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domingo, maio 15, 2011

Sócrates. Nem contigo nem sem ti.

O reformado Catroga, uma das múmias do cavaquismo em letargia, gizou um chamado programa de governo do PSD, que mais não é do que um rol de intenções economicistas neo-liberais, foi prestar vassalagem aos enviados cobradores do fraque, mandou uns palavrões de camionista na SIC, evocou o nome de Hitler em vão e... foi de férias. Mesmo reformado, e bem reformado graças a uma Segurança Social que ele contesta, fugiu para a Coelha, o tal condomínio algarvio que se tornou num ícone de protagonistas de BPN e tudo à volta. Abandonou o Coelho e foi para a Coelha:)

Tudo isto seria patético se o país não estivesse numa viagem sem regresso ao fundo de uma sociedade que nada terá a ver com aquela que a Europa democrática do pós-guerra sonhou e que nos atraiu para ela, em meados dos anos 80. E que fez com que posteriormente tivesse havido 25 de Abril.

Muito simplesmente: o povo europeu quer viver com qualidade numa sociedade que respeite quem trabalhe,que promova a igualdade de oportunidades. Uma sociedade onde o ensino público, a saúde para todos, a justiça, a segurança e a tranquilidade na velhice sejam os seus pilares.

Ora, tudo isto são aspectos que o radicalismo deste PSD põem em causa. O PSD não quer só ganhar as eleições. Quer um golpe de Estado ganho na secretaria, aproveitando o Estado de Sítio que o FMI e a Europa liderada por Merkl estão a impor aos países periféricos, apanhados no arrastão da crise financeira, provocada por eles e pela ganância.

O PSD não se contenta com as medidas demolidoras impostas pelo FMI. O PSD quer mais sangue, mais terramoto social.

Quer privatizar a televisão pública ( uma ideia de jerico que não existe na Europa), quer por os doentes a pagarem mais nos hospitais, quer o ensino privado a ser pago (ainda mais!) pelos contribuintes e quer afundar a Segurança Social mexendo na contribuição das empresas, que está a meio da tabela dos outros países europeus. Quer ainda mexer mais no código laboral, cavando mais fundo do que os credores da Troika, não deixando uma margem de sobrevivência para quem vai ficar desempregado e sem recursos nem de subsistência, nem de trabalho alternativo.

É um total bota-abaixismo, ainda por cima praticado por um líder medíocre, sem experiência governativa de qualquer espécie (nem de uma junta de freguesia), sem uma equipa coesa, sem controle verbal nos incontinentes da fala que o rodeiam. O que este PSD vem propor é um governo de vingadores do Estado Social, do progresso na saúde, na educação (uma área em que as reformas do PS foram sistematicamente boicotadas) e na obra pública feita que aproximou Portugal da Europa avançada.

Um grupo de revanchistas, de reformados do cavaquismo, de candidatos a situacionistas que vêem agora a oportunidade de singrarem na política. Comentadores de TV a quererem ser deputados, intelectuais a porem de lado um portfolio de ideias para se entregarem num discurso á la Relvas.

O problema não seria o PSD ganhar. Até seria bom uma renovação de Sócrates, desejável mesmo. Mas a velha frase dos amantes desavindos faz aqui todo o sentido, quando aplicada ao engenheiro das sete vidas. Com gente desta: nem contigo nem sem ti!

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