair do antigo pavilhão da Exposição do Mundo Português, feito em estafe, e de alguém que gritava aos murros à porta.
Corri amedrontado, ainda fiz algumas fotografias com uma Leica IIIG e depois... foi a confusão total. No dia seguinte o jornal A Capital trazia uma foto pungente na primeira página, do fotógrafo Alberto Peixoto: Lagoa salvara das chamas o objecto para ele mais precioso, o retrato da sua mãe.
Com ele aprendi a entender a estrutura dos objectos, a perceber as texturas, os volumes, a luz e a sombra, a desenhar percebendo e não copiando. Com ele percebi o ridículo do bonitinho, do giro, do jeitoso. Percebi sim, que a criação começa no entendimento, na interpretação, na capacidade do gesto expressar sentimentos, intenções. A relação da palavra e da imagem, a importância do ritmo gráfico, do enquadramento, na ousadia do traço, tudo conceitos de que ele impregnou várias gerações de artistas e arquitectos.
Foi ele que olhou para as minhas fotografias e viu nelas uma intenção e entendeu que havia uma história intrínseca. Pegou num trabalho e levou-o ao escritor Carlos de Oliveira, um conjunto de fotografias, desenhos e textos sobre o livro Uma Casa na Duna. Um atrevimento académico, quando nos anos setenta os alunos se limitavam a fazer bem o trabalhinho de desenho pedido.
Depois fui-o encontrando ao longo dos anos, muitas vezes com o Carlos Amado, o seu companheiro de sempre. A última vez que o vi foi perto da Universidade Autónoma, onde então ele dava aulas no curso de arquitectura e eu no curso de comunicação social. O Mestre Lagoa estava parado junto a uma porta pintada com graffitis e admirava-a com especial atenção. Para ele a arte começava na rua, na capacidade de olhar, o que tem tudo a ver com fotografia e com aquela curiosidade intensa de que falava Henri Cartier-Bresson: a curiosidade surrealista.
Tudo o que eu escreva será pouco sobre o que sinto, e o que muitos sentem hoje, com a morte do Mestre Lagoa. Foi uma referência inesquecível. Uma pessoa sensível, de humor inconstante, com muito mau feitio, com um abençoado mau feitio. E com um sentido de humor extraordinário. A seguir ao 25 de Abril, não o deixaram ensinar em arquitectura por ele não ter uma cadeira qualquer. Ele não esteve com meias medidas: inscreveu-se como aluno e passou a ir às aulas de que deveria ser ele o professor. Como te compreendo meu querido Mestre!...
sábado, fevereiro 21, 2009
Atrás de Sócrates
Para resumir, que a noite vai longa e estou cansado. Sócrates foi anunciar a construção de uma barragem que espera há 7 anos para avançar. Passou de uma versão para regadio, para outra metendo a EDP. Sócrates vem com o discurso das eólicas e das barragens, repetindo que não gosta de petróleo, que é pelo ambiente. pois bem: é pelo ambiente, mas aquela barragem vai destruir o rio Teixeira que é dos mais belos que temos, com cascatas e água pura, vai destruir a paisagem, pois vai deixar a descoberto no verão uma cota de 20 metros, logo a balela que aquilo vai promover o turismo na zona é mentira, a adjudicação foi por concurso directo e o estudo de impacto ambiental foi feito em Coimbra, com o rabo sentado nas secretárias, sem nunca ter sido consultado ninguém da região.
A energia produzida pelas barragens é 2 por cento das nossas necessidades, a paisagem é destruída, mas Sócrates diz que gosta do ambiente. Os amigos empreiteiros também.
Mas também nenhum jornalista (?) ali presente teve a competência de questionar isto e a notícia sobre ele que o Público de hoje trazia.
quinta-feira, fevereiro 19, 2009
4 anos de engenhocas
Saúde: não param de aumentar as listas de espera e o deficit cada vez maior.
Justiça: cada vez pior: mais lenta, mais ineficaz, mais injusta.
Educação: ensinar para as estatísticas, um pais de iletrados formados por professores incapazes.
Obras Públicas: nada de novo: mais alcatrão, mais auto-estradas, megalomania. Um deserto.
Cultura: verba ridícula. Nem apoio às artes, nem conservação do património.
Ambiente: continuação da destruição do litoral, impunidade das indústrias, desordenamento.
Negócios Estrangeiros: ainda existem ?
Administração interna: confusão e fusão, insegurança em todo o lado.
Agricultura: um caso de incompetência e lesa Pátria: a maioria das verbas comunitárias nem foram pedidas.
Finanças: aumento dos impostos, impunidade dos serviços de finanças, penhoras injustas.
Acólitos anónimos voltam
Explico: tenho deixado os comentários sem filtro porque penso que a net é um espaço de liberdade, embora saibamos que muitas vezes, demasiadas vezes, a cobro do anonimato há uns cobardolas que pela calada vão vomitando fel.
Aqui é um blogue de lança-chamas, irreverência e provocação. Mas não é um espaço de ataques pessoais, muito menos a cobro de iniciais que nada dizem.
Ora, as fotos que pus online fazem parte de um trabalho que fiz para o Expresso, das quais foram publicadas duas fotos e que eu achei interessante dar a ver as restantes. Considero-as das melhores fotos que já se fizeram do outro lado da noite lisboeta. São autênticas, sem encenação. Tecnicamente são difíceis de fazer por terem sido fotografadas a 1600 asa, com uma 300 mm a 1/20 de segundo. Têm bons enquadramentos, bons instantes e revelam sentido gráfico. Não comprometem ninguém a não ser os travestis, mas estes dão a cara destapada em público ( e o resto...) na rua, sem complexos de mostrarem o corpo. Ainda não é proibido fotografar na rua e aquelas cenas não revelam a intimidade de ninguém.
Não pretendem ser um ensaio fotográfico. São pura e simplesmente aquilo. Aliás a reportagem podia ser só uma fotografia.
Agora há para aqui uns curiosos que à falta de saberem o que é fotografia dão opiniões que pretendem ofender ou darem-me lições de profissionalismo que eu dispenso,principalmente vindas de desconhecidos. Vão dar uma volta. Os comentários vão passar a ter moderação.
quarta-feira, fevereiro 18, 2009
TRAVESTIS DO CONDE REDONDO
Estas fotos não pretendem emitir juízos de valor, nem condenar nada, nem aplaudir nada, muito menos denunciar.
Não posso deixar de achar divertidas as situações, independentemente das análises sociais e políticas, que há sempre uns chatos que gostam de fazer.A falta de sentido de humor, e de sentido do olhar, irritam-me sempre. Há uns coca-bichinhos que em vez de estarem disponíveis para ver, estão sempre a electrocutar o cérebro com niquíces.
Vejam mais e falem menos.
terça-feira, fevereiro 17, 2009
Empresários bons
Ontem numa agradável reunião em que estive com quatro empresários portugueses, daqueles que são mesmo úteis ao país, um deles destoava pela descontracção informal. Apareceu de mochila e ténis, garrafa de água na mão para manter uma dieta draconiana. Ao princípio pensei que fosse um técnico da TvCabo, por exemplo. Logo percebi que era um dos empresários e logo relacionei o seu nome à sua fortuna. Uma personalidade viva, extrovertida, de permanente sentido de humor, brincando com o seu próprio sucesso, nunca se levando demasiado a sério.
Os outros revelaram-se de uma acessibilidade natural, modestos, sem a arrogância dos novos-ricos, ou daqueles que vindo do nada se tornaram numas barrigas com rei.
Uma elite que pensa no país e que tem uma consciência política e social muito coerente sobre a actual situação.No final do encontro fiquei a pensar que há dois tipos de empresários de quem devemos gostar. Uns são de uma geração respeitável, e que vão sobreviver à crise porque o seu negócio não é a especulação bolsista, é a produção. Os outros são a geração que usou a net como sede do negócio e que encaram as empresas como algo vivo, dinâmico, onde o risco, a imaginação e a irreverência são a moeda forte.
Ainda estou a ver o jovem empresário a descer ontem à noite a rua sozinho, mochila às costas, a pé. Um retrato impressionante.
segunda-feira, fevereiro 16, 2009
Low cost nos hóteis, já.
Isto vem a propósito de um carro com que andei dois dias e de um hotel onde fiquei no Porto.
O carro era um utilitário a quem a fábrica destinou um modelo coupé a armar ao sport. Resultado: mesmo sendo o motor o mesmo de um furgon, cantando o carro como uma empilhadora, toda a gente parava na rua a cobiçá-lo. Perante a aproximação de um curioso disse-lhe:"isto não é meu e acho que parece um carro de cabeleireira (com todo o respeito)! Arrependi-me logo quando o curioso disse que tinha o modelo anterior e que aquilo devia ser uma bomba ! Acabei por dizer o melhor da máquina (até porque é mesmo boa, só não compartilho o estilo).
Lição 1. as marcas vão ter que reduzir os modelos mais fúteis e apostarem na economia e no sonho (não é incompatível).
No tal hotel estava eu a ler um artigo no P2 do Público sobre o novo conceito de hotéis baratos e confortáveis, os hostéls. Naquele onde eu estava, nada barato, embora com um desconto signifcativo, a net era paga à parte, o estacionamento pago à parte, não havia um único sítio para se poder fumar (inacreditável!) e o pequeno almoço foi servido com total incompetência. Até o pão faltou!
Lição 2. A hotelaria tem de ser mais barata, friendly, o que não implica menos higiene e menos conforto. Agora que os hotéis de "n" estrelas têm de aprender que as alcavalas nos preços só afugentam clientes, e já ninguém tem pachorra, nos dias que correm, para pagarem balurdíos por mordomias que qualquer rede de hotéis low coast já oferece.
Uma vida melhor. mais racional, mais inteligente. Talvez um pouco o espírito Ikea.
Sócrates: os que te elegeram saudam-te !!!
Os militantes trocaram a batalha pela resignação, fazendo do chefe o padroeiro, o milagreiro que multiplica os empregos para os primos, os tachos para a famelga. Sócrates foi eleito por uns apaniguados que ainda pagam as quotas de um partido que chegou à decadência total. O Mundo mudou mas a forma de fazer política é como há 30 anos.
Aqueles maduros que votaram no chefe não elegeram só o mandão socialista, deram legitimidade a que ele possa voltar a ser Primeiro-Ministro em Outubro. Isto é que é grave: qualquer idiota útil pode chegar a figura de proa da Pátria, mal sabendo ler ou escrever.
Ainda falam da Coreia do Norte ou ficam cinicamente indignados com Hugo Chavez !...
domingo, fevereiro 15, 2009
O sem trabalho que venceu o Worl Press Photo
Com toda a humildade, acho que as fotos vencedoras não sendo nenhumas aberrações também não são nada de novo, não revelam um novo olhar ou estilo, na actual encruzilhada em que se encontra o fotojornalismo.
Mas a história de Antony Suau não deixa de ser emblemática sobre o tempo que vivemos. Um fotojornalista free-lancer, premiado e solicitado, está há dois meses sem uma encomenda, embora esta sua reportagem premiada tenha estado online no site da Time, mas nunca impressa na edição de papel, para onde trabalha há largos anos como colaborador.
Este estigma está a acontecer há muito tempo antes desta crise: os jornais e revistas de referência, como a Time para onde Suau trabalhou em permanência, decidiram virar as costas aos leitores e em vez de apostarem na fotografia como veículo do jornalismo, preferem- aconselhados por uns catequistas de jornalismo- apostar nas fotografias de estúdio, na encenação, na mentira, no bonitinho e mesmo na bonecada e na infografia- que alguns desses pregadores prevêem vir a ser o futuro do jornalismo impresso. O que se verifica depois é que os leitores adoram imagens de reportagem e que correm aos milhares a vsitarem as exposições de fotografia humanista e de jornalismo, como o World Press Photo ou o Festival Visa Pour L`Image.
A recusa em apostar na fotoreportagem são tiros que a imprensa atira nos próprios pés.
Tem muito a ver com esta fase amedrontada da imprensa, dividida entre o caminho incerto, tentador e sem grande retorno financeiro que é a net, a banalidade televisiva e a tradição do jornalismo sério, independente, profundo e lucrativo.
sexta-feira, fevereiro 13, 2009
Video-clip sobre casas de Sócrates na TVI
Revejam-no aqui.
Pelo andar da coisa ainda se vai ter de fazer a versão actualizada. Afinal cada assinatura do engenheiro tinha uma caligrafia diferente, uma espécie de heterónimos gráficos. Um Pessoa da engenhoca civil. Cabouqueiro mesmo.
quinta-feira, fevereiro 12, 2009
Façamos de conta que F. Câncio é jornalista
Afinando pela batuta dos "Goebbels" do regime- essas figuras de cera Silva e Silva, o Augusto Santos e o Pereira, para quem critica o sacrossanto Primeiro ou é da direita para malhar, ou da esquerda com caviar, Câncio ataca a credibilidade de Mário Crespo por este ter feito uma crónica pertinente sobre o"meanstream" socialista.
Azarinho: já não está só a jornalista. Ela, que tem a fama de muitas vezes ser a única a irritar Sócrates com as suas críticas embirrantes, pode agora juntar-se a uma das vozes mais credíveis do jornalismo português. Só duvido que Crespo aceite tal companhia.
O PS quer catequese sexual para crianças
"O PS entregou esta quinta-feira, no Parlamento, um projecto para impor a inclusão obrigatória da educação sexual nos projectos educativos das escolas"- noticía a Lusa.
Não sabemos se a proposta é daquele deputado herói que um dia ao fim da tarde regressou ao Parlamento saído da Penitenciária, nem se sabe se o lobby para esta ideia que irá contribuir para que Portugal saia da crise, vem daquele grupo de deputados que anda obcecado com o casamento dos gays, nem tão pouco se será Sócrates que estará empenhado nesta bandeira depois de ter ameaçado à saída do mesmo Parlamento roubar mais umas largas centenas de euros à Classe Média nas deduções do IRS. Um escândalo.
Portanto com um partido destes no governo podemos estar descansados: metem-nos a mão nos bolsos, dão-nos catequese sexual e por fim ainda assobiam a Internacional. Sim, porque agora o engenhocas é de esquerda.
Voltou o Sol de Inverno
Uma das canções da minha vida é " Sol de Inverno" cantada pela Simone, e não sei bem de quem é a autoria- o que é lamentável. Pode parecer estranho esta confissão vinda de quem gosta de Jazz (e não é da Diana Kraal!) e de música dita clássica.
Hoje este Sol que reapareceu traz a nostalgia dessa cantiga, um ícone dos anos sessenta portuguesas, que nos remete para um tempo em que Portugal era de costumes brandos, tranquilidade rural e de uma pobreza digna, mas subserviente.
Agora que o Sol de Inverno regressou aos nossos dias, agora que todos com quem me cruzei mostravam um sorriso que ontem não tinham, apetece obrigar a abolir essa palavra odiosa dita CRISE das televisões e dos jornais e decretar que as nossas vidas vão começar do zero.
quarta-feira, fevereiro 11, 2009
SÓCRATES AMEAÇA IRS DA CLASSE MÉDIA
Por sinal a classe média é a que mais pode consumir, criar empregos e investir.
Em Portugal há dois tipos de portugueses que não pagam impostos. Os pobres que nem IRS descontam e os ricos que têm empresas e o que pagam de IRS é como funcionários dessas suas empresas. Os carros, as casas, os empregados, as viagens, as refeições, alguns produtos que deduzem IVA, são usufruídos como se se tratasse de despesas empresariais.
A injustiça e a vergonha desta ideia de Sócrates, é tentar levar a crer aos ingénuos que afinal ele detesta os ricos e que os pobrezinhos vão ter mais uns tostões. Aqui Ferreira Leite disse bem: quem paga para todos é a Classe Média, quem ganha entre mil e 5 mil por mês e que vive do seu trabalho e não é patrão ou empresário.
Temo o pior. O que se sente é que o governo toma medidas avulso, dispara em todas as direcções e vai afundando o país. Se os portugueses não entenderem este desnorte e não votarem fora do PS temo o pior.
MÁRIO CRESPO ESCREVEU
Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve
invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos
ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que
não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir
montantes de milhões (contos, libras, euros?). Façamos de conta que a
Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de
um caso de polícia com arguidos e tudo.
Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês. Façamos de
conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que,
pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris
irrepreensível. Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão
com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o
primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa
das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos
prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu. Façamos de
conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não
passa de uma invenção dos média. Façamos de conta que o "Magalhães" é
a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar
acções de propaganda do Governo sobre a educação. Façamos de conta que
a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do
melhor que há no Mundo. Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse
que "quem se mete com o PS leva". Façamos de conta que Augusto Santos
Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita"
(acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda). Façamos de conta
que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de
represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport.
Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não
me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a
entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar
pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro
e sem confianças de natureza pessoal. Façamos de conta que Edmundo
Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade". E Manuel Alegre
também. Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso
comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus. Façamos de conta que não
aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da
Polícia antes de manifestações legais de professores. Façamos de conta
que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são
normais e de boa prática democrática as declarações do
procurador-geral da República. Façamos de conta que não há SIS.
Façamos de conta que o presidente da República não chamou o PGR sobre
o Freeport e quando disse que isto era assunto de Estado não queria
dizer nada disso. Façamos de conta que esta democracia está a
funcionar e votemos. Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada
há-de acabar-se como todas as coisas. Votemos Chaves, Mugabe, Castro,
Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja. Votemos por
unanimidade porque de facto não interessa. A continuar assim, é só a
fazer de conta que votamos."
(dica do leitor Gonçalo)
terça-feira, fevereiro 10, 2009
MAIS DIRECTO ONLINE POR TELEMÓVEL
São estas experiências que me dão alento e alegria para ensinar. O que vem acontecendo cada vez mais é que os meus alunos acabam por ao princípio entusiasmados por mim, de serem eles depois a virem partilhar comigo as suas próprias descobertas. O ensinar acaba por ser uma partilha estimulante. Na fotografia aconteceu-me sempre assim: durante anos uma comunicação permanente entre o António Pedro Ferreira, o Rui Ochoa, o Alberto Frias, o Luís Catarino, o João Santos, o Jorge Simão, e eu, daquilo que íamos aprendendo. Não é nada de extraordinário: no estrangeiro é assim que as grandes equipas crescem e ganham excelência.
Na semana passada numa aula em Leiria tínhamos feito uma experiência única: transmitir uma aula em directo usando um telemóvel. Eu estava a falar nessa possibilidade, quando o Marco sugeriu que podíamos fazê-lo ali. A coisa correu com defeitos, logo assumidos: o som era mau, o delay assinalável, a câmara estava parada (embora a dada altura tivéssemos tido 2 telemóveis online) e estávamos num período "morto" pois estávamos a trabalhar na edição de 3 vídeos que realizámos e editámos numa tarde.
Houve logo um comentário extraordinariamente desagradável, que apesar de anónimo eu consegui identificar pelo IP, e que em vez de se congratular, ou ficar calado, desatou a insultar-me e a todos aqueles que estavam na sala a partilhar a experiência. Uma vergonha e uma canalhice de rabo de fora, com o estilo e o IP a confirmar o traste. Podem ver a pérola de vómito fácil no post em baixo. Adiante.
Hoje recebo a novidade de que já se fizeram alguns progressos técnicos. E que a coisa começa a estar afinada.
Podemos sempre fazer o nosso trabalho a partir de uma cartilha, certinho, formatado, burocrático. Ou podemos partir de referências várias, incluindo cartilhas, e depois seguirmos o caminho que mais nos permite ser criativos de forma a darmos novos contributos.
Sou fotojornalista mas não abdico de utilizar as ferramentas digitais ao meu dispôr para melhor partilhar o meu trabalho. E faço-o com humildade: ou seguindo um curso básico de multimédia, como o estou a fazer esta semana, onde um dos assistentes foi meu aluno na UAL, e que me ajudou em funcionalidades que eu não dominava no Windows, ou transmitindo alguma da minha experiência e entusiasmo, que começou há 3 anos quando introduzi o primeiro podcast num jornal online, os primeiros vídeos, fotogalerias, soundbites e até a tentativa de produzir notícias adaptadas à escrita para a Web. Fotografias de telemóvel feitas por redactores e logo postas online foram das experiências mais excitantes, hoje uma banalidade.
Num Congresso da IFRA em Madrid onde estive na altura, dedicado a directores online dos principais jornais do Mundo, as teses que então se defendiam como o jornalismo do cidadão, a importância dos conteúdos multimédia, não eram diferentes do que hoje está a dar.
A net é um espaço de liberdade e, embora um site de um jornal não seja um blogue, o jornalismo pode usar uma das razões mais fortes de ser do jornalismo: a verdade no momento certo. Um pouco, afinal, como a fotografia.
Salazar, meu pinga-amor
A série da SIC sobre os amores de Salazar quer mostrar uma nova faceta do ditador: o pinga-amor que haveria nele.
O homem que arruma as botas e entra mar dentro, o charmoso que faz sofrer senhoras delicadas e apaixonadas, um tirano do coração. Eis o outro Salazar.Se no concurso "O Melhor português de sempre" ele já tinha transpirado humanismo, agora sua erotismo.
Claro que a imaginação é livre e o guionista da série (não sei se foi a Felícia Cabrita) tem todo o direito de extravasar a figura. Como não se trata de uma série histórica os exageros são tolerados, embora uma falta de realismo trespasse toda a narrativa.
Salazar era uma figura tímida, de sentimentos acalentados, sublimados, pela sua condição de homem de Estado, de guardião da Pátria, um papel que impôs a si próprio como uma missão. E jogou esse papel até ao fim da vida. Fernando Dacosta retrata-o de uma forma exemplar no seu livro "As máscaras de Salazar", uma narrativa sublime sobre o carácter e a personalidade do homem de Santa Comba.
Se houve alguma altura da sua vida em que o amor lhe bateu ao ferrolho foi quando Cristine Garnier, uma jornalista francesa, charmosa, chique e casada, acabou por ficar encantada com esta figura solitária que a Europa ignorava e o Portugal dos pequeninos temia. É ainda Dacosta que conta como este contacto que acabou em paixão ia destruindo o âmago de Salazar. Ele terá estado quase a abandonar o Poder para a seguir mas depois desistiu, virou costas, deixando a francesa triste e sempre entregue ao marido.
Este lado contido de Salazar é muito interessante. Conheci homens semelhantes: funcionários públicos cumpridores, católicos, conservadores, com um casamento tradicional, tudo na maior das perfeições e que a dada altura da vida surpreenderam tudo e todos, abandonando mulher e filhos para se juntarem a uma paixoneta. Rasgaram uma longa folha de bons serviços, trocaram a legítima por outra menos formosa, porventura menos dedicada. Fizeram-no apenas pelo desejo de mudança.
A série é bem produzida, mas tem um ritmo demolidor para televisão. Arrasta-se, os planos são longos, não têm ritmo, as personagens são pouco credíveis. As botas de Salazar, colocadas no areal enquanto o homem entra mar dentro, é completamente irrealista e pouco ou nada traduz do que era sua personalidade.
Salazar vai ainda fazer correr muita intriga sobre o seu coração contido.
Depois do ditador, a dita dura.
segunda-feira, fevereiro 09, 2009
Procuradoras super-stars
Têm todo o direito de vir à tv falar de justiça, embora o Senhor Procurador-Geral já se tenha mexido incomodado pelo protagonismo de Cândida Almeida na rádio católica...
Há profissões que exigem recato, trabalho de bastidores. Pouca conversa e muita acção. As palavras e a exposição permanente ao público desgastam e, mesmo que nunca seja ultrapassado o sentido da ética e da lei, fica sempre a ideia de que certas figuras que deviam trabalhar na sombra, são afinal estrelas da televisão, das revistas, dos jornais.
Sendo a justiça portuguesa o que é, esperando os portugueses da justiça mais eficácia, rapidez e acção, o que pensará de procuradores que passam a vida a dar entrevistas, a exporem-se ? Não bastava já os juízes e seus sindicatos ?
A tentação pela notoriedade é grande.
O ex-Procurador-Geral Souto Moura cometeu erros fatais, ao falar a sair do carro, ainda dobrado, ou a largar soundbites enquanto as camaras o seguiam.
Se trabalhassem mais e falassem menos todos ganhávamos.
Scolari corrido do Chelsea
VATICANADAS
Ou vaticanices. Não suporto ver os senhores cardeais e os senhores bispos trajados com um luxo que escandalizaria o pobre Jesus de Nazaré, mal tapado com a sua túnica de péssimo pano, por muito inconsútil que tivesse sido e certamente não era, sem recordar o delirante desfile de moda eclesiástica que Fellini, genialmente, meteu em Oito e Meio para seu e nosso gozo. Estes senhores supõem-se investidos de um poder que só a nossa paciência tem feito durar. Dizem-se representantes de Deus na terra (nunca o viram e não têm a menor prova da sua existência) e passeiam-se pelo mundo suando hipocrisia por todos os poros. Talvez não mintam sempre, mas cada palavra que dizem ou escrevem tem por trás outra palavra que a nega ou limita, que a disfarça ou perverte. A tudo isto muitos de nós nos havíamos mais ou menos habituado antes de passarmos à indiferença, quando não ao desprezo. Diz-se que a assistência aos actos religiosos vem diminuindo rapidamente, mas eu permito-me sugerir que também serão em menor número até aquelas pessoas que, embora não sendo crentes, entravam numa igreja para disfrutar da beleza arquitectónica, das pinturas e esculturas, enfim de um cenário que a falsidade da doutrina que o sustenta afinal não merece.
Os senhores cardeais e os senhores bispos, incluindo obviamente o papa que os governa, não andam nada tranquilos. Apesar de viverem como parasitas da sociedade civil, as contas não lhes saem. Perante o lento mas implacável afundamento desse Titanic que foi a igreja católica, o papa e os seus acólitos, saudosos do tempo em que imperavam, em criminosa cumplicidade, o trono e o altar, recorrem agora a todos os meios, incluindo o da chantagem moral, para imiscuir-se na governação dos países, em particular aqueles que, por razões históricas e sociais ainda não ousaram cortar as sujeições que persistem em atá-los à instituição vaticana. Entristece-me esse temor (religioso?) que parece paralisar o governo espanhol sempre que tem de enfrentar-se não só a enviados papais, mas também aos seus “papas” domésticos. E digo ainda mais: como pessoa, como intelectual, como cidadão, ofende-me a displicência com que o papa e a sua gente tratam o governo de Rodriguez Zapatero, esse que o povo espanhol elegeu com inteira consciência. Pelos vistos, parece que alguém terá de atirar um sapato a um desses cardeais.
domingo, fevereiro 08, 2009
O que eu gosto é de malhar no Zézito
Está bom de ver que já ninguém suporta o alinhamento dos telejornais generalistas: são iguais em todos os canais. Imagens iguais, títulos iguais e uma obsessão: a palavra CRISE. O mote mais imbecil e castrante que se podia ter inventado. As televisões acham que ganham com as reportagens permanentes sobre a fábrica que fechou, o supermercado de esquina que foi assaltado (até com directos senhores!), o casal que adoptou uma criança já com idade de ir para a tropa, o reformado burlado, o jovem que bateu na avó, o cão que se evadiu do canil, o marido que foi às putas e apanhou doença venérea, o padre que está no Facebook, a crise da fábrica de alfinetes, o buraco atrás da casa, a árvore que cresceu no meio de uma avenida, a Crise... Uffff!! se é para este tormento que pagamos Tv Cabo ou se é para ver isto que arriscamos a vida para pormos uma antena no topo da chaminé, acho melhor transformar a velha televisão num aquário e usarmos o plasma para vermos a net.
Esta obsessão pela crise de cá, e pela crise lá de fora, põe o moral dos portugueses de rastos. Não há operário que tenha ânimo em ir trabalhar de madrugada, professor que lave os dentes para não afugentar os alunos com o hálito, não há jornalista que levante o cu da cadeira para ir cheirar o mundo e contar, não há gestor exemplar que se esforce pela fresquinha em ir para o ginásio ou SPA castigar o corpo, suar que nem um porco, e pôr a empresa a trabalhar a toque de Rolex.
Há uma crise de imaginação e essa mediocridade, que estava instalada, entranhada no país, já muito antes desta treta da crise, tem agora uma legitimidade acrescida. Os medíocres ganharam um escudo de protecção, os do mainstream venceram contra os outsiders, os que arriscaram, os que ousaram. Esta é a grande derrota: a perda cada vez maior da liberdade, da possibilidade de se ser diferente, opinativo, contra a corrente. A história de dar os dois passos à frente para recuar um, acabou. Agora quem der dois à frente, dará três atrás, ou pode dar o tal passo à frente, fatal, para o abismo.
O ânimo de que precisamos não é certamente a injecção de dinheiro fresco, nosso, na banca que andou a brincar aos casinos, com gestores aventureiros, que fizeram da economia tábua rasa e do jogo da finança uma das maiores perversões do nosso tempo.
No filme de Pasolini "Os 120 dias de Sodoma" há um oficial que no meio de um bacanal afirma:" nós que detemos o Poder é que podemos ser os verdadeiros anarquistas. Podemos tudo fazer".
No meio deste enredo há depois os pigméus, aqueles pequeninos que têm usado a política para engrandecimento pessoal. Os apaniguados do regime. O ex- otelista e pintasilguista Augusto Santos Silva é um desses, e não tem pejo em o afirmar. Defende o chefe com fieldade canina e na hora de responder aos opositores puxa do malho e toca a rebimbar. Como eu o percebo: também eu adoro malhar em Sócrates.
sexta-feira, fevereiro 06, 2009
Em directo na net por telemóvel
Hoje durante uma aula de um curso que estou a dar a jornalistas da imprensa regional do Centro, sobre jornalismo digital, experimentámos ligar dois telemóveis a darem em directo uma parte da aula. Conseguimos fazê-lo e fizemos História. O som era péssimo, havia um delay assinalável, a rede wireless caiu a meio, mas na verdade estivemos em directo. Liguei para a directora do curso que pôde ver, a minha mulher viu em casa, tivemos mais de cem visitors. O custo foi zero porque estávamos com uma rede fixa, teria custado uma quantia dolorosa se o tivéssemos feito com a conta do telefone.
Há muito pouco tempo esta funcionalidade só era possível com um servidor alugado por uma empresa que cobrava caro a façanha. Portanto: estamos a avançar a toda a força na comunicação. O problema é mesmo o de sabermos utilizar estas funcionalidades de uma forma simples e eficaz, e que possam permitir um jornalismo mais vivo, ágil, que possa chegar mais perto dos leitores. Uma nova tecnologia para uma nova linguagem.
O risco é o de se cair numa superficialidade ainda maior da que temos tido na informação em geral, um jornalismo que não explique e que não vá ao fundo das coisas O pior é um jornalismo de estafetas apressados, ansiosos, sem nada mostrarem e sem nada entenderem.
Percebermos que o jornalismo é hoje praticado a várias velocidades (o tempo que cada meio utiliza na sua comunicação) e que a densidade informativa depende da especificidade do meio.
Não estamos perante a morte do fotojornalismo, da investigação, do documentarismo. Estamos sim perante um desafio novo: a emoção da notícia. Just in time.
quinta-feira, fevereiro 05, 2009
experiência
Google lança aplicação que localiza o teu telemóvel
O programa já está disponível e parece ser o Grande Irmão 3G. Introduzida a aplicação-bufa e desde que o usuário o permita, quem liga para ele fica a saber a sua localização exacta. Ideal para chefes pidescos, mulheres ciúmentas, bófias exagerados (calma JJ!), pais de adolescentes sonsas, namorados ciúmentos, maridos inquietos ou até credores aflitos.
quarta-feira, fevereiro 04, 2009
FACEBOOK JÁ FAZ 5 ANOS
O bacoco hotel no Tribunal da Boa-Hora
Saramago e os banqueiros
Banqueiros
Fevereiro 4, 2009 by José SaramagoQue fazer com estes banqueiros? Conta-se que nos primórdios da banca, aí pelos séculos XVI e XVII, os banqueiros, pelo menos na Europa central, eram no geral calvinistas, gente com um código moral exigente que, durante um tempo, teve o louvável escrúpulo de aplicar à sua profissão. Tempo que terá sido breve, haja vista o infinito poder corruptor do dinheiro. Enfim, a banca mudou muito e sempre para pior. Agora, em plena crise económica e do sistema financeiro mundial, começamos a ter a incómoda sensação de que quem se irá safar melhor da tormenta serão precisamente os senhores banqueiros. Em toda a parte, os governos, seguindo a lógica do absurdo, correram a salvar a banca de apertos de que ela tinha sido, em grande parte, responsável. Milhões de milhões têm saído dos cofres dos Estados (ou do bolso dos contribuintes) para pôr a flutuar centenas de grandes bancos, de modo a retomarem uma das suas principais funções, a creditícia. Parece que há sinais graves de que os banqueiros acenaram com as orelhas, considerando abusivamente que aquele dinheiro, por estar na sua posse, lhes pertence, e, como se isto não fosse já bastante, reagem com frieza à pressão dos governos para que ele seja posto rapidamente em circulação, única maneira de salvar da falência milhares de empresas e do desemprego milhões de trabalhadores. Está claro que os banqueiros não são gente de confiança, a prova é a facilidade com que mordem a mão de quem lhes dá de comer.
terça-feira, fevereiro 03, 2009
O primeiro dia do resto de Sócrates
Hoje os números voltaram a incomodar. Veja-se: um dos maiores ricos do país, Américo Amorim, despediu duzentos trabalhadores. Motivo: há menos procura de cortiça no mercado. Só deu conta agora, ou há 4 meses antes do buraco financeiro global ?Ora, sendo a cortiça um dos produtos mais raros no mercado, e sendo nós um dos exportadores líderes a nível mundial, mesmo assim ficamos em crise ? Se naquilo que vendemos bem estamos falidos, que se dirá então nas outras actividades?
A verdade é que com a legislação portuguesa (a tal diabólica lei do trabalho!!) é difícil despedir individualmente (já foi muito mais) já os despedimentos colectivos são facílimos. Um patrão ao despedir colectivamente fica quase sem responsabilidades sociais e encargos. A Segurança Social cobre quase o ordenado total (em salários até mil euros) e permite uma longa folga aos despedidos. Entretanto, todos nós vamos pagando para os que injustamente ficam sem trabalhar.
Os patrões poupam muito dinheiro, respiram, os trabalhadores descansam. Entretanto novos contratados eventuais são empregados ou até os despedidos findo o período do subsídio de desemprego.
Ontem ouvi num elevador o desabafo de uma directora que dizia não conseguir contratar ninguém porque ninguém aceitava ir trabalhar por um ordenado que não fosse substancialmente maior do que o subsídio de desemprego. Óbvio...
Mas se virmos o dinheiro que a CGD está a meter no BPN é de arrepiar. Já tanto como o investimento no TGV !!! Mais do que o custo social dos desempregados previstos para este ano. Uma loucura que não sei como se paga. A nacionalização do BPN começa a perceber-se que foi uma precipitação...ou talvez não. Quem pode afirmar?
Sem liquidez, nem crédito (os bancos agora puxam forte pelos spreds) não vamos a lado nenhum. E tudo isto começa a ficar demasiado enervante.
Entretanto hoje foi o primeiro dia do resto da vida de Sócrates em que não se falou do Freeport. Para a semana já passou, e se Sócrates souber fazer de morto, ressuscitará ao terceiro dia como nas escrituras. Para mal dos nossos pecados.
PS: mais uma coisa: andámos a doutrinar os empresários que Portugal só podia sobreviver com tecnologia de ponta. A maior empresa exportadora de Portugal, com uma tecnologia de ponta única, acaba de falir. E agora ?A cortiça, pelos vistos, também não dá, e "os" das Caldas também não. Que vamos fazer? Talvez f.. Como dizia o Abrunhosa.Que também já não vende.
segunda-feira, fevereiro 02, 2009
Primo de Sócrates está no Facebook
Pinócrates, Zézito para a família
Se um aluno morder a professora é notícia
Não sabemos se esta novidade irá alterar as regras de classificação dos professores. Acho que por cada dentada de aluno, o professor deveria receber um ponto percentual, e se for provado que a carne já era dura, então deverá haver um abatimento no tempo de serviço.
Os desgraçados "profs", que têm andado a fazer tudo para serem os únicos profissionais a não serem classificados, têm agora mais uma reivindicação: só passarem a dar aulas a alunos perigosos desde que açaimados
Os alunos ferozes, pelo seu lado, podem ter de a passar a exigir o boletim de vacinas contra a raiva dos professores.
domingo, fevereiro 01, 2009
FINALMENTE DOMINGO
O vento com a chuva batida tornou este domingo num dia melancólico. Pouco apetece fazer. Visto da janela da minha casa, numa aldeia perto do Estoril, parece que todos partiram. Peguei na bicicleta e dando uma curta volta pelas ruas (15 minutos para logo enregelar) não vi vivalma a não ser a aproximação de um bicho preto, estranho, ruidoso, com um gordinho, um vizinho radiante por ter acabado de estrear a sua moto 4, uma Suzuki artilhada por ele, ainda com os picos nos pneus. Gabei-lhe a máquina e quase ficámos amigos.
Por detrás das vidraças pingadas ouço depois um coro. Uma procissão aproximava-se com meia dúzia de crentes rezando e cantando como num vale de lágrimas. Um carro da polícia na abertura, outro carro vassoura no fim. Reza-se nesta terra e há fé. Portanto: há esperança.