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terça-feira, novembro 23, 2010

Entre a marginal e uma ilha "so far away"

Da janela do meu estúdio na LxFactory vejo agora o Cais em flou e ouço o zumbido da Ponte que, embora me passe quase por cima da cabeça, está longe de me incomodar.

Estes dias de chuva teimosa inspiram-me e fazem-me sentir numa espécie de tempo a preto-e-branco.

Viajei entre o Estoril e este refúgio lisboeta de artistas e jovens empresários vestidos à surfistas, montados em vespas, desafiando o piso encharcado da Marginal, com o Mar a provocar os espíritos mais tranquilos.

Ao ler de manhã as notícias da imprensa estrangeira e o resumo da nacional na destreza do iPad, as velhas novidades são mais carregadas do que o céu deste dia invernoso.

O cerco da banca e das tais agências de rating, uma mafia sem rosto legitimada pela Dona Merkl e acicatada por Sarkozy não vai parar. O problema continua a ser especulativo e não financeiro. Portanto: Portugal não escapará ao sacrifício daqueles que despejaram dinheiro virtual na economia, que fizeram de cada cidadão um refém dos bancos com os empréstimos enganadores.

Claro que o governo do Sócrates foi uma nódoa. Mas mesmo que tivesse sido poupado e sido empreendedor, todos duvidamos agora que o nosso destino fosse muito diferente. Mesmo com um crescimento a 3 por cento ao ano, os especuladores e a política unilateral da Alemanha não desarmariam. Que ninguém tenha dúvidas.

Quando a política perdeu líderes que se façam respeitar e ouvir, quando já não é sequer a economia a mandar na política, mas os especuladores, os cropiers da finança a mandarem nos países democráticos e europeus...meus caros: o melhor é pirarmo-nos para uma daquelas ilhas perdidas, "so far away"! Mas nada nos garante que "eles" não estejam também lá. A especulação é agora global e ninguém escapará aos abutres da banca e da economia de casino. Uma economia que subsiste baseada no jogo desprezando a produção.

E agora vou trabalhar.

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