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quinta-feira, fevereiro 18, 2010

A T-shirt de Mário Crespo

Acho que não vou esquecer tão cedo aquela imagem à anos 70 de Mário Crespo a distribuir fotocópias no Parlamento, com a sua crónica censurada pelo JN, e depois a exibir uma T-Shirt a dizer "Eu nunca fui processado por Sócrates!". Para remate o jornalista dizia que já tinha dormido várias vezes com ela. Nem quero imaginar!!!

Ora, eu acho tudo isto lamentável e já a entrar, para lá do mau gosto terrível, no patamar da rebaldaria.

Parece que aquela comissão de ética se transformou numa comissão inestética.

A figura de Mário Crespo já não é por si uma imagem muito fotogénica (embora telegénica onde o tom da voz ajuda) mas agora termos de levar com as exibições das t-shirts de Mário Crespo num estilo revivalista que fazem lembrar os soutiens queimados da Teresa Horta e companheiras, nos anos 70, no topo do Parque Eduardo VII !... poupem-nos.

Ainda por cima com uma super-produção de fotocópias como se ainda vivêssemos no tempo da outra senhora. Já agora, para dar um ar mais resistente, podia ter optado pelo stencil! Bufff!

Depois daquela célebre peça de TV protagonizada por Mário Crespo no quarto de hotel algures na América profunda, nos anos 90, onde ele simulava os gestos dos polícias e do corrector na hora da prisão, e que na altura ficou célebre (e não havia YouTube!), temos agora a cena caricata frente aos deputados.

A credibilidade está sempre no fio da navalha. E isso não pode nunca ser descurado por alguém que tem sabido ser uma referência no jornalismo televisivo. Até para o camarada Sócrates não se rir em casa às gargalhadas. E de bórla.

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Sócrates imita professor Charrua

Mário Crespo é um dos últimos jornalistas seniores no activo, e exerce a sua profissão com um brio inabalável e uma competência rara. Tem estilo, é educado, sabe de televisão e é independente. Como o deve ser todo o jornalismo. Ora, isto só é possível porque Crespo trabalha num grupo de media onde a liberdade de expressão é um dos pontos de honra e onde o patrão é um jornalista de corpo inteiro.

Isto irrita imenso o Primeiro-ministro. Sócrates até pode ter uma namorada jornalista, mas detesta jornalistas. Detesta quem o pode por em causa, mesmo por razões democraticamente legítimas. Sócrates é um virgem com mau feitio (e disso percebo eu!) e está numa fase cada vez mais radical: quem não é seu amigo é seu inimigo. Sonha com uma comunicação social tutelada, amansada e servil, como se fazer jornalismo fosse o mesmo que fazer aquelas campanhas impecáveis em termos de comunicação que tão bem ficam no seu governo.

O que é chocante e põe em causa a posição de um Primeiro-ministro, é este falar alto no meio de um sítio público, para toda a gente ouvir, insultando e caluniando um jornalista que costuma questionar os desaires governamentais. Muita gente sabe que Sócrates grita ao telefone e se "passa" com jornais e jornalistas. Mas em público é inacreditável. Ou Sócrates está fragilizado, inseguro, e já não controla os humores, ou então ele acha que pode abater todos os que se cruzam no seu caminho e lhe fazem a vida menos cor de rosa, como ele gosta de a mostrar nos seus momentos de propaganda.

Sócrates portou-se como o professor Charrua que o terá insultado e chamado nomes feios no espaço de uma repartição pública e que uns tipos ouviram. Para Sócrates e para a sua directora da DREN aquilo era uma desfaçatez, mas agora é o próprio Sócrates que se arma em Charrua e lança chamas contra Crespo.

O outro lado desta história é a crónica de Crespo no JN ter acabado por ter sido censurada. Aqui entra a falta de coragem e isenção da direcção do JN. Uma direcção que tem sido devastadora para o jornal: despediu jornalistas à molhada, acabou com a editoria de fotografia, está amarrada às vontades do Poder. Uma direcção medrosa e que não honra o título de um jornal com grandes responsabilidades históricas. Mas isso é o que eu acho como leitor. Vale o que vale.

Agora o que vale mesmo é a ERC saber e averiguar se há ou não há censura no jornal do senhor Oliveira. E que, ao contrário da inspecção de trabalho no caso do despedimento colectivo, vá até ao fim. Só lhe fica bem e o contribuinte agradece.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

MÁRIO CRESPO ESCREVEU

"Está bem... façamos de conta

Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve
invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos
ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que
não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir
montantes de milhões (contos, libras, euros?). Façamos de conta que a
Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de
um caso de polícia com arguidos e tudo.

Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês. Façamos de
conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que,
pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris
irrepreensível. Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão
com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o
primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa
das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos
prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu. Façamos de
conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não
passa de uma invenção dos média. Façamos de conta que o "Magalhães" é
a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar
acções de propaganda do Governo sobre a educação. Façamos de conta que
a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do
melhor que há no Mundo. Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse
que "quem se mete com o PS leva". Façamos de conta que Augusto Santos
Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita"
(acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda). Façamos de conta
que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de
represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport.
Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não
me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a
entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar
pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro
e sem confianças de natureza pessoal. Façamos de conta que Edmundo
Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade". E Manuel Alegre
também. Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso
comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus. Façamos de conta que não
aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da
Polícia antes de manifestações legais de professores. Façamos de conta
que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são
normais e de boa prática democrática as declarações do
procurador-geral da República. Façamos de conta que não há SIS.
Façamos de conta que o presidente da República não chamou o PGR sobre
o Freeport e quando disse que isto era assunto de Estado não queria
dizer nada disso. Façamos de conta que esta democracia está a
funcionar e votemos. Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada
há-de acabar-se como todas as coisas. Votemos Chaves, Mugabe, Castro,
Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja. Votemos por
unanimidade porque de facto não interessa. A continuar assim, é só a
fazer de conta que votamos."

(dica do leitor Gonçalo)