sexta-feira, junho 30, 2006
Spears e Pamela - Despidas com causa
Britney Spears sem complexos da sua barriga, despida na capa da Harper`s Bazaar. Por seu lado Pamela Anderson abre o corpo em pose para defender os animais. As fotos vêm no elmundo.es e mostra, e demonstra, como não há temas tábus para os jornais de referência espanhóis. Nem para nós...
quinta-feira, junho 29, 2006
Santa Comba - beleza portuguesa
O serial killer de Santa Comba Dão tem todos os ingredientes para um filme de David Linch à portuguesa. Infelizmente as vítimas, familiares e amigos de quem sofreu e sofre todo o horror desta história nem poderão ter alguma ideia sobre isto.
A história de um GNR, salazarista assumido, reacionário extremo, devoto da irmã Lúcia e que matava quando era mês de peregrinação a Fátima,indo de seguida em cínica e esforçada pedalada até ao santuário, é perturbante mas tem Made in Portugal.
É aqui que se cruzam os ícones da nação: Salazar, Fátima e brutalidade. É como em American Beauty quando o oficial patriota, pai severo e militante dos bons costumes, se revela um panasca miserável e infeliz no fim da fita.
O choque que abanou o berço de Salazar, Santa Comba o altar da pátria fascista, a vila onde populares morreram em balas perdidas, pós 25 de Abril, por causa da cabeça em bronze do homem das botas, não quer acreditar que aquele GNR filho da terra era afinal..um filho da puta.
Para aquela gente, iludida no catecismo do moralismo serôdio, na ordem antiga de Deus, Pátria e Autoridade, o choque da realidade não é aceitável. Levantam foices, e perseguem jornalistas, pegam em tesouras e querem podar repórteres como os comunas de Abril fizeram rolar a cabeça do ditador.
As candidatas a ex-vítimas perfilam-se nos tablóides do burgo, mas é na imprensa de referência que se percebe da dimensão dos feitos do facínora.
Na campa rasa do cemitério de Santa Comba, há uma alma penada que não deve parar de se agitar por baixo daquela lage de granito que queria eterna.
Uma terra que deixa de ser Santa para ser Comba.
Arrepiante mas português. Um argumento para uma grande fita.
Não resisto a transcrever a excelente crónica de Fernanda Câncio no DN, precisamente sobre este caso.
Passei o fim-de- -semana em Santa Comba Dão, a entrevistar pessoas que conviveram décadas com um homem franzino e prestável, daqueles de quem se diz que são "amigos do seu amigo" e "não partem um prato", a quem nada faltava para ser aquilo a que se costuma chamar "um pilar da comunidade". Um ex-polícia defensor da ética do trabalho que construiu o primeiro andar da sua moradia com as próprias mãos, que plantava vinhas e roseiras e semeava alfaces e criava coelhos e matava porcos e foi eleito pelo PSD para a junta de freguesia e era membro da direcção da casa do Benfica local e que assestou na parede da sua casa o seu mote de vida: "Se tens inveja do meu viver, trabalha, malandro." Que acreditava na trilogia deus-pátria-autoridade, venerava Salazar e a quem só talvez faltasse o fado para fazer o pleno dos três efes, com o seu amor ao futebol e a sua romaria pedestre a Fátima quatro dias depois de ter - alegadamente - asfixiado a sua terceira vítima.
Se fosse um tipo de cabelo desgrenhado e vestido de cabedal, que fumava charros e coleccionava tatuagens e piercings e frequentava antros de libertinagem enquanto vivia de expedientes e do rendimento social de inserção, é de crer que não se assistisse na sua terra a uma tão devastadora onda de perplexidade e que não se encontrasse necessidade de invocar "o mistério que é o homem" para apaziguar a angústia das almas. Mas imaginar assim o companheiro das patuscadas, dos tremoços e das bujecas e do pendão do glorioso como tenebroso serial killer é coisa do outro mundo. A culpa há-de estar alhures - porque crer que é dele é acreditar que podia ser nossa. E a isso, no resto como no futebol, nunca havemos de nos habituar.
A história de um GNR, salazarista assumido, reacionário extremo, devoto da irmã Lúcia e que matava quando era mês de peregrinação a Fátima,indo de seguida em cínica e esforçada pedalada até ao santuário, é perturbante mas tem Made in Portugal.
É aqui que se cruzam os ícones da nação: Salazar, Fátima e brutalidade. É como em American Beauty quando o oficial patriota, pai severo e militante dos bons costumes, se revela um panasca miserável e infeliz no fim da fita.
O choque que abanou o berço de Salazar, Santa Comba o altar da pátria fascista, a vila onde populares morreram em balas perdidas, pós 25 de Abril, por causa da cabeça em bronze do homem das botas, não quer acreditar que aquele GNR filho da terra era afinal..um filho da puta.
Para aquela gente, iludida no catecismo do moralismo serôdio, na ordem antiga de Deus, Pátria e Autoridade, o choque da realidade não é aceitável. Levantam foices, e perseguem jornalistas, pegam em tesouras e querem podar repórteres como os comunas de Abril fizeram rolar a cabeça do ditador.
As candidatas a ex-vítimas perfilam-se nos tablóides do burgo, mas é na imprensa de referência que se percebe da dimensão dos feitos do facínora.
Na campa rasa do cemitério de Santa Comba, há uma alma penada que não deve parar de se agitar por baixo daquela lage de granito que queria eterna.
Uma terra que deixa de ser Santa para ser Comba.
Arrepiante mas português. Um argumento para uma grande fita.
Não resisto a transcrever a excelente crónica de Fernanda Câncio no DN, precisamente sobre este caso.
Passei o fim-de- -semana em Santa Comba Dão, a entrevistar pessoas que conviveram décadas com um homem franzino e prestável, daqueles de quem se diz que são "amigos do seu amigo" e "não partem um prato", a quem nada faltava para ser aquilo a que se costuma chamar "um pilar da comunidade". Um ex-polícia defensor da ética do trabalho que construiu o primeiro andar da sua moradia com as próprias mãos, que plantava vinhas e roseiras e semeava alfaces e criava coelhos e matava porcos e foi eleito pelo PSD para a junta de freguesia e era membro da direcção da casa do Benfica local e que assestou na parede da sua casa o seu mote de vida: "Se tens inveja do meu viver, trabalha, malandro." Que acreditava na trilogia deus-pátria-autoridade, venerava Salazar e a quem só talvez faltasse o fado para fazer o pleno dos três efes, com o seu amor ao futebol e a sua romaria pedestre a Fátima quatro dias depois de ter - alegadamente - asfixiado a sua terceira vítima.
Se fosse um tipo de cabelo desgrenhado e vestido de cabedal, que fumava charros e coleccionava tatuagens e piercings e frequentava antros de libertinagem enquanto vivia de expedientes e do rendimento social de inserção, é de crer que não se assistisse na sua terra a uma tão devastadora onda de perplexidade e que não se encontrasse necessidade de invocar "o mistério que é o homem" para apaziguar a angústia das almas. Mas imaginar assim o companheiro das patuscadas, dos tremoços e das bujecas e do pendão do glorioso como tenebroso serial killer é coisa do outro mundo. A culpa há-de estar alhures - porque crer que é dele é acreditar que podia ser nossa. E a isso, no resto como no futebol, nunca havemos de nos habituar.
terça-feira, junho 27, 2006
Timor em grandes fotografias
Ver mais no whashington post
Já vi muitas fotografias sobre Timor mas esta galeria publicada agora no whashington Post deixa-me surpreeendido. É um slideshow de grande qualidade jornalística e fotográfica. Contínuo a achar que nós em Portugal temos muito que aprender com o que de melhor se faz lá fora em fotojornalismo. Não é que "eles" sejam melhores fotógrafos do ponto de vista técnico. A intenção e a disponibilidade do olhar estão mais amestrados e o jogo de forma surge mais divertido e atraente.
As fotografias são da Associated Press, Reuters e Getty Images.
segunda-feira, junho 26, 2006
O velho Gates e o puto Steve
LIBÉRIA - Bichas, suor e total falta de segurança
Andar pela Libéria é uma aventura mas saír de lá não é menos excitante.
O aeroporto é um barracão imundo. Para fazer o check-in vai-se para uma bicha interminável de gente que se acotovela onde alguns locais tentam passar à frente com desculpas esfarrapadas
Primeiro controle: mostra o passaporte e aguenta para entrar no edifício. Primeira verificação: passa-se por um túnel de raios-x que não funciona. O polícia manda levantar os braços e passa com o detector de metais. Segue-se a revista das malas. Quando lhes mostro a minha credencial de jornalista mandam avançar.
Mais uma bicha,agora controle do passaporte. Segue outro controle: toca a abrir as malas de novo, mais outra vez a mostrar o passaporte e finalmente a sala de embarque. Passaram quase duas horas entre este e o primeiro parágrafo.Suor, desespero e uma falta de vontade de voltar a aturar estes tipos.
Àfrica de uma maneira geral tem este ritual nos aeroportos. Mas há aqui uma verdade incontornável: a segurança é completamente iludida nestas entradas e qualquer possibilidade de atentado é fácil de concretizar.
As autoridades internacionais deviam repensar em tudo isto, até porque é a segurança de todos que está em causa.
E com os rumores crescentes de que há elementos da Al- Quaeda nesta zona, penso que anda toda a gente muita distraída.
Uma coisa é o incómodo provocado a um tipo irritável como eu, outra coisa é a ineficácia total destas fronteiras em termos de segurança internacional.
E cheguei à Pàtria.
Amanhã começo a seleccionar as minhas fotografias.
O aeroporto é um barracão imundo. Para fazer o check-in vai-se para uma bicha interminável de gente que se acotovela onde alguns locais tentam passar à frente com desculpas esfarrapadas
Primeiro controle: mostra o passaporte e aguenta para entrar no edifício. Primeira verificação: passa-se por um túnel de raios-x que não funciona. O polícia manda levantar os braços e passa com o detector de metais. Segue-se a revista das malas. Quando lhes mostro a minha credencial de jornalista mandam avançar.
Mais uma bicha,agora controle do passaporte. Segue outro controle: toca a abrir as malas de novo, mais outra vez a mostrar o passaporte e finalmente a sala de embarque. Passaram quase duas horas entre este e o primeiro parágrafo.Suor, desespero e uma falta de vontade de voltar a aturar estes tipos.
Àfrica de uma maneira geral tem este ritual nos aeroportos. Mas há aqui uma verdade incontornável: a segurança é completamente iludida nestas entradas e qualquer possibilidade de atentado é fácil de concretizar.
As autoridades internacionais deviam repensar em tudo isto, até porque é a segurança de todos que está em causa.
E com os rumores crescentes de que há elementos da Al- Quaeda nesta zona, penso que anda toda a gente muita distraída.
Uma coisa é o incómodo provocado a um tipo irritável como eu, outra coisa é a ineficácia total destas fronteiras em termos de segurança internacional.
E cheguei à Pàtria.
Amanhã começo a seleccionar as minhas fotografias.
domingo, junho 25, 2006
LIBÉRIA - Festa e casino na despedida
Festa hoje à noite, sábado, numa das casas de funcionários das Nações Unidas
Foi uma jornada agitada e divertida.
Na Universidade vi-me confrontado com um aluno que punha em causa eu estar a fotografar sem autorização dos alunos. Tudo acabou depois de muita discussão com a Manuela Goucha Soares a fingir que entrevistava o representante dos alunos, um parvalhão armado em esperto.
Depois foi a vez da nossa anfitriã Sílvia Carvalho ter de aturar um outro esperto que queria atirar um ridículo jeep Suzuki preto contra o carro que ela conduzia, e onde nós seguíamos, das Nações Unidas.
Há uma violência latente nesta gente e que não podemos prevenir quando ela se manifesta. Uma gota pode fazer entornar a aparente paz.
A noite trouxe uma surpresa. Jantámos num dos campos cercados onde estão instalados funcionários da missão das Nações Unidas. É um bairro onde anteriormente funcionava a sede da CIA na Libéria e que agora está alugada aos funcionários das várias nacionalidades que aqui prestam serviço.
Fomos com o Paulo, um polícia do Porto que aqui trata da logística das Nações Unidas, e lá estava à nossa espera a Sílvia e um grupo enorme de gente que aproveitava a noite de sexta para descontrair e conviver.
A maioria era libanesa mas havia uma marroquina, duas mulheres de Leste e muitos homens bem dispostos. Um fazia anos.
Fomos recebidos de uma forma muito amável e amiga e a comida libanesa estava uma bomba capaz de destruir qualquer dieta.
O caminho até ao bairro é tortuoso e perigoso. O regresso fez-se de forma a o controller electrónico do jeep estar desligado à meia-noite. Os carros das Nações Unidas não podem circular depois dessa hora.
Por fim descobrimos que o nosso hotel tem um casino. Fiquei boquiaberto: um salão com gente a jogar a sério, vários clientes de várias nacionalidades e umas cropières elegantes compondo o cenário.
Claro que fiquei irritado por não poder fotografar esta cena inolvidável, emblemática desta nova Libéria onde a paz é musculada, a miséria desgraçada e o dinheiro começa a dar nas vistas nalguns lugares inesperados.
Amanhã regresso a Lisboa, se Deus quiser e o avião chegar.
sábado, junho 24, 2006
LIBERIA - A primeira cena macaca
Estou na Universidade de Monrovia. A sala dos computadores foi- nos facultada, depois de um aluno me ter interpelado por estar a fotografar estudantes sem que estes tivessem sido informados. Parece que se trata de um ex- combatente sempre a beira de um ataque de nervos. Nao o consegui demover e acabou tudo numa enorme discussao envolvendo o assessor do Presidente da universidade.
Nao ha pachorra para estes tipos
Nao ha pachorra para estes tipos
LIBÉRIA - Uma negra de cabeleira loira...
Pela manhã a motorista de cabeleira loira apareceu no Nissan Navarra anestesiada. Mal falou, ensonada, conduzindo até ao ministério da informação e turismo onde, finalmente, pudemos ter as nossas autorizações de jornalistas. 50 dólares por cada uma ( já o visto tinha custado 100).
O edifício do ministério terá sido nos anos sessenta um bom objecto de arquitectura moderna mas hoje está arruinado, sem portas nos gabinetes, nem vidros, nem chão apresentável. Há sujo por todo o lado, encardido. Nada de novo…
A funcionária que nos recebe é simpática e consegue pôr-nos a falar directamente com o ministro, uma figura curiosa que nos recebe com formalismo mas que se descontrai logo que fala da comida portuguesa que provou há anos numa passagem por Lisboa.
Ex-ministro há 15 anos da mesma pasta de hoje, e ex- funcionário da UNESCO mostra-nos a maior das vontades para nos pôr em contacto com o staff da Presidente para a entrevista que ela prometera à Manuela Goucha Soares.
Nestes países é fácil falar com um ministro e, como verão, com a Presidente. Fácil…se houver a sorte de bater à porta certa, na hora certa, com a posição da Lua e da Terra em bom astral.
Ainda visitámos a Star Rádio, uma espécie de TSF local. Lá a redacção é open space com o editor- chefe em permanente controle. Encontrámos uma jornalista local que nos falou da sua vida na Libéria, muito interessante, e que acabou por nos dar uma entrevista que eles gravaram e que vai para o ar.
A rádio tem um site e o editor online trabalha no corredor. Não tive tempo de lhes falar das vantagens da convergência de redacções (!).
Ao fim do dia chegou a ordem para avançarmos para o palácio presidencial. Entrámos sem grandes seguranças. À entrada deparámos com o buraco de uma bala num vidro de 5 centímetros. Chegados à ante - câmara do poder fomos para uma sala que mais parecia uma discoteca, de alcatifas e luz fraca. Ofereceram-nos agua e amendoins e na hora de sermos recebidos pela presidente só tivemos de deixar os telemóveis e um saco ao segurança .
A Presidente ocupa um gabinete enorme, frio, de materiais luzidios.
Não tem computador na secretária.
Acaba de despachar um assessor e dirige-se a nós simpática, sempre com o seu homem de imprensa por perto e um segurança que fica todo o tempo feito parvo virado para a porta da entrada.
Deixa-se fotografar por mim e fala pausadamente num estilo meio estudado, meio afectado. Não deixa de ser comunicativa, afirmativa, mostrando bem o que quer para um país que nada tem. Infra-estruturas básicas, escolas e trabalho para os jovens que pastam pelas ruas ao deus dará.
A entrevista correu muito bem e quando deixámos o palácio a caminho do hotel começava uma chuva miudinha de sabor tropical.
No Bar do Mamba Point tomámos uma agua com a nossa providencial Annete, uma funcionária do gabinete de imprensa das Nações Unidas que muito nos ajudou nesta viagem, juntamente com a Sílvia Carvalho. A Annete é uma ex-jornalista que apostou em viver nesta terra numa casa sem agua nem luz e que trabalha em permanente stress. É uma apaixonada pelo que faz, uma missionária dos media para os refugiados. Viveu 20 anos em Israel como jornalista free- lancer e escreveu um livro testemunho sobre 100 crianças guerreiras na Serra Leoa. É espanhola de Madrid e conhece muito bem Portugal.
A sua figura franzina e inquieta é uma força da natureza e, sobretudo, da solidariedade humana.
A viagem começa a chegar ao fim.
O edifício do ministério terá sido nos anos sessenta um bom objecto de arquitectura moderna mas hoje está arruinado, sem portas nos gabinetes, nem vidros, nem chão apresentável. Há sujo por todo o lado, encardido. Nada de novo…
A funcionária que nos recebe é simpática e consegue pôr-nos a falar directamente com o ministro, uma figura curiosa que nos recebe com formalismo mas que se descontrai logo que fala da comida portuguesa que provou há anos numa passagem por Lisboa.
Ex-ministro há 15 anos da mesma pasta de hoje, e ex- funcionário da UNESCO mostra-nos a maior das vontades para nos pôr em contacto com o staff da Presidente para a entrevista que ela prometera à Manuela Goucha Soares.
Nestes países é fácil falar com um ministro e, como verão, com a Presidente. Fácil…se houver a sorte de bater à porta certa, na hora certa, com a posição da Lua e da Terra em bom astral.
Ainda visitámos a Star Rádio, uma espécie de TSF local. Lá a redacção é open space com o editor- chefe em permanente controle. Encontrámos uma jornalista local que nos falou da sua vida na Libéria, muito interessante, e que acabou por nos dar uma entrevista que eles gravaram e que vai para o ar.
A rádio tem um site e o editor online trabalha no corredor. Não tive tempo de lhes falar das vantagens da convergência de redacções (!).
Ao fim do dia chegou a ordem para avançarmos para o palácio presidencial. Entrámos sem grandes seguranças. À entrada deparámos com o buraco de uma bala num vidro de 5 centímetros. Chegados à ante - câmara do poder fomos para uma sala que mais parecia uma discoteca, de alcatifas e luz fraca. Ofereceram-nos agua e amendoins e na hora de sermos recebidos pela presidente só tivemos de deixar os telemóveis e um saco ao segurança .
A Presidente ocupa um gabinete enorme, frio, de materiais luzidios.
Não tem computador na secretária.
Acaba de despachar um assessor e dirige-se a nós simpática, sempre com o seu homem de imprensa por perto e um segurança que fica todo o tempo feito parvo virado para a porta da entrada.
Deixa-se fotografar por mim e fala pausadamente num estilo meio estudado, meio afectado. Não deixa de ser comunicativa, afirmativa, mostrando bem o que quer para um país que nada tem. Infra-estruturas básicas, escolas e trabalho para os jovens que pastam pelas ruas ao deus dará.
A entrevista correu muito bem e quando deixámos o palácio a caminho do hotel começava uma chuva miudinha de sabor tropical.
No Bar do Mamba Point tomámos uma agua com a nossa providencial Annete, uma funcionária do gabinete de imprensa das Nações Unidas que muito nos ajudou nesta viagem, juntamente com a Sílvia Carvalho. A Annete é uma ex-jornalista que apostou em viver nesta terra numa casa sem agua nem luz e que trabalha em permanente stress. É uma apaixonada pelo que faz, uma missionária dos media para os refugiados. Viveu 20 anos em Israel como jornalista free- lancer e escreveu um livro testemunho sobre 100 crianças guerreiras na Serra Leoa. É espanhola de Madrid e conhece muito bem Portugal.
A sua figura franzina e inquieta é uma força da natureza e, sobretudo, da solidariedade humana.
A viagem começa a chegar ao fim.
sexta-feira, junho 23, 2006
LIBÉRIA - Monrovia no centro da trama
Centro de Monrovia hoje ao fim da tarde
Andar nas ruas de Monrovia a fotografar é um pouco complicado, para não dizer arriscado. Já estou habituado à banguçada das cidades africanas, desde que conheci Luanda, Bissau e mesmo Maputo; Monrovia consegue bater aos pontos as outras em grau de destruição, porcaria e uma agressividade latente nos passantes.
Os vendedores gritam que não querem fotos e os mais gananciosos pedem logo dinheiro.
Há que fazer pela vida...
Tem de se apontar ao alvo, disparar e bater em retirada, como diria De Gaulle na definição do bom artilheiro e que Henri Cartier-Bresson gostava de citar.
Não deixa de ser divertido para mim andar a espreitar pela Cânon no meio desta babilónia. A minha mulher se me visse por estes sítios mandava queimar tudo o que aqui uso de roupa!...
Ando num jeep das Nações Unidas com uma motorista, a Ammy, que mais parece uma manicure de cabeleira loira, unhas roxas postiças, telemóvel de capa rosa, do que uma motorista de uma organização internacional.Só estilo! Mas é cuidadosa e quando repara pelo retrovisor que eu me afasto ou me vê a ser rodeado por um grupo de suspeitos aí vem ela. A minha colega Manuela Goucha Soares acompanhou-me o que lhe valeu uma verdadeira seca já que eu acabo por demorar um tempo imenso nas minhas investidas nas esquinas.
Para fotografar uso a táctica já habitual. Não começo logo a fotografar o que me chamou a atenção. Cumprimento sempre afável as pessoas e logo sinto se estou a ser ou não aceite. A maioria das vezes acabam por ser as pessoas a pedirem-me para as fotografar.
No final da tarde andei por uma rua com lojas curiosas. Havia um barbeiro inenarrável de vão de escada com posters de futebolistas, uma loja fashion, uma cabeleireira e até uma loja de Internet de onde pude ver a homepage do Expresso. Claro, tudo a 56 mbps, lento como o país.
São fotos para a minha reportagem do Expresso que não vou aqui, obviamente, publicar. Mas acabei por ficar satisfeito com o trabalho.
Aqui o desafio é não cair na tentação de fazer sempre o choradinho das crianças e o folclórico. Mas acaba-se sempre a cair nessa incontornável tentação.
Amanhã vamos falar com pessoas que são, por assim dizer, rostos da nova Libéria. Um país destes não é só lugares comuns sobre guerra e miséria. Hoje encontrámos uma irlandesa que se apaixonou aqui e aqui vive há 17 anos uma paixão intensa.
Um amor e uma catana ? Nada disso. Àfrica é o continente onde o sonho não tem horizonte e quando o tem é já um pesadelo.
quinta-feira, junho 22, 2006
LIBÉRIA - Mamba Point Hotel
A vista do meu quarto 47 do Mamba Point Hotel em Monrovia
Da janela do meu quarto no Mamba Point Hotel vejo entre grades o mar. A paisagem é de ferrugem, a côr da agua de chumbo em ondas grossas. As praias da Libéria engolem o mais experiente banhista. Mar traiçoeiro como muita da gente que o circunda.
No país das catanas e das mortes a sangue frio que durante 15 anos fizeram destas paragens um reduto de morte selvagem é este quarto com vista sob o horizonte negro que me coube em sorte.
Na Samsung do quarto 47 vejo o Portugal – México e subitamente sinto-me português. Aqueles rapazes jogam bem à bola. Alguma coisa devíamos ter de bom. A CNN faz-me companhia e reparo que a cadeia americana está mais fresca, com zonas novas de edição. Uma é Highlight, outra Fun Zone: onde os espectadores aparecem com fotos suas em poses alegres durante o Mundial. Muito bom. É já a televisão a aprender com o melhor que se faz hoje em jornalismo online: interacção permanente com o receptor.
Um jantar de barracuda, um Romeu e Julieta para acalentar, Mozart no IPOD, mil e tal fotos de Guterres a descarregarem que me agradam, o meu filho David, 4 anos, a perguntar se , “ o pai vem jantar ?” e a última notícia de que o ditador Charles Taylor que dominou 15 anos este país chegou hoje à Holanda para ser julgado por crimes contra a humanidade no Tribunal de Haia.
Coisas diferentes e tão próximas. A vida compõe-se deste caos e, como na fotografia, cabe ao artista organizá-lo, dar-lhe um sentido. E depois dormir, malgrado o maldito gerador não parar de roncar toda a negra noite.
quarta-feira, junho 21, 2006
LIBÉRIA - No jeep com Guterres
LIBÉRIA - Guterres nas suas sete quintas
António Guterres está como peixe na agua no seu papel de Alto-Comissário para os refugiados. Hoje na fronteira da Libéria com a Serra Leoa, o ex-primeiro-ministro de Portugal, celebrou o dia mundial dos refugiados indo buscar um grupo de gente, homens mulheres e crianças, que fugiram da barbárie no seu país de origem.
Com muita pompa, Guterres enquadrado por forças militares das Nações Unidas, muito povo e folclore local, além de individualidades onde se juntou mais tarde a Presidente eleita da Libéria, trouxe pela mão algumas das crianças agora de olhares felizes e orgulhosos por serem recebidos com tanta atenção, comida e conforto.
“Agora já estão em família”- disse Guterres ao abraçar as primeiras crianças refugiadas. Atravessou a pé uma ponte que separa os dois países africanos, há pouco tempo em guerra aberta, e fez questão em seguir num dos camiões com toldo de lona até ao campo de refugiados já preparado para receber os fugidos da guerra.
Mais tarde convidou-me a entrar no seu jipe Toyota blindado das Nações Unidas e fiz alguns quilómetros de estrada a seu lado fotografando-o e falando com ele sobre esta sua missão internacional.
Guterres é um homem feliz em ajudar a Humanidade.
Falou-me da sua política de contenção de despesas, que passa por viajar e toda a equipa em classe turística, do drama dos 500 mil refugiados só na Libéria, na sua atenção em divulgar o seu trabalho ao Mundo, principalmente em dias como os de hoje, onde estavam além do EXPRESSO, a CNN, a Reuters e a BBC.
Angelina Jolie fez as honras do dia em Nova Iorque.
À noite numa recepção no Palácio da Presidente, Guterres estava cansado, mas orgulhoso do seu papel.
A Libéria é um dos países mais complicados de Àfrica, uma terra destruída pela guerra de 15 anos, sem estruturas básicas, sem agua nem luz, nem esperança.
Os refugiados recebem um kit para 4 meses de sobrevivência, depois o futuro a Deus pertence.
Nos seus discursos do dia falou em democracia, enquanto a Presidente conseguia sem o querer destacar o governo do povo, um governo com ministros imigrantes da América, um remake dos tempos da independência quando ex-escravos locais americanos vieram para tomarem conta do país.
domingo, junho 18, 2006
Diario de um reporter acidental
Retido em Bruxelas por causa de um bando de passaros que entrou, em Dakar, nas turbinas do aviao. Aqui estou um dia inteiro num estupido hotel de aeroporto com um servico antipatico belga. Cobram por tudo e servem mal.
A recompensa foi o jogo Franca-Coreia. Uma grande licao a arrogancia francesa e o exemplo de como vale a pena lutar sempre em equipa ate ao fim.
Essa sera mesmo uma das grandes licoes do futebol, para mim que nao aprecia muito o desporto mas que me rendo perante estes desafios onde muito da natureza humana e posta em destaque.La esta a emocao, o desafio, o trabalho de grupo, a estrategia,a determinacao...muita coisa.
Estes idiotas teclados belgas teimam em nao terem os acentos disponiveis para portugues.
Ate Africa.
A recompensa foi o jogo Franca-Coreia. Uma grande licao a arrogancia francesa e o exemplo de como vale a pena lutar sempre em equipa ate ao fim.
Essa sera mesmo uma das grandes licoes do futebol, para mim que nao aprecia muito o desporto mas que me rendo perante estes desafios onde muito da natureza humana e posta em destaque.La esta a emocao, o desafio, o trabalho de grupo, a estrategia,a determinacao...muita coisa.
Estes idiotas teclados belgas teimam em nao terem os acentos disponiveis para portugues.
Ate Africa.
sábado, junho 17, 2006
Em Bruxelas a caminho da Liberia
Estou em Bruxelas com um clima invejavel.Esta calor e o sol dourado brilhava nos velhos edificios de La Grande Place. Sao milhares de pessoas de varios destinos, racas e culturas a passearem-se em festa.
Bebe-se cerveja leve e fria, ha bebes ao colo dos pais, mulheres de vestidos justos e finos, simples como o olhar que irradiam. Velhos passeiam em descapotaveis.
As esplanadas nao podem estar mais cheias.
Fala-se de futebol e ouvi o nome Portugal a proposito da vitoria sobre o Irao.
Esta cidade que muitos acham chata e cinzenta esta hoje radiosa a transpirar vida, ou seja: tudo o que a nossa nostalgica Lisboa nao tem.
Sair da Patria e sempre para mim reconfortante, apesar de ter apanhado um portuga com o radio do carro aos berros a debitar uma cancao dos Delfins, "Sou como um rio..."
Nem aqui escapamos aos compatriotas ruidosos...
Amanha aviao pela madrugada a caminho de outra realidade bem diferente, a Liberia. Nao sei o que vou encontrar ao lado da minha colega do Expresso, Manuela Goucha Soares. Vamos seguir Guterres como comissario para os refugiados.
o Sol nao podera ser dourado como o desta tarde perfeitq de mais para ser real.
PS: desculpem a falta de acentos, este teclado nao os tem
Crónicas da Libéria
Estou de partida para a Libéria. Ir a Àfrica é sempre muito aliciante para mim. Adoro Àfrica, pela luz, pelos cheiros, na côr, na vastidão da paisagem. Detesto Àfrica na miséria extrema, no desleixo, na arrogância do Poder, na corrupção. Também no novo-riquismo.
A Libéria é um país complicado e não sei o que me vai esperar nos campos de refugiados onde vou estar seguindo os passos de António Guterres.
Se houver por lá internet disponível mandarei crónicas diárias narrando a minha experiência. Até lá.
A Libéria é um país complicado e não sei o que me vai esperar nos campos de refugiados onde vou estar seguindo os passos de António Guterres.
Se houver por lá internet disponível mandarei crónicas diárias narrando a minha experiência. Até lá.
sexta-feira, junho 16, 2006
Está-se bem!!!...
O país está completamente ensonado. Não há notícias que mereçam atenção e mesmo se as houvesse o pagode partiu mais uma vez em férias, pontes e greves, folgas em atraso, enfim: está-se bem !!!..
Os jornais fazem um esforço enorme para darem novidades, as televisões esticam até à naúsea o malfadado futebol, mundial e tal.
Esta semana andar na marginal foi um descanso, logo pela manhã a Praia de Carcavelos está cheia num arrastão de felicidade global.Não é Santa Mónica, é melhor, apesar de não haver carros desportivos em abundância.
O sossego é de tal ordem que só Cavaco tenta dar nas vistas mas ninguém liga. Ao falar contra os professores podia ter aberto um problema institucional, ou quando referiu a CAP como um grupo de birrentos.A paz reina no reino e aquela figura do mais alto magistrado da Pátria, no alto de uma carripana UMM ( um jeep que mais é um amontoado de ferro soldado no Tramagal há 30 anos)como se fosse o Nosso Senhor num andôr, podia ter entrado no anedotário nacional, mas também não entrou porque ninguém liga a comemorações bacôcas.
E hoje foi feriado, já me esquecia. A que propósito ?
Os jornais fazem um esforço enorme para darem novidades, as televisões esticam até à naúsea o malfadado futebol, mundial e tal.
Esta semana andar na marginal foi um descanso, logo pela manhã a Praia de Carcavelos está cheia num arrastão de felicidade global.Não é Santa Mónica, é melhor, apesar de não haver carros desportivos em abundância.
O sossego é de tal ordem que só Cavaco tenta dar nas vistas mas ninguém liga. Ao falar contra os professores podia ter aberto um problema institucional, ou quando referiu a CAP como um grupo de birrentos.A paz reina no reino e aquela figura do mais alto magistrado da Pátria, no alto de uma carripana UMM ( um jeep que mais é um amontoado de ferro soldado no Tramagal há 30 anos)como se fosse o Nosso Senhor num andôr, podia ter entrado no anedotário nacional, mas também não entrou porque ninguém liga a comemorações bacôcas.
E hoje foi feriado, já me esquecia. A que propósito ?
quinta-feira, junho 15, 2006
quarta-feira, junho 14, 2006
Angelina Jolie e Brad Pitt caridosos
A capa da fama: Angelina Jolie, Brad Pitt e o bebé Shiloh Nouvel ( fui ver o nome à Caras!).
A revista People pagou uma fortuna pelo exclusivo mas o casal doará o dinheiro para uma instituição de caridade. Bonito gesto. Assim o jornalismo côr-de-rosa faz mais sentido
( esta noite na 2 o tema do Clube de Jornalistas é precisamente a imprensa côr-de-rosa, onde estará este vosso blogueiro).
Entretanto é a roupa da bebé que faz sucesso estando com uma venda excepcional.Todos os pais jovens estão a aderir ao look da bebé mais cara de fotografar do momento.
O designer Kingsley Aarons disse que a roupa é dirigida a clientes como Brad e Jolie
ou seja, pais jovens que procuram para os filhos o que eles gostariam de usar.
A morte da companheira de Cunhal
Pouca importância se deu à morte da companheira de Àlvaro Cunhal, precisamente um ano após a sua morte.
Mas há nesta morte qualquer coisa de estranho:
O Partido Comunista fez um longo silêncio recusando-se a comemorar ou a referir sequer que tinha passado um ano depois do desaparecimento do ex-líder.
O funeral de Fernanda, a companheira de Cunhal que contava apenas com 61 anos de idade, só será realizado passadas 48 horas tendo de se fazer uma autópsia. Isto só acontece quando não se trata de morte natural.
Às vezes a morte é uma terrível coincidência, outras vezes não há mesmo coincidências. Veremos o que se dirá sobre isto nos próximos dias.
Oxalá não seja o que eu penso.
Mas há nesta morte qualquer coisa de estranho:
O Partido Comunista fez um longo silêncio recusando-se a comemorar ou a referir sequer que tinha passado um ano depois do desaparecimento do ex-líder.
O funeral de Fernanda, a companheira de Cunhal que contava apenas com 61 anos de idade, só será realizado passadas 48 horas tendo de se fazer uma autópsia. Isto só acontece quando não se trata de morte natural.
Às vezes a morte é uma terrível coincidência, outras vezes não há mesmo coincidências. Veremos o que se dirá sobre isto nos próximos dias.
Oxalá não seja o que eu penso.
terça-feira, junho 13, 2006
SIC Radical surpreende
Apanhei por acaso a emissão de hoje à tarde da SIC Radical. Fiquei encantado com o programa onde uma apresentadora gira e inteligente ( lamento não saber o nome) ia mostrando e explicando em directo como eram os bastidores do programa. Aparecia toda a equipa técnica e em tom de brincadeira iam mostrando aos espectadores como se mudavam cãmeras, luzes, côr, som, todos os truques possíveis num programa de televisão.
Muito bom. Nunca vi assim um programa de televisão tão descontraído e a mostrar daquela forma os bastidores do estúdio.
A SIC devia mesmo aproveitar estes talentos perdidos pelos canais do cabo.
Muito bom. Nunca vi assim um programa de televisão tão descontraído e a mostrar daquela forma os bastidores do estúdio.
A SIC devia mesmo aproveitar estes talentos perdidos pelos canais do cabo.
Burocracia autárquica
O choque tecnológico numa junta de freguesia do Alentejo. Um edifício novo numa terra com meia dúzia de almas. Uma funcionária muito simpática e disponível. Atrás dela um computador recente, com dvd-room, teclado modernaço, em cima de um armário onde não será possível utilizá-lo. Na secretária de atendimento um telefone e montes de papeís. Para pagar a conta da àgua a funcionária liga por telefone para a Câmara. Para a conta passar a ser paga por débito em conta terá o utente de se deslocar à sede do concelho. É o retrato do nosso Portugal. Computadores para enfeitarem, porventura sem net, sem formação dada aos funcionários. O utente que se desenrasque. Depois admirem-se que venham considerar as juntas de freguesia dispensáveis. Assim são.
segunda-feira, junho 12, 2006
Em Espanha a União Geral dos Trabalhadores vai promover este verão na região de La Rioja, Burgos e Àvila, uma campanha com a palavra de ordem: “ Sem Tempo para Crescer”.
Sete em cada dez meninos que trabalham no Mundo estão no sector agrícola.
Prevenir o trabalho infantil na apanha do tomate em Badajoz, da cereja em Cáceres e da azeitona em Jaén e da laranja em Huelva é um dos objectivos da campanha que tem também o apoio do governo. Muitas das crianças trabalhadoras viajam com a família, também trabalhadores, e o grau de insucesso escolar é na ordem do 40 por cento. A notícia é do El Mundo.es.
Infelizmente não acontece só em Portugal.
domingo, junho 11, 2006
Vingando Ronaldo
Cicarelli, a manequim brasileira, gosta de provocar o ex-namorado Ronaldo. Com o Mundial a ferver a manequim despiu-se desafiando o sangue frio do jogador. Antes já dera que falar quando entrou pela boda do jogador como se tivesse sido convidada. Mas isso já é passado.O presente é mesmo só provocação pura.
90 minutos de paz social
Às 21 horas de hoje, o Bairro de Alvalade em Lisboa, estava completamente silencioso. Nas ruas não se via ninguém a não ser umas velhotas perdidas nas paragens do autocarro. Podia ser uma cidade fantasma. Depois a caminho do Estoril, segunda circular, A5, passavam uns carros de quando em vez, com os faróis a anunciarem o início da noite.
A Rádio Marginal, na sua programação marginal, deu-se ao luxo de nem sequer ter referido no noticiário das 21 que havia jogo de Portugal, muito menos que ganhávamos 1-0 devido a uma bela passagem de Figo para Pauleta que deu golo em grande.
É por estas e outras pérolas sonoras que só ouço Rádio Marginal.
Os portugas enfiaram-se em casa e estiveram entretidos sem chatearem ninguém durante hora e meia.Um pouco como os pais que respiram fundo quando os traquinas dos filhos se alienam com morangos selvagens.
O engenheiro Sócrates, que anda mortinho por tirar trânsito nas cidades numa daquelas suas patetíces politicamente correctas, podia dar futebol ao povo todos os dias e assim resolvia um problema ecológico e, já agora, social:poupar-nos à fúria incontida de milhares de energúmenos que fazem do futebol uma praga, apesar do desporto em si não ter culpa e até chegar a ser estimulante.
Principalmente quando há tremoços por perto !...
A Rádio Marginal, na sua programação marginal, deu-se ao luxo de nem sequer ter referido no noticiário das 21 que havia jogo de Portugal, muito menos que ganhávamos 1-0 devido a uma bela passagem de Figo para Pauleta que deu golo em grande.
É por estas e outras pérolas sonoras que só ouço Rádio Marginal.
Os portugas enfiaram-se em casa e estiveram entretidos sem chatearem ninguém durante hora e meia.Um pouco como os pais que respiram fundo quando os traquinas dos filhos se alienam com morangos selvagens.
O engenheiro Sócrates, que anda mortinho por tirar trânsito nas cidades numa daquelas suas patetíces politicamente correctas, podia dar futebol ao povo todos os dias e assim resolvia um problema ecológico e, já agora, social:poupar-nos à fúria incontida de milhares de energúmenos que fazem do futebol uma praga, apesar do desporto em si não ter culpa e até chegar a ser estimulante.
Principalmente quando há tremoços por perto !...
911 Super Star
É da côr do meu e estou ansioso pela estreia de Cars, anunciada ainda para este mês. Irresistível não postar a porcheta.
Ronaldo menino de ouro
Ao mesmo tempo que o Mundial me irrita, tal como ontem por aqui desabafei, também me emocionam figuras como as de Ronaldo. O seu ar simples e determinado, a modéstia na postura e o bom gosto que vai desde ter encomendado o projecto da sua futura casa ao arquitecto Souto Moura e de ter atraído a bela Romero para a sua vida,tudo é bom no conjunto do puto. Oxalá o resultado de amanhã seja digno de um jogador como ele.
sexta-feira, junho 09, 2006
Futebolada total
Começou hoje o Mundial. Vamos viver 30 dias de agitação colectiva. Portugal voltou a pendurar as bandeirolas à janela, a usar cachecol no verão, a pintar a tromba de multicores. Adoramos festança. Podemos desprezar o trabalho e o seu valor. Mas quando toca a reunir para a futebolada…o povo gosta. Gosta como gosta de Cavaco que já tem a popularidade que Sampaio demorou anos a obter.
Amanhã lá vai ele condecorar uma boa parte de apoiantes seus e de gente de esquerda como Óscar Lopes. O país rendeu-se ao futebol, ao cavaquismo e ao politicamente correcto do engenheiro Sócrates que quer proibir o fumo em locais públicos, como Hitler o fez, mas já não se importa que a nova lei do ruído permita algazarra até mais tarde.
Vem aí o verão, as férias, as pontes e o futebol. E eu estou para aqui a escrever, a esta hora, sobre um Portugal decadente, quando devia olhar para o sono profundo e sereno do meu filho David.O futuro.
Amanhã lá vai ele condecorar uma boa parte de apoiantes seus e de gente de esquerda como Óscar Lopes. O país rendeu-se ao futebol, ao cavaquismo e ao politicamente correcto do engenheiro Sócrates que quer proibir o fumo em locais públicos, como Hitler o fez, mas já não se importa que a nova lei do ruído permita algazarra até mais tarde.
Vem aí o verão, as férias, as pontes e o futebol. E eu estou para aqui a escrever, a esta hora, sobre um Portugal decadente, quando devia olhar para o sono profundo e sereno do meu filho David.O futuro.
Blogues e democratização da Web
Não resisto ainda a citar outro artigo muito interessante do Público de ontem. Interessa a todos nós que acreditamos na internet e nas novas tendências dos media.
"Os blogues democratizaram a Web e quebraram as restrições dos media"
Em todo o mundo o número de blogues duplica de seis em seis meses e, em cada segundo, um novo blogue é criado. Apesar dos números impressionantes, a blogosfera é ainda um espaço marginal para o universo de utilizadores da Internet e estes são uma pequena parte quando comparados com o número de pessoas que não acedem à Web. Que razões explicam então a enorme visibilidade alcançada pelos blogues e que os tornou alvo da cobiça de empresas em busca de novos espaços para publicidade?
Na opinião de António Granado, chefe de redacção do PÚBLICO e docente na licenciatura em Jornalismo da Universidade de Coimbra, a grande característica inovadora que os blogues introduziram foi a "democratização da Web" e a possibilidade de "qualquer pessoa publicar o que entender, quando entender". Já Rogério Santos, docente de Comunicação Social e Cultural na Universidade Católica Portuguesa, prefere realçar a enorme especialização atingida pelos blogues, que os levou a assumirem-se como "fontes complementares dos media tradicionais".
O fenómeno de expansão e visibilidade dos blogues foi um dos pontos que marcaram a "Reflexão em torno da Blogosfera", promovida terça-feira à tarde pela Livraria Minerva, em Coimbra, e que juntou na mesma mesa os autores dos blogues Ponto Media (António Granado) e Indústrias Culturais (Rogério Santos).
Insistindo na característica "democrática" dos blogues em contraste com a "inacessibilidade" e as "restrições" impostas pelos meios de comunicação tradicionais, António Granado defendeu que a visibilidade alcançada pela blogosfera não vai esmorecer. "É uma ferramenta que permite que qualquer pessoa publique o que bem entender, quando bem entender, praticamente de todo o lado. Já existem telemóveis que permitem fazer publicação de posts. Este é o único media onde os utilizadores têm uma liberdade total e espaço gratuito para publicar", afirmou.
Rogério Santos comparou o movimento de expansão da blogosfera ao da rádio no início do século XX, um movimento, sublinhou, de "progressiva proliferação de um meio ou ferramenta das elites até à população em geral". Será este processo de expansão que irá definir o impacto que a blogosfera poderá assumir, embora os primeiros sinais sejam já visíveis: "Os blogues estão a adquirir uma faceta comercial e de potencial económico que as empresas estão a descobrir e que vai acrescentar-se ao lado lúdico que já possui."
Segundo António Granado, existem, no estrangeiro, empresas que observam blogues para encontrar novos espaços publicitários, uma tendência que considera ser natural na medida em que diversos blogues são referências em determinadas áreas de conhecimento. "Os blogues têm grande potencial económico porque muitos se tornaram verdadeiros faróis. Os autores mostraram que sabiam escrever sobre determinado assunto e hoje há blogues que são muito melhores sobre determinadas matérias do que o PÚBLICO ou a SIC Notícias", defendeu. André Jegundo
"Os blogues democratizaram a Web e quebraram as restrições dos media"
Em todo o mundo o número de blogues duplica de seis em seis meses e, em cada segundo, um novo blogue é criado. Apesar dos números impressionantes, a blogosfera é ainda um espaço marginal para o universo de utilizadores da Internet e estes são uma pequena parte quando comparados com o número de pessoas que não acedem à Web. Que razões explicam então a enorme visibilidade alcançada pelos blogues e que os tornou alvo da cobiça de empresas em busca de novos espaços para publicidade?
Na opinião de António Granado, chefe de redacção do PÚBLICO e docente na licenciatura em Jornalismo da Universidade de Coimbra, a grande característica inovadora que os blogues introduziram foi a "democratização da Web" e a possibilidade de "qualquer pessoa publicar o que entender, quando entender". Já Rogério Santos, docente de Comunicação Social e Cultural na Universidade Católica Portuguesa, prefere realçar a enorme especialização atingida pelos blogues, que os levou a assumirem-se como "fontes complementares dos media tradicionais".
O fenómeno de expansão e visibilidade dos blogues foi um dos pontos que marcaram a "Reflexão em torno da Blogosfera", promovida terça-feira à tarde pela Livraria Minerva, em Coimbra, e que juntou na mesma mesa os autores dos blogues Ponto Media (António Granado) e Indústrias Culturais (Rogério Santos).
Insistindo na característica "democrática" dos blogues em contraste com a "inacessibilidade" e as "restrições" impostas pelos meios de comunicação tradicionais, António Granado defendeu que a visibilidade alcançada pela blogosfera não vai esmorecer. "É uma ferramenta que permite que qualquer pessoa publique o que bem entender, quando bem entender, praticamente de todo o lado. Já existem telemóveis que permitem fazer publicação de posts. Este é o único media onde os utilizadores têm uma liberdade total e espaço gratuito para publicar", afirmou.
Rogério Santos comparou o movimento de expansão da blogosfera ao da rádio no início do século XX, um movimento, sublinhou, de "progressiva proliferação de um meio ou ferramenta das elites até à população em geral". Será este processo de expansão que irá definir o impacto que a blogosfera poderá assumir, embora os primeiros sinais sejam já visíveis: "Os blogues estão a adquirir uma faceta comercial e de potencial económico que as empresas estão a descobrir e que vai acrescentar-se ao lado lúdico que já possui."
Segundo António Granado, existem, no estrangeiro, empresas que observam blogues para encontrar novos espaços publicitários, uma tendência que considera ser natural na medida em que diversos blogues são referências em determinadas áreas de conhecimento. "Os blogues têm grande potencial económico porque muitos se tornaram verdadeiros faróis. Os autores mostraram que sabiam escrever sobre determinado assunto e hoje há blogues que são muito melhores sobre determinadas matérias do que o PÚBLICO ou a SIC Notícias", defendeu. André Jegundo
Reuters abandona cinzentismo
Citando o Público de ontem:
Prefere ouvir as suas notícias acompanhadas de hip-hop ou de chill out? No Reuters Newsbeats pode escolher o som ambiente do seu "audiojornal". Este é um dos serviços em regime experimental, que estão a ser cozinhados nos Reuters Labs, onde a agência, conhecida pela informação pura e dura, mas de referência, está a ensaiar maneiras novas de informar. No Reuters Newsbeats, as notícias em formato áudio têm trilhas de música e separadores dedicados ao público mais jovem. A voz radiofónica estilo BBC está lá. E o ritmo do hip hop também. Mas há mais nestes laboratórios. Há podcasts de canais específicos de informação, wiki (enciclopédia online para a qual todos podem contribuir) de termos financeiros, serviços de vídeo na Net e blogues especializados. O objectivo é responder à pergunta que Mark Glaser, especialista da Reuters em novos media, colocava num artigo: "No novo mundo dos "cidadãos jornalistas", com bloggers, podcasters e videojornalistas, que lugar ocupa a velha e bolorenta agência de notícias?"
Prefere ouvir as suas notícias acompanhadas de hip-hop ou de chill out? No Reuters Newsbeats pode escolher o som ambiente do seu "audiojornal". Este é um dos serviços em regime experimental, que estão a ser cozinhados nos Reuters Labs, onde a agência, conhecida pela informação pura e dura, mas de referência, está a ensaiar maneiras novas de informar. No Reuters Newsbeats, as notícias em formato áudio têm trilhas de música e separadores dedicados ao público mais jovem. A voz radiofónica estilo BBC está lá. E o ritmo do hip hop também. Mas há mais nestes laboratórios. Há podcasts de canais específicos de informação, wiki (enciclopédia online para a qual todos podem contribuir) de termos financeiros, serviços de vídeo na Net e blogues especializados. O objectivo é responder à pergunta que Mark Glaser, especialista da Reuters em novos media, colocava num artigo: "No novo mundo dos "cidadãos jornalistas", com bloggers, podcasters e videojornalistas, que lugar ocupa a velha e bolorenta agência de notícias?"
quinta-feira, junho 08, 2006
Tinha 88 anos morreu ontem em Nova Iorque de ataque cardíaco.Chamava-se Arnold Newman e era uma das referências da fotografia contemporânea.Os seus modelos eram orientados para se obter uma imagem final expressionista. " Retrato ambiental", alguém definiu o seu estilo de trabalho.
Fotografou para todo o lado mas foi em LOOK e LIFE que as suas fotografias mais brilharam.
Desapareceu mais um mestre da fotografia que " retratou os grandes, famosos e às vezes infames de todo o mundo e de todas as esferas da vida".
Revolução digital em Moscovo
Com a devida vénia ao José Manuel Fernandes, caro amigo e director do jornal Público, não posso deixar de transcrever aqui a sua excelente peça, publicada no seu jornal de hoje, sobre a evolução dos jornais em papel e online.
Ele esteve agora num encontro mundial de jornalistas em Moscovo onde muita coisa a ferver se discutiu. Eu subscrevo totalmente o que foi dito. Mais: é minha profunda convicção de que o rumo vai ser este para a imprensa nos próximos anos.
Como me dizia hoje Paulo Querido, tudo evoluiu muito rápidamente nos últimos três meses.
A internet não traz leitores para o papel, ao contrário: pode criar um novo público consumidor dos títulos de referência e com essa audiência é uma nova forma de negócio, através da publicidade, que se abre.
Aí vai:
Os jornais têm de mudar depressa e vão passar por tempos turbulentos, pois se há um "admirável mundo novo" à vista, poucos ainda descobriram qual o modelo de negócio que entretanto lhes permitirá sobreviver
Nathan Stoll tem ainda um ar adolescente e farta-se de repetir que não é jornalista, antes um computer scientist. Com razão, sobretudo se nos lembrarmos do seu curriculum e soubermos que trabalha na Google. Contudo, foi um dos que desenvolveram o algoritmo que faz funcionar os computadores que seleccionam automaticamente as notícias mais importantes para as disponibilizar no Google News. Na sala cheia de directores e editores seguia-se com alguma desconfiança o fio do seu raciocínio e muitos percebiam que estava ali uma das ameaças ao jornalismo tal como hoje o conhecemos - uma ameaça bem real.
Na manhã seguinte um escocês com um ar particularmente excêntrico subiria ao mesmo palco, do 13.º Fórum Mundial de Directores, que ontem terminou em Moscovo, para confessar ser um leitor compulsivo desde muito novo e acreditar que só assim tinha chegado onde chegou, ao topo da Microsoft. Com o cabelo apanhado num rabo-de-cavalo e envergando o tradicional kilt, a sua mensagem era bem diferente: para ele os jornalistas serão sempre os autenticadores das notícias, mas terão de habituar-se a trabalhar de forma muito diferente. Para a sala trouxe um pequeno aparelho do tamanho de uma folha A4 e com a espessura de um dedo onde já é possível ler, com a mesma facilidade que no papel, o The New York Times.
O projecto não está ainda concluído (prometeram-no para daqui a seis, oito semanas), mas quando estiver, o leitor habitual do jornal nova-iorquino receberá de hora a hora no seu aparelho (ou no seu computador) a versão actualizada do seu jornal e tudo o que foi publicado nos sete dias anteriores. A paginação tem a mesma legibilidade da de um jornal impresso, agora mais fácil de ler no metro ou à mesa do café. E com a vantagem adicional de incluir os mesmos anúncios, ou semelhantes, da edição em papel.
Durante os três dias que estiveram reunidos em Moscovo, 1700 proprietários e directores de jornais escutaram visões muito distintas - mas quase sempre desafiantes - sobre o futuro da sua indústria. Confirmaram que tudo está a mudar, e muito mais depressa do que se julgava. Se a nível global a imprensa ainda cresce graças ao boom da Índia e da China, nos países desenvolvidos os números indicam uma tendência para o declínio e uma enorme dificuldade em atrair novos leitores.
Mais: se antes haviam sobrevivido bem à rádio e à televisão, se nos primeiros tempos da Internet até foram protagonistas na sua rápida expansão, hoje enfrentam o desafio dos chamados "cidadãos jornalistas" - de que os blogues são apenas uma manifestação - mas também da ideia de que o acesso à informação não necessita de ser pago "já que ela está por todo o lado".
Jornais procuram novas formas de captar público
Para enfrentar este novo tipo de desafios, jornais de todo o mundo estão a procurar novas soluções que implicam inovação, inovação e mais inovação. Tabus de há alguns anos começam a cair.
O Washington Post veio por exemplo dar conta de que, na sua redacção, já há 50 jornalistas que saem para a rua com uma câmara de vídeo, que já instalaram um estúdio de rádio e que a empresa assumiu de alto a baixo que a interactividade com os leitores é um mecanismo essencial para sobreviver.
Jornais sérios e circunspectos, como o El País, explicaram que para conseguirem aumentar as suas vendas ao fim-de-semana - e terem muito mais mulheres a lerem-no - alteraram o registo habitual e vão antes à procura do lado humano dos políticos e das figuras públicas.
Algumas soluções adoptadas pelo The Guardian aquando da sua remodelação gráfica foram destacadas por representarem uma viragem e não apenas uma nova roupagem: "Encontraram formas de dizer mais com menos palavras", sublinhou o representante da empresa de consultadoria Innovation enquanto mostrava como grandes fotografias obrigavam o texto quase a desaparecer, com vantagem para todos.
O principal jornal económico da Holanda, que também está a testar um suporte semelhante ao apresentado pela Microsoft, mas trabalhando com a Phillips e uma universidade, fez todos lerem algumas mensagens de jovens sublinhando a importância de nas redacções existirem mais pessoas que já cresceram "na era do digital".
Mesmo assim, num ponto quase todos convergiram: os jornais e os jornalistas podem e devem continuar a funcionar como referências, como "marcadores" no oceano de informações dispersas, no fundo, como "autenticadores de notícias", na expressão do escocês da Microsoft. Mas, para tal, o que contará mais será a fiabilidade, utilidade e proximidade das "marcas", isto é, dos títulos prestigiosos da imprensa clássica. Se não conseguirem manter esse lugar, os jornais podem atravessar um período ainda mais conturbado do que o actual, em que as receitas em queda começam a não suportar custos fixos muito altos.
Ele esteve agora num encontro mundial de jornalistas em Moscovo onde muita coisa a ferver se discutiu. Eu subscrevo totalmente o que foi dito. Mais: é minha profunda convicção de que o rumo vai ser este para a imprensa nos próximos anos.
Como me dizia hoje Paulo Querido, tudo evoluiu muito rápidamente nos últimos três meses.
A internet não traz leitores para o papel, ao contrário: pode criar um novo público consumidor dos títulos de referência e com essa audiência é uma nova forma de negócio, através da publicidade, que se abre.
Aí vai:
Os jornais têm de mudar depressa e vão passar por tempos turbulentos, pois se há um "admirável mundo novo" à vista, poucos ainda descobriram qual o modelo de negócio que entretanto lhes permitirá sobreviver
Nathan Stoll tem ainda um ar adolescente e farta-se de repetir que não é jornalista, antes um computer scientist. Com razão, sobretudo se nos lembrarmos do seu curriculum e soubermos que trabalha na Google. Contudo, foi um dos que desenvolveram o algoritmo que faz funcionar os computadores que seleccionam automaticamente as notícias mais importantes para as disponibilizar no Google News. Na sala cheia de directores e editores seguia-se com alguma desconfiança o fio do seu raciocínio e muitos percebiam que estava ali uma das ameaças ao jornalismo tal como hoje o conhecemos - uma ameaça bem real.
Na manhã seguinte um escocês com um ar particularmente excêntrico subiria ao mesmo palco, do 13.º Fórum Mundial de Directores, que ontem terminou em Moscovo, para confessar ser um leitor compulsivo desde muito novo e acreditar que só assim tinha chegado onde chegou, ao topo da Microsoft. Com o cabelo apanhado num rabo-de-cavalo e envergando o tradicional kilt, a sua mensagem era bem diferente: para ele os jornalistas serão sempre os autenticadores das notícias, mas terão de habituar-se a trabalhar de forma muito diferente. Para a sala trouxe um pequeno aparelho do tamanho de uma folha A4 e com a espessura de um dedo onde já é possível ler, com a mesma facilidade que no papel, o The New York Times.
O projecto não está ainda concluído (prometeram-no para daqui a seis, oito semanas), mas quando estiver, o leitor habitual do jornal nova-iorquino receberá de hora a hora no seu aparelho (ou no seu computador) a versão actualizada do seu jornal e tudo o que foi publicado nos sete dias anteriores. A paginação tem a mesma legibilidade da de um jornal impresso, agora mais fácil de ler no metro ou à mesa do café. E com a vantagem adicional de incluir os mesmos anúncios, ou semelhantes, da edição em papel.
Durante os três dias que estiveram reunidos em Moscovo, 1700 proprietários e directores de jornais escutaram visões muito distintas - mas quase sempre desafiantes - sobre o futuro da sua indústria. Confirmaram que tudo está a mudar, e muito mais depressa do que se julgava. Se a nível global a imprensa ainda cresce graças ao boom da Índia e da China, nos países desenvolvidos os números indicam uma tendência para o declínio e uma enorme dificuldade em atrair novos leitores.
Mais: se antes haviam sobrevivido bem à rádio e à televisão, se nos primeiros tempos da Internet até foram protagonistas na sua rápida expansão, hoje enfrentam o desafio dos chamados "cidadãos jornalistas" - de que os blogues são apenas uma manifestação - mas também da ideia de que o acesso à informação não necessita de ser pago "já que ela está por todo o lado".
Jornais procuram novas formas de captar público
Para enfrentar este novo tipo de desafios, jornais de todo o mundo estão a procurar novas soluções que implicam inovação, inovação e mais inovação. Tabus de há alguns anos começam a cair.
O Washington Post veio por exemplo dar conta de que, na sua redacção, já há 50 jornalistas que saem para a rua com uma câmara de vídeo, que já instalaram um estúdio de rádio e que a empresa assumiu de alto a baixo que a interactividade com os leitores é um mecanismo essencial para sobreviver.
Jornais sérios e circunspectos, como o El País, explicaram que para conseguirem aumentar as suas vendas ao fim-de-semana - e terem muito mais mulheres a lerem-no - alteraram o registo habitual e vão antes à procura do lado humano dos políticos e das figuras públicas.
Algumas soluções adoptadas pelo The Guardian aquando da sua remodelação gráfica foram destacadas por representarem uma viragem e não apenas uma nova roupagem: "Encontraram formas de dizer mais com menos palavras", sublinhou o representante da empresa de consultadoria Innovation enquanto mostrava como grandes fotografias obrigavam o texto quase a desaparecer, com vantagem para todos.
O principal jornal económico da Holanda, que também está a testar um suporte semelhante ao apresentado pela Microsoft, mas trabalhando com a Phillips e uma universidade, fez todos lerem algumas mensagens de jovens sublinhando a importância de nas redacções existirem mais pessoas que já cresceram "na era do digital".
Mesmo assim, num ponto quase todos convergiram: os jornais e os jornalistas podem e devem continuar a funcionar como referências, como "marcadores" no oceano de informações dispersas, no fundo, como "autenticadores de notícias", na expressão do escocês da Microsoft. Mas, para tal, o que contará mais será a fiabilidade, utilidade e proximidade das "marcas", isto é, dos títulos prestigiosos da imprensa clássica. Se não conseguirem manter esse lugar, os jornais podem atravessar um período ainda mais conturbado do que o actual, em que as receitas em queda começam a não suportar custos fixos muito altos.
Timor para Totós
Não sei como se sentirá o engenheiro Sócrates depois do vexame a que a GNR se está a submeter em Timor. Para quem fez uma cerimónia de pompa e circunstância frente à Torre de Belém, como se fosse uma partida de heróis para a guerra, e agora assiste calado ao cerco à tropa em Díli. Não deve ser fácil.
Ainda por cima Freitas do Amaral, numa daquelas suas tiradas inconscientes, veio criticar o primeiro - ministro da Austrália por ter dito que Timor não estava a ser bem governado. Tem a resposta: as tropas australianas paralisam as portuguesas. Já não é a guerra Alkatiri-Xanana passou a ser um caso Portugal - Austrália.
Se o ridículo matasse a tropa portuguesa já estava abatida.
O nosso paternalismo patético num misto de má consciência colonial com esquerdismo beato, dá isto. O contribuinte paga para o país fazer figura de totó.
Depois, na hora das grandes decisões Timor marimba-se em Portugal. Veja-se o que aconteceu com o negócio do petróleo. Na hora, Alkatiri preferiu os italianos aos portugueses e australianos.
Porque não vai Alkatiri pedir agora ajuda aos italianos ?
Ainda por cima Freitas do Amaral, numa daquelas suas tiradas inconscientes, veio criticar o primeiro - ministro da Austrália por ter dito que Timor não estava a ser bem governado. Tem a resposta: as tropas australianas paralisam as portuguesas. Já não é a guerra Alkatiri-Xanana passou a ser um caso Portugal - Austrália.
Se o ridículo matasse a tropa portuguesa já estava abatida.
O nosso paternalismo patético num misto de má consciência colonial com esquerdismo beato, dá isto. O contribuinte paga para o país fazer figura de totó.
Depois, na hora das grandes decisões Timor marimba-se em Portugal. Veja-se o que aconteceu com o negócio do petróleo. Na hora, Alkatiri preferiu os italianos aos portugueses e australianos.
Porque não vai Alkatiri pedir agora ajuda aos italianos ?
terça-feira, junho 06, 2006
Descobri agora no suplemento do EL PAIS,EP3,o novo video clip de Paris Hilton. Não quis deixar de partilhar com os meus leitores. A política editorial do diário espanhol surpreende sempre pela positiva. A abertura a todo o tipo de conteúdos, a vários públicos, é uma das chaves do sucesso do jornal, pese embora o facto de as suas tiragens terem diminuído, um pouco como está a acontecer por todo o lado.
Os diários espanhóis no total aumentaram 12 por cento de audiência mas ao que parece isso deve-se à concorrência desenfreada dos gratuitos. Só o El Mundo conseguiu aumentar as vendas.
ver video de Paris Hilton
Vídeo refrescante de Paris Hilton
segunda-feira, junho 05, 2006
SIDA tem 25 anos
A SIDA tem 25 anos. Foi a doença que mudou comportamentos sociais e pôs em causa uma forma de estar na vida liberal e libertadora do corpo.Não adiantará muito eu perder tempo em considerações que não passarão de lugares comuns.
Fica aqui a minha sugestão para o tratamento multimédia que o jornal EL MUNDO deu ao tema. Depois não me digam que a linguagem multimédia não está a revoluconar o jornalismo.Clique aqui.
Fica aqui a minha sugestão para o tratamento multimédia que o jornal EL MUNDO deu ao tema. Depois não me digam que a linguagem multimédia não está a revoluconar o jornalismo.Clique aqui.
domingo, junho 04, 2006
Whashington Post despede 70
A crise do jornalismo escrito não se manifesta só em Portugal. Podemos até dizer que essa crise de leitores ainda não se manifestou com a evidência com que se tem sentido em países como os Estados Unidos.A última notícia muito preocupante é de ontem e anuncia que o Whashington Post acaba de negociar a saída de 70 jornalistas do seu quadro. São editores, fotógrafos, colunistas, repórteres decanos. A realidade é dura: as tiragens não param de descer e o aumento que houve na audiência online, com receitas significativas, não chega nem de longe para cobrir os constantes aumentos de custos da produção da edição em papel.
Preocupante. Era bom que tirássemos por cá conclusões enquanto é tempo: porque andam os leitores afastados dos jornais, como reconquistá-los e a que preço. Estaremos a fazer os jornais que os leitores querem ?
Preocupante. Era bom que tirássemos por cá conclusões enquanto é tempo: porque andam os leitores afastados dos jornais, como reconquistá-los e a que preço. Estaremos a fazer os jornais que os leitores querem ?
Matança de Tianamen foi há 17 anos
A revolta de Tianamen foi há 17 anos. Era 4 de Junho, milhares de estudantes manifestavam-se em Pequin contra o regime comunista quando militares cercaram a Praça Tianamen e massacraram dois mil estudantes com tanques e baionetas.
Este horror, transmitido em directo pela CNN, e com a presença de dezenas de jornalistas ocidentais, correu mundo, pôs em causa o regime comunista, mas a verdade é que passados todos estes anos o que mudou na China foi o regime económico e não o político.
Um país, dois sistemas, assim tem conseguido a China crescer e desafiar o Mundo.
Hoje em Hong Kong, no Parque Victoria, milhares de pessoas reuniram-se para lembrar a triste data, com flores, velas acesas e cânticos à democracia. Ao contrário da “outra China” Hong Kong e Macau, devido aos seus estatutos de autonomia puderam manifestar-se lembrando a matança de Tianamen.
Há 17 anos da janela do quarto de Hotel, o fotojornalista Stuart Franklin da agência Magnum conseguia fotografar um manifestante resistente ao avanço dos tanques do poder comunista. Ganhou com esta fotografia o World Press Photo.
O cameraman português Mário de Carvalho, então ao serviço da cadeia ABC no mesmo local, diz num livro seu que o homem que desafiava o tanque estava a caír de bêbado, daí a sua aparente coragem.
Assim se fazem alguns mitos da História.
sábado, junho 03, 2006
O carlitos já não trabalha
O Carlitos já não trabalha. É a notícia que o Expresso desta semana confirma, depois de ter denunciado no passado sábado o facto de sapatos da marca Zara serem fabricados à mãos em casas de famílias do Norte com a ajuda de crianças.
A notícia correu mundo e foi citada em inúmeros jornais internacionais de referência.
O miúdo protagonista da foto, o Carlitos, tornou-se num símbolo do trabalho infantil que ainda persiste no país do choque tecnológico.
O receio que houve em publicar a notícia inicial já que podia pôr em causa o sustento daquela família pobre, acabou por ter um final menos infeliz: inspectores da Zara puseram-se ao caminho e conseguiram identificar a família e impôr condições para continuar a ter trabalho e sustento.
A notícia vem no Expresso desta semana.
A lição fica aqui: ainda vale a pena fazer jornalismo de investigação e causas.
Os leitores vão decerto agradecer.
A notícia correu mundo e foi citada em inúmeros jornais internacionais de referência.
O miúdo protagonista da foto, o Carlitos, tornou-se num símbolo do trabalho infantil que ainda persiste no país do choque tecnológico.
O receio que houve em publicar a notícia inicial já que podia pôr em causa o sustento daquela família pobre, acabou por ter um final menos infeliz: inspectores da Zara puseram-se ao caminho e conseguiram identificar a família e impôr condições para continuar a ter trabalho e sustento.
A notícia vem no Expresso desta semana.
A lição fica aqui: ainda vale a pena fazer jornalismo de investigação e causas.
Os leitores vão decerto agradecer.
quinta-feira, junho 01, 2006
Dois países e seus dois rostos
Timor está a arder outra vez. O que ninguém quer dizer, nem explicar nos jornais, nem noutro local, é que a velha guerra Alkatiri - Xanana está consumada. Como alguém me dizia hoje:” Um é competente e mal encarado, o outro é incompetente e populista”. Não vale a pena explicar quem é quem neste dueto.
Claro que a GNR lá abalou para defender os irmãos desavindos e Sócrates não faltou à bênção do adeus com a Torre de Belém por trás. Não sabemos se a Dona Maria espreitou através dos reposteiros das janelas do palácio rosa a ver a banda passar rumo a Lorossai. Mas vontade de distribuir uns pirilampos mágicos pelos nossos bravos do pelotão não lhe faltaria.
A verdade é que Portugal é que paga, nós pagamos dos nossos impostos brigadas de salvação para aqueles que brincam às birras do poder quando deviam estar a trabalhar para honrarem uma liberdade quase dada.
Somos uma pátria de bonzinhos. Até Cavaco é bom, para não ficar atrás do Soares fixe. E se durante o cavaquismo governativo o Alentejo foi dado ao ostracismo ao ponto do projecto do Alqueva ter sido posto em causa, se o então primeiro-ministro estava mais interessado em betão, alcatrão e outros materiais eternos, agora… vai ao Alentejo pedir pelos velhinhos. E vai mais longe: quer que os jovens se fixem nas aldeias. Safa! -dirão os putos.
Uma pátria de boa vontade. O PR esteve 10 anos no poder como primeiro. Criou o monstro orçamental: inventou o 14º mês para os reformados, o sistema retributivo da função pública, o ensino caótico, 0 monstro da saúde.
Agora faz excursões pelo país desertificado pregando pelos desamparados. Como cinismo político não pode haver melhor.
E a santa aliança PM/PR ai está a funcionar. Aplaudem-se um ao outro. Reina a paz no reino podre mas uma coisa temos melhor do que os timorenses: aqui os dois pilares da nação adoram-se, o povo está sereno. Abençoados.
Jornalismo online no Clube de Jornalistas
Muito interessante o debate de hoje no Clube de Jornalistas sobre jornalismo online.
Algumas ideias foram ali lançadas:
Jornalismo online não tem de ser jornalismo multimédia.
Os jornais online concebidos como reféns dos conteúdos, e da forma, do papel é um conceito de há 10 anos.
Os jornais online em Portugal são paupérrimos, pouco ambiciosos e uma sombra do jornalismo online de referência mundial ( basta comparar com Espanha).
As escolas de comunicação social ainda não estão a formar uma nova geração de jornalistas multimédia.
Ainda não há em Portugal, e também lá fora, uma estratégia comercial, de negócio para a informação na net. Um absurdo se tivermos em conta o número de usuários.
A fusão total de redações on-off é um disparate porque as notícias online não se compadecem com o ritmo das redacções off, mesmo nos diários.
Os leitores até aos 25 anos 90 por cento interessa-se por notícias...na net.
O conceito de linkar por tudo e por nada é outro conceito de há 10 anos. Agora é a linguagem multimédia que está a dar: vídeos, podcasts audio e vídeo, infografia animada ( que não é a infografia de televisão), uso e abuso do flash, enfim: com a banda larga e a nova, simples e barata tecnologia digital de captação e edição de imagens e audio é uma nova forma de expressão que aí está.
Agora digo eu: hoje podemos fazer directos em video para a net a partir de uma mini câmera, um portátil e uma qualquer ligação ADSL ( ver propostas Akamai), por tuta e meia. A formação de jornalistas multiplataforma é fácil se tivermos em atenção que a internet e seu ambiente exige entusiasmo de equipa, criatividade, espírito inovador, contrário à velha forma do sargento chefe de redacção que quando pode não sabe mandar e quando manda transforma a redacção numa sala de castigos.
O jornalismo online faz-se com equipas jovens, reduzidas e imaginativas. Na net podemos experimentar, fazer laboratório, medir reacções imediatas do público. Na net a relação emotiva que se conseguir com o público será determinante para se obter uma significativa comunidade de aderentes.
Passado quase 1 mês de ter gravado a minha declaração para o programa desta noite, alguns dias depois de ter saído de editor multimédia do Expresso, subscrevo totalmente o que afirmei. Isto é: o jornalismo online exige outra postura, outra prática e uma vivacidade que não é compatível com o jornalismo tradicional. Não por capricho, mas porque cada meio e a sua especificidade acabam por gerar linguagens novas e decisões editoriais diferentes.
Voltarei a este assunto.
Algumas ideias foram ali lançadas:
Jornalismo online não tem de ser jornalismo multimédia.
Os jornais online concebidos como reféns dos conteúdos, e da forma, do papel é um conceito de há 10 anos.
Os jornais online em Portugal são paupérrimos, pouco ambiciosos e uma sombra do jornalismo online de referência mundial ( basta comparar com Espanha).
As escolas de comunicação social ainda não estão a formar uma nova geração de jornalistas multimédia.
Ainda não há em Portugal, e também lá fora, uma estratégia comercial, de negócio para a informação na net. Um absurdo se tivermos em conta o número de usuários.
A fusão total de redações on-off é um disparate porque as notícias online não se compadecem com o ritmo das redacções off, mesmo nos diários.
Os leitores até aos 25 anos 90 por cento interessa-se por notícias...na net.
O conceito de linkar por tudo e por nada é outro conceito de há 10 anos. Agora é a linguagem multimédia que está a dar: vídeos, podcasts audio e vídeo, infografia animada ( que não é a infografia de televisão), uso e abuso do flash, enfim: com a banda larga e a nova, simples e barata tecnologia digital de captação e edição de imagens e audio é uma nova forma de expressão que aí está.
Agora digo eu: hoje podemos fazer directos em video para a net a partir de uma mini câmera, um portátil e uma qualquer ligação ADSL ( ver propostas Akamai), por tuta e meia. A formação de jornalistas multiplataforma é fácil se tivermos em atenção que a internet e seu ambiente exige entusiasmo de equipa, criatividade, espírito inovador, contrário à velha forma do sargento chefe de redacção que quando pode não sabe mandar e quando manda transforma a redacção numa sala de castigos.
O jornalismo online faz-se com equipas jovens, reduzidas e imaginativas. Na net podemos experimentar, fazer laboratório, medir reacções imediatas do público. Na net a relação emotiva que se conseguir com o público será determinante para se obter uma significativa comunidade de aderentes.
Passado quase 1 mês de ter gravado a minha declaração para o programa desta noite, alguns dias depois de ter saído de editor multimédia do Expresso, subscrevo totalmente o que afirmei. Isto é: o jornalismo online exige outra postura, outra prática e uma vivacidade que não é compatível com o jornalismo tradicional. Não por capricho, mas porque cada meio e a sua especificidade acabam por gerar linguagens novas e decisões editoriais diferentes.
Voltarei a este assunto.
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