O perigo das ferramentas digitais é não conseguirmos a partir de dada altura saber o que fazer com elas. Saber primeiro o que precisamos para irmos depois aprender pode ser um passo seguro. O contrário pode fazer de nós uns consumistas de tecnologia, tal como uma consumista alienada com o VISA do marido (o contrário tb. se verifica!) num hipermercado.
Hoje durante uma aula de um curso que estou a dar a jornalistas da imprensa regional do Centro, sobre jornalismo digital, experimentámos ligar dois telemóveis a darem em directo uma parte da aula. Conseguimos fazê-lo e fizemos História. O som era péssimo, havia um delay assinalável, a rede wireless caiu a meio, mas na verdade estivemos em directo. Liguei para a directora do curso que pôde ver, a minha mulher viu em casa, tivemos mais de cem visitors. O custo foi zero porque estávamos com uma rede fixa, teria custado uma quantia dolorosa se o tivéssemos feito com a conta do telefone.
Há muito pouco tempo esta funcionalidade só era possível com um servidor alugado por uma empresa que cobrava caro a façanha. Portanto: estamos a avançar a toda a força na comunicação. O problema é mesmo o de sabermos utilizar estas funcionalidades de uma forma simples e eficaz, e que possam permitir um jornalismo mais vivo, ágil, que possa chegar mais perto dos leitores. Uma nova tecnologia para uma nova linguagem.
O risco é o de se cair numa superficialidade ainda maior da que temos tido na informação em geral, um jornalismo que não explique e que não vá ao fundo das coisas O pior é um jornalismo de estafetas apressados, ansiosos, sem nada mostrarem e sem nada entenderem.
Percebermos que o jornalismo é hoje praticado a várias velocidades (o tempo que cada meio utiliza na sua comunicação) e que a densidade informativa depende da especificidade do meio.
Não estamos perante a morte do fotojornalismo, da investigação, do documentarismo. Estamos sim perante um desafio novo: a emoção da notícia. Just in time.
Está revelado o "segredo": era um telemóvel (o que explica os problema de som).
ResponderEliminarDe facto estamos a assistir a um período histórico na forma como se faz jornalismo. Julgo que o desafio será fazer bem e em menos tempo (graças à tecnologia).
Quem diria, há uns anos atrás, que seria possivel aquilo que, por exemplo, aqui se assitiu esta tarde!
"O perigo das ferramentas digitais é não conseguirmos a partir de dada altura saber o que fazer com elas. Saber primeiro o que precisamos para irmos depois aprender pode ser um passo seguro."
ResponderEliminarCompletamente de acordo.
Embora muita coisas tenha de ser "experimentada" para ver se e como funciona.
Abraço
Depois de pensar um bocadinho acabei por desencantar também uma maneira de a transmissão não nos custar os olhos da cara. Se colocarmos um cartão de uma vulgar placa de internet dentro do telemóvel estamos safos. Isto claro, se o tarifário for razoável.
ResponderEliminarO delay também não era assim tão grande Luiz: estivemos, na maior parte do tempo, com um delay de 6 segundos e com uma largura de banda real de 8 Mbps dividida por (mais ou menos) 10 computadores. Isto numa semana em que a TMN anunciou velocidades móveis de 21Mbps... Mais cedo ou mais tarde vamos ter condições para reduzir o tempo de delay para 1 ou 2 segundos.
O problema do som pode ser reduzido com aqueles fantásticos microfones unidireccionais que a Sony adaptou para o N95 e que os jornalistas da Reuters já utilizaram.
A primeira pergunta é: quanto tempo até os média tradicionais usarem este método?
A segunda, subjacente ao seu texto, é: quanto tempo até vermos directos por tudo e por nada? (ainda mais do que vemos agora, e praticados por muito mais gente).
E last, but not the least, qual o papel dos jornalistas no meio disto tudo?
Olá Marco,
ResponderEliminarmais uma vez obrigado pela tua colaboração. Ainda por cima sabes usar a tecnologia com a consciência da aplicação no jornalismo. Coisa rara hoje.
Estou completamente de acordo contigo.
Abraço
LUIZ C
Som impercetptível, imagem inqualificável, um único plano fixo (junte-se-lhe movimento e imagino que o caos seria total), nenhum conteúdo. Um produto digno de um estafeta apressado, ansioso, que nada mostra e que de multimedia nada entende. Para quando um manual de conduta para os aspirantes a estafetas?
ResponderEliminarCaro M, perdão, Anónimo:
ResponderEliminarTrata-se do conceito e não da forma. O som melhora-se, a imagem também. Foi uma experiência, e da experiência fez parte, também, algum movimento que poderá rever nos vários QIKs do meu perfil.
Oh anónimo das 8:29, vai ver se o Pinto da Costa está no hospital, para a gente acreditar!!! És um ganda pinóquio
ResponderEliminarCaro Luiz, ainda a propósito da nossa conversa após esta formação, eis uma primeira experiência, utilizando o telemóvel, o Movie Maker, um outro editor áudio (freeware) e um vulgarissimo microfone para pc: http://jornalices.blogspot.com/2009/02/ciclo-de-comunicacao-em-leiria.html
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