Ninguém deve dar demasiada importância pelo facto do jovem governo ter ou não ter um elenco de notáveis ou de ter um Primeiro mais ou menos experiente. Isto porque os chefinhos fazem parte da nossa infeliz cultura de excelência e porque, tirando os totós que acreditam no Pai Natal, um governo europeu trabalha em função das regras de Bruxelas. Portanto: termos um chefe de governo extraordinário nesta conjuntura até podia atrapalhar. Por vezes os endireitas resolvem problemas que os médicos não conseguem. Temos um endireita, embora em início de actividade, que está a dar os primeiros passos ainda amparado pela família, amigos e uns opositores em fase de reorganização de tropas.
Pelo que vi a dois metros de distância, e durante largos minutos, na Festa dos Tabuleiros em Tomar, o eleito primeiro-ministro mantém um ar simpático, vê-se nele um esforço para agradar a todos que o cumprimentam, desfaz-se em beijinhos, autógrafos, posa com uma moçoila e pergunta para que máquina fotográfica deve olhar, beija a mulher sem que os fotógrafos tenham tempo de disparar, não larga as mãos dela....enfim: temos ali um misto de Cavaco em família com um Guterres afável. Até os seguranças se mantêm à distância, e quando é preciso enxotar os chatos dos fotógrafos, são dois tomarenses fardados com trajes da festa que empurram os jornalistas e dizem que têm de se afastar. Coelho sorri para o lado e volta a fazer mais um comentário para o seu "compagnon" de Juventude, o Relvas claro.
Mas há sempre o outro lado das figuras públicas. E quando horas depois chega ao Conselho Nacional do seu partido, e desabafa dizendo que afinal as contas públicas estão um descalabro, mesmo depois do relatório semestral do Banco de Portugal, atirando para a praça pública mais uma suspeição sobre a sustentabilidade financeira do país, parece coisa de endireita mal preparado. Quer dizer: sorri para o doente e de seguida torce-lhe o braço, antes de lhe partir o pescoço.
Este tique de atirar nos próprios pés, tão usado por Cavaco (e outros endireitas desastrosos), só servem para afundar mais o país, dando uma imagem nefasta para o exterior.
Depois da ira cxolectiva contra as agências de rating ( parecia Portugal a apoiar Timor!) sabendo todos nós (os que não acreditamos no Pai Natal) que o que está em jogo, ou seja: a recuperação económica e financeira do país, não vai ser possível com o montante negociado com a troika, nem com aqueles juros, nem com a recessão consequente, nem com a impossibilidade de reduzir o deficit público, já que o 95% do orçamento do Estado corresponde a encargos fixos( foi o que disse a economista Teodora) e que reduzidos, lançarão ainda mais o país numa maior recessão, ou seja: mais desemprego, depressão, destruição da já enfezada economia.
Portanto: a Moodies sabe do que fala. Embora, e aqui é que entra o cinismo político de Cavaco, tenham sido os ataques das agências que levaram muito os países periféricos à perda de confiança pelos mercados, e que agora esse cancro já esteja alastrado a outros países, que pareciam a salvo, América incluída.
Antes de ontem os juros da Espanha chegaram quase aos 7% e a França nunca pagou tanto de juros como o teve fazer ontem. Sarkozy começa a escorregar pelo plano inclinado.
Governar com tiques de oposição é péssimo. E assim a estabilidade, mesmo podre e forçada, não vai durar muito. Passos não pode dar passos maior do que a perna. Não está já na oposição. Está no governo. Que assuma isso. Meta-se no avião em executiva, largue os seguranças contra os jornalistas, deixe-se de ares de marido romântico em público, puxe da voz grossa e trabalhe. Deixe-se de entretantos e vá aos finalmentes. Irra, nunca aprendem!
quinta-feira, julho 14, 2011
terça-feira, junho 21, 2011
Nobre enlatado é vitória da política.
Nobre foi derrotado, foi bem feito, e foi uma grande vitória para o prestígio do Parlamento, a sede da democracia. Mesmo que esta não seja o que devia, mas é ainda o que nos resta de uma sociedade dos cidadãos.
Foi também a primeira de uma grande série de derrotas que se adivinham a Passos Coelho, cuja subida ao Poder se deveu a uma série de habilidades e oportunismos políticos, como todos sabemos. A vitória da conjuntura e da estratégia, contra a responsabilidade.
Fernando Nobre nas presidenciais já tinha sido uma campanha política entre o patético, o populista e o narcisismo levado ao grau paranóico.
O médico que se notabilizou pela acção frente à AMI, onde soube cultivar muito bem a relação com jornalistas que sempre o publicitaram e apoiaram, achou que devia ser o candidato contra os políticos, a política e o sistema democrático. Balançando entre a amizade e o apoio ao Bloco de Esquerda, dando o braço a Mário Soares e a Sócrates, usando um discurso de taxista tagarela, Nobre acabou por ter um resultado pífio, um número que, como muito bem dizia ontem Medeiros Ferreira na TVI, teve Pinheiro de Azevedo deitado numa cama de hospital.
O que é chocante nisto tudo é um partido que vive de clientela, caciques e barões, ter escolhido um cromo destes para cabeça de lista por Lisboa, e que o líder lhe tenha prometido o improvável: que o "independente", o anti-partidos, o anti-políticos, fosse eleito presidente do Parlamento, para dirigir aqueles que disse contestar.
O caroço dentro do bolo seria Cavaco Silva ter a substituí-lo em caso de ausência e no lugar hierárquico a seguir ao seu, o rival na campanha mais problemático. Também era uma afronta ao PR, mas isso até dava gôzo.
Só o desprezo pela ideia da democracia, só a jogatana política, o oportunismo e o chico-espertismo, pode justificar esta coisa que foi o caso Nobre.
É a primeira derrota de Passos, mas mais do que isso: é um mau presságio para outras salsicharias que se adivinham na governação. Esta derrota demonstra falta de experiência política, aventureirismo, desprezo pelo parlamento, pelo partido da coligação, que nem foi ouvido nem achado para apoiar uma figura caricata da política.
Se num caso tão óbvio Passos deu o passo em falso, o que fará em situações para as quais vai ser preciso sangue frio, ponderação, rapidez e capacidade para dialogar e conseguir consensos?
Ontem na SIC-N o ainda secretário-geral do PSD, debitava como um corta-relvas falante, e sem ser interrompido por Mário Crespo, dizia que se tinha perdido uma oportunidade para eleger um independente para presidente da AR. Desculpem!...ouvi bem? Ser independente passou a ser agora um atestado de capacidade, honestidade e de bom candidato a lugares públicos? Um independente para mandar nos eleitos pelos partidos? Parece que aquela escola básica de Cavaco pegou. Dizer-se que não se é político factura.
E os portuguesinhos, mais preocupados com a vidinha do que com o destino comum, suspiram entre bitaites e concursos de gordos.
Foi também a primeira de uma grande série de derrotas que se adivinham a Passos Coelho, cuja subida ao Poder se deveu a uma série de habilidades e oportunismos políticos, como todos sabemos. A vitória da conjuntura e da estratégia, contra a responsabilidade.
Fernando Nobre nas presidenciais já tinha sido uma campanha política entre o patético, o populista e o narcisismo levado ao grau paranóico.
O médico que se notabilizou pela acção frente à AMI, onde soube cultivar muito bem a relação com jornalistas que sempre o publicitaram e apoiaram, achou que devia ser o candidato contra os políticos, a política e o sistema democrático. Balançando entre a amizade e o apoio ao Bloco de Esquerda, dando o braço a Mário Soares e a Sócrates, usando um discurso de taxista tagarela, Nobre acabou por ter um resultado pífio, um número que, como muito bem dizia ontem Medeiros Ferreira na TVI, teve Pinheiro de Azevedo deitado numa cama de hospital.
O que é chocante nisto tudo é um partido que vive de clientela, caciques e barões, ter escolhido um cromo destes para cabeça de lista por Lisboa, e que o líder lhe tenha prometido o improvável: que o "independente", o anti-partidos, o anti-políticos, fosse eleito presidente do Parlamento, para dirigir aqueles que disse contestar.
O caroço dentro do bolo seria Cavaco Silva ter a substituí-lo em caso de ausência e no lugar hierárquico a seguir ao seu, o rival na campanha mais problemático. Também era uma afronta ao PR, mas isso até dava gôzo.
Só o desprezo pela ideia da democracia, só a jogatana política, o oportunismo e o chico-espertismo, pode justificar esta coisa que foi o caso Nobre.
É a primeira derrota de Passos, mas mais do que isso: é um mau presságio para outras salsicharias que se adivinham na governação. Esta derrota demonstra falta de experiência política, aventureirismo, desprezo pelo parlamento, pelo partido da coligação, que nem foi ouvido nem achado para apoiar uma figura caricata da política.
Se num caso tão óbvio Passos deu o passo em falso, o que fará em situações para as quais vai ser preciso sangue frio, ponderação, rapidez e capacidade para dialogar e conseguir consensos?
Ontem na SIC-N o ainda secretário-geral do PSD, debitava como um corta-relvas falante, e sem ser interrompido por Mário Crespo, dizia que se tinha perdido uma oportunidade para eleger um independente para presidente da AR. Desculpem!...ouvi bem? Ser independente passou a ser agora um atestado de capacidade, honestidade e de bom candidato a lugares públicos? Um independente para mandar nos eleitos pelos partidos? Parece que aquela escola básica de Cavaco pegou. Dizer-se que não se é político factura.
E os portuguesinhos, mais preocupados com a vidinha do que com o destino comum, suspiram entre bitaites e concursos de gordos.
sábado, junho 18, 2011
Estreia anunciada com elenco de segunda
Afinal não é um elenco de luxo numa baixa produção de grande génio.
O filme tem o elenco reduzido, há actores que se desdobram em vários personagens, o realizador é um estreante. Nunca rodou sequer uma curta-metragem, nunca dirigiu actores, ninguém ouviu falar dele em Cannes. Trabalhou como ajudante de um padrinho, depois de ter dirigido um clube de putos que existia para serem um dia alguém na vida, sem trabalhar.
O público estava à espera de um elenco arrebatador. De Luxe. Um elenco capaz de destronar a longa metragem que estreara 6 anos antes e que se tinha revelado chata na história, incapaz de um happy end e cujos actores eram mais interessantes com as suas histórias privadas do que com os seus desempenhos na tela.
Portanto, quando a passadeira vermelha foi estendida, e o realizador a atravessou de passos largos, o corpo meio desajeitado, olhar de lado para não ter de responder aos jornalistas, e se sentou frente ao grande Óscar, os fãs pararam, ansiando que do bolso do jovem cavaleiro ganhador, saíssem os nomes que iriam salvar o futuro do cinema nacional.
No Palácio as aves calaram-se, os reposteiros taparam o Sol, e os peixes dos lagos sustiveram a respiração. Onze segundos bastaram, o tempo que foi preciso para pronunciar os onze nomes do grande elenco, para um burua se ter instalado por todo o lado.
O casting era no mínimo original. Havia uma actriz das Teias da Lei a fazer de camponesa, um actor da Liberdade XXI a comandar o exército, um actor obscuro que era muito bom a dar aulas algures do outro lado do Atlântico. O elenco era ainda composto por um veterano do jornalismo, especialista em títulos e sound-bites, um escritor talentoso mas canastrão, um especialista em sistemas informáticos a fazer de médico-mór e um génio da ciência, embora também pouco dado a representações.
Resta agora saber como vai acabar todo este enredo.
O filme tem o elenco reduzido, há actores que se desdobram em vários personagens, o realizador é um estreante. Nunca rodou sequer uma curta-metragem, nunca dirigiu actores, ninguém ouviu falar dele em Cannes. Trabalhou como ajudante de um padrinho, depois de ter dirigido um clube de putos que existia para serem um dia alguém na vida, sem trabalhar.
O público estava à espera de um elenco arrebatador. De Luxe. Um elenco capaz de destronar a longa metragem que estreara 6 anos antes e que se tinha revelado chata na história, incapaz de um happy end e cujos actores eram mais interessantes com as suas histórias privadas do que com os seus desempenhos na tela.
Portanto, quando a passadeira vermelha foi estendida, e o realizador a atravessou de passos largos, o corpo meio desajeitado, olhar de lado para não ter de responder aos jornalistas, e se sentou frente ao grande Óscar, os fãs pararam, ansiando que do bolso do jovem cavaleiro ganhador, saíssem os nomes que iriam salvar o futuro do cinema nacional.
No Palácio as aves calaram-se, os reposteiros taparam o Sol, e os peixes dos lagos sustiveram a respiração. Onze segundos bastaram, o tempo que foi preciso para pronunciar os onze nomes do grande elenco, para um burua se ter instalado por todo o lado.
O casting era no mínimo original. Havia uma actriz das Teias da Lei a fazer de camponesa, um actor da Liberdade XXI a comandar o exército, um actor obscuro que era muito bom a dar aulas algures do outro lado do Atlântico. O elenco era ainda composto por um veterano do jornalismo, especialista em títulos e sound-bites, um escritor talentoso mas canastrão, um especialista em sistemas informáticos a fazer de médico-mór e um génio da ciência, embora também pouco dado a representações.
Resta agora saber como vai acabar todo este enredo.
Etiquetas:
novo governo de Passos Coelho
segunda-feira, junho 06, 2011
Sócrates na despedida:"Fui muito feliz convosco!".
foto de Luiz Carvalho
Resisti a escrever este post. Tenho imenso trabalho e estou cansado. Mas penso que o devo fazer. Assisti ontem à noite, a dois metros de distância, à queda de um político que teve um raro protagonismo nos últimos anos em Portugal. Um político controverso, com o mau feitio inerente ao signo virgem (!) mas um alguém que mudou muito Portugal. Para o pior, mas também para muito melhor.
A política não é um homem. É ele e as suas circunstâncias, como diria Gasset. As circunstâncias de Sócrates nem sempre lhe foram muito favoráveis, embora a sua teimosia o tenha feito andar para a frente e resistir a campanhas caluniosas, a críticas justas e a vitórias toleradas.
Sócrates representava há 6 anos uma lufada de ar fresco na política. Um político com menos carga ideológica ( ao ponto de Soares se ter referido a ele como um político de plástico), com vontade de mudar e de mexer em interesses instalados. Com maioria absoluta, com obstinação, entrou a matar.
Logo na noite da vitória avisou as farmácias para o lobby intolerável que representam em Portugal.
Vimos como perdeu face a esta corporação.
Depois quis pôr na ordem os professores que achavam que deviam avaliar, mas não ser avaliados, os juízes que achavam que deviam ser um Estado dentro do Estado.
Mexeu na Saúde encerrando centros de saúde obsoletos e sobrepostos e maternidades sem condições, investiu na energia renovável (um caso raro de sucesso no Mundo), aplicou um plano de modernização da administração pública com a empresa na hora ( eu que usei esse serviço fiquei espantado com a eficácia), o simplex permitiu o inicio da utilização da internet na relação com o Estado (pagamentos online de impostos, certidões etc), o programa Magalhães vai ficar para a História como uma iniciativa notável (embora eu embirre com o sistema windows).
As nossas infraestruturas rodoviárias são excelentes, o interior tem hoje condições raras de conforto ao nível de estruturas sociais e culturais. Foi caro? Pois foi. Foi a crédito? Pois foi. Tal como foi a crédito barato as casas que comprámos, os carros, a segunda casa, as férias, os seguros de saúde, as escolas particulares para os nossos meninos. O paradigma desde o final dos anos 80, introduzido com Cavaco e os neo-liberais, foi gastar com crédito, passar à reforma os séniores, investir na mão de obra barata, a troco de um consumismo alienante.
Com Sócrates tivemos leis de grande alcance social e que mudaram de vez a nossa vida. O casamento entre pessoas do mesmo sexo, a lei do divórcio e do aborto. Só estas 3 leis são por si de um alcance cultural único. Histórico. Foi a ruptura com a padrelhada, os reacionários, os beatos hipócritas. Foi a afirmação de uma sociedade moderna a olhar para a frente, tal como o era a construção do TGV, pago em grande parte pelos fundos comunitários, e que no tempo de Durão Barroso, quando Ferreira Leite dizia que não havia dinheiro para nada, aprovou 6 linhas de TGV. SEIS! Quem se lembra disso? Ninguém.
O calor nos miolos dos abstencionistas, durante os dias calaceiros de praia, formata-lhes a memória!
Muitas vezes escrevi neste blogue contra Sócrates. Teve atitudes lamentáveis, chegou a ser mal educado comigo em plena campanha eleitoral de há dois anos, fila certas pessoas e não desarma, vai até ao fim do mundo atrás de um inimigo. Mas espremendo agora esses pormenores de mau feitio, a verdade é que nunca se provou nada em tribunal contra ele. Nem fora dos tribunais se pôde alguma vez dizer, por exemplo, que tivesse ganho 200 mil euros em acções que nunca se tenha sabido como foram pagas. Se as campanhas já foram o que foram imagine-se se houvesse móbil para agir!
Não esqueçamos que a frase de Sócrates que terá dito em privado e que foi soprada para o exterior que "temos de dobrar a espinha aos juízes" acabou por lhe ser fatal.
Sabemos como surgiu o Caso Freeport e quem são os nomes da pior gente do PSD que o despoletou. E sabemos bem como a imprensa é dura com os que a confrontam e suave com quem sabe fazer a coisa bem feita.
Houve três ocasiões em que estive próximo de Sócrates e me deixou impressionado. Uma, era ele ministro do ambiente, e num dia sem carros, tivemos uma discussão a bordo de um autocarro eléctrico em que ele defendia a cidade sem carros e eu lhe dizia que isso era morte das cidades. Achei notável um ministro discutir com tanta energia um tema desses com um fotógrafo armado em comentador. Por acaso no final desse dia ia eu no meu BMW, paro num semáforo e ele ia a atravessar. Viu-me e disse:"pois, pois! Já o compreendi!".
Noutra ocasião estive a fotografá-lo nos jardins de S.Bento antes de uma entrevista para o Expresso à Cândida Pinto. Passeávamos os dois à procura de um local para um retrato. Na véspera tinha sido o referendo ao aborto. Perguntei-lhe como se sentia. "Feliz por termos vencido os preconceitos da igreja e dos padres. Mas o que eu mais queria agora era ir 15 dias de férias com os meus filhos. Só isso!".
A última ocasião em que me comoveu foi ontem. Eu estava a dois metros dele. Vi como continha as lágrimas, como resistiu às perguntas provocatórias, vi como usava a frieza para controlar a emoção.
A política é das actividades humanas mais ingratas. O exercício do Poder traz sempre no fim uma pesada factura de desprezo e ingratidão. Mais ainda em política. Fez um discurso de grande elevação.
Quando saiu do Hotel Altis, a mesma saída que já deu grandes vitórias e grandes derrotas a muita gente, caminhou sorridente para o carro. Uns populares gritaram-lhe: "Obrigado, muito obrigado por tudo o que fez por nós!". Ele entrou no carro, ainda olhou antes da porta se fechar, umas mãos vindas não sei de onde apertaram as suas com força e eu disparei com a minha Canon, nervosa. Ainda ouvi as suas últimas palavras:"Obrigado eu. Fui muito feliz convosco!".
Etiquetas:
Derrota do PS,
José Socrates
quinta-feira, maio 19, 2011
Quem matou Portugal
Nas últimas semanas tenho viajado em trabalho pelo Portugal profundo. E o que se vê é um país maravilhoso, diverso na paisagem, nas gentes, com um clima acolhedor. Em todo o lado sentimos uma cultura ancestral evocada na arquitectura, no falar, nos sabores. Conheço muitos países e não conheço outro com tanta personalidade e diversidade.
Mas quando entramos nas aldeias transmontanas, nas cidades do interior, ou quando molhamos inadvertidamente os pés pela subida discreta das águas salgadas da Ria de Aveiro, ou quando atravessamos o coração da velha Marinha Grande, o que sentimos é tudo o que descrevi e um abandono dramático. Sentimos que houve um país forte que trabalhava e que alguém decidiu amputar, desprezando a agricultura, o Mar, a paisagem e sobretudo toda aquela gente que por ali vive e que foi deixada à sua sorte. Vemos os restos de um país e rostos que agora resistem ao tempo e à memória.
isto não é neo-realismo. É a realidade. Porque não se reestruturaram a tempo as fábricas da Marinha Grande, porque não pensámos em exportar o que é nosso e genuíno, porque matámos a criatividade? Porque não soubemos evoluir, fazer uma ponte entre o passado e os desafios do futuro.
Abandonámos o que fazíamos bem por um punhado de euros, de projectos de novos-ricos, desprezámos o valor do trabalho manual em prol de tecnologias do momento que passados poucos anos ficaram obsoletas. A Marinha Grande com as suas fábricas de moldes falidas ou a indústria do vidro, mesmo as fábricas novas, em declínio total.
Quando visitamos o Mercado do Bulhão percebe-se como se pode matar algo de extraordinário que ali havia. A Câmara do Porto começou por tornar impossível estacionar na zona. Logo os clientes preferem ir aos supermercados onde se estaciona de borla. Depois deixou desmoronar aos poucos o edifício. O que seria resolúvel com umas pequenas obras, tornou-se impossível com a degradação e a falta de clientes, tirando umas aventesmas de turistas ridículos de máquina fotográfica e que não consomem. Compare-se o mercado das Ramblas em Barcelona, da mesma época, e compreende-se como nós temos um especial jeitinho para a destruição.
Um país que, na verdade, merecia muito melhor. O problema não é o Sócrates. Também é, mas é sobretudo esta casta de medíocres que nos governam há anos, nos vários níveis de poderes e poderzinhos.
Mas quando entramos nas aldeias transmontanas, nas cidades do interior, ou quando molhamos inadvertidamente os pés pela subida discreta das águas salgadas da Ria de Aveiro, ou quando atravessamos o coração da velha Marinha Grande, o que sentimos é tudo o que descrevi e um abandono dramático. Sentimos que houve um país forte que trabalhava e que alguém decidiu amputar, desprezando a agricultura, o Mar, a paisagem e sobretudo toda aquela gente que por ali vive e que foi deixada à sua sorte. Vemos os restos de um país e rostos que agora resistem ao tempo e à memória.
isto não é neo-realismo. É a realidade. Porque não se reestruturaram a tempo as fábricas da Marinha Grande, porque não pensámos em exportar o que é nosso e genuíno, porque matámos a criatividade? Porque não soubemos evoluir, fazer uma ponte entre o passado e os desafios do futuro.
Abandonámos o que fazíamos bem por um punhado de euros, de projectos de novos-ricos, desprezámos o valor do trabalho manual em prol de tecnologias do momento que passados poucos anos ficaram obsoletas. A Marinha Grande com as suas fábricas de moldes falidas ou a indústria do vidro, mesmo as fábricas novas, em declínio total.
Quando visitamos o Mercado do Bulhão percebe-se como se pode matar algo de extraordinário que ali havia. A Câmara do Porto começou por tornar impossível estacionar na zona. Logo os clientes preferem ir aos supermercados onde se estaciona de borla. Depois deixou desmoronar aos poucos o edifício. O que seria resolúvel com umas pequenas obras, tornou-se impossível com a degradação e a falta de clientes, tirando umas aventesmas de turistas ridículos de máquina fotográfica e que não consomem. Compare-se o mercado das Ramblas em Barcelona, da mesma época, e compreende-se como nós temos um especial jeitinho para a destruição.
Um país que, na verdade, merecia muito melhor. O problema não é o Sócrates. Também é, mas é sobretudo esta casta de medíocres que nos governam há anos, nos vários níveis de poderes e poderzinhos.
domingo, maio 15, 2011
Sócrates. Nem contigo nem sem ti.
O reformado Catroga, uma das múmias do cavaquismo em letargia, gizou um chamado programa de governo do PSD, que mais não é do que um rol de intenções economicistas neo-liberais, foi prestar vassalagem aos enviados cobradores do fraque, mandou uns palavrões de camionista na SIC, evocou o nome de Hitler em vão e... foi de férias. Mesmo reformado, e bem reformado graças a uma Segurança Social que ele contesta, fugiu para a Coelha, o tal condomínio algarvio que se tornou num ícone de protagonistas de BPN e tudo à volta. Abandonou o Coelho e foi para a Coelha:)
Tudo isto seria patético se o país não estivesse numa viagem sem regresso ao fundo de uma sociedade que nada terá a ver com aquela que a Europa democrática do pós-guerra sonhou e que nos atraiu para ela, em meados dos anos 80. E que fez com que posteriormente tivesse havido 25 de Abril.
Muito simplesmente: o povo europeu quer viver com qualidade numa sociedade que respeite quem trabalhe,que promova a igualdade de oportunidades. Uma sociedade onde o ensino público, a saúde para todos, a justiça, a segurança e a tranquilidade na velhice sejam os seus pilares.
Ora, tudo isto são aspectos que o radicalismo deste PSD põem em causa. O PSD não quer só ganhar as eleições. Quer um golpe de Estado ganho na secretaria, aproveitando o Estado de Sítio que o FMI e a Europa liderada por Merkl estão a impor aos países periféricos, apanhados no arrastão da crise financeira, provocada por eles e pela ganância.
O PSD não se contenta com as medidas demolidoras impostas pelo FMI. O PSD quer mais sangue, mais terramoto social.
Quer privatizar a televisão pública ( uma ideia de jerico que não existe na Europa), quer por os doentes a pagarem mais nos hospitais, quer o ensino privado a ser pago (ainda mais!) pelos contribuintes e quer afundar a Segurança Social mexendo na contribuição das empresas, que está a meio da tabela dos outros países europeus. Quer ainda mexer mais no código laboral, cavando mais fundo do que os credores da Troika, não deixando uma margem de sobrevivência para quem vai ficar desempregado e sem recursos nem de subsistência, nem de trabalho alternativo.
É um total bota-abaixismo, ainda por cima praticado por um líder medíocre, sem experiência governativa de qualquer espécie (nem de uma junta de freguesia), sem uma equipa coesa, sem controle verbal nos incontinentes da fala que o rodeiam. O que este PSD vem propor é um governo de vingadores do Estado Social, do progresso na saúde, na educação (uma área em que as reformas do PS foram sistematicamente boicotadas) e na obra pública feita que aproximou Portugal da Europa avançada.
Um grupo de revanchistas, de reformados do cavaquismo, de candidatos a situacionistas que vêem agora a oportunidade de singrarem na política. Comentadores de TV a quererem ser deputados, intelectuais a porem de lado um portfolio de ideias para se entregarem num discurso á la Relvas.
O problema não seria o PSD ganhar. Até seria bom uma renovação de Sócrates, desejável mesmo. Mas a velha frase dos amantes desavindos faz aqui todo o sentido, quando aplicada ao engenheiro das sete vidas. Com gente desta: nem contigo nem sem ti!
Tudo isto seria patético se o país não estivesse numa viagem sem regresso ao fundo de uma sociedade que nada terá a ver com aquela que a Europa democrática do pós-guerra sonhou e que nos atraiu para ela, em meados dos anos 80. E que fez com que posteriormente tivesse havido 25 de Abril.
Muito simplesmente: o povo europeu quer viver com qualidade numa sociedade que respeite quem trabalhe,que promova a igualdade de oportunidades. Uma sociedade onde o ensino público, a saúde para todos, a justiça, a segurança e a tranquilidade na velhice sejam os seus pilares.
Ora, tudo isto são aspectos que o radicalismo deste PSD põem em causa. O PSD não quer só ganhar as eleições. Quer um golpe de Estado ganho na secretaria, aproveitando o Estado de Sítio que o FMI e a Europa liderada por Merkl estão a impor aos países periféricos, apanhados no arrastão da crise financeira, provocada por eles e pela ganância.
O PSD não se contenta com as medidas demolidoras impostas pelo FMI. O PSD quer mais sangue, mais terramoto social.
Quer privatizar a televisão pública ( uma ideia de jerico que não existe na Europa), quer por os doentes a pagarem mais nos hospitais, quer o ensino privado a ser pago (ainda mais!) pelos contribuintes e quer afundar a Segurança Social mexendo na contribuição das empresas, que está a meio da tabela dos outros países europeus. Quer ainda mexer mais no código laboral, cavando mais fundo do que os credores da Troika, não deixando uma margem de sobrevivência para quem vai ficar desempregado e sem recursos nem de subsistência, nem de trabalho alternativo.
É um total bota-abaixismo, ainda por cima praticado por um líder medíocre, sem experiência governativa de qualquer espécie (nem de uma junta de freguesia), sem uma equipa coesa, sem controle verbal nos incontinentes da fala que o rodeiam. O que este PSD vem propor é um governo de vingadores do Estado Social, do progresso na saúde, na educação (uma área em que as reformas do PS foram sistematicamente boicotadas) e na obra pública feita que aproximou Portugal da Europa avançada.
Um grupo de revanchistas, de reformados do cavaquismo, de candidatos a situacionistas que vêem agora a oportunidade de singrarem na política. Comentadores de TV a quererem ser deputados, intelectuais a porem de lado um portfolio de ideias para se entregarem num discurso á la Relvas.
O problema não seria o PSD ganhar. Até seria bom uma renovação de Sócrates, desejável mesmo. Mas a velha frase dos amantes desavindos faz aqui todo o sentido, quando aplicada ao engenheiro das sete vidas. Com gente desta: nem contigo nem sem ti!
Etiquetas:
Catroga,
José Socrates,
Passos Coelho,
PSD
terça-feira, maio 03, 2011
A morte de Bin Laden
A MORTE VIRTUAL DE BIN LADEN
Afinal o homem mais procurado do Mundo estava ali ao virar da esquina de uma esquadra militar paquistanesa. E, ao contrário do que faziam crer os cérebros americanos, o Bin não estava nas montanhas rochosas, dentro de uma gruta, mas numa greta de um prédio horrendo de subúrbio.
Acontece quase sempre assim quando procuramos a tal agulha no palheiro: está quase a picar-nos os pés mas nós olhamos para o fundo, onde já nada se vislumbra.
A operação americana ia falhando, porque um helicóptero começou a deitar fumo e o mais divertido da história é que um fanático do twitter estava a escrever aquilo em directo sem saber que se tratava da limpeza ao sarampo do terrorista façanhudo. A história é toda ela duvidosa, mas tem alguma verossimilhança. Um guionista de Hollyood faria melhor mas um que estivesse a escrever uma telenovela lusa não seria tão trapalhão.
Claro que falta o material para atestar a operação "há fumo ao lado da esquadra" ou como um bloguer fez de repórter da História julgando que estava a descrever um acidente aéreo.
Com o desaparecimento virtual do bandido, sim porque do corpo parece que foi lançado aos crocodilos ou tubarões, vai ficar sempre a pairar a dúvida se ele foi mesmo limpo, se já o tinha sido ou se se tratava de um sósia que não tinha conseguido entrar naquele concurso da Easy-jet.
Já agora uma foto VERDADEIRA dava alguma credibilidade à operação, embora já circulem umas fotos pela net, bem photoshopadas, que nos fazem arrepiar de medo.
Fernando Nobre afinal...não entregou ainda a declaração do IRS.
O cabeça PSD por Lisboa, ou seja Fernando Nobre, disse hoje que não ganha o balúrdio que foi divulgado porque nem sequer ainda declarou o IRS de 2010. Mas podia ter adiantado quanto ganhou em 2009, pois a diferença não deve ser grande, embora tenha rendimentos como autor. Porventura daquele livro lamentável de fotografias que publicou há tempos.
Para quem defendeu a transparência na política isto já começa mal. Quem vem para a política tem de escancarar muito da sua vida, o que é violento, sem dúvida. Mas a política é cruel e faz-se pagar caro.
Há dias escrevi por aqui que este era um tipo de política de salsicheiro. Acabei por retirar pois não há "nexexidade" e os factos são por si tão lamentáveis que basta pura e simplesmente citá-los.
Portanto, a habitual cobardia que se refugia no anonimato na net, em comentários provocadores, facilmente detectáveis através do IP dado pelo "pidesco"Technorati, no Fatal não pega. Os blogues e as redes sociais não são jornalismo, não se regem pelas regras do mesmo, são espaços de opinião pessoal e também de irreverência que não são compatíveis num espaço informativo ou mesmo de opinião num meio afim. Embora a auto-regulação seja desejável e os princípios da moral também.
Para quem defendeu a transparência na política isto já começa mal. Quem vem para a política tem de escancarar muito da sua vida, o que é violento, sem dúvida. Mas a política é cruel e faz-se pagar caro.
Há dias escrevi por aqui que este era um tipo de política de salsicheiro. Acabei por retirar pois não há "nexexidade" e os factos são por si tão lamentáveis que basta pura e simplesmente citá-los.
Portanto, a habitual cobardia que se refugia no anonimato na net, em comentários provocadores, facilmente detectáveis através do IP dado pelo "pidesco"Technorati, no Fatal não pega. Os blogues e as redes sociais não são jornalismo, não se regem pelas regras do mesmo, são espaços de opinião pessoal e também de irreverência que não são compatíveis num espaço informativo ou mesmo de opinião num meio afim. Embora a auto-regulação seja desejável e os princípios da moral também.
quinta-feira, abril 07, 2011
quarta-feira, abril 06, 2011
Gostar ou não gostar de Sócrates
Fico admirado como muita gente com cultura política, e responsabilidades sociais, continua a ver no desempenho da política uma forma de fulanização. Olham para a política como olham para um clube de futebol, sem racionalidade, sem entenderem as circunstâncias. A célebre frase de que o homem é ele e as suas circunstâncias não pode ser mais útil quando abordamos a política.
Portanto: neste momento não me parece nada que o que está em causa é o facto de Sócrates ser um convencido, arrogante, habilidoso e teimoso. Nem me parece que o que está em causa para Portugal neste momento seja o facto de ter um primeiro-ministro que desliga o telefone a directores de jornais, que acha os jornalistas uns selvagens, que usa um fotógrafo oficial que é um misto de bodyguard e modelo do Continente, ou que tenha um tio que tem imensa graça e gosta de Aston Martin. E podíamos continuar com faits-divers divertidos sobre o engenheiro que tirou o diploma a pulso de um tabelião num domingo à matinée.
O que está em causa em Portugal é só isto: os últimos 20 anos foram vividos no paradigma do crescimento sem desenvolvimento estruturado, no ardil do crédito fácil, barato, e não controlado, de uma banca especuladora e parasita, que nem apoiou sequer a indústria produtiva. Todos vivemos à custa de um facilitismo dado pelo sistema capitalista: os mercados é que mandam, e mandam que cada cidadão seja um consumidor activo. A política passou a ser feita também nesse modelo: crédito para os autarcas-caciques, para as empresas públicas e para um Estado pesado, caro e muito pouco eficiente. Um Estado de burocratas, incompetentes, de chefinhos a serem conduzidos em carros cinzentos metalizados pagos por nós.
Este modelo até funcionava, até que um dia a banca globalizada perdeu triliões com a bronca da Lemon Brothers e agora tem que ir buscar o capital perdido ao elo mais fraco: os países mais fragilizados, mais devedores e mais reféns do seu desenvolvimento anémico, também fruto dos outros países com mais capacidade de produção. E também apostam no enfraquecimento do Euro a favor do dólar, claro.
A Europa perdeu o espírito inicial de Delors outros europeístas. A solidariedade política da Alemanha virou desprezo e arrogância através de Merkl ( da família do PSD) que vê nos países limítrofes um empecilho para o seu crescimento.
Portanto: com TGV ou sem, com mais auto-estradas ou menos, com menos serviço nacional de saúde, ou com menos educação, Portugal estaria hoje numa situação muito semelhante à que está. A Irlanda era o paradigma que sabemos, a Grécia era bestial pois até nos tinha ultrapassado, a Espanha até tinha superavit, A Itália continuava na maior e a vender Ferraris, a Bélgica um oásis, a Inglaterra notável depois da ensaboadela de Tatcher e dos anos Blair... Estamos a ver que hoje estão como nós, ou piores.
E os que aceitaram o FMI não ganharam estabilidade financeira nem económica, nem estão a crescer, e não vêm luz ao fundo do túnel.
Quem agora acha que a crise política que o Cavaco, o PSD e o CDS criaram, com o conluío do PCP e do BE ( é bom não esquecer), vai acabar numas eleições clarificadoras, com os rapazes de Passos Coelho aliados aos queques do CDS, abençoados por Cavaco, ou são ingénuos ou andam a ver muitos filmes de gangsters.
O chumbo das medidas que tinham sido aceites pelos parceiros europeus, o tal PEC 4 que era 3, foi a maior golpaça que alguma vez se fez políticamente em Portugal. Foi um crime contra os portugueses e um atentado bombista aos bolsos dos contribuintes e daqueles que vivem no limiar da sobrevivência.
Em nome da ganância, do ressabiamento, da jogada política. Um golpe de Estado sem mostrar alternativas, porque as alternativas que eles vão trazer serão muito mais dolorosas e desgraçadas para o país. Medidas para que os pobres fiquem desamparados, a classe média falida e os ricos cada vez mais ricos. Fim do Serviço Nacional de Saúde para todos, fim do ensino público para todos, fim de regalias sociais como o 13º mês, mudanças ainda mais radicais nas reformas, fim do despedimento sem justa causa, fim das indemnizações por desemprego, fim do actual sistema de subsidio de desemprego, aumento do IVA e tudo o que a imaginação sanguinolenta da direita tiver.
Chamar mentiroso ao Sócrates como quem chama mentiroso ao árbitro é mesmo de quem tem da política uma visão futeboleira. Mas não é esta gentinha que anda a levar Cavaco no andor há quase 30 anos? Queriam o quê? Assobiem o Sócrates e sigam o Cavaco. O abismo está a seguir.
Portanto: neste momento não me parece nada que o que está em causa é o facto de Sócrates ser um convencido, arrogante, habilidoso e teimoso. Nem me parece que o que está em causa para Portugal neste momento seja o facto de ter um primeiro-ministro que desliga o telefone a directores de jornais, que acha os jornalistas uns selvagens, que usa um fotógrafo oficial que é um misto de bodyguard e modelo do Continente, ou que tenha um tio que tem imensa graça e gosta de Aston Martin. E podíamos continuar com faits-divers divertidos sobre o engenheiro que tirou o diploma a pulso de um tabelião num domingo à matinée.
O que está em causa em Portugal é só isto: os últimos 20 anos foram vividos no paradigma do crescimento sem desenvolvimento estruturado, no ardil do crédito fácil, barato, e não controlado, de uma banca especuladora e parasita, que nem apoiou sequer a indústria produtiva. Todos vivemos à custa de um facilitismo dado pelo sistema capitalista: os mercados é que mandam, e mandam que cada cidadão seja um consumidor activo. A política passou a ser feita também nesse modelo: crédito para os autarcas-caciques, para as empresas públicas e para um Estado pesado, caro e muito pouco eficiente. Um Estado de burocratas, incompetentes, de chefinhos a serem conduzidos em carros cinzentos metalizados pagos por nós.
Este modelo até funcionava, até que um dia a banca globalizada perdeu triliões com a bronca da Lemon Brothers e agora tem que ir buscar o capital perdido ao elo mais fraco: os países mais fragilizados, mais devedores e mais reféns do seu desenvolvimento anémico, também fruto dos outros países com mais capacidade de produção. E também apostam no enfraquecimento do Euro a favor do dólar, claro.
A Europa perdeu o espírito inicial de Delors outros europeístas. A solidariedade política da Alemanha virou desprezo e arrogância através de Merkl ( da família do PSD) que vê nos países limítrofes um empecilho para o seu crescimento.
Portanto: com TGV ou sem, com mais auto-estradas ou menos, com menos serviço nacional de saúde, ou com menos educação, Portugal estaria hoje numa situação muito semelhante à que está. A Irlanda era o paradigma que sabemos, a Grécia era bestial pois até nos tinha ultrapassado, a Espanha até tinha superavit, A Itália continuava na maior e a vender Ferraris, a Bélgica um oásis, a Inglaterra notável depois da ensaboadela de Tatcher e dos anos Blair... Estamos a ver que hoje estão como nós, ou piores.
E os que aceitaram o FMI não ganharam estabilidade financeira nem económica, nem estão a crescer, e não vêm luz ao fundo do túnel.
Quem agora acha que a crise política que o Cavaco, o PSD e o CDS criaram, com o conluío do PCP e do BE ( é bom não esquecer), vai acabar numas eleições clarificadoras, com os rapazes de Passos Coelho aliados aos queques do CDS, abençoados por Cavaco, ou são ingénuos ou andam a ver muitos filmes de gangsters.
O chumbo das medidas que tinham sido aceites pelos parceiros europeus, o tal PEC 4 que era 3, foi a maior golpaça que alguma vez se fez políticamente em Portugal. Foi um crime contra os portugueses e um atentado bombista aos bolsos dos contribuintes e daqueles que vivem no limiar da sobrevivência.
Em nome da ganância, do ressabiamento, da jogada política. Um golpe de Estado sem mostrar alternativas, porque as alternativas que eles vão trazer serão muito mais dolorosas e desgraçadas para o país. Medidas para que os pobres fiquem desamparados, a classe média falida e os ricos cada vez mais ricos. Fim do Serviço Nacional de Saúde para todos, fim do ensino público para todos, fim de regalias sociais como o 13º mês, mudanças ainda mais radicais nas reformas, fim do despedimento sem justa causa, fim das indemnizações por desemprego, fim do actual sistema de subsidio de desemprego, aumento do IVA e tudo o que a imaginação sanguinolenta da direita tiver.
Chamar mentiroso ao Sócrates como quem chama mentiroso ao árbitro é mesmo de quem tem da política uma visão futeboleira. Mas não é esta gentinha que anda a levar Cavaco no andor há quase 30 anos? Queriam o quê? Assobiem o Sócrates e sigam o Cavaco. O abismo está a seguir.
terça-feira, março 22, 2011
Fotógrafo de Sócrates faz campanha pelo Continente
O fotógrafo oficial de Sócrates passou para o outro lado da máquina e faz de modelo na campanha do Continente. por este andar ainda vamos ver Sócrates a posar armado em Gorbatchev para uma campanha de malas Luis Vitão de Paços de Ferreira!!!
Morreu Artur Agostinho
Morreu Artur Agostinho. A notícia é triste. O Artur era uma força viva da cultura portuguesa. Conseguiu atravessar um longo tempo da vida portuguesa, desde os anos 40 até hoje. Sempre a trabalhar e a fazê-lo com um talento que mais não era consequência do seu amor pela vida. Há semanas atrás numa entrevista a Judite de Sousa, confessava como gostava de viver e como seria triste ter de deixar de poder usufruir desta perfeição universal. Falou da dor que foi perder um neto e do tempo em que foi perseguyido e teve de fugir para o Brasil, logo após o 25 de Abril.
O Artur faz parte da minha memória de infância. Lembro-me de o ver ao volante de um Peugeut 403 azul, na Rua Reinaldo Ferreira, onde ele costumava ir a uma farmácia. Ele foi o verdaeiro Sr. televisão. Foi apresentador, jornalista, animador, actor. Fotografei-o há uns anos nos estúdios da NBP, quando fotografava para um livro da produtora. Era de uma dedicação profissional ímpar.
O Artur merecia de Deus um pouquinho mais de tempo de antena terreno.
O Artur faz parte da minha memória de infância. Lembro-me de o ver ao volante de um Peugeut 403 azul, na Rua Reinaldo Ferreira, onde ele costumava ir a uma farmácia. Ele foi o verdaeiro Sr. televisão. Foi apresentador, jornalista, animador, actor. Fotografei-o há uns anos nos estúdios da NBP, quando fotografava para um livro da produtora. Era de uma dedicação profissional ímpar.
O Artur merecia de Deus um pouquinho mais de tempo de antena terreno.
segunda-feira, março 14, 2011
À rasca sem causa.
Há várias panelas de pressão social a ferver em Portugal. E na Europa. O descontentamento e a frustração é geral nas gerações mais novas e há desespero incerteza e medo nas gerações dos pais e avós daqueles que se manifestaram no passado sábado um pouco por todos o país.
As razões para o estado de coisas a que tudo isto chegou são vastas e não se podem reduzir a este ou aquele nome da liderança política. Todos têm responsabilidades. Os políticos, os empresários e o povo.
Nos últimos 20 anos construímos uma sociedade assente no paradigma do consumo, do crédito e do facilitismo, quer na vida estudantil, quer no Mundo do trabalho. O início desta aventura sem regresso começou com os anos de fartura do cavaquismo, com milhões de euros a entrarem diariamente no país
(mesmo antes do euro) em forma de projectos que estavam mal estruturados, subsídios a fundos perdidos, facilidade do crédito muitas vezes quase a juros zero.
A escola tornou-se fácil, o negócio das universidades privadas e subsidiadas pelo Estado produziu milhares de licenciados analfabetos (começando pelo primeiro-ministro), cursos inúteis, ilusões de uma formação académica de bórla. Os empresários preferiram jogar na bolsa ou por a massa lá fora em aplicações de retorno fabuloso e marimbaram-se em ter empresas modernas, com vocação para exportarem e criarem sólidos empregos. Os políticos optaram pelo marketing, apagaram a ideologia dos partidos e muito pior: afastaram-se dos eleitores num tempo em que a interacção está na sociedade, começando nas redes sociais.
Os partidos envelheceram e engordaram uma casta de parasitas que vivem de tachos, empregos a termo, graxa.
As empresas desprezaram a produtividade, já que pagando pouco nunca tiveram grande urgência em racionalizar meios. As responsabilidades sociais das empresas são cada vez menos. Têm como objectivo lucros sem protagonismo social. E também é verdade que muitas empresas já não conseguem pagar 14 meses por ano a quem trabalha 11, mais impostos e descontos brutais para a segurança social.
As novas gerações marimbaram-se na política e sempre consideraram como adquiridos os direitos, a democracia. Como nunca tiveram que lutar por nada, tudo lhes foi dado de bandeja, sempre acharam que tinham direito a um emprego, carro para irem para a faculdade, dinheiro para ir às discotecas, comprarem roupa de marca e irem de férias para o estrangeiro. A ideia de trabalho, mérito e competência, nunca foi interiorizada pela juventude.
O resultado está aí. Mesmo os trabalhadores séniores caíram na maior das comodidades.
Veja-se o que aconteceu na classe dos jornalistas tradicionalmente irreverente. O sindicato passou a ter um papel irrelevante, as comissões de trabalhadores perderam todo o poder e até os conselhos de redacção ficaram vazios de poder. Quando Sócrates acabou com a Caixa dos Jornalistas, um atentado vil contra a classe, não houve ninguém a reclamar. Quando empresas como o JN despediram cento e tal jornalistas de uma forma selvagem, a repercussão foi quase nula na classe.
A forma como a entrada de estagiários e de arregimentados a recibos verdes tem invadido as redacções, transformando o jornalismo numa actividade praticada por inexperientes e assalariados com cotação mais baixa que uma mulher a dias....silêncio, ninguém tugiu nem mugiu.
Veja-se o que aconteceu no mundo da fotografia profissional. Foi invadido por putos a viverem nas casas dos pais com uns kits Canon ao ombro e a aceitarem trabalhos por preços inferiores aos de estafeta de pizas. Rebentaram o mercado, lançaram o amadorismo e nunca serão ninguém na profissão porque desceram ao nível mais rasteiro. Mas aprenderem fotografia, estudarem e fazerem um esforço por serem diferentes, raramente se vê essa atitude.
O xico-espertismo deu lugar ao saber e ao estudo. Aliás, Sócrates é o melhor exemplo do facilitismo: tirou o curso pela sorrelfa numa espécie de rifa.
Portanto: as manifestações de sábado, são o reflexo destes anos sem luta e sem consciência de classe.
Num país que acaba de reeleger um presidente que no final do mandato vai ter tantos anos de poder como o defunto Moubarak, um eleitorado abstencionista que nem se manifesta das eleições, um povo que não se manifesta como opinião pública, que não participa e que se rendeu às maravilhas que julgavam adquiridas, estavam à espera de quê? De que os paizinhos lhes arranjasse, emprego? Isso era dantes!
Sem ideologia e sem luta política não se vai a nenhum lado. Nada é dado de bandeja. E a democracia conquista-se diariamente. Em todas as frentes. na escola, no trabalho, na família, na vida. Temos de saber o que queremos e para onde queremos ir.
As razões para o estado de coisas a que tudo isto chegou são vastas e não se podem reduzir a este ou aquele nome da liderança política. Todos têm responsabilidades. Os políticos, os empresários e o povo.
Nos últimos 20 anos construímos uma sociedade assente no paradigma do consumo, do crédito e do facilitismo, quer na vida estudantil, quer no Mundo do trabalho. O início desta aventura sem regresso começou com os anos de fartura do cavaquismo, com milhões de euros a entrarem diariamente no país
(mesmo antes do euro) em forma de projectos que estavam mal estruturados, subsídios a fundos perdidos, facilidade do crédito muitas vezes quase a juros zero.
A escola tornou-se fácil, o negócio das universidades privadas e subsidiadas pelo Estado produziu milhares de licenciados analfabetos (começando pelo primeiro-ministro), cursos inúteis, ilusões de uma formação académica de bórla. Os empresários preferiram jogar na bolsa ou por a massa lá fora em aplicações de retorno fabuloso e marimbaram-se em ter empresas modernas, com vocação para exportarem e criarem sólidos empregos. Os políticos optaram pelo marketing, apagaram a ideologia dos partidos e muito pior: afastaram-se dos eleitores num tempo em que a interacção está na sociedade, começando nas redes sociais.
Os partidos envelheceram e engordaram uma casta de parasitas que vivem de tachos, empregos a termo, graxa.
As empresas desprezaram a produtividade, já que pagando pouco nunca tiveram grande urgência em racionalizar meios. As responsabilidades sociais das empresas são cada vez menos. Têm como objectivo lucros sem protagonismo social. E também é verdade que muitas empresas já não conseguem pagar 14 meses por ano a quem trabalha 11, mais impostos e descontos brutais para a segurança social.
As novas gerações marimbaram-se na política e sempre consideraram como adquiridos os direitos, a democracia. Como nunca tiveram que lutar por nada, tudo lhes foi dado de bandeja, sempre acharam que tinham direito a um emprego, carro para irem para a faculdade, dinheiro para ir às discotecas, comprarem roupa de marca e irem de férias para o estrangeiro. A ideia de trabalho, mérito e competência, nunca foi interiorizada pela juventude.
O resultado está aí. Mesmo os trabalhadores séniores caíram na maior das comodidades.
Veja-se o que aconteceu na classe dos jornalistas tradicionalmente irreverente. O sindicato passou a ter um papel irrelevante, as comissões de trabalhadores perderam todo o poder e até os conselhos de redacção ficaram vazios de poder. Quando Sócrates acabou com a Caixa dos Jornalistas, um atentado vil contra a classe, não houve ninguém a reclamar. Quando empresas como o JN despediram cento e tal jornalistas de uma forma selvagem, a repercussão foi quase nula na classe.
A forma como a entrada de estagiários e de arregimentados a recibos verdes tem invadido as redacções, transformando o jornalismo numa actividade praticada por inexperientes e assalariados com cotação mais baixa que uma mulher a dias....silêncio, ninguém tugiu nem mugiu.
Veja-se o que aconteceu no mundo da fotografia profissional. Foi invadido por putos a viverem nas casas dos pais com uns kits Canon ao ombro e a aceitarem trabalhos por preços inferiores aos de estafeta de pizas. Rebentaram o mercado, lançaram o amadorismo e nunca serão ninguém na profissão porque desceram ao nível mais rasteiro. Mas aprenderem fotografia, estudarem e fazerem um esforço por serem diferentes, raramente se vê essa atitude.
O xico-espertismo deu lugar ao saber e ao estudo. Aliás, Sócrates é o melhor exemplo do facilitismo: tirou o curso pela sorrelfa numa espécie de rifa.
Portanto: as manifestações de sábado, são o reflexo destes anos sem luta e sem consciência de classe.
Num país que acaba de reeleger um presidente que no final do mandato vai ter tantos anos de poder como o defunto Moubarak, um eleitorado abstencionista que nem se manifesta das eleições, um povo que não se manifesta como opinião pública, que não participa e que se rendeu às maravilhas que julgavam adquiridas, estavam à espera de quê? De que os paizinhos lhes arranjasse, emprego? Isso era dantes!
Sem ideologia e sem luta política não se vai a nenhum lado. Nada é dado de bandeja. E a democracia conquista-se diariamente. Em todas as frentes. na escola, no trabalho, na família, na vida. Temos de saber o que queremos e para onde queremos ir.
quarta-feira, março 09, 2011
Que mais nos vai acontecer?
Está tudo contra nós. As agências de rating, o preço do petróleo, as manifestações árabes, a subida dos juros ditadas pelo BCE, o comércio mundial, a mão de obra barata do Oriente, a ganância alemã, a desunião europeia...parece que não há nada que nos possa valer.
Temos a juntar a tudo isto, e muito mais de que não me veio ao correr da pena, uma classe política mais medíocre do que a crise. Quando precisávamos de políticos com visão e capacidade para nos ajudarem a saír da crise, temos medíocres, arrivistas e empertigados.
Começa no governo, mas prolonga-se para a oposição. O PSD é um partido de esfomeados pelo poder, um grupo que não conseguiu ultrapassar a fase da adolescência política que são as juventudes partidárias.
Passos Coelho já provou que não tem carisma, experiência e que não consegue levar muita gente atrás de si, tirando o seu clone Relvas. O mesmo que se delicia frente ao Mário Crespo a mostrar mapas de sondagens onde o PSD ganharia ao PS, passando uma rasteira ao governo enquanto o Professor do alto do seu estrado em Belém fizesse de conta que não viu, pois estava de costas a fazer umas contas de sumir.
Se juntarmos os sound-bites de PPortas e o alarido demagógico do BE, resta o PCP com a sua reserva. Demasiado mau para reconstruír um país. Uma oposição ao nível do governo. Para pior.
Chegados aqui estamos no desespero, numa viagem sem regresso. Podemos meter a cabeça na areia, esperar que passe, que algo possa vir para nos ajudar a sairmos do pântano.
Todos duvidamos. Ah! Esperem! Cavaco vai tomar posse! Afinal temos salvador! O homem prometeu e ele cumpre, segundo os oráculos e o bom povo português que votou nele! O povinho nunca se engana!
"O povo tem que acreditarr em qualquer coisa"- como dizia o Presidente de Poeira, em "Rango", o filme que vi ontem e que tão bem fala de Portugal sem o saber.
Temos a juntar a tudo isto, e muito mais de que não me veio ao correr da pena, uma classe política mais medíocre do que a crise. Quando precisávamos de políticos com visão e capacidade para nos ajudarem a saír da crise, temos medíocres, arrivistas e empertigados.
Começa no governo, mas prolonga-se para a oposição. O PSD é um partido de esfomeados pelo poder, um grupo que não conseguiu ultrapassar a fase da adolescência política que são as juventudes partidárias.
Passos Coelho já provou que não tem carisma, experiência e que não consegue levar muita gente atrás de si, tirando o seu clone Relvas. O mesmo que se delicia frente ao Mário Crespo a mostrar mapas de sondagens onde o PSD ganharia ao PS, passando uma rasteira ao governo enquanto o Professor do alto do seu estrado em Belém fizesse de conta que não viu, pois estava de costas a fazer umas contas de sumir.
Se juntarmos os sound-bites de PPortas e o alarido demagógico do BE, resta o PCP com a sua reserva. Demasiado mau para reconstruír um país. Uma oposição ao nível do governo. Para pior.
Chegados aqui estamos no desespero, numa viagem sem regresso. Podemos meter a cabeça na areia, esperar que passe, que algo possa vir para nos ajudar a sairmos do pântano.
Todos duvidamos. Ah! Esperem! Cavaco vai tomar posse! Afinal temos salvador! O homem prometeu e ele cumpre, segundo os oráculos e o bom povo português que votou nele! O povinho nunca se engana!
"O povo tem que acreditarr em qualquer coisa"- como dizia o Presidente de Poeira, em "Rango", o filme que vi ontem e que tão bem fala de Portugal sem o saber.
segunda-feira, fevereiro 28, 2011
Nobre desceu hoje à Terra!
Fernando Nobre desceu hoje de novo à Terra pela mão de Mário Crespo. Promete em Maio, o mês da Virgem, revelações que irão deixar até lá o país em suspenso.
Nobre tem todos os condimentos para uma salsicharia política populista: os partidos provocam-lhe naúsea, os políticos sim-está bem-têm-de- existir, e o seu tom é o de um iluminado, um visionário que pode até ajudar à formação de um bloco central, se o seu mentor Mário Soares assim o consentir.
Presunção e água benta...mas que aquele jantar em casa de MSoares com Sócrates como pau de cabeleira, é bem sintomático do mundo desgraçado da política...é não é? Lá isso é!
Um mundo sem solidariedade, nem amigos. Um mundo que está a fascinar o médico que durante anos frequentou um outro mundo: cão mas mais solidário do que este da voz do dono.
Nobre tem todos os condimentos para uma salsicharia política populista: os partidos provocam-lhe naúsea, os políticos sim-está bem-têm-de- existir, e o seu tom é o de um iluminado, um visionário que pode até ajudar à formação de um bloco central, se o seu mentor Mário Soares assim o consentir.
Presunção e água benta...mas que aquele jantar em casa de MSoares com Sócrates como pau de cabeleira, é bem sintomático do mundo desgraçado da política...é não é? Lá isso é!
Um mundo sem solidariedade, nem amigos. Um mundo que está a fascinar o médico que durante anos frequentou um outro mundo: cão mas mais solidário do que este da voz do dono.
domingo, fevereiro 27, 2011
O jornalismo e o poder popular.
Num artigo que vi há pouco, cerca de 60 por cento dos jovens americanos sabem das notícias através do Facebook. Se nos lembrarmos das imagens mais emocionantes e feitas ao vivo, que nos devolveram os últimos dias atribulados nos países árabes, todas elas foram captadas por testemunhas que usaram o telemóvel, e muito poucas imagens fixas ou em movimento eram produzidas por jornalistas.
Claro que os repórteres chegaram depois, e mostraram o que puderam, muitas vezes ao longe. Muitos deles pagaram com a vida a sua presença no meio das multidões em fúria. Outros, como a repórter da CBS, foram agredidos e mutilados.
Tudo isto dá que pensar. A informação chega hoje mais rapidamente através das redes sociais do que da imprensa tradicional. O que sendo bom, pelo lado da rapidez e do testemunho directo, é perigoso pois são factos publicados sem enquadramento, sem regras éticas, sem um código de honra.
Outro caso que escandalizou Portugal na passada semana, foi o vídeo feito por um grupo especial da polícia que teve de entrar numa cela de um preso usando uma arma de imobilização.
O vídeo foi feito para servir de auto de polícia e acabou por vir parar às televisões, sem enquadramento jornalístico, acabando por criar um facto político e alguns minutos violentos, e lamentáveis, a passarem nos telejornais à hora em que as crianças estão a ver televisão.
Esta ligeireza com que se exibem imagens e se trata a informação está a criar um verdadeiro tsunami na informação. Os cidadãos parecem ter mais agilidade do que os bravos repórteres das televisões e das agências. Os jornalistas ficam reduzidos ao papel de comentadores políticos e aparecem a dizer banalidades em directo, em zonas de fronteira seguras, só para as televisões dizerem que têm enviados especiais à guerra.
Se a imprensa tradicional não souber inverter esta tendência de deixar aos populares a iniciativa da informação a quente, vamos ver mais cedo ou mais tarde também o jornalismo cair na rua.
Tal como os poderes árabes que caíram na rua nas últimas semanas. Esta revolução global e digital, irá ditar uma nova ordem no jornalismo. Também aqui a democracia é bem-vinda, mas tal como nas recentes euforias dos países árabes, não sabemos se o que virá não será apenas mais do mesmo. Ou mesmo pior, muito pior.
Claro que os repórteres chegaram depois, e mostraram o que puderam, muitas vezes ao longe. Muitos deles pagaram com a vida a sua presença no meio das multidões em fúria. Outros, como a repórter da CBS, foram agredidos e mutilados.
Tudo isto dá que pensar. A informação chega hoje mais rapidamente através das redes sociais do que da imprensa tradicional. O que sendo bom, pelo lado da rapidez e do testemunho directo, é perigoso pois são factos publicados sem enquadramento, sem regras éticas, sem um código de honra.
Outro caso que escandalizou Portugal na passada semana, foi o vídeo feito por um grupo especial da polícia que teve de entrar numa cela de um preso usando uma arma de imobilização.
O vídeo foi feito para servir de auto de polícia e acabou por vir parar às televisões, sem enquadramento jornalístico, acabando por criar um facto político e alguns minutos violentos, e lamentáveis, a passarem nos telejornais à hora em que as crianças estão a ver televisão.
Esta ligeireza com que se exibem imagens e se trata a informação está a criar um verdadeiro tsunami na informação. Os cidadãos parecem ter mais agilidade do que os bravos repórteres das televisões e das agências. Os jornalistas ficam reduzidos ao papel de comentadores políticos e aparecem a dizer banalidades em directo, em zonas de fronteira seguras, só para as televisões dizerem que têm enviados especiais à guerra.
Se a imprensa tradicional não souber inverter esta tendência de deixar aos populares a iniciativa da informação a quente, vamos ver mais cedo ou mais tarde também o jornalismo cair na rua.
Tal como os poderes árabes que caíram na rua nas últimas semanas. Esta revolução global e digital, irá ditar uma nova ordem no jornalismo. Também aqui a democracia é bem-vinda, mas tal como nas recentes euforias dos países árabes, não sabemos se o que virá não será apenas mais do mesmo. Ou mesmo pior, muito pior.
sexta-feira, fevereiro 11, 2011
Passos a reboque do Bloco. A infantilidade do PSD.
Confesso que estou um pouco cansado de falar de política. Por isso o Instante Fatal tem-se ressentido da minha pouca aplicação, também traído com a rapidez, agilidade e interactividade do Facebook.
Hoje como está fresquinho, é sexta-feira e o Sol entra pelo meu estúdio na LxFactory, e porque não tendo vindo na minha mula HD, vim a ouvir o rádio num engarrafamento deprimente, hoje,escrevia eu, apetece-me falar desta palhaçada que é a moção de censura dos meus amigos do Bloco de Esquerda. Mas também da do PCP. E da falta de coragem, de rumo e de táctica de treinador político de café que é Passos Coelho.
Ao engasgar sobre a moção do Bloco de Esquerda, Passos e seus seguidores, mostraram uma cobardia política miserável, uma total falta de estratégia. Revelaram que são frágeis, volúveis e que até o Bloco os pode assustar e surpreender. Uns garotos a fazerem política com voz grossa e bem colocada, como se falar ao povo fosse o mesmo que estar a fazer a locução de um programa de rádio do antigamente.
Passos Coelho não tem estaleca, não tem experiência e a sua ansiedade por ir para o poder é incontrolável. Como um carro defeituoso Passos acelera demasiado para a capacidade dos seus travões. Brrrrrr!! PUM!.
Ontem, de visita à Assembleia da República, entrei no hemiciclo estava Sócrates a responder ao PSD. E muito bem: o que o PSD quer, juntamente com o partido do político há mais tempo como dirigente partidário, Paulo Portas,é usarem o ataque de que Portugal está a ser alvo pelas agências de ranking, para forçarem a vinda do FMI durante o governo do PS, deixarem que as políticas impopulares sejam impostas de fora e que o PS possa ter o ónus de ter levado o país ao fundo. Eles virão como os salvadores, os génios, os que vão conseguir por o país a exportar em força, a pagar a dívida num abrir e fechar de olhos, que vão privatizar a CP, o serviço nacional de saúde, vão liberalizar os despedimentos, limpar milhares de funcionários públicos, baixar os impostos, eles vão fazer de Portugal um país em tudo acima dos rankings da qualidade da Europa.
Eles têm a fórmula mágica. Não são políticos. Coelho e Portas e tudo à volta, são os druídas da política, que com a grande mão do grande satã da direita portuguesa, que é Cavaco Silva, irão meter Portugal nos eixos. Vão fazer Portugal ultrapassar a Grécia, a Irlanda, Espanha, Itália, Bélgica, Inglaterra, até o Estado da Califórnia. Esta direita tem a solução. mas é a solução final para Portugal. Uma solução para possibilitar o crescimento desmesurado da classe média alta, de meia dúzia de empresas monopolistas e de meterem o garrote nas pequenas e médias empresas.
Podemos detestar Sócrates. Ele pode ser um mentiroso. Mas é o nosso mentiroso. Claro, que se as medidas deste governo são socialistas eu quero ser da extrema-direita! Mas o que está agora em causa não é acharmos que Sócrates tem uma obra de engenhocas e arquitonto equivalente a um Siza, ou se tem amigos detestáveis ou se odeia jornalistas e tem um fotógrafo oficial execrável. O que conta agora é que as hienas que estão no bloco da direita, e que uivam e salivam, pelo Poder, serão a solução final, juntamente com Cavaco, para que este país perca o pouco que lhe resta de decência, Estado Social e consciência de classe.
A moção do Bloco e a do PCP são de uma leviandade total. A única coisa com piada da Moção do Bloco, é que acontecerá no primeiro dia em que Cavaco vai reiniciar o seu segundo mandato. Um mandato que vai fazer dele o político europeu no activo com os mesmos anos de Poder de Moubarak.
Hoje como está fresquinho, é sexta-feira e o Sol entra pelo meu estúdio na LxFactory, e porque não tendo vindo na minha mula HD, vim a ouvir o rádio num engarrafamento deprimente, hoje,escrevia eu, apetece-me falar desta palhaçada que é a moção de censura dos meus amigos do Bloco de Esquerda. Mas também da do PCP. E da falta de coragem, de rumo e de táctica de treinador político de café que é Passos Coelho.
Ao engasgar sobre a moção do Bloco de Esquerda, Passos e seus seguidores, mostraram uma cobardia política miserável, uma total falta de estratégia. Revelaram que são frágeis, volúveis e que até o Bloco os pode assustar e surpreender. Uns garotos a fazerem política com voz grossa e bem colocada, como se falar ao povo fosse o mesmo que estar a fazer a locução de um programa de rádio do antigamente.
Passos Coelho não tem estaleca, não tem experiência e a sua ansiedade por ir para o poder é incontrolável. Como um carro defeituoso Passos acelera demasiado para a capacidade dos seus travões. Brrrrrr!! PUM!.
Ontem, de visita à Assembleia da República, entrei no hemiciclo estava Sócrates a responder ao PSD. E muito bem: o que o PSD quer, juntamente com o partido do político há mais tempo como dirigente partidário, Paulo Portas,é usarem o ataque de que Portugal está a ser alvo pelas agências de ranking, para forçarem a vinda do FMI durante o governo do PS, deixarem que as políticas impopulares sejam impostas de fora e que o PS possa ter o ónus de ter levado o país ao fundo. Eles virão como os salvadores, os génios, os que vão conseguir por o país a exportar em força, a pagar a dívida num abrir e fechar de olhos, que vão privatizar a CP, o serviço nacional de saúde, vão liberalizar os despedimentos, limpar milhares de funcionários públicos, baixar os impostos, eles vão fazer de Portugal um país em tudo acima dos rankings da qualidade da Europa.
Eles têm a fórmula mágica. Não são políticos. Coelho e Portas e tudo à volta, são os druídas da política, que com a grande mão do grande satã da direita portuguesa, que é Cavaco Silva, irão meter Portugal nos eixos. Vão fazer Portugal ultrapassar a Grécia, a Irlanda, Espanha, Itália, Bélgica, Inglaterra, até o Estado da Califórnia. Esta direita tem a solução. mas é a solução final para Portugal. Uma solução para possibilitar o crescimento desmesurado da classe média alta, de meia dúzia de empresas monopolistas e de meterem o garrote nas pequenas e médias empresas.
Podemos detestar Sócrates. Ele pode ser um mentiroso. Mas é o nosso mentiroso. Claro, que se as medidas deste governo são socialistas eu quero ser da extrema-direita! Mas o que está agora em causa não é acharmos que Sócrates tem uma obra de engenhocas e arquitonto equivalente a um Siza, ou se tem amigos detestáveis ou se odeia jornalistas e tem um fotógrafo oficial execrável. O que conta agora é que as hienas que estão no bloco da direita, e que uivam e salivam, pelo Poder, serão a solução final, juntamente com Cavaco, para que este país perca o pouco que lhe resta de decência, Estado Social e consciência de classe.
A moção do Bloco e a do PCP são de uma leviandade total. A única coisa com piada da Moção do Bloco, é que acontecerá no primeiro dia em que Cavaco vai reiniciar o seu segundo mandato. Um mandato que vai fazer dele o político europeu no activo com os mesmos anos de Poder de Moubarak.
sexta-feira, janeiro 28, 2011
quinta-feira, janeiro 27, 2011
Parquímetros para ler jornais na net?
Sobre pagar ou não pagar conteúdos na internet. A minha opinião:
O ADN da internet é a livre partilha. O sucesso do YouTube, do Google, só para citar os maiores, deve-se à sua grande utilidade, á forma amigável como servem os usuários, à gratuitidade.
A internet já é paga, e bem paga, por todos nós que temos assinaturas e muitas vezes várias assinaturas. Contratos que comtemplam televisão, telefone e internet. Só eu tenho 3 assinaturas, o que representa uma renda considerável.
Portanto: pagar para ter acesso a conteúdos na net é difícil de aceitar. O negócio da internet não está "dentro" da internet mas sim naquilo que ela gera fora. Isto é: o negócio de um jornal não está directamente no seu online mas no negócio que ele pode gerar: mais leitores na edição impressa, maior influência perante um público muito mais vasto do que o do papel. O online tem um protagonismo fundamental no agarrar dos leitores muitas vezes ao minuto e poder criar uma comunidade vasta, que por si é um valor de mercado valioso.
O que eu gasto em anúncios e tempo na internet a promover os meus cursos não está na net, está no negócio que gera no meu estúdio.
O online paga-se com a mais valia da comunidade aderente ( uma multidão influente e consumidora ) e com a publicidade gerada com as milhares ou milhões de páginas vistas. Um blogue como o Instante Fatal, o ano passado com uma média de 600 visitas diárias, conseguiu facturar mil euros de publicidade. Pouco? Claro. Mas não sei se um jornal online terá gerado o proporcional em rendimento publicitário.
O sonho de os jornais deixarem de ser impressos em papel e pagos na net a um preço semelhante, poupando-se no papel, na tipografia, na distribuição, numa redacção menos ambiciosa, em troca de uns vídeos amadores, de umas fotogalerias enfastiosas ou de umas notícias requentadas com títulos a roçarem o Correio da Manhã na sua secção de sociedade, não é viável.
Os leitores estão a abandonar a compra dos jornais não é por serem em papel. É por serem dispensáveis, porque a qualidade baixou, quando se trocou o conteúdo pela embalagem, a reportagem pelo jornalismo sentado, a investigação
pela análise dos espertos que vão à televisão.
Uma edição banal tanto o é no papel como no iPad. Com a desvantagem no iPad pois o gato não pode usar o papel numa operação de convergência doméstica.
Claro que o senhor Murdock, uma figura nada recomendável para se seguir em política de jornais e televisão, um coveiro neo-liberal do jornalismo, com muitos adeptos por cá, tentou com um pequeno sucesso esta operação de parquímetro no Wall Street Journal. Mas o New York Times acabou por voltar a abrir os conteúdos da sua edição online depois de um fracasso total. Está agora a tentar repetir a experiência, mas sem negar as maiores dúvidas.
É curioso, e preocupante, que quem aparece a defender o pagamento das edições online, são muitas vezes os que nada contribuíram para jornais online fortes, com uma linguagem multimédia, com uma escrita eficaz para a net, com uma equipa de excelência. Gostava de ver edições online de grande qualidade e não réplicas medíocres das já sofríveis edições de papel.
A qualidade de uma edição online não está no facto de ter uma edição para iPad. Aliás por 150 euros qualquer jornal da paróquia tem a sua edição na Apple Store, embora haja quem faça dessa operação banal, um feito glorioso de grande génio editorial. A qualidade de uma edição online está na qualidade e na inovação. Na escrita, nas fotografias, nos vídeos, na infografia, na agilidade da notícia, no cross-promotion das várias edições impressas, online, rádio e TV. A qualidade está na grestão de uma redacção sénior, competente, repartida por editores com autonomia que possam distribuir os conteúdos em função das plataformas diferentes e das diferentes velocidades de informar.
Enquanto a possibilidade de fazer um clique nos possibilitar de mudar de site, vai ser difícil convencer alguém a pagar. A não ser que a oferta seja na verdade irresistível e consiga subverter a grande dimensão democrática da internet: partilhar em total liberdade, sem custos.
O ADN da internet é a livre partilha. O sucesso do YouTube, do Google, só para citar os maiores, deve-se à sua grande utilidade, á forma amigável como servem os usuários, à gratuitidade.
A internet já é paga, e bem paga, por todos nós que temos assinaturas e muitas vezes várias assinaturas. Contratos que comtemplam televisão, telefone e internet. Só eu tenho 3 assinaturas, o que representa uma renda considerável.
Portanto: pagar para ter acesso a conteúdos na net é difícil de aceitar. O negócio da internet não está "dentro" da internet mas sim naquilo que ela gera fora. Isto é: o negócio de um jornal não está directamente no seu online mas no negócio que ele pode gerar: mais leitores na edição impressa, maior influência perante um público muito mais vasto do que o do papel. O online tem um protagonismo fundamental no agarrar dos leitores muitas vezes ao minuto e poder criar uma comunidade vasta, que por si é um valor de mercado valioso.
O que eu gasto em anúncios e tempo na internet a promover os meus cursos não está na net, está no negócio que gera no meu estúdio.
O online paga-se com a mais valia da comunidade aderente ( uma multidão influente e consumidora ) e com a publicidade gerada com as milhares ou milhões de páginas vistas. Um blogue como o Instante Fatal, o ano passado com uma média de 600 visitas diárias, conseguiu facturar mil euros de publicidade. Pouco? Claro. Mas não sei se um jornal online terá gerado o proporcional em rendimento publicitário.
O sonho de os jornais deixarem de ser impressos em papel e pagos na net a um preço semelhante, poupando-se no papel, na tipografia, na distribuição, numa redacção menos ambiciosa, em troca de uns vídeos amadores, de umas fotogalerias enfastiosas ou de umas notícias requentadas com títulos a roçarem o Correio da Manhã na sua secção de sociedade, não é viável.
Os leitores estão a abandonar a compra dos jornais não é por serem em papel. É por serem dispensáveis, porque a qualidade baixou, quando se trocou o conteúdo pela embalagem, a reportagem pelo jornalismo sentado, a investigação
pela análise dos espertos que vão à televisão.
Uma edição banal tanto o é no papel como no iPad. Com a desvantagem no iPad pois o gato não pode usar o papel numa operação de convergência doméstica.
Claro que o senhor Murdock, uma figura nada recomendável para se seguir em política de jornais e televisão, um coveiro neo-liberal do jornalismo, com muitos adeptos por cá, tentou com um pequeno sucesso esta operação de parquímetro no Wall Street Journal. Mas o New York Times acabou por voltar a abrir os conteúdos da sua edição online depois de um fracasso total. Está agora a tentar repetir a experiência, mas sem negar as maiores dúvidas.
É curioso, e preocupante, que quem aparece a defender o pagamento das edições online, são muitas vezes os que nada contribuíram para jornais online fortes, com uma linguagem multimédia, com uma escrita eficaz para a net, com uma equipa de excelência. Gostava de ver edições online de grande qualidade e não réplicas medíocres das já sofríveis edições de papel.
A qualidade de uma edição online não está no facto de ter uma edição para iPad. Aliás por 150 euros qualquer jornal da paróquia tem a sua edição na Apple Store, embora haja quem faça dessa operação banal, um feito glorioso de grande génio editorial. A qualidade de uma edição online está na qualidade e na inovação. Na escrita, nas fotografias, nos vídeos, na infografia, na agilidade da notícia, no cross-promotion das várias edições impressas, online, rádio e TV. A qualidade está na grestão de uma redacção sénior, competente, repartida por editores com autonomia que possam distribuir os conteúdos em função das plataformas diferentes e das diferentes velocidades de informar.
Enquanto a possibilidade de fazer um clique nos possibilitar de mudar de site, vai ser difícil convencer alguém a pagar. A não ser que a oferta seja na verdade irresistível e consiga subverter a grande dimensão democrática da internet: partilhar em total liberdade, sem custos.
Etiquetas:
jornais online,
pagar na net
quarta-feira, janeiro 05, 2011
O totonegócio do BPN. Totós somos todos nós!
Uma campanha presidencial não se deve resumir a questões como aquela levantada acerca das acções que o ex- secretário de estado de Cavaco e seu apoiante directo na 1ª candidatura de há 5 anos, Oliveira e Costa facultou ao professor de economia.
A notícia foi dada em tempos pelo Expresso, com o documento onde se via assinado pelo punho de Oliveira e Costa o preço das acções, o que deixou o Presidente muito irritado.
A verdade é que esta questão nunca foi esclarecida por Cavaco.
Com a sua habitual queda para mudar de assunto e fazer-se de desentendido, dizendo que está a ser insultado e alvo de uma campanha negra ( argumentos iguais aos de Sócrates quando é atacado), Cavaco despacha os curiosos para um site, ou para o Tribunal Constitucional, ou atira frases tipo:" Isso nem merece resposta!". Uma frase da família das mastigadelas no bolo-rei. Aliás Cavaco deveria passar a andar com uma fatia de bolo-rei por perto. Quando lhe perguntassem sobre o destino que deu às acções, media o bolo-rei na boca e mastigava, mastigava....
O que está em causa é uma coisa muito simples: um político não é um cidadão como os outros. Tem deveres de transparência, mesmo na zona privada, diferente dos outros.
As acções que Oliveira e Costa vendeu a Cavaco não estavam à venda na praça pública. Ele, Cavaco,teve acesso privilegiado na hora da compra e no momento da venda. O lucro foi bestial. Para quem desejava exercer um cargo de PR foi um erro crasso. Um político não se pode meter neste tipo de aventuras bolsistas com ganhos fabulosos e depois de ser eleito andar a distribuir pesares e a chorar os coitadinhos. Ou a pedir para os portugueses trabalharem quando ele facturou numa operação triunfo.
Estamos a falar de uma operação legal mas pouco ética para ser feita por um político. E nem me recordo de nenhum político que o tenha feito com tanto sucesso.
Alguém imagina Vara a vender acções a Sócrates e este ganhar um balúrdio? O que aconteceria depois?
Para azar do candidato Cavaco, as acções em que ele ganhou a valer faziam parte de um banco que era um casino que nos está a custar 5 mil milhões. Pior: um dos dirigentes do banco foi nomeado por si conselheiro de estado e nunca criticado por Cavaco. Aliás Cavaco só critica a gestão depois de Oliveira e Costa e não o período do regabofe que coincide com o negócio.
Esta questão não é folclore. Duvido que isto na América não fosse fulminante para um candidato.
A notícia foi dada em tempos pelo Expresso, com o documento onde se via assinado pelo punho de Oliveira e Costa o preço das acções, o que deixou o Presidente muito irritado.
A verdade é que esta questão nunca foi esclarecida por Cavaco.
Com a sua habitual queda para mudar de assunto e fazer-se de desentendido, dizendo que está a ser insultado e alvo de uma campanha negra ( argumentos iguais aos de Sócrates quando é atacado), Cavaco despacha os curiosos para um site, ou para o Tribunal Constitucional, ou atira frases tipo:" Isso nem merece resposta!". Uma frase da família das mastigadelas no bolo-rei. Aliás Cavaco deveria passar a andar com uma fatia de bolo-rei por perto. Quando lhe perguntassem sobre o destino que deu às acções, media o bolo-rei na boca e mastigava, mastigava....
O que está em causa é uma coisa muito simples: um político não é um cidadão como os outros. Tem deveres de transparência, mesmo na zona privada, diferente dos outros.
As acções que Oliveira e Costa vendeu a Cavaco não estavam à venda na praça pública. Ele, Cavaco,teve acesso privilegiado na hora da compra e no momento da venda. O lucro foi bestial. Para quem desejava exercer um cargo de PR foi um erro crasso. Um político não se pode meter neste tipo de aventuras bolsistas com ganhos fabulosos e depois de ser eleito andar a distribuir pesares e a chorar os coitadinhos. Ou a pedir para os portugueses trabalharem quando ele facturou numa operação triunfo.
Estamos a falar de uma operação legal mas pouco ética para ser feita por um político. E nem me recordo de nenhum político que o tenha feito com tanto sucesso.
Alguém imagina Vara a vender acções a Sócrates e este ganhar um balúrdio? O que aconteceria depois?
Para azar do candidato Cavaco, as acções em que ele ganhou a valer faziam parte de um banco que era um casino que nos está a custar 5 mil milhões. Pior: um dos dirigentes do banco foi nomeado por si conselheiro de estado e nunca criticado por Cavaco. Aliás Cavaco só critica a gestão depois de Oliveira e Costa e não o período do regabofe que coincide com o negócio.
Esta questão não é folclore. Duvido que isto na América não fosse fulminante para um candidato.
Subscrever:
Mensagens (Atom)