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terça-feira, fevereiro 24, 2009

O Carnaval na Parvoeira

Os portugueses são mandriões e têm pouca iniciativa. Adoram chefes protectores, paternalistas e até lhes dão um crédito para más acções, desde que os defendam de asneiras e os protejam sempre. Mas quando chega o Carnaval a malta mete mãos à obra e desata a construir um mundo de fantasia, parvoeira e disparate total.
Aproveita-se o Carnaval para experimentar fétiches, nunca ousados em época normal. Há uns machões que se vestem de puta e metem meias de rede nas pernongas, há umas simplórias que aproveitam para mostrar as misérias e darem a ver a cabra que há nelas. O deboche do povo, no dia em que tudo é tolerado, menos o Merdalhães com mulheres nuas, ou a capa de um livro erótico com uma ratazana asquerosa, logo sacado pela beata-polícia do ministro Rui Pereira.
É a época mais estúpida que já se viu, o Carnaval. O original, o tradicional, revelava a inspiração malvada e incontida do povo, mas agora neste mundo suburbano e surreal, o Carnaval não passa de uns dias reles para gente sem grande nível.
Visto no grande terreiro de Estremoz, o Carnaval revelava este lado sórdido, enquanto centenas de rostos, máscaras, assistiam ao corso. Gente velha, triste e solitária, velhos enrugados e distantes, jovens já velhos, num país que nem no Carnaval a alegria salta, por muito breve que fosse. Não há felicidade, só parvoeira.

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