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domingo, fevereiro 15, 2009

O sem trabalho que venceu o Worl Press Photo

Pelo menos dois jornais deram hoje honras de primeira página à foto vencedora do World Press Photo, a imagem do fotojornalista Antony Suau- que já expôs em Lisboa na Culturgest- sobre o drama da depressão americana de hoje.
Com toda a humildade, acho que as fotos vencedoras não sendo nenhumas aberrações também não são nada de novo, não revelam um novo olhar ou estilo, na actual encruzilhada em que se encontra o fotojornalismo.

Mas a história de Antony Suau não deixa de ser emblemática sobre o tempo que vivemos. Um fotojornalista free-lancer, premiado e solicitado, está há dois meses sem uma encomenda, embora esta sua reportagem premiada tenha estado online no site da Time, mas nunca impressa na edição de papel, para onde trabalha há largos anos como colaborador.
Este estigma está a acontecer há muito tempo antes desta crise: os jornais e revistas de referência, como a Time para onde Suau trabalhou em permanência, decidiram virar as costas aos leitores e em vez de apostarem na fotografia como veículo do jornalismo, preferem- aconselhados por uns catequistas de jornalismo- apostar nas fotografias de estúdio, na encenação, na mentira, no bonitinho e mesmo na bonecada e na infografia- que alguns desses pregadores prevêem vir a ser o futuro do jornalismo impresso. O que se verifica depois é que os leitores adoram imagens de reportagem e que correm aos milhares a vsitarem as exposições de fotografia humanista e de jornalismo, como o World Press Photo ou o Festival Visa Pour L`Image.
A recusa em apostar na fotoreportagem são tiros que a imprensa atira nos próprios pés.
Tem muito a ver com esta fase amedrontada da imprensa, dividida entre o caminho incerto, tentador e sem grande retorno financeiro que é a net, a banalidade televisiva e a tradição do jornalismo sério, independente, profundo e lucrativo.

1 comentário:

  1. Sou um básico nesta temática, porém, um apaixonado. Subscrevo a sua opinião. Sinceramente, após um olhar rápido pelas imagens premiadas, julgo que haveria outras candidatas.

    Há ainda uma questão que me coloco: não deveriam de ser aceites apenas imagens sem qualquer tratamento? Refiro-me concretamente à escolha do preto e branco. Como disse, sou um leigo na temática, porém considero que a escolha terá sido feita com base no facto de retratar a actualidade, o mistério, o drama, o caos, presentes no registo. Porém, para além do enquadramento, que condiciona sempre o discurso - porquê estes elementos e não os que ficaram fora -, há o tratamento a preto e branco, esse com carga decisiva.

    Curiosamente, no dia em que foi anunciado o vencedor, Imagem como Discurso foi um dos temas dos Ciclos de Comunicação (ESECS-IPLeiria). Na ocasião, aproveitei para solicitar um comentário à docente Isabel Calado (ESE Coimbra), autora de um livro sobre a temática (http://csem-esel.blogspot.com/2009/02/imagens-e-novos-media.html).

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