Páginas

quinta-feira, novembro 25, 2010

Museu do fado enxota convidados.

O Museu do Fado em Lisboa, em Alfama, sempre me pareceu uma aberração.

O mesmo sinto por um museu do Teatro.

O que é efémero e tem nessa condição a razão mais forte da sua magia, torna-se sórdido quando prolongado entre fotos velhas, objectos decrépito, trastes. Detesto trastes. Embora também deteste fado.

O projecto do Museu do Fado é frio, de iluminação gélida. Tudo ali é desconforto. Até as fotografias coladas num mural se tornam agressivas. Uma coisa burocrática para homenagear uma forma de expresão popular.

Na última terça-feira aconteceram cenas graves e lamentáveis naquele reduto bafiento do fado.

Era a apresentação do livro sobre Fado da minha querida amiga Clara Azevedo, uma fotógrafa brilhante, o museu estava cheio, até lá estava o Presidente António Costa, quando um segurança desatou a impedir a entrada dos convidados, a proibir  a jornalistas de tirarem fotografias, a mandar calar quem tinha ficado no corredor por lhe ser sido vedado o acesso no auditório meio vazio.

Eu refilei mas é normal: tenho mau feitio e não aguento atitudes prepotentes e estúpidas. Mas ao ter ficado à porta do museu a conversar com amigos, pude constatar que afinal havia muito boa gente com muito bom feitio, indignada com a forma como estava a ser tratada, abandonando o museu.

A directora Sara Pereira devia ter mais tino na forma como manda os seus contínuos tratar com as visitas.

Já há algum tempo uma equipa da RTP teve que fazer uma queixa porque um grupo de crianças estava a ser maltratada pela segurançae impedida de tirar fotos. Ridículo, patético e muito, muito estúpido!!

Proibir fotografar num museu, que é pago com o nosso dinheiro, é de uma arrogância inenarrável.

Esta gente julga-se dona do que é nosso e não há ninguém a metê-la na ordem, ou a pô-la no olho da rua.

Também lamento que o meu amigo Carlos do Carmo esteja implicado com gente com uma cultura (?) destas.

10 comentários:

  1. E, lá fora, nessa Europa ninguém diz nada! Não é que não tenhamos bons museus, mas basta ir de TGV (risos) ate' Madrid e temos a 300metros uns dos outros 3 grandes museus mundiais. e ninguém nos diz, como aconteceu diversas vezes este ano: "No foto!No foto!"

    ResponderEliminar
  2. lamentavelmente não é verdade; já foi. Em Madrid não se pode fotografar no interior do Museo Thyssen (aliás creio que nunca se pode) e desde o ano passado não se pode fotografar no interirior do Prado. No Reina Sofia pode-se fotografar, com excepção da sala onde está a Guernica o que cria algumas situações cómicas como ter toda a gente na soleira da porta que dá acesso à sala a fotografar lá para dentro...

    ResponderEliminar
  3. Tambem estive nessa noite no Mseu do Fado. No lançamento do livro da Clara e do Luís Chimeno. Tive, tal como tu e ouros convidados o desprazer de lidar com a violência verbal ( para não dizer outra coisa) de alguns funcionários do museu. Lamentável, fui convidado e maltratado. Será fado?

    GRSilva.

    ResponderEliminar
  4. Resposta: Por acaso, não vou a Madrid, não muitos, mas já há alguns anos, propositadamente ver a Exoposição do 'Manet' no Prado mas, não se podia era fotografar com flash! Mas e no... Louvre; Quai D'Orsay, Berlim..!!!

    ResponderEliminar
  5. No Foto….!!!!!
    Uma expressão, infelizmente cada vez mais usual e ouvida, por quem gosta de fazer fotografia, será medo, não me parece…!
    Parece mais inveja, uma palavra que encaixa na perfeição nestas pessoas, para não dizer outra coisa, no entanto, devo acrescentar que esse museu tem pelo menos uma peça com um valor incalculável, a guitarra de Paredes, esse Homem que de certeza não iria identificar-se com esse tipo de palavreado, usado por esse alma de uma qualquer dessas empresas de segurança onde a formação deixa muito a desejar, paredes pediria desculpa se uma nota não entra-se no sitio, diferente não? Destas pessoas, que nos maltratam.
    Quero acreditar que esses que chefiam serão postos na rua mais sedo ou mais tarde a bem ou a mal, a paciência deste povo está-se a esgotar, algo ira acontecer em breve, não acredito que sejamos tão burros, e deixemos isto continuar durante muito mais tempo.
    Só para acrescentar, o património português está a saque !!!!!…. e a degradar-se.

    ResponderEliminar
  6. Caro Luiz Carvalho, sendo você um grande divulgador da boa fotografia, permita-me que lhe lembre que foi agora apresentado em Maputo parte da obra de Kok Nam, talvez o maior fotógrafo moçambicano vivo, numa exposição e num livro editado pela Escola Portuguesa de Moçambique. Kok Nam, que se encontra muito doente em Portugal, veio expressamente ao lançamento em Maputo a convite da referida Escola. Não tenho dúvidas que você conhecerá Kok Nam, e que os leitores do seu blog facilmente encontrarão no Google obras do Kok. Os meus cumprimentos António H. Silva

    ResponderEliminar
  7. Existem várias formas de um qualquer cidadão expressar a sua discordância ou indignação, esta é seguramente uma das mais aberrantes que já vi. Escrever um texto desta natureza revela muito sobre o carácter de uma pessoa. Seja qual for o motivo, nada justifica o triste espectáculo de prepotência e deselegância protagonizado por este senhor e a que tive a infelicidade de assistir naquele dia.
    Pior ainda é haver quem concorde com isto.
    Que haja mais tino é no exercício da liberdade de expressão...
    Profundamente lamentável...

    ResponderEliminar
  8. Infelizmente assisti a algumas tristes figuras nesse dia realmente, mas da parte de quem ia ao evento e não dos técnicos do museu, citados por si como "contínuos", provavelmente o senhor terá sido uma dessas tristes figuras que não conseguiu compreender que o espaço têm pouca capacidade e à questões de segurança envolvidas, para a próxima faça como os outros e CHEGUE MAIS CEDO.
    A mim parece-me que o senhor nunca saiu de casa, porque não têm de todo noção da realidade do que se passa lá fora, nem mínima noção de o porquê de não se poder fotografar. Sendo pelo que me parece fotografo ainda de choca mais...
    Só espero que não tenha filhos porque educa-los com uma arrogância dessa só pode dar mau resultado.
    Lamentável a sua visão de tão bom espaço e boa gente que é aquele pequeno museu do povo...

    ResponderEliminar
  9. este anonimo das 7:18 devia ter o comentario apagado. Nao pactuo com cobardes que nem o nome dao quando emitem uma opinião. Não o vou fazer para que os meus leitores percebam como se refugiam cobardemente os lacaios dos chefinhos da função pública. Ė esta gentalha que nós andamos a sustentar com os nossos impostos.Luiz Carvalho.

    ResponderEliminar
  10. É interessante que alguém que não gosta de fado visite o Museu do Fado, ainda que em circunstâncias especiais, e faça dessa visita um fado daqueles de fazer chorar as pedrinhas da calçada de tanta desgraça que afirma ter sentido e de tanta injustiça de que foi objecto...
    É interessante que se afirme como vítima de prepotência e estupidez e ache-se ele próprio o único dono da razão para meter outros na ordem ou na rua!!!! esses outros que não têm direito a serem também donos de coisa nenhuma pois provavelmente, por serem continuos (coisa que já não se usa), devem ser cidadãos de segunda categoria e provavelmente não devem pagar os mesmos impostos do que os outros cidadãos de primeira, o que assegura a estes últimos o direito a cagar sentenças sobre tudo o que existe e não existe ao cimo da terra e aos primeiros o dever de ter de gramar com todas as frustrações, reclamações, críticas, desconsiderações, desrespeito, mau feitio dos primeiros e ainda, como afirmei antes, ser menos dono de coisas públicas do que os primeiros...
    È interessante que sempre pensei os fotografos como pessoas sensíveis, capazes observar através de diferentes perspectivas, serem poetas da imagem...

    ResponderEliminar