Dizia o Miles Davis que a nostalgia era detestável. Sem nostalgia, mas com muita saudade (lá vem o fado a fazer lobby!) este 2010 tirou-me da vida pessoas que de uma forma ou outra me marcaram, e que farão sempre parte das minhas referências. Nesse aspecto foi o pior ano da minha vida. Nunca vi partir tanta gente com quem tinha uma relação de afecto, embora de formas diferentes.
Foram pessoas que amei, com quem briguei, que critiquei muitas vezes, mas que sem elas a minha vida teria sido muito diferente, porque a minha aprendizagem não teria sido tão rica e experiente. Com umas aprendi a conduzir, a ser adulto, a gritar, a ter mau feitio, outras aprendi a arte de saber aprendendo, step by step, outras....não me quero alongar.
Alguns nomes: Maria da Luz, Pedro Beça-Múrias, Isabel Oliveira, António Feio, Carlos Pinto Coelho, Ernâni Lopes, Dennis Stock, o meu tio Adão, a minha tia Rita. Com o desaparecimento deles aprendi que não há nada como gostar da vida. Aliás, o motivo mais forte que fez com que tivesse sido fotógrafo, e de uma outra forma, arquitecto.
Bom- Ano!!!
sexta-feira, dezembro 31, 2010
quinta-feira, dezembro 30, 2010
E se Vara tivesse dado umas boas acções a Sócrates?
Se Vara tivesse convidado Sócrates a comprar umas acções especiais da CGD ( por exemplo) e tivesse ainda metido um familiar do engenheiro na operação, o primo, a mãe, o tio, e ao fim de uns meses tivesse havido o milagre da multiplicação dos lucros para 140 mil e 200 mil euros, o que seria do país?
A imprensa calava-se? O engenheiro diria que tinha declarado no IRS e estava safo? O engenheiro atiraria a arma de arremesso de que estava a ser insultado, caluniado? O engenheiro mandaria ver na internet o que tinha ganho, no traste do Magalhães?
Não gostando eu de Sócrates, uma coisa tenho de reconhecer: até agora ele nunca ganhou um balúrdio de massa que tenha sido declarada ou apanhada em falta. Bocas muitas. Provas: zero.
Ora, a bronca da SLN, a mãe do BPN, aquela sociedade dos cavaquistas Oliveira e Costa e Dias Loureiro e companhia limitada, tem tudo a ver com a forma como se emigrou da política para os negócios.
E Cavaco, para quem se tem de nascer duas vezes para se ser mais sério do que ele (e dou isso de barato), é o responsável político pela geração que mais esquemas, tráfico de influências e corrupção trouxe ao país. Não é ele. É o monstro que o cavaquismo criou.
Cavaco é o pai tirano que vê os filhos crescerem, tornarem-se malandros, ladrões e bandidos, embora os tivesse batipzado, mandado à catequese e dado o crisma!
Claro que a sua honestidade é à prova de bala e resiste a dois nascimentos, mas nem tudo o que é legal é ético, e nem tudo o que é ético num cidadão comum o é num político. Muito menos político profissional, como bem o mostrou no debate com Alegre.
E se Cavaco gosta de citar as donas de casa e a sua competência doméstica, eu cito outro político que gostava de ver na doméstica Maria de S. Bento o padrão de todas as virtudes. E dizia ele: em política o que parece é.
A imprensa calava-se? O engenheiro diria que tinha declarado no IRS e estava safo? O engenheiro atiraria a arma de arremesso de que estava a ser insultado, caluniado? O engenheiro mandaria ver na internet o que tinha ganho, no traste do Magalhães?
Não gostando eu de Sócrates, uma coisa tenho de reconhecer: até agora ele nunca ganhou um balúrdio de massa que tenha sido declarada ou apanhada em falta. Bocas muitas. Provas: zero.
Ora, a bronca da SLN, a mãe do BPN, aquela sociedade dos cavaquistas Oliveira e Costa e Dias Loureiro e companhia limitada, tem tudo a ver com a forma como se emigrou da política para os negócios.
E Cavaco, para quem se tem de nascer duas vezes para se ser mais sério do que ele (e dou isso de barato), é o responsável político pela geração que mais esquemas, tráfico de influências e corrupção trouxe ao país. Não é ele. É o monstro que o cavaquismo criou.
Cavaco é o pai tirano que vê os filhos crescerem, tornarem-se malandros, ladrões e bandidos, embora os tivesse batipzado, mandado à catequese e dado o crisma!
Claro que a sua honestidade é à prova de bala e resiste a dois nascimentos, mas nem tudo o que é legal é ético, e nem tudo o que é ético num cidadão comum o é num político. Muito menos político profissional, como bem o mostrou no debate com Alegre.
E se Cavaco gosta de citar as donas de casa e a sua competência doméstica, eu cito outro político que gostava de ver na doméstica Maria de S. Bento o padrão de todas as virtudes. E dizia ele: em política o que parece é.
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sábado, dezembro 18, 2010
O PREC dos patrões e da Dona Merkl !
A forma ardilosa e matreira como se vão destruíndo os direitos do Estado Social, conquistados a ferros durante os últimos cinquenta anos, é um escândalo. E uma vergonha sem fim.
A manha instalou-se no governo, nos sindicatos e no patronato. Veja-se a recente ideia de mexer nas indemnizações pagas a quem é despedido.
Primeiro não se disse que eram só para os futuros contratos. Parecia que era para todos. Quando a coisa já estava aceite, sem grande contestação e com João Proença já com as calças em baixo, como sempre, veio dizer-se que os que agora estão sob contrato, não veriam ajustados o valor das indemnizações.
Mas dois dias depois, como a medida não foi contestada, já deu para ir mais longe. Afinal, os que já têm contrato também serão penalizados.
Claro! Não serão reduzidas as indemnizações...apenas a forma de cálculo. O cinismo não pode ser maior. E a falta de carácter político de Proença, a verdadeira cremalheira do Partido dito Socialista, não pode ser mais amarelo e traidor. O senhor dos Passos não faria melhor!
Estamos perante uma situação que até agora nunca tinha sido muito contestada pelo patronato. Por razões práticas.
Isto é: as actuais indemnizações permitem a qualquer patrão despedir individualmente sem justa causa, sendo que, a causa evocada para passar a ser justa basta que utilize um dos vários items que o novo código do trabalho introduziu, também com a total anuência dos sindicatos.
Para o despedideiro é bom negócio despedir: poupa na segurança social, poupa na troca do despedido por um aprendiz a soldo baixo, e até pode deduzir no IRC a "despesa" que teve ao ver-se livre de um empata. Portanto: pagar mais uns tostões até pode compensar.
Não compensaria, se tivesse de indemnizar também a segurança social pela perda de entrada de contribuição e não tivesse de deduzir um despedimento como uma despesa. E não compensaria, se uma empresa com lucro, tivesse de ser penalizada com despedimentos, para aumentar os lucros e a distribuição de lucros pelos sócios e acçionistas.
O que é notável, e mostra bem os tempos de falta de contestação e de amorfismo em que vivemos, é o facto de as medidas penalizadoras serem feitas à semana. Ora, isto cria uma instabilidade sem preço na sociedade e faz com que o Estado seja cada vez mais um gangster pronto a assaltar o cidadão na sua carteira e nos seus direitos.
Assistimos à falta de política em favor da engenharia financeira. Exactamente o que levou o Mundo ao estado em que está. Meia dúzia de medidas da treta, que não fazem avançar a economia, mas fazem encher o ego de um patronato troglodita, montado em carros topo de gama e em contas blindadas no estrangeiro, são suficientes para a Dona Merkl achar que o país vai no bom caminho.
Portanto: para a semana quem tem agora contrato de trabalho vai passar a receber menos em caso de despedimento e daqui a 15 dias não recebe nada.
É o PREC dos patrões.
A manha instalou-se no governo, nos sindicatos e no patronato. Veja-se a recente ideia de mexer nas indemnizações pagas a quem é despedido.
Primeiro não se disse que eram só para os futuros contratos. Parecia que era para todos. Quando a coisa já estava aceite, sem grande contestação e com João Proença já com as calças em baixo, como sempre, veio dizer-se que os que agora estão sob contrato, não veriam ajustados o valor das indemnizações.
Mas dois dias depois, como a medida não foi contestada, já deu para ir mais longe. Afinal, os que já têm contrato também serão penalizados.
Claro! Não serão reduzidas as indemnizações...apenas a forma de cálculo. O cinismo não pode ser maior. E a falta de carácter político de Proença, a verdadeira cremalheira do Partido dito Socialista, não pode ser mais amarelo e traidor. O senhor dos Passos não faria melhor!
Estamos perante uma situação que até agora nunca tinha sido muito contestada pelo patronato. Por razões práticas.
Isto é: as actuais indemnizações permitem a qualquer patrão despedir individualmente sem justa causa, sendo que, a causa evocada para passar a ser justa basta que utilize um dos vários items que o novo código do trabalho introduziu, também com a total anuência dos sindicatos.
Para o despedideiro é bom negócio despedir: poupa na segurança social, poupa na troca do despedido por um aprendiz a soldo baixo, e até pode deduzir no IRC a "despesa" que teve ao ver-se livre de um empata. Portanto: pagar mais uns tostões até pode compensar.
Não compensaria, se tivesse de indemnizar também a segurança social pela perda de entrada de contribuição e não tivesse de deduzir um despedimento como uma despesa. E não compensaria, se uma empresa com lucro, tivesse de ser penalizada com despedimentos, para aumentar os lucros e a distribuição de lucros pelos sócios e acçionistas.
O que é notável, e mostra bem os tempos de falta de contestação e de amorfismo em que vivemos, é o facto de as medidas penalizadoras serem feitas à semana. Ora, isto cria uma instabilidade sem preço na sociedade e faz com que o Estado seja cada vez mais um gangster pronto a assaltar o cidadão na sua carteira e nos seus direitos.
Assistimos à falta de política em favor da engenharia financeira. Exactamente o que levou o Mundo ao estado em que está. Meia dúzia de medidas da treta, que não fazem avançar a economia, mas fazem encher o ego de um patronato troglodita, montado em carros topo de gama e em contas blindadas no estrangeiro, são suficientes para a Dona Merkl achar que o país vai no bom caminho.
Portanto: para a semana quem tem agora contrato de trabalho vai passar a receber menos em caso de despedimento e daqui a 15 dias não recebe nada.
É o PREC dos patrões.
terça-feira, dezembro 14, 2010
segunda-feira, dezembro 13, 2010
Segredos de Porco Preto
O Mundo já estava perigoso, agora está cómico. As recentes revelações do wikileaks não nos surpreendem. Apenas confirmam aquilo que já sabíamos, mas não tínhamos a certeza de poder afirmar. Nada do que tem sido revelado se pode considerar grande segredo de Estado. Eu diria que são mais segredos do estado a que o Mundo chegou. O pior é ao que vai chegar. Por aqui a coisa ficava em modos de assim.
As opiniões dos americanos sobre Sócrates e Cavaco são hilariantes. E a confirmação de que Cavaco é vingativo e que acha o Chavez um louco, é um grande momento para a História. Aquela de não ter sido recebido pelo Jorginho Bush na Casa Branca, e que já quase todos nos tínhamos esquecido, é muito boa.
Afinal não foi só na Polónia, e em Angola, que Cavaco foi ignorado em viagem de Estado. A grande desfeita foi em Whashington, ainda por cima vinda do filho do velho Bush que recebera Cavaco-Primeiro com honrarias especiais.
Claro que Cavaco responderá (se algum porta-microfones se atrever no final de uma cerimónia corta-fitas) que as revelações "nem merecem resposta", da mesma forma que respondeu ao candidato do PCP a PR, quando este acusou o homem do leme de ter sido aquele que lançou a primeira pedra para o cemitério em que Portugal se encontra emparedado ( livre interpretação aqui do blogueiro).
Um Mundo cómico. No ano passado o ministério da Justiça gastou uma enormidade em computadores e uma impressora por cada caixote windows adquirido, na tradição do computador- máquina de escrever, mas hoje a procuradora Maria José Morgado, que no passado distante citava Mao Tsé-Tung, no passado recente apontava os fumos de corrupção, mas hoje ( baixando o nível) falava na importância do nível do toner na prevenção da criminalidade e na defesa dos direitos dos cidadãos. Amanhã ainda reclamará por lenha para queimar os processos eternamente adiados e prescritos pela inércia da Justiça. Embora, faça-se desta vez justiça, são pessoas como Maria José Morgado que mantêm a chama viva da luta contra a corrupção.
Desencantados podemos estar todos, mas de barriga cheia de risota. Um tempo bera mas onde a verdade ainda vem ao de cima. Essa é a força da internet, o carril por excelência da democracia.
Agora, aquela de Cavaco ter entregue na PIDE uma espécie de atestado de bom comportamento é que eu não sabia. Essa não!!!
As opiniões dos americanos sobre Sócrates e Cavaco são hilariantes. E a confirmação de que Cavaco é vingativo e que acha o Chavez um louco, é um grande momento para a História. Aquela de não ter sido recebido pelo Jorginho Bush na Casa Branca, e que já quase todos nos tínhamos esquecido, é muito boa.
Afinal não foi só na Polónia, e em Angola, que Cavaco foi ignorado em viagem de Estado. A grande desfeita foi em Whashington, ainda por cima vinda do filho do velho Bush que recebera Cavaco-Primeiro com honrarias especiais.
Claro que Cavaco responderá (se algum porta-microfones se atrever no final de uma cerimónia corta-fitas) que as revelações "nem merecem resposta", da mesma forma que respondeu ao candidato do PCP a PR, quando este acusou o homem do leme de ter sido aquele que lançou a primeira pedra para o cemitério em que Portugal se encontra emparedado ( livre interpretação aqui do blogueiro).
Um Mundo cómico. No ano passado o ministério da Justiça gastou uma enormidade em computadores e uma impressora por cada caixote windows adquirido, na tradição do computador- máquina de escrever, mas hoje a procuradora Maria José Morgado, que no passado distante citava Mao Tsé-Tung, no passado recente apontava os fumos de corrupção, mas hoje ( baixando o nível) falava na importância do nível do toner na prevenção da criminalidade e na defesa dos direitos dos cidadãos. Amanhã ainda reclamará por lenha para queimar os processos eternamente adiados e prescritos pela inércia da Justiça. Embora, faça-se desta vez justiça, são pessoas como Maria José Morgado que mantêm a chama viva da luta contra a corrupção.
Desencantados podemos estar todos, mas de barriga cheia de risota. Um tempo bera mas onde a verdade ainda vem ao de cima. Essa é a força da internet, o carril por excelência da democracia.
Agora, aquela de Cavaco ter entregue na PIDE uma espécie de atestado de bom comportamento é que eu não sabia. Essa não!!!
sábado, dezembro 11, 2010
Aguenta e não chora! Portuga anseia pelo FMI!
Sabemos, ouvimos e lemos, há muito que não ignoramos: os portugueses adoram protectores. Nos sapatos, mas não só: de preferência na vida. Tomaram o gosto com o Salazar e o seu chapéu de chuva que fez de cada português um pastorinho abrigado das intempéries do Mundo. Da guerra, do comunismo, do consumismo e dos pecados. Em troca de um pão e um copo de vinho, com um terço por sobremesa e um bagaço como digestivo, o português tornou-se numa ovelha obediente num rebanho bem guardado.
Por tudo isto e muito mais não admira que agora, à falta de um governo responsável, com "huevos" e com sentido social, o português anseie pela vinda do FMI. A Nossa Senhora já deu o que tinha a dar e parece que também entrou em crise devido à míngua das esmolas, e até o professor de economia posto pelo voto popular na cadeira de Belém já não consegue fazer de Menino Jesus, nem de qualquer outra figura prestável do presépio nacional.
O português típico que respondeu à sondagem deste fim-de-semana do Expresso, SIC e Rádio Renascença, sonha agora com uma santa aliança FMI-PSD, uma joint venture entre Borges e Coelho, a santa aliança mais que perfeita para levarem a cabo o desmantelamento final do Estado Social. A última bandeira ( e única) que fazia até agora a diferença entre a esquerda social-democrata (PS) e o liberalismo troglodita da direita (PSD).
Portanto: os portugueses depois de terem sido chibatados pelo governo de Sócrates, estão agora já a baixar as calças à espera das vergastadas dos carrascos do Fundo. Há qualquer coisa de sórdido e de masoquista no comportamento do português, mas esta tendência doentia para o sofrimento começa a ser mais preocupante do que a subida dos juros da dívida. A não ser que haja aqui neste síndroma da dor algo de místico e de redentor. Soubemos esta semana que João Paulo II se auto-flagelava na intimidade e também já sabíamos que um banqueiro caído em desgraça desafiava a auto-tortura em nome do Senhor, na mesma altura em que gizava grandes engenharias financeiras.
Se o Zé Coitado acha que é a levar nas nálgas que vai enriquecer...o melhor é por-se a jeito e ouvir outro grande mestre da chicotada que no melhor das suas curtas-metragens, gritava: "Aguenta e não chora!".
Por tudo isto e muito mais não admira que agora, à falta de um governo responsável, com "huevos" e com sentido social, o português anseie pela vinda do FMI. A Nossa Senhora já deu o que tinha a dar e parece que também entrou em crise devido à míngua das esmolas, e até o professor de economia posto pelo voto popular na cadeira de Belém já não consegue fazer de Menino Jesus, nem de qualquer outra figura prestável do presépio nacional.
O português típico que respondeu à sondagem deste fim-de-semana do Expresso, SIC e Rádio Renascença, sonha agora com uma santa aliança FMI-PSD, uma joint venture entre Borges e Coelho, a santa aliança mais que perfeita para levarem a cabo o desmantelamento final do Estado Social. A última bandeira ( e única) que fazia até agora a diferença entre a esquerda social-democrata (PS) e o liberalismo troglodita da direita (PSD).
Portanto: os portugueses depois de terem sido chibatados pelo governo de Sócrates, estão agora já a baixar as calças à espera das vergastadas dos carrascos do Fundo. Há qualquer coisa de sórdido e de masoquista no comportamento do português, mas esta tendência doentia para o sofrimento começa a ser mais preocupante do que a subida dos juros da dívida. A não ser que haja aqui neste síndroma da dor algo de místico e de redentor. Soubemos esta semana que João Paulo II se auto-flagelava na intimidade e também já sabíamos que um banqueiro caído em desgraça desafiava a auto-tortura em nome do Senhor, na mesma altura em que gizava grandes engenharias financeiras.
Se o Zé Coitado acha que é a levar nas nálgas que vai enriquecer...o melhor é por-se a jeito e ouvir outro grande mestre da chicotada que no melhor das suas curtas-metragens, gritava: "Aguenta e não chora!".
segunda-feira, dezembro 06, 2010
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sábado, dezembro 04, 2010
Cavaco adivinhou tudo há 7 anos! Não fosse ele um economista!
Parece que há 7 anos Cavaco Silva já tinha previsto os negros dias de hoje. Não se trata de quiromânçia política nem de nenhum dom extraordinário que o ainda Presidente da República tenha acabado de descobrir. No fundo Cavaco é um professor de economia, e os economistas têm todos as receitas para salvarem o país... só que nunca conseguiram salvar o País! E até o ajudaram a afundar quando exerceram o Poder.
Lembremos algumas medidas do então primeiro-ministro Cavaco Silva:
Foi o primeiro a criar as nefastas parecerias público-privadas. E fê-lo dando à Lusoponte a gestão da Ponte Vasco da Gama e como brinde a Ponte 25 de Abril. O buzinão que ia fazendo de Cavaco Silva o Acabado Silva foi precisamente gerado pela onda popular contra a medida da Lusoponte de querer portajar a 25 de Abril pelo mesmo preço da Vasco da Gama.
Cavaco que introduziu na Função Pública o conceito de promoção automática na carreira, e que deu aos professores benesses nunca antes tidas e fez de cada burocrata um funcionário a progredir, mesmo que fosse uma perfeita nulidade.
Foi Cavaco que fomentou a paranóia de qualquer teso comprar casa própria, tendo feito de cada português um proprietário, refém toda a vida dos juros oscilantes dos bancos, com um garrote no pescoço sempre pronto a apertar.
Cavaco acabou com as pescas, a agricultura, e ajudou a liquidar as pequenas e médias empresas.
Cavaco lançou na sociedade a ideia de que quem tinha mais de 45 anos era velho para trabalhar e começou a permitir reformas aos 50 anos sem penalização. Assim permitiu que as grandes empresas, nomeadamente a banca, se tivessem visto livre dos trastes e daqueles que tinham experiência, competência e ética. Um país de reformados.
Mas se Portugal se transformou nos anos do cavaquismo num grande jardim de reformados a jogarem à sueca, foi também o berço dessa geração de gente como Dias Loureiro, Oliveira e Costa, só para citar os protagonistas de um dos maiores escândalos da banca.
Cavaco foi Ministro das Finanças, Primeiro-Ministro e Presidente da República durante quase 20 anos. Parece que desceu agora à Terra e que esteve sempre no Céu abençoando um país tresmalhado.
Depois destes anos todos no Poder regressa com a mensagem que todos o conhecem e que todos podem confiar nele. A estratégia eleitoral é boa e a equipa de Cavaco é de uma eficácia e profissionalismo totais. É aliás tão boa que não se sente, nem se vê.
Insistir no papel de salvador da Pátria, quando já nada há para salvar parece, no mínimo, um atestado de indigência aos portuguesinhos. Embora eu ache que eles merecem. Aí concordo com Cavaco.
Lembremos algumas medidas do então primeiro-ministro Cavaco Silva:
Foi o primeiro a criar as nefastas parecerias público-privadas. E fê-lo dando à Lusoponte a gestão da Ponte Vasco da Gama e como brinde a Ponte 25 de Abril. O buzinão que ia fazendo de Cavaco Silva o Acabado Silva foi precisamente gerado pela onda popular contra a medida da Lusoponte de querer portajar a 25 de Abril pelo mesmo preço da Vasco da Gama.
Cavaco que introduziu na Função Pública o conceito de promoção automática na carreira, e que deu aos professores benesses nunca antes tidas e fez de cada burocrata um funcionário a progredir, mesmo que fosse uma perfeita nulidade.
Foi Cavaco que fomentou a paranóia de qualquer teso comprar casa própria, tendo feito de cada português um proprietário, refém toda a vida dos juros oscilantes dos bancos, com um garrote no pescoço sempre pronto a apertar.
Cavaco acabou com as pescas, a agricultura, e ajudou a liquidar as pequenas e médias empresas.
Cavaco lançou na sociedade a ideia de que quem tinha mais de 45 anos era velho para trabalhar e começou a permitir reformas aos 50 anos sem penalização. Assim permitiu que as grandes empresas, nomeadamente a banca, se tivessem visto livre dos trastes e daqueles que tinham experiência, competência e ética. Um país de reformados.
Mas se Portugal se transformou nos anos do cavaquismo num grande jardim de reformados a jogarem à sueca, foi também o berço dessa geração de gente como Dias Loureiro, Oliveira e Costa, só para citar os protagonistas de um dos maiores escândalos da banca.
Cavaco foi Ministro das Finanças, Primeiro-Ministro e Presidente da República durante quase 20 anos. Parece que desceu agora à Terra e que esteve sempre no Céu abençoando um país tresmalhado.
Depois destes anos todos no Poder regressa com a mensagem que todos o conhecem e que todos podem confiar nele. A estratégia eleitoral é boa e a equipa de Cavaco é de uma eficácia e profissionalismo totais. É aliás tão boa que não se sente, nem se vê.
Insistir no papel de salvador da Pátria, quando já nada há para salvar parece, no mínimo, um atestado de indigência aos portuguesinhos. Embora eu ache que eles merecem. Aí concordo com Cavaco.
quinta-feira, dezembro 02, 2010
segunda-feira, novembro 29, 2010
ERC reconhece que a foto publicada pelo DN dada pelo gabinete de Sócrates, tinha significado intrínseco
No dia 19 de Abril passado, fiz uma participação à Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) para esta se pronunciar no sentido se tinha havido, ou não, abuso por parte do Diário do Notícias e falta de cumprimento das regras jornalísticas, o facto do fotógrafo oficial do Primeiro-Ministro (PM) ter cedido uma fotografia ao mesmo jornal, sobre a visita de Sócrates à Madeira logo após a tragédia, a propósito da Festa da Flor.
Tratava-se de uma fotografia feita no aeroporto do Funchal, na pista, onde só o fotógrafo do PM tinha acesso. Era uma imagem que possibilitava uma leitura política, nada neutral do ponto de vista jornalístico e político. O fotógrafo oficial do PM apanhara Alberto João Jardim de mãos postas, curvado perante Sócrates, que se podia interpretar como o vergar de alguém que desafiara Sócrates e agora lhe agradecia a ajuda. Uma boa fotografia se tivesse sido feita por um jornalista, uma provocação política ao ser cedida para publicação por parte do fotógrafo oficial do PM.
Havia aqui duas questões: uma: se o fotógrafo oficial pode distribuir fotografias com características tendenciosas, favorecendo a imagem política do PM. A outra questão: se é legítimo um jornal utilizar fotografias produzidas pelo gabinete do PM para ilustrar uma reportagem. Ainda haveria outra questão a levantar, mas que eu não pus à ERC, era se aquela imagem foi distribuída ou oferecida a todos os jornais e agências ou se foi uma "simpatia" do gabinete do PM para com o Diário de Notícias.
Eu referia na queixa, e perguntava: se era legítimo um jornal utilizar fotografias de uma assessoria governamental para peças jornalíticas. Se o fotógrafo do PM não pode ser jornalista, não se percebe porque pode fazer jornalismo visual, fotográfico. Se os assessores de imprensa do PM não mandam para o DN textos para serem publicados ( penso eu) ,então o fotógrafo oficial não pode fugir a esta regra.
A ERC acaba de me responder e fiquei bastante agradado com o processo elaborado. Foi uma deliberação feita em bases mais jurídicas e menos jornalísticas.
No essencial a ERC conclui: Ora, se a fotografia da primeira página, no entender do jornal, "era a que melhor podia documentar o estado de graça com que o Governo da República era visto pelo Governo Regional da Madeira, e totalmente ilustrativa do momento", já as três fotografias da página interior em nada se distinguem das que foram publicadas pelos jornais consultados pela ERC, tratando-se de fotografias meramente ilustrativas da presença dos dois políticos na Festa das Flores.
A ERC considera que "não são passíveis de reparo os critérios editoriais que fundamentaram o destaque dado à foto da primeira página e que se fundamenta o destaque dado à foto face " às condições especiais em que foi recolhida e ao seu significado intrínseco".
Conclusão: o DN aproveitou uma foto feita pelo fotógrafo oficial do PM, com "significado intrínseco e feita em condições especiais, só dadas ao fotógrafo oficial. Não sabemos se essa distribuição foi franqueada a toda a imprensa ou se foi um "favor" do gabinete do PM. Portanto: o fotógrafo do PM faz fotos "com significado intrínseco" e não imagens de "fotos meramente ilustrativas", usando os termos da ERC. O DN por seu lado, também utiliza "fotos meramente ilustrativas" cedidas pelo gabinete do PM quando havia nos locais fotojornalistas e a Agência LUSA.
O gabinete do PM distribui uma foto que em si nada tinha de "oficial" mas sim de editorial e o DN aproveitou e publicou mais 3 fotos no interior cedidas pelo PM, "meramente ilustrativas", o que permitiu poupar em fotojornalistas. Esta é a realidade.
Tratava-se de uma fotografia feita no aeroporto do Funchal, na pista, onde só o fotógrafo do PM tinha acesso. Era uma imagem que possibilitava uma leitura política, nada neutral do ponto de vista jornalístico e político. O fotógrafo oficial do PM apanhara Alberto João Jardim de mãos postas, curvado perante Sócrates, que se podia interpretar como o vergar de alguém que desafiara Sócrates e agora lhe agradecia a ajuda. Uma boa fotografia se tivesse sido feita por um jornalista, uma provocação política ao ser cedida para publicação por parte do fotógrafo oficial do PM.
Havia aqui duas questões: uma: se o fotógrafo oficial pode distribuir fotografias com características tendenciosas, favorecendo a imagem política do PM. A outra questão: se é legítimo um jornal utilizar fotografias produzidas pelo gabinete do PM para ilustrar uma reportagem. Ainda haveria outra questão a levantar, mas que eu não pus à ERC, era se aquela imagem foi distribuída ou oferecida a todos os jornais e agências ou se foi uma "simpatia" do gabinete do PM para com o Diário de Notícias.
Eu referia na queixa, e perguntava: se era legítimo um jornal utilizar fotografias de uma assessoria governamental para peças jornalíticas. Se o fotógrafo do PM não pode ser jornalista, não se percebe porque pode fazer jornalismo visual, fotográfico. Se os assessores de imprensa do PM não mandam para o DN textos para serem publicados ( penso eu) ,então o fotógrafo oficial não pode fugir a esta regra.
A ERC acaba de me responder e fiquei bastante agradado com o processo elaborado. Foi uma deliberação feita em bases mais jurídicas e menos jornalísticas.
No essencial a ERC conclui: Ora, se a fotografia da primeira página, no entender do jornal, "era a que melhor podia documentar o estado de graça com que o Governo da República era visto pelo Governo Regional da Madeira, e totalmente ilustrativa do momento", já as três fotografias da página interior em nada se distinguem das que foram publicadas pelos jornais consultados pela ERC, tratando-se de fotografias meramente ilustrativas da presença dos dois políticos na Festa das Flores.
A ERC considera que "não são passíveis de reparo os critérios editoriais que fundamentaram o destaque dado à foto da primeira página e que se fundamenta o destaque dado à foto face " às condições especiais em que foi recolhida e ao seu significado intrínseco".
Conclusão: o DN aproveitou uma foto feita pelo fotógrafo oficial do PM, com "significado intrínseco e feita em condições especiais, só dadas ao fotógrafo oficial. Não sabemos se essa distribuição foi franqueada a toda a imprensa ou se foi um "favor" do gabinete do PM. Portanto: o fotógrafo do PM faz fotos "com significado intrínseco" e não imagens de "fotos meramente ilustrativas", usando os termos da ERC. O DN por seu lado, também utiliza "fotos meramente ilustrativas" cedidas pelo gabinete do PM quando havia nos locais fotojornalistas e a Agência LUSA.
O gabinete do PM distribui uma foto que em si nada tinha de "oficial" mas sim de editorial e o DN aproveitou e publicou mais 3 fotos no interior cedidas pelo PM, "meramente ilustrativas", o que permitiu poupar em fotojornalistas. Esta é a realidade.
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fotografiaJosé Socrates
quinta-feira, novembro 25, 2010
Museu do fado enxota convidados.
O Museu do Fado em Lisboa, em Alfama, sempre me pareceu uma aberração.
O mesmo sinto por um museu do Teatro.
O que é efémero e tem nessa condição a razão mais forte da sua magia, torna-se sórdido quando prolongado entre fotos velhas, objectos decrépito, trastes. Detesto trastes. Embora também deteste fado.
O projecto do Museu do Fado é frio, de iluminação gélida. Tudo ali é desconforto. Até as fotografias coladas num mural se tornam agressivas. Uma coisa burocrática para homenagear uma forma de expresão popular.
Na última terça-feira aconteceram cenas graves e lamentáveis naquele reduto bafiento do fado.
Era a apresentação do livro sobre Fado da minha querida amiga Clara Azevedo, uma fotógrafa brilhante, o museu estava cheio, até lá estava o Presidente António Costa, quando um segurança desatou a impedir a entrada dos convidados, a proibir a jornalistas de tirarem fotografias, a mandar calar quem tinha ficado no corredor por lhe ser sido vedado o acesso no auditório meio vazio.
Eu refilei mas é normal: tenho mau feitio e não aguento atitudes prepotentes e estúpidas. Mas ao ter ficado à porta do museu a conversar com amigos, pude constatar que afinal havia muito boa gente com muito bom feitio, indignada com a forma como estava a ser tratada, abandonando o museu.
A directora Sara Pereira devia ter mais tino na forma como manda os seus contínuos tratar com as visitas.
Já há algum tempo uma equipa da RTP teve que fazer uma queixa porque um grupo de crianças estava a ser maltratada pela segurançae impedida de tirar fotos. Ridículo, patético e muito, muito estúpido!!
Proibir fotografar num museu, que é pago com o nosso dinheiro, é de uma arrogância inenarrável.
Esta gente julga-se dona do que é nosso e não há ninguém a metê-la na ordem, ou a pô-la no olho da rua.
Também lamento que o meu amigo Carlos do Carmo esteja implicado com gente com uma cultura (?) destas.
O mesmo sinto por um museu do Teatro.
O que é efémero e tem nessa condição a razão mais forte da sua magia, torna-se sórdido quando prolongado entre fotos velhas, objectos decrépito, trastes. Detesto trastes. Embora também deteste fado.
O projecto do Museu do Fado é frio, de iluminação gélida. Tudo ali é desconforto. Até as fotografias coladas num mural se tornam agressivas. Uma coisa burocrática para homenagear uma forma de expresão popular.
Na última terça-feira aconteceram cenas graves e lamentáveis naquele reduto bafiento do fado.
Era a apresentação do livro sobre Fado da minha querida amiga Clara Azevedo, uma fotógrafa brilhante, o museu estava cheio, até lá estava o Presidente António Costa, quando um segurança desatou a impedir a entrada dos convidados, a proibir a jornalistas de tirarem fotografias, a mandar calar quem tinha ficado no corredor por lhe ser sido vedado o acesso no auditório meio vazio.
Eu refilei mas é normal: tenho mau feitio e não aguento atitudes prepotentes e estúpidas. Mas ao ter ficado à porta do museu a conversar com amigos, pude constatar que afinal havia muito boa gente com muito bom feitio, indignada com a forma como estava a ser tratada, abandonando o museu.
A directora Sara Pereira devia ter mais tino na forma como manda os seus contínuos tratar com as visitas.
Já há algum tempo uma equipa da RTP teve que fazer uma queixa porque um grupo de crianças estava a ser maltratada pela segurançae impedida de tirar fotos. Ridículo, patético e muito, muito estúpido!!
Proibir fotografar num museu, que é pago com o nosso dinheiro, é de uma arrogância inenarrável.
Esta gente julga-se dona do que é nosso e não há ninguém a metê-la na ordem, ou a pô-la no olho da rua.
Também lamento que o meu amigo Carlos do Carmo esteja implicado com gente com uma cultura (?) destas.
terça-feira, novembro 23, 2010
Entre a marginal e uma ilha "so far away"
Da janela do meu estúdio na LxFactory vejo agora o Cais em flou e ouço o zumbido da Ponte que, embora me passe quase por cima da cabeça, está longe de me incomodar.
Estes dias de chuva teimosa inspiram-me e fazem-me sentir numa espécie de tempo a preto-e-branco.
Viajei entre o Estoril e este refúgio lisboeta de artistas e jovens empresários vestidos à surfistas, montados em vespas, desafiando o piso encharcado da Marginal, com o Mar a provocar os espíritos mais tranquilos.
Ao ler de manhã as notícias da imprensa estrangeira e o resumo da nacional na destreza do iPad, as velhas novidades são mais carregadas do que o céu deste dia invernoso.
O cerco da banca e das tais agências de rating, uma mafia sem rosto legitimada pela Dona Merkl e acicatada por Sarkozy não vai parar. O problema continua a ser especulativo e não financeiro. Portanto: Portugal não escapará ao sacrifício daqueles que despejaram dinheiro virtual na economia, que fizeram de cada cidadão um refém dos bancos com os empréstimos enganadores.
Claro que o governo do Sócrates foi uma nódoa. Mas mesmo que tivesse sido poupado e sido empreendedor, todos duvidamos agora que o nosso destino fosse muito diferente. Mesmo com um crescimento a 3 por cento ao ano, os especuladores e a política unilateral da Alemanha não desarmariam. Que ninguém tenha dúvidas.
Quando a política perdeu líderes que se façam respeitar e ouvir, quando já não é sequer a economia a mandar na política, mas os especuladores, os cropiers da finança a mandarem nos países democráticos e europeus...meus caros: o melhor é pirarmo-nos para uma daquelas ilhas perdidas, "so far away"! Mas nada nos garante que "eles" não estejam também lá. A especulação é agora global e ninguém escapará aos abutres da banca e da economia de casino. Uma economia que subsiste baseada no jogo desprezando a produção.
E agora vou trabalhar.
Estes dias de chuva teimosa inspiram-me e fazem-me sentir numa espécie de tempo a preto-e-branco.
Viajei entre o Estoril e este refúgio lisboeta de artistas e jovens empresários vestidos à surfistas, montados em vespas, desafiando o piso encharcado da Marginal, com o Mar a provocar os espíritos mais tranquilos.
Ao ler de manhã as notícias da imprensa estrangeira e o resumo da nacional na destreza do iPad, as velhas novidades são mais carregadas do que o céu deste dia invernoso.
O cerco da banca e das tais agências de rating, uma mafia sem rosto legitimada pela Dona Merkl e acicatada por Sarkozy não vai parar. O problema continua a ser especulativo e não financeiro. Portanto: Portugal não escapará ao sacrifício daqueles que despejaram dinheiro virtual na economia, que fizeram de cada cidadão um refém dos bancos com os empréstimos enganadores.
Claro que o governo do Sócrates foi uma nódoa. Mas mesmo que tivesse sido poupado e sido empreendedor, todos duvidamos agora que o nosso destino fosse muito diferente. Mesmo com um crescimento a 3 por cento ao ano, os especuladores e a política unilateral da Alemanha não desarmariam. Que ninguém tenha dúvidas.
Quando a política perdeu líderes que se façam respeitar e ouvir, quando já não é sequer a economia a mandar na política, mas os especuladores, os cropiers da finança a mandarem nos países democráticos e europeus...meus caros: o melhor é pirarmo-nos para uma daquelas ilhas perdidas, "so far away"! Mas nada nos garante que "eles" não estejam também lá. A especulação é agora global e ninguém escapará aos abutres da banca e da economia de casino. Uma economia que subsiste baseada no jogo desprezando a produção.
E agora vou trabalhar.
domingo, novembro 21, 2010
Pedro Beça Múrias. Uma despedida muito injusta.
Conheci o Pedro Beça Múrias nos anos oitenta, quando ele dava os primeiros passos na fotografia de imprensa. Começava ele a fotografar no semanário Sete e em O Jornal. Depois acabou por abandonar a fotografia e passou a escrever. É curioso que outros tentaram seguir o caminho da fotografia de imprensa como o Manuel Falcão, o António Capinha, a Teresa Mafalda Mendes e a dada altura perceberam que a fotografia não era futuro assim tão estimulante ao ponto de ser um objectivo de vida.
Passados muitos anos acabei por reencontrar o Pedro na escola Florinda Leal onde anda o meu filhote de 9 anos ( fá-los daqui a horas) e a filha do Pedro, uma menina linda, com uma especial atenção de afecto para com o pai.
Reencontrar o Pedro foi muito bom e deixou-me uma grande alegria. Ele era afectuoso, calmo, sempre irónico e cheio de humor, uma pessoa que gostava da vida e das pessoas. Um profissional dedicado e criativo na sua profissão de jornalista da rádio.
Estava no Rádio Clube Português, tinha entrado com o Luis Osório (outro grande profissional e de uma enorme dimensão humana) e falava-me entusiasmado do seu projecto, até ao dia em que me liga, estava eu em Viana do Castelo, há cerca de um ano, e me diz que a Prisa o tinha despedido por carta, enquanto ele estava a ser tratado de um cancro no cólon. A Prisa despedia o Pedro no meio de uma enxurrada de um despedimento colectivo. Nem a amizade a Luis Cebrían , o patrão espanhol da Prisa, evitou esse despedimento indigno de um profissional como o Pedro.
O Pedro conformou-se e agarrou-se à vida. Amigos não lhe faltavam. Ele era daquele tipo de pessoa que cativa e de quem ficamos amigos ao fim da primeira conversa.
Vamos todos ter muitas saudades do Pedro. Da sua voz, do tom tranquilo, da sua infinita solidariedade.
As palavras faltam-me, mas não queria deixar de escrever aqui e agora sobre este meu querido amigo, de quem não tenho sequer uma fotografia. Nem preciso pois a sua memória está para lá de um instante.
Passados muitos anos acabei por reencontrar o Pedro na escola Florinda Leal onde anda o meu filhote de 9 anos ( fá-los daqui a horas) e a filha do Pedro, uma menina linda, com uma especial atenção de afecto para com o pai.
Reencontrar o Pedro foi muito bom e deixou-me uma grande alegria. Ele era afectuoso, calmo, sempre irónico e cheio de humor, uma pessoa que gostava da vida e das pessoas. Um profissional dedicado e criativo na sua profissão de jornalista da rádio.
Estava no Rádio Clube Português, tinha entrado com o Luis Osório (outro grande profissional e de uma enorme dimensão humana) e falava-me entusiasmado do seu projecto, até ao dia em que me liga, estava eu em Viana do Castelo, há cerca de um ano, e me diz que a Prisa o tinha despedido por carta, enquanto ele estava a ser tratado de um cancro no cólon. A Prisa despedia o Pedro no meio de uma enxurrada de um despedimento colectivo. Nem a amizade a Luis Cebrían , o patrão espanhol da Prisa, evitou esse despedimento indigno de um profissional como o Pedro.
O Pedro conformou-se e agarrou-se à vida. Amigos não lhe faltavam. Ele era daquele tipo de pessoa que cativa e de quem ficamos amigos ao fim da primeira conversa.
Vamos todos ter muitas saudades do Pedro. Da sua voz, do tom tranquilo, da sua infinita solidariedade.
As palavras faltam-me, mas não queria deixar de escrever aqui e agora sobre este meu querido amigo, de quem não tenho sequer uma fotografia. Nem preciso pois a sua memória está para lá de um instante.
quinta-feira, novembro 11, 2010
O meu primeiro dia de escola e o salto de um fotojornalista há 50 anos
Faz hoje 50 anos que eu entrei pela primeira vez na escola, uma pequena escola particular situada num primeiro andar antigo num prédio em Torres Novas.
A professora era tirada de um filme também antigo já na altura. Gordinha, velhota, autoritária e fiel salazarista. Esqueci-me do seu nome. Poderia ser Genoveva.
Entrei só a 11 de Novembro, com um ano menos da idade do que era norma entrar na escola de então.
Não queria deixar passar este dia sem assinalar esta data. Recordo-a todos os anos, embora seja péssimo para datas e para nomes.
Havia na sala uma telefonia que, sintonizada na Emissora Nacional, dava o seguimento do assalto ao Santa Maria. E todas as manhãs a aula era interrompida para se ouvir o relato dos locutores sobre a aventura do destemido Henrique Galvão e dos seus valentes rapazes.
Anos mais tarde vim a saber que enquanto eu aprendia as primeiras letras, um destemido fotojornalista do Paris-Match saltava de uma avioneta em pleno Atlântico para o paquete desviado e fazia uma reportagem única sobre a vida a bordo da burguesia portuguesa. Não havia reféns, mas festas, bailes, tranquilidade.
Quer o meu empenho nas primeiras letras, quer a genialidade deste fotojornalista, são hoje para mim uma grande lição de vida. Uma lição de nunca abdicarei.
A professora era tirada de um filme também antigo já na altura. Gordinha, velhota, autoritária e fiel salazarista. Esqueci-me do seu nome. Poderia ser Genoveva.
Entrei só a 11 de Novembro, com um ano menos da idade do que era norma entrar na escola de então.
Não queria deixar passar este dia sem assinalar esta data. Recordo-a todos os anos, embora seja péssimo para datas e para nomes.
Havia na sala uma telefonia que, sintonizada na Emissora Nacional, dava o seguimento do assalto ao Santa Maria. E todas as manhãs a aula era interrompida para se ouvir o relato dos locutores sobre a aventura do destemido Henrique Galvão e dos seus valentes rapazes.
Anos mais tarde vim a saber que enquanto eu aprendia as primeiras letras, um destemido fotojornalista do Paris-Match saltava de uma avioneta em pleno Atlântico para o paquete desviado e fazia uma reportagem única sobre a vida a bordo da burguesia portuguesa. Não havia reféns, mas festas, bailes, tranquilidade.
Quer o meu empenho nas primeiras letras, quer a genialidade deste fotojornalista, são hoje para mim uma grande lição de vida. Uma lição de nunca abdicarei.
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Henrique Galvão,
Santa Maria
domingo, novembro 07, 2010
Rever o Portugal cinzento entre festivais e o debate Soares-Cunhal
A reposição do debate de 1975 entre Soares e Cunhal na RTP-Memória trouxe-me um regresso ao passado traumatizante.
Dois dias antes, a fazer zapping refastelado no sofá, acabei por parar num Festival dos festivais onde fantasmas do chamado nacional-cançonetismo (uma pérola inventada pelo meu amigo João Paulo Guerra) me faziam rir e chorar. A distância entre o festival onde Calvário cantava Oração, e o debate de 75 onde Cunhal gritava a revolução, e Soares a contra-revolução, é de uns curtos 11 anos.
Era um Portugal triste, cinzento, chato, um país que já se levava demasiado a sério, quer perante cantigas de embalar, quer na política de adormecer.
No concurso das cantigas era tudo comedido. Os quadros das classificações a giz, a orquestra dirigida pelo maestro Tavares Belo empolgante, embora os violinos mais parecessem máquinas de serrar presunto!... De voz bem colocada, Artur Garcia parecia de veludo, embora as câmeras dirigidas por Ruy Ferrão (o decano das reportagens em Fátima) não tugissem nem zoomissem.
Tirando homens como Luis Andrade, Baptista-Rosa ou Augusto Cabrita, e mais alguns mestres pioneiros, a RTP era uma coisa amadora e triste. E isso passou para o período a seguir ao 25 de Abril. Agravou-se mesmo.
Naquele tempo já não se fazia televisão assim em nenhum país civilizado. Já havia a noção do timing, do ritmo e da realização eficaz.
O meu amigo Joaquim Letria estava ali deslocado. Quando José Megre apresenta o início do debate, engasga-se, emenda, as cãmeras tremem e tudo aquilo parece um velório.
Havia fumo por todo o lado. Não eram efeitos especiais! Era fumarada dos cigarros dos apresentadores. A malta fumava em estúdio, frente às câmeras! Era lindo! Cunhal começava a falar envolto em fumo de cigarro, parecendo um fantasminha brincalhão! Deixem-me dizer que naquele tempo eu já não autorizava namoradas a fumarem no meu quarto!!
Um debate que durou 3 horas e meia, onde os entrevistados falavam 30 minutos seguidos sem serem interrompidos e sem se interromperem. A educação era muito bonita!
Um dos entrevistadores saiu mesmo a meio, em directo, não para vir fumar cá fora, pois podia-se fumar lá dentro, e o realizador mostrou o lugar vazio! Só faltou Soares saír para vir à casa de banho, Letria aproveitar para marcar um bife no Snobe na cabine telefónica, equanto Cunhal dissertava sobre as virtudes do estalinismo? Fantástico!
Até podia ter acontecido o debate acabar quando cada um por si se viesse embora numa saída de estúdio à francesa!!!! Maravilhoso!
Portugal mudou. Embora programas daqueles nos divertissem hoje mais e se poupassem uns euros a pagar a uns miúdos armados em engraçados!
Quando me lembro o que se criticou Soares Louro por ter introduzido a televisão a cores e quando reparo nos mônos que a RTP despachou no tempo de Proença de Carvalho e de Maria Elisa, nem dá para acreditar. Lembro-me de quererem imolar a Maria Elisa porque tinha ido a Londres encomendar um separador com as letras da RTP a tombarem.
E daqui a 35 anos como veremos a televisão de hoje?
quarta-feira, novembro 03, 2010
Cavaco está desiludido. Eu também.
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O candidato Cavaco Silva mostrou-se ontem incomodado com a prática da política em Portugal.
O lamento foi dado no Facebook, no mural do candidato, pouco tempo depois de ter terminado mais uma matinée animada na Assembleia da República.
Eu compreendo o candidato à corrida presidencial apoiado pelo PSD. Eu e muitos portugueses.
Ontem fui apanhado de surpresa, quando no televisor de uma leitaria me apareceu o deputo Pedro Lince, um filho do cavaquismo original, a questionar o governo socialista na AR. Eu que votei na Dra. Ferreira Leite para chatear Sócrates e desafiar os meus amigos da esquerda, fiquei com um nó na garganta. Afinal, no meio do meu desvairado voto, devo ter contribuído para a eleição de alguém que num país democraticamente decente nunca seria eleito deputado.
Lince teve de se demitir de ministro, por causa de uma cunha que terá metido Martins da Cruz, ex-assessor de Cavaco, ministro de Santana, para uma sua filha. Uma trapalhada entre amigos mas que levou ao desaparecimento político de Lince, não o da Malcata, mas o aguerrido ministro do tal governo da má moeda.
Lince fez parte do governo de Cavaco como secretário de estado de MFLeite, ministro de Santana, demitiu-se, e regressou pela calada à política, discretamente, pela mão da então dirigente do PSD MFLeite. Foi a votos e uns idiotas úteis elegeram-no deputado da Nação. Ministro demissionário ontem, deputado em nome do povo, hoje. É a democracia.
Teria sido melhor para ele manter-se agora caladinho na fila do fundo. Talvez assim ninguém desse por ele. E quem votou nele (desgraçadamente como eu!) não tivesse de se indignar e ficar desiludido mais uma vez com os políticos,como tão bem defendeu o candidato apoiado pelo PSD a Presidente da República.
Um aparte: e que seria de nós se o candidato apoiado pelo PSD a PR não nos compreendesse nestas coisas das injustiças da política?
Em política o que parece é. E mesmo que a seriedade de Lince não esteja em causa, quem um dia errou ou foi aglutinado na enxurrada do lamaçal da política, não pode voltar à prática pública. É uma das crueldades da política, mas é também uma das características do jogo. Ou devia ser.
Fazer política não é como fazer outra coisa qualquer. Na política só se perde a virgindade uma vez!
A indignação do candidato apoiado pelo PSD à Presidência é pois mais que louvável! Como o compreendo ao criticar os políticos!
Para quem como Cavaco Silva governou 10 anos em maioria absoluta, e para quem criou politicamente protagonistas que mexeram com a política como Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Ângelo Correia, Duarte Lima, Martins da Cruz, Macário Correia, Isaltino de Morais e muitos outros ilustres democratas, pode ter razões hoje para estar triste, desiludido com os políticos.
Não foi só o monstro do orçamento que foi criado em Portugal.
Muitos outros mostrengos floriram nesta ditosa Pátria desalmada.
O candidato Cavaco Silva mostrou-se ontem incomodado com a prática da política em Portugal.
O lamento foi dado no Facebook, no mural do candidato, pouco tempo depois de ter terminado mais uma matinée animada na Assembleia da República.
Eu compreendo o candidato à corrida presidencial apoiado pelo PSD. Eu e muitos portugueses.
Ontem fui apanhado de surpresa, quando no televisor de uma leitaria me apareceu o deputo Pedro Lince, um filho do cavaquismo original, a questionar o governo socialista na AR. Eu que votei na Dra. Ferreira Leite para chatear Sócrates e desafiar os meus amigos da esquerda, fiquei com um nó na garganta. Afinal, no meio do meu desvairado voto, devo ter contribuído para a eleição de alguém que num país democraticamente decente nunca seria eleito deputado.
Lince teve de se demitir de ministro, por causa de uma cunha que terá metido Martins da Cruz, ex-assessor de Cavaco, ministro de Santana, para uma sua filha. Uma trapalhada entre amigos mas que levou ao desaparecimento político de Lince, não o da Malcata, mas o aguerrido ministro do tal governo da má moeda.
Lince fez parte do governo de Cavaco como secretário de estado de MFLeite, ministro de Santana, demitiu-se, e regressou pela calada à política, discretamente, pela mão da então dirigente do PSD MFLeite. Foi a votos e uns idiotas úteis elegeram-no deputado da Nação. Ministro demissionário ontem, deputado em nome do povo, hoje. É a democracia.
Teria sido melhor para ele manter-se agora caladinho na fila do fundo. Talvez assim ninguém desse por ele. E quem votou nele (desgraçadamente como eu!) não tivesse de se indignar e ficar desiludido mais uma vez com os políticos,como tão bem defendeu o candidato apoiado pelo PSD a Presidente da República.
Um aparte: e que seria de nós se o candidato apoiado pelo PSD a PR não nos compreendesse nestas coisas das injustiças da política?
Em política o que parece é. E mesmo que a seriedade de Lince não esteja em causa, quem um dia errou ou foi aglutinado na enxurrada do lamaçal da política, não pode voltar à prática pública. É uma das crueldades da política, mas é também uma das características do jogo. Ou devia ser.
Fazer política não é como fazer outra coisa qualquer. Na política só se perde a virgindade uma vez!
A indignação do candidato apoiado pelo PSD à Presidência é pois mais que louvável! Como o compreendo ao criticar os políticos!
Para quem como Cavaco Silva governou 10 anos em maioria absoluta, e para quem criou politicamente protagonistas que mexeram com a política como Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Ângelo Correia, Duarte Lima, Martins da Cruz, Macário Correia, Isaltino de Morais e muitos outros ilustres democratas, pode ter razões hoje para estar triste, desiludido com os políticos.
Não foi só o monstro do orçamento que foi criado em Portugal.
Muitos outros mostrengos floriram nesta ditosa Pátria desalmada.
terça-feira, novembro 02, 2010
Se o fotógrafo não estava lá, não era importante.
O fotógrafo é sempre tido como uma das personagens mais importantes de uma qualquer cerimónia solene. Sempre o foi desde o início da fotografia há mais de 150 anos.
Ter um fotógrafo presente durante um acto especial da vida é como ter uma testemunha privilegiada, alguém em quem se pode confiar como prova irrefutável, digna do acontecimento.
Não é por acaso que os fotógrafos oficiais têm sempre prioridade na escolha do sítio mais adequado à tomada de vistas. Quer se trate da visita de um Rei, quer se trate do fotógrafo encarregue de reportar um casamento, um baptizado, ou qualquer outra festa de carácter restrito.
Sendo a profissão de fotógrafo muitas vezes desprezada, e até ignorada em situações mais banalizadas da sociedade, e sendo o fotógrafo por vezes uma "persona non grata" porque pode mostrar e denunciar aspectos menos felizes da vida alheia, a verdade é que o prestígio da profissão sobe ao rublo quando se trata de retratar cenas felizes, irrepetiveis, históricas. A fotografia remete para a História qualquer acontecimento registado.
Cena grandiosa é cena com fotógrafo. E quanto mais chique e importante é essa cena melhor terá de ser o fotógrafo, sendo que os honorários do artista sobem na proporção directa da importância do que vai ser fotografado.
Ora, o recente acordo entre o PS e o PSD para a viabilização do orçamento de Estado para 2011, através de um voto de abstenção do partido da oposição, não teve direito a fotógrafo.
Na hora tardia de se assinar o documento o PSD rejeitou a presença dos fotógrafos e nem o famigerado brasileiro, que passa a vida atrás de Sócrates e a barrar o trabalho dos jornalistas ,pôde entrar na sala para ter o exclusivo mundial desse instante! Foi apenas consentida uma foto tirada com um daqueles telemóveis que nasceram para receber e-mails a quem tiver lupas integradas nos olhos.
Portanto: já tínhamos visto um pouco de tudo quanto à marginalização dos fotógrafos. Nunca tínhamos visto a proibição de a imprensa testemunhar um acto oficial entre partidos. Percebe-se: a fotografia compromete, testemunhando e dando um significado a um acto público. Uma foto feita com um artefacto amador, diz que sim, que aconteceu, mas permanece sempre como o registo de um acto privado, escondido, que por acaso foi registado por um curioso que estava por ali. Nada de muito sério, se não teria havido fotógrafo e até oficial!
Afinal, o fotojornalismo ainda mexe! E quando lhe põem a venda nos olhos é para ninguém poder dizer que o que aconteceu não foi muito importante, nada grave, que nem sequer mereceu ser fotografado por um profissional. Uma foto de circunstância num encontro furtuito, pela calada da noite. Um acto que não ficará para a História.
* nova versão.
Ter um fotógrafo presente durante um acto especial da vida é como ter uma testemunha privilegiada, alguém em quem se pode confiar como prova irrefutável, digna do acontecimento.
Não é por acaso que os fotógrafos oficiais têm sempre prioridade na escolha do sítio mais adequado à tomada de vistas. Quer se trate da visita de um Rei, quer se trate do fotógrafo encarregue de reportar um casamento, um baptizado, ou qualquer outra festa de carácter restrito.
Sendo a profissão de fotógrafo muitas vezes desprezada, e até ignorada em situações mais banalizadas da sociedade, e sendo o fotógrafo por vezes uma "persona non grata" porque pode mostrar e denunciar aspectos menos felizes da vida alheia, a verdade é que o prestígio da profissão sobe ao rublo quando se trata de retratar cenas felizes, irrepetiveis, históricas. A fotografia remete para a História qualquer acontecimento registado.
Cena grandiosa é cena com fotógrafo. E quanto mais chique e importante é essa cena melhor terá de ser o fotógrafo, sendo que os honorários do artista sobem na proporção directa da importância do que vai ser fotografado.
Ora, o recente acordo entre o PS e o PSD para a viabilização do orçamento de Estado para 2011, através de um voto de abstenção do partido da oposição, não teve direito a fotógrafo.
Na hora tardia de se assinar o documento o PSD rejeitou a presença dos fotógrafos e nem o famigerado brasileiro, que passa a vida atrás de Sócrates e a barrar o trabalho dos jornalistas ,pôde entrar na sala para ter o exclusivo mundial desse instante! Foi apenas consentida uma foto tirada com um daqueles telemóveis que nasceram para receber e-mails a quem tiver lupas integradas nos olhos.
Portanto: já tínhamos visto um pouco de tudo quanto à marginalização dos fotógrafos. Nunca tínhamos visto a proibição de a imprensa testemunhar um acto oficial entre partidos. Percebe-se: a fotografia compromete, testemunhando e dando um significado a um acto público. Uma foto feita com um artefacto amador, diz que sim, que aconteceu, mas permanece sempre como o registo de um acto privado, escondido, que por acaso foi registado por um curioso que estava por ali. Nada de muito sério, se não teria havido fotógrafo e até oficial!
Afinal, o fotojornalismo ainda mexe! E quando lhe põem a venda nos olhos é para ninguém poder dizer que o que aconteceu não foi muito importante, nada grave, que nem sequer mereceu ser fotografado por um profissional. Uma foto de circunstância num encontro furtuito, pela calada da noite. Um acto que não ficará para a História.
* nova versão.
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acordo PS/PSD,
Congresso do PSD
quinta-feira, outubro 28, 2010
A encenação revisteira do PSD
O PSD e o seu líder Passos Coelho têm um sonho: fazer de Portugal um país neo-liberal democráticamente atendível.
Precisam para tal de provocar um estado de sítio, uma ruptura, suspender a democracia.
Portanto: a encenação à la Parque Mayer (um género tão querido pelos laranjinhas) em torno do argumento do orçamento, não foi mais do que um melodrama com final previsível.
O comportamento do PSD é o de uma personagem mal construída de uma qualquer telenovela manhosa, e o papel do PS é secundário e de embrulho, para ganhar tempo, e fazer passar um orçamento despesista, com a abstenção laranja. Tanta conversa para nada.
Mas quem julga que tudo isto é o que é, que se desengane. O PSD apostará mais em esticar a corda, no tudo ou nada, dramatizar ainda mais, e pôr uma guarda avançada a chamar pelo FMI. Basta Passos telefonar ao seu amigo Borges. "Avancem!".
Com os carrascos em acção, Cavaco reeleito, o PSD terá todas as hipóteses de provocar eleições, ganhar, e transformar Portugal num oásis neo-liberal fora de tempo, sem segurança no trabalho, sem solidariedade social, um país onde os fracos serão mais fracos e os ricos mais poderosos.
Um país onde a economia manda na política, e as agências financeiras têm no ministro das finanças uma espécie de amanuense avançado.
Se é com mais medidas neo-liberais que Portugal vai crescer os 3 por cento que no mínimo precisa, esqueçam.
Precisam para tal de provocar um estado de sítio, uma ruptura, suspender a democracia.
Portanto: a encenação à la Parque Mayer (um género tão querido pelos laranjinhas) em torno do argumento do orçamento, não foi mais do que um melodrama com final previsível.
O comportamento do PSD é o de uma personagem mal construída de uma qualquer telenovela manhosa, e o papel do PS é secundário e de embrulho, para ganhar tempo, e fazer passar um orçamento despesista, com a abstenção laranja. Tanta conversa para nada.
Mas quem julga que tudo isto é o que é, que se desengane. O PSD apostará mais em esticar a corda, no tudo ou nada, dramatizar ainda mais, e pôr uma guarda avançada a chamar pelo FMI. Basta Passos telefonar ao seu amigo Borges. "Avancem!".
Com os carrascos em acção, Cavaco reeleito, o PSD terá todas as hipóteses de provocar eleições, ganhar, e transformar Portugal num oásis neo-liberal fora de tempo, sem segurança no trabalho, sem solidariedade social, um país onde os fracos serão mais fracos e os ricos mais poderosos.
Um país onde a economia manda na política, e as agências financeiras têm no ministro das finanças uma espécie de amanuense avançado.
Se é com mais medidas neo-liberais que Portugal vai crescer os 3 por cento que no mínimo precisa, esqueçam.
terça-feira, outubro 26, 2010
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