Num artigo que vi há pouco, cerca de 60 por cento dos jovens americanos sabem das notícias através do Facebook. Se nos lembrarmos das imagens mais emocionantes e feitas ao vivo, que nos devolveram os últimos dias atribulados nos países árabes, todas elas foram captadas por testemunhas que usaram o telemóvel, e muito poucas imagens fixas ou em movimento eram produzidas por jornalistas.
Claro que os repórteres chegaram depois, e mostraram o que puderam, muitas vezes ao longe. Muitos deles pagaram com a vida a sua presença no meio das multidões em fúria. Outros, como a repórter da CBS, foram agredidos e mutilados.
Tudo isto dá que pensar. A informação chega hoje mais rapidamente através das redes sociais do que da imprensa tradicional. O que sendo bom, pelo lado da rapidez e do testemunho directo, é perigoso pois são factos publicados sem enquadramento, sem regras éticas, sem um código de honra.
Outro caso que escandalizou Portugal na passada semana, foi o vídeo feito por um grupo especial da polícia que teve de entrar numa cela de um preso usando uma arma de imobilização.
O vídeo foi feito para servir de auto de polícia e acabou por vir parar às televisões, sem enquadramento jornalístico, acabando por criar um facto político e alguns minutos violentos, e lamentáveis, a passarem nos telejornais à hora em que as crianças estão a ver televisão.
Esta ligeireza com que se exibem imagens e se trata a informação está a criar um verdadeiro tsunami na informação. Os cidadãos parecem ter mais agilidade do que os bravos repórteres das televisões e das agências. Os jornalistas ficam reduzidos ao papel de comentadores políticos e aparecem a dizer banalidades em directo, em zonas de fronteira seguras, só para as televisões dizerem que têm enviados especiais à guerra.
Se a imprensa tradicional não souber inverter esta tendência de deixar aos populares a iniciativa da informação a quente, vamos ver mais cedo ou mais tarde também o jornalismo cair na rua.
Tal como os poderes árabes que caíram na rua nas últimas semanas. Esta revolução global e digital, irá ditar uma nova ordem no jornalismo. Também aqui a democracia é bem-vinda, mas tal como nas recentes euforias dos países árabes, não sabemos se o que virá não será apenas mais do mesmo. Ou mesmo pior, muito pior.
"A vida continua".
ResponderEliminarVejamos:
p.ex. Se olharmos para alguns jornais e revistas cá do burgo, não será melhor ver imagens reais e 'in loco' de quem se manifesta e age?
Será que a grande maioria dos profissionais do
fotojornalismo é credível?
Será que não existe cunha; proteccionismo?
Será que a cultura geral e estética (para não evocar outros ítems)se eleva a padrões de excelência ou de Bom? Presunçosos.Pretenciosiosos.Hipocritas-vs-aldrabões, já me basta o FerdinandNPreteira, evocação narcisica de photo-riportere cá da choldra!...
Anónimo disse #2... ,indo ao que realmente interessa! Acho que o papel/trabalho de um bom jornalista - eu não o sou nem coisa que se pareça,nem "não pretendo" parecer.
ResponderEliminarNão se põe ou está em causa a qualidade dos jornalistas, lembro-p.e.- que as imagens que 'mais gostei' do 11 de Setembro, foram tiradas posteriormente na periferia e no grau zero, depois do choque dos aviões nas torres gémeas!