O actual primeiro-ministro é um homem simples. Declarou um Opel Corsa como património automóvel, apareceu num programa de TV para mulheres a defender os animais abandonados ( aí está uma causa que partilho com ele, talvez a única) e gosta de pedir desculpa com o mesmo ar com que o Zé Maria (lembram-se do cromo?) pedia desculpa na casa da Teresa Guilherme.
Todos sabemos que além de simples, num remake requentado da pobreza franciscana de Salazar e do lar-doce-lar do cavaquismo na fase Travessa do Poussulo, o primeiro-ministro que uma maioria reduzida de eleitores pôs a enterrar o país, ele gosta de fazer mais do mesmo que Sócrates teimava em fazer.
Trata-se de mudar o nome às moscas e de carregar no remédio ao ponto de o transformar em veneno nacional. Todos aqueles que não andam a dormir e que não acreditam no Pai Natal, que é o meu caso, já sabíamos que o homem que cresceu a ver passar os comboios na sua Massamá acabaria por aprovar a construção do TGV. Mas como essa foi uma das grandes mentiras que ele teve de inventar para enganar os pacóvios que nele votaram, numa catarse anti-engenhocas, o homem não tinha outra solução do que tornar a coisa numa obra politicamente correcta.
É a teoria de viajar em turística aplicada ao TGV. O que fazer para gastar o dinheiro e parecer uma coisa séria e de acordo com o garrote da Troika? Basta pôr aquilo a transportar cimento, e inventar uma linha que alarga e emagrece (inspirada na barriga da classe média portuguesa) consoante o comboio. Mesmo que o tal TGV (R) demore mais tempo a atravessar a Ponte Salazar do que uma viagem entre Badajoz e Paris nos carris de nuestros hermanos. Ou mesmo que se torne mais barato e rápido ir de carro até Badajoz e depois apanhar lá o TGV espanhol.
O importante é o estilo. Um estilo que alimente a destruição do país em prol de uma agenda neo-liberal, suicidaria e fatal.
PS: e a ideia de jerioco de querer tirar as low-coast da Portela é outro atentado aos interesses dos consumidores, para proteger a TAP privatizada. Só falta o Miga comprar aquilo ao desbarato.
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