A SIC faz hoje 19 anos. Para mim foi ontem. Acompanhei essa grande aventura de perto. Foi o 25 de Abril na televisão portuguesa. Não era um canal privado que surgia. Era um projecto de televisão, irreverente, ágil, revolucionário, para devolver a televisão ao público.
A SIC inovou em todas as frentes. Na informação que se tornou directa, viva e actuante. Nos métodos de trabalho, com equipas reduzidas de gente nova e muito bem preparada. Na ideia de convergência entre quem filma, edita e quem escreve e dá a cara. Na imagem colorida, moderna e apelativa de Taveira. Na audácia dos temas e na imaginação de programas que nem foram importados de formatos estrangeiros. Nas condições de trabalho dadas a todos.
A SIC fez História. Nasceu num armazém de bananas e cresceu ganhando o primeiro lugar. Combateu a RTP que lhe fez uma guerra desigual com Eduardo Moniz à frente. Incomodou Cavaco Silva e deu em directo momentos tão altos como o buzinão na ponte.
Um estilo novo num país onde a RTP era um serviço burocrático que tinha caído na pasmaceira, no comodismo e no compadrio. A SIC contagiou a RTP que arrepiou caminho e foi com grande dificuldade que a TVI conseguiu afirmar-se como um canal profissional e respeitado.
A SIC esteve sempre à frente. Tinha os melhores cameraman, muitos que seriam vedetas numa CNN ou numa ABC. Renato de Freitas, José Maria Cyrne, Carlos Santos...e muitos outros que deram o corpo às balas e nos mostraram imagens raras em qualidade estética e em informação.
Na altura estive quase a deixar o Expresso e a ir para a SIC, contagiado pelo entusiasmo de Rangel e pela partida de colegas do Expresso como o Paulo Camacho e o Ricardo Costa, entre outros. Eu queria entrar numa equipa que tivesse o jornalismo como uma das belas-artes.
Passados 19 anos a SIC mantém a qualidade, embora os tempos sejam agora de menos riscos e de maior contenção. Mas sem a SIC, nada do que tem sido a televisão em liberdade, informação e independência, seriam hoje possíveis, mesmo com os erros cometidos. Sem um patrão de imprensa como o jornalista Francisco Pinto Balsemão também nunca teria sido possível chegar desta forma a estes 19 anos de uma juventude amadurecida. Parabéns e que nunca desistam de um dia tocarem a Lua.
Sem comentários:
Enviar um comentário