Mesmo andando os oito anos que o Visão tem, na altura o nível era muito mais baixo e a concorrência muito mais fraca entre os concorrentes.
Há 8 anos ainda não estávamos na era digital e o boom de fotógrafos na praça ainda não tinha rebentado. Mas há 8 anos havia espaços de excelência para publicar fotojornalismo que hoje desapareceram. E não vou dizer quais porque não me apetece. Todos sabemos que entretanto os jornais se empenharam mais na embalagem mas descuraram o poder informativo das imagens.
Não será por acaso que as fotografias que mais marcaram a actualidade ultimamente foi uma foto do chefe da ASAE a fumar uma cigarrilha, da mulher de Costa na manifestação dos professores e as imagens feitas por um aluno com um telemóvel. Portanto: os jornais não publicam ensaios fotográficos, nem destacam a actualidade em fotografia. Muito raramente se abre um jornal e retemos na memória uma foto.
Por ironia os jornais que mais maltratam a fotografia foram os que tiveram mais fotógrafos premiados e duvido que muitas daquelas fotos de free-lancers tenham sido publicadas alguma vez. Três dos prémios eram de fotos feitas para a imprensa estrangeira ( AFP, Reuters e El País) e a foto ganhadora foi publicada numa reportagem da Sábado, por acaso muito mal editada, feita pelo Augusto Brázio que é um fotógrafo que se notabilizou pelos seus fortes retratos expressionistas para o DNA mas que não tem uma prática comum de repórter.
Os concursos são o que são: concursos. E valem o que valem. Os critérios do júri, sempre subjectivos como não poderia deixar de ser, contam muito. O que está em jogo num grande concurso ( e eu posso falar porque já fiz parte de um concurso deste género) é a capacidade de cada concorrente poder impressionar. Isto é: uma imagem que se destaque pela originalidade do tema ou que possa conter símbolos que despertem por si uma mensagem, tem mais hipóteses de ganhar. Veja-se a foto que ganhou o Worl Press Photo: uma imagem desfocada, entornada, que mal se percebe o que é, mas que o júri achou ser o símbolo do desânimo de um soldado no Iraque.
Há dois tipos de fotografias boas. As que valem porque a cena por si diz tudo e aí o fotógrafo é quase um mero executante técnico para registar o que se ofereceu; e há o outro tipo de fotografias que valem pela cena, mas onde a intervenção do fotógrafo através do enquadramento, da escolha da luz ( que passa muito pela opção da não flashada!), do instante, da intenção, a tornam numa imagem sublime. Neste último caso está por exemplo a foto da mãe com o filho em Minamata do Smith, no primeiro caso a foto da menina queimada pelo Napal no Vietnam. Todas são legítimas e acabam por cumprir o seu papel: informarem e fazerem passar uma mensagem.
Eu prefiro sempre as fotografias onde se sente uma profunda cultura fotográfica. Mas reconheço que na prática o leitor ou adere ou não a uma imagem.
Sinceramente acho que o Prémio visão deste ano foi mais jornalístico. É bom.
A vitalidade toda que se viu ali - fora o que se não viu e que de certeza que não será de qualidade muito inferior, a avaliar pelo que conheço que concorreu e não foi premiado- seria bom se fosse canalizada para a rotina da nossa imprensa. Mas isso vai depender dos fotógrafos mas sobretudo de quem manda. E não me parece que os ventos estejam de feição para o jornalismo fotográfico.
Veja AQUI os premiados
Veja AQUI os premiados
O Luíz diz tudo o que se pode dizer agora.
ResponderEliminarPessoalmente também acho que a grande vencedora é uma foto mais jornalistica e não tão "espectáculo" como habitualmente se tem visto neste tipo de iniciativas. Mas não considero que tenha muita força. Parece até banal, vista de determinadas formas, claro.
No entanto e depois de visitada a galeria das vencedoras, ficou-me a sensação de que as menções honrosas são, geralmente bastante fortes, algumas até com boas possibilidades de terem sido eles as vencedoras das suas categorias.
Mas concursos são concursos e o que fica disto é que o fotojornalismo nacional está de parabens.
Paulo Sousa
Acho que o júri parece desconhecer por vezes a realidade portuguesa e acaba por votar em trabalhos que não traduzem o que acontece no país.
ResponderEliminarSeria bom haver portugueses no júri independentes das capelinhas.
Se o Miguel Barreira não enviou a foto do Body Bord que "sacou" o 3º lugar no wolrd press photo foi uma bofetada de luva branca para o Jurí.Se mandou o "Jurí" é, como sempre, uma VERGONHA.
ResponderEliminarManuel Pereira
Acho que o júri parece desconhecer por vezes a realidade portuguesa e acaba por votar em trabalhos que não traduzem o que acontece no país.
ResponderEliminarSeria bom haver portugueses no júri independentes das capelinhas.
Não se percebe porque não há portugueses no júri, como se só os estrangeiros pudessem garantir a qualidade final. E a verdade é que não o têm conseguido fazer. O júri escolhe por vezes banalidades, lugares comuns, deixa-se levar pelo exotismo.
ResponderEliminarHá trabalhos de colegas, de grande qualidade, que não passaram nem a menções honrosas.
Bem,em primeiro lugar sinto vergonha de ter participado no Prémio Visão.Quero dizer, com isto, que acho que o júri não tem qualidade, para votar sequer num concurso para amadores de fotografia.
ResponderEliminarEstão habituados a fazer fotos FÁCEIS no Iraque e noutos sitios onde haja conflitos, onde o fotojornalista deixa caír a camera e faz um boneco do outro mundo (se possivel tremida ou desfocada).Só assim se compreende a escolha deste júri.Quanto ao filho do ex ministro há alguém no júri que até o elogiou antes de o júri escolher as fotos vencedoras.Porque será?
eh..eh...
ResponderEliminarEu acho que a foto vencedora é fraca. Contextualizada então é mesmo mediocre.
PC
«... foto do chefe da ASAE a fumar uma cigarrilha, da mulher de Costa na manifestação dos professores e as imagens feitas por um aluno com um telemóvel...»
ResponderEliminarPéssimo gosto, Luís!
Com respeito pelas diferenças... de gosto, porque, como sabe, mesmo quando sou bruto, não tenho o objectivo de ser mal-educado.
Tenho visto em alguns blogs (de fotografia) fotos que bem mereciam o prémio, e fazer misturas com cigarrilhas, com mulheres de políticos (que tem todo o direito de participar em manifestações, porque ser "mulher de..." não é ser "propriedade de...") ou a cena do telemóvel não dignificam nenhum Prémio de Fotografia.
Mas, de que vale a opinião de ignorante como eu em assuntos destes, que não domino, mas apenas gosto ou não gosto...!
João José Fernandes Simões
E, já agora, que estive a ver os premiados.
ResponderEliminarNão gosto de nenhum, embora me incline para o Reportagem do Quotidiano, do Rodrigo Cabrita
João José Fernandes Simões
Estou com o JJF. Já olhei e tornei a olhar e não consigo decobrir a relevância (para prémio) de algumas fotografias vencedoras.No retrato, nem vale a pena comentar. A vencedora, das duas uma, ou ouve muita gente que não concorreu ou, se concorreu, mandaram "umas fotos". O que revela algum desleixo. Estar meses a acompanhar o INEM para este resultado parece-me pouco. Daqui a um ano ou dois ninguem se lembra da maior parte destes freelancers. Muito se criticou as fotos do ano passado.Contudo, na sua maioria, não eram banais. Este ano imperou a banalidade.E é o ultimo comentário que farei sobre o "premio" de esta ano.
ResponderEliminarJS: voçê não percebeu nada do que eu disse, desculpe lá. LC
ResponderEliminarHiii...!!!
ResponderEliminarDesculpe, tem razão, Luís!
Percebi ao contrário, talvez devido à pressa com que estava, mas, mesmo assim, lamentável a forma como interpretei a parte em questão.
Mais uma vez, peço desculpa.
Já agora, aproveito para lhe perguntar quando é que me deixa de chamar "JS", heinnnnn...::))
João José Fernandes Simões