Jardim vai estar amanhã com Sócrates. A tragédia uniu-os. A natureza fez mais pela concertação institucional do que anos de guerrilha. Como dizia hoje o Professor Marcelo na sua derradeira intervenção na RTP: é como entre amigos desavindos. Um dia as coisas recuperam.
Mas o que eu querida dizer era só isto: se Sócrates anda tão entusiasmada em fazer obras públicas para fazer crescer o país, tem na Madeira uma excelente oportunidade para o fazer.
Investir na reconstrução ( e requalificação!) da Madeira é apostar no crescimento do turismo que vem de fora e na riqueza interna. Não é de certeza o mesmo que reconstruir escolas com projectos megalómanos ou fazer auto-estradas para nenhures.
Se andavam à procura de terra para meter dinheiro façam-no na Madeira. Mas com inteligência, sentido do progresso e cultura ambiental. Não gastem dinheiro em túneis inúteis, viadutos desenquadrados, em rotundas patéticas.
Pensem no que faz bem e faz crescer. Pensem nos pobres, naquela população abandonada, isolada, que ainda trabalha como há séculos e que foi a mais atingida pela tragédia. Aliás só morreram pobres.
Pensem nos pequenos comerciantes que ficaram sem o património de uma vida e sem forma de trabalhar e sobreviver. Ajudem-nos, já.
Ajude-se a Madeira com o olhar num futuro moderno, sustentado, equilibrado.
Se assim for está ali uma janela de oportunidade e uma referência para a utilidade das futuras obras públicas também no Continente. Obras para crescer e trazer conforto, segurança aos portugueses.
Que Deus os ajude e a inteligência os ilumine.
domingo, fevereiro 28, 2010
sábado, fevereiro 27, 2010
quarta-feira, fevereiro 24, 2010
Madeira, Lisboa e os riscos previstos
Há dois anos já se falava nos perigos da Madeira
Olhando a Madeira do alto do helicóptero, através da câmara da SIC, percebe-se como a tragédia fez da ilha um território à escala ínfima. E logo se vê porque houve tantos mortos e tanta destruição. Aqueles milhares de casas construídas em leitos de cheia, à beira do abismo, ou ao lado de ribeiras que alguém estreitou, só podiam um dia dar desgraça.
Claro, o que aconteceu foi excepcional, por muito excelente que fosse a ocupação do território haveria sempre uma tragédia descomunal. Mas o que valerá a pena analisar depois de tudo isto passar, é se as mortes poderiam ter sido evitadas (pelo menos em grande parte) se atempadamente tivesse havido a prevenção para não se ter permitido construir nalguns locais demasiado frágeis. Isso era coisa que tinha sido possível prever. Havia mesmo relatórios que apontavam para essa eventualidade trágica.
Caso a caso é possível verificar se aquela casa faria ali sentido mesmo numa perspectiva de uma menor enxurrada. Ou se é aceitável que num território como a Madeira nunca tenha existido um PDM embora sendo uma das zonas portuguesas onde mais se construiu nos últimos anos.
O que se deveria aprender com esta tragédia é que a Madeira precisava de um grande plano de reordenamento que passa pela requalificação da paisagem, das zonas urbanas e rurais. Por exemplo: não passa pela cabeça de ninguém de bom senso permitir a construção de um mega centro comercial na baixa do Funchal, com pisos abaixo do nível do mar, a 100 metros do porto. É um absurdo com aluvião ou com sol.
Provavelmente não se terá nunca alguma lição disto. Alguém pensou que uma povoação não pode ficar refém de uma única estrada de saída e que se esta desabar vai ficar uma população inteira isolada? Pensaram?
O que aconteceu na Madeira poderá acontecer em Lisboa. E rezemos todos para que isso não aconteça. Imagine-se a Baixa de Lisboa: os edifícios pombalinos foram construídos com uma estrutura flexível para abanarem e não caírem em caso de sismo, tornando-os mais leves, já que estão assentes numa vasta zona de estacaria conquistada ao rio. Ora bem: nas últimas décadas muitos desses edifícios foram reconstruídos por dentro, em betão armado, estrutura pesada e rígida. Outros foram atamancados com acrescentos em betão por cima de uma estrutura de gaiola. Em caso de sismo esses edifícios podem pura e simplesmente afundar.
E se pensarmos que as obras do metro no Terreiro do Paço dificultam o escoamento da água que está por debaixo de toda a estacaria da Baixa, é melhor não pensarmos no berbicacho que ali está. Mas a Câmara não se rala: acaba de pavimentar o Terreiro do Paço com pedra e com degraus transformando um terreiro numa praça pirosa de um autarca novo-rico.
Abecassis caiu com o incêndio do Chiado. Jardim está a escapar à tragédia, mas quando vierem ao de cimo a responsabilidade dele em muita obra inútil, provávelmente irá também na enxurrada.
VER E DAR A VER
A foto é do filme Blow-Up (não sei o nome do fotógrafo). É uma imagem que se tornou num símbolo da fotografia, daí a minha homenagem ao Antonioni, o meu cineasta de cabeceira.
A escolha desta foto tem também a ver com o conceito dos meus workshops: abordar a fotografia como uma linguagem visual criativa, onde o fotógrafo utiliza a técnica não como uma cartilha mas como uma ferramenta ao serviço da poesia gráfica. Emoção, rigor gráfico e ritmo.
Pese embora a minha já longa experiência como fotojornalista o que vou abordar serão os aspectos mais estruturantes da fotografia. Fotografia para principiantes, um arranque para a grande aventura fotográfica.
O design do flyer é do André Carvalho/Goma.
A escolha desta foto tem também a ver com o conceito dos meus workshops: abordar a fotografia como uma linguagem visual criativa, onde o fotógrafo utiliza a técnica não como uma cartilha mas como uma ferramenta ao serviço da poesia gráfica. Emoção, rigor gráfico e ritmo.
Pese embora a minha já longa experiência como fotojornalista o que vou abordar serão os aspectos mais estruturantes da fotografia. Fotografia para principiantes, um arranque para a grande aventura fotográfica.
O design do flyer é do André Carvalho/Goma.
sexta-feira, fevereiro 19, 2010
IV WORKSHOP DE FOTOGRAFIA DE LUIZ CARVALHO
DIAS 6 e 13 de MARÇO (sábados), manhãs e tardes, 16 horas no total.
Direcção do fotógrafo Luiz Carvalho.
Direcção do fotógrafo Luiz Carvalho.
INSCRIÇÕES CLIQUE AQUI
quinta-feira, fevereiro 18, 2010
Mui Nobre e altruísta candidato e o resto
Olhar para o país procurando ligar factos torna-se divertido mas assustador.
Repare-se no que aconteceu nas últimas 24 horas: um território frenético.
Um relatório diz que afinal o Aeroporto da Portela pode durar mais 10 anos. Com a crise o movimento decresceu. Mas minutos mais tarde o Ministro das Obras Públicas vem confirmar o avanço do novo aeroporto. Loucura!!!
Quando a coisa estava mais calma, o Mário Crespo põe-se a mostrar uma t-shirt asquerosa em plena AR e confessa que já dormiu com ela. E para cúmulo multimédia começa a distribuir fotocópias imaginando-se nos anos 70! Degolas!!! Horas depois é o ex-ministro do tempo de Guterres que mandava na RTP a contar cenas lamentáveis do pivot solucionado no JN. E o assessor de Belém a por no site da Presidencia a carta que Crespo denunciou em crónica no JN.
Mas já o país se preparava para mais broncas no Sol, quando Rui Soares se demitiu da PT depois da PJ lhe ter andado a vasculhar a gaveta, enquanto Figo com ar de ingénuo e a falar aos jornalistas, sem ter atiçado os gorilas contra os fotógrafos, dizia que não tinha nada a ver com negócios com o PS. Todos sabemos que Figo é altruísta, tem uma fundação e jamais apoiaria Sócrates, ou qualquer outro produto, por dinheiro. Por desporto sim.
Mas...mas pensávamos que afinal as presidenciais eram lá para a frente, quando Mário Soares avança com esse às de espadas contra Alegre: o médico AMI, outro altruísta português, um homem bom, transversal, que não tem ambição nenhuma pessoal e que apenas quer espalhar pelo Mundo a caridade.
Fernando Nobre vestido de colete com bolsos, à aventureiro ou repórter, a montar tendas no Palácio de Belém e a distribuir pacotes de leite em pó pela Pátria doente, era um sucesso de Presidente. Tal como Passos Coelho (outro grande altruísta) Fernando Nobre sentiu o país a chamá-lo (não sei como, já que ninguém o conhece a não serem os médicos que por vezes o seguem em viagem e outros subsidiados!) e sobretudo aqueles soaristas ressabiados que preferem ver Cavaco na presidência a terem que estender o tapete a Manuel Alegre.
Claro que o Lello ainda não foi solto, mas o seu clone político Vitor Ramalho (outro grande altruísta da Alegria no Trabalho e grande altruísta para com a Fundação Soares) já veio dizer baixinho que a candidatura de Nobre era de considerar e só não lhe deu a bênção porque isso era, para já, desfaçatez a mais.Descaramento mesmo.
Mário Soares conseguiu a sua Pintassilgo de colete e tenda depois de terem falhado os empurrões a Monjardino, Gama, Sampaio e a ele próprio (nunca se sabe!!). Provavelmente para dividir ainda mais o eleitorado não-cavaquista, ainda irá buscar mais alguns peões de brega. Talvez uma mulher, uma poetisa, elegante de esquerda e que faça a ponte entre a cultura e a esquerda trauliteira. Lamentável. Ainda vem o Chavez apoiar Nobre.
Uma semana em cheio. Embora o país real esteja atrás destes panos.
País real foi o que eu vi hoje pela manhã no Hospital Júlio de Matos, seguindo Maria Cavaco Silva, onde dezenas de crianças foram ali deixadas para serem protegidas da violência doméstica, do abandono, da maior tristeza de todas. O abandono das crianças.
Claro que havia apenas dois jornais atrás da Primeira Dama e as televisões ainda estavam a digerir as imagens da t-shirt do pivot Crespo. Esse país é a nossa vergonha, mas também o nosso orgulho: ainda há Estado que protege e gente empenhada em ajudar quem precisa.
Lamechice? Talvez. Mas estou farto de altruístas muito voluntários que se transportam em Mercedes pagos pelo dinheiro de todos.
PS: declaração de interesses: o meu Mercedes foi pago por mim::))
Repare-se no que aconteceu nas últimas 24 horas: um território frenético.
Um relatório diz que afinal o Aeroporto da Portela pode durar mais 10 anos. Com a crise o movimento decresceu. Mas minutos mais tarde o Ministro das Obras Públicas vem confirmar o avanço do novo aeroporto. Loucura!!!
Quando a coisa estava mais calma, o Mário Crespo põe-se a mostrar uma t-shirt asquerosa em plena AR e confessa que já dormiu com ela. E para cúmulo multimédia começa a distribuir fotocópias imaginando-se nos anos 70! Degolas!!! Horas depois é o ex-ministro do tempo de Guterres que mandava na RTP a contar cenas lamentáveis do pivot solucionado no JN. E o assessor de Belém a por no site da Presidencia a carta que Crespo denunciou em crónica no JN.
Mas já o país se preparava para mais broncas no Sol, quando Rui Soares se demitiu da PT depois da PJ lhe ter andado a vasculhar a gaveta, enquanto Figo com ar de ingénuo e a falar aos jornalistas, sem ter atiçado os gorilas contra os fotógrafos, dizia que não tinha nada a ver com negócios com o PS. Todos sabemos que Figo é altruísta, tem uma fundação e jamais apoiaria Sócrates, ou qualquer outro produto, por dinheiro. Por desporto sim.
Mas...mas pensávamos que afinal as presidenciais eram lá para a frente, quando Mário Soares avança com esse às de espadas contra Alegre: o médico AMI, outro altruísta português, um homem bom, transversal, que não tem ambição nenhuma pessoal e que apenas quer espalhar pelo Mundo a caridade.
Fernando Nobre vestido de colete com bolsos, à aventureiro ou repórter, a montar tendas no Palácio de Belém e a distribuir pacotes de leite em pó pela Pátria doente, era um sucesso de Presidente. Tal como Passos Coelho (outro grande altruísta) Fernando Nobre sentiu o país a chamá-lo (não sei como, já que ninguém o conhece a não serem os médicos que por vezes o seguem em viagem e outros subsidiados!) e sobretudo aqueles soaristas ressabiados que preferem ver Cavaco na presidência a terem que estender o tapete a Manuel Alegre.
Claro que o Lello ainda não foi solto, mas o seu clone político Vitor Ramalho (outro grande altruísta da Alegria no Trabalho e grande altruísta para com a Fundação Soares) já veio dizer baixinho que a candidatura de Nobre era de considerar e só não lhe deu a bênção porque isso era, para já, desfaçatez a mais.Descaramento mesmo.
Mário Soares conseguiu a sua Pintassilgo de colete e tenda depois de terem falhado os empurrões a Monjardino, Gama, Sampaio e a ele próprio (nunca se sabe!!). Provavelmente para dividir ainda mais o eleitorado não-cavaquista, ainda irá buscar mais alguns peões de brega. Talvez uma mulher, uma poetisa, elegante de esquerda e que faça a ponte entre a cultura e a esquerda trauliteira. Lamentável. Ainda vem o Chavez apoiar Nobre.
Uma semana em cheio. Embora o país real esteja atrás destes panos.
País real foi o que eu vi hoje pela manhã no Hospital Júlio de Matos, seguindo Maria Cavaco Silva, onde dezenas de crianças foram ali deixadas para serem protegidas da violência doméstica, do abandono, da maior tristeza de todas. O abandono das crianças.
Claro que havia apenas dois jornais atrás da Primeira Dama e as televisões ainda estavam a digerir as imagens da t-shirt do pivot Crespo. Esse país é a nossa vergonha, mas também o nosso orgulho: ainda há Estado que protege e gente empenhada em ajudar quem precisa.
Lamechice? Talvez. Mas estou farto de altruístas muito voluntários que se transportam em Mercedes pagos pelo dinheiro de todos.
PS: declaração de interesses: o meu Mercedes foi pago por mim::))
A T-shirt de Mário Crespo
Acho que não vou esquecer tão cedo aquela imagem à anos 70 de Mário Crespo a distribuir fotocópias no Parlamento, com a sua crónica censurada pelo JN, e depois a exibir uma T-Shirt a dizer "Eu nunca fui processado por Sócrates!". Para remate o jornalista dizia que já tinha dormido várias vezes com ela. Nem quero imaginar!!!
Ora, eu acho tudo isto lamentável e já a entrar, para lá do mau gosto terrível, no patamar da rebaldaria.
Parece que aquela comissão de ética se transformou numa comissão inestética.
A figura de Mário Crespo já não é por si uma imagem muito fotogénica (embora telegénica onde o tom da voz ajuda) mas agora termos de levar com as exibições das t-shirts de Mário Crespo num estilo revivalista que fazem lembrar os soutiens queimados da Teresa Horta e companheiras, nos anos 70, no topo do Parque Eduardo VII !... poupem-nos.
Ainda por cima com uma super-produção de fotocópias como se ainda vivêssemos no tempo da outra senhora. Já agora, para dar um ar mais resistente, podia ter optado pelo stencil! Bufff!
Depois daquela célebre peça de TV protagonizada por Mário Crespo no quarto de hotel algures na América profunda, nos anos 90, onde ele simulava os gestos dos polícias e do corrector na hora da prisão, e que na altura ficou célebre (e não havia YouTube!), temos agora a cena caricata frente aos deputados.
A credibilidade está sempre no fio da navalha. E isso não pode nunca ser descurado por alguém que tem sabido ser uma referência no jornalismo televisivo. Até para o camarada Sócrates não se rir em casa às gargalhadas. E de bórla.
Ora, eu acho tudo isto lamentável e já a entrar, para lá do mau gosto terrível, no patamar da rebaldaria.
Parece que aquela comissão de ética se transformou numa comissão inestética.
A figura de Mário Crespo já não é por si uma imagem muito fotogénica (embora telegénica onde o tom da voz ajuda) mas agora termos de levar com as exibições das t-shirts de Mário Crespo num estilo revivalista que fazem lembrar os soutiens queimados da Teresa Horta e companheiras, nos anos 70, no topo do Parque Eduardo VII !... poupem-nos.
Ainda por cima com uma super-produção de fotocópias como se ainda vivêssemos no tempo da outra senhora. Já agora, para dar um ar mais resistente, podia ter optado pelo stencil! Bufff!
Depois daquela célebre peça de TV protagonizada por Mário Crespo no quarto de hotel algures na América profunda, nos anos 90, onde ele simulava os gestos dos polícias e do corrector na hora da prisão, e que na altura ficou célebre (e não havia YouTube!), temos agora a cena caricata frente aos deputados.
A credibilidade está sempre no fio da navalha. E isso não pode nunca ser descurado por alguém que tem sabido ser uma referência no jornalismo televisivo. Até para o camarada Sócrates não se rir em casa às gargalhadas. E de bórla.
segunda-feira, fevereiro 15, 2010
O polvo de Passos Coelho
A revista Sábado trouxe na passada semana um artigo sobre os negócios de Passos Coelho.
No meio do turbilhão das escutas divulgadas pelo Sol, não ouvi nenhum dos sabões de serviço nos canais por cabo, ou nos colunistas pagos com chorudas avenças nos jornais, a comentarem este artigo. Um exemplo de bom jornalismo de investigação. Basta parar para pensar em qualquer reunião de superiores editores para se perceber o interesse público, e para o público, de um artigo que explique aqui ao pessoal distraído, os interesses de um homem que anda há dois anos a afiambrar-se a ser Primeiro ministro da Pátria.
No PS os quadros superiores abandonam o barco para as grandes empresas, mas parece que no PSD o movimento é ao contrário: os salvadores da Nação vêm das empresas privadas e, no caso de Passos, de empresas com negócios de milhões com o Estado e autarquias.
E se Vara tem apetência por ferro-velho, latoaria e sucata a granel, Passos, Relvas e Ângelo Correia (os 3 sócios da mesma empresa) têm a especialidade de um negócio semelhante: lixo, tratamento de resíduos e CO2. E a empresa de Passos é tão positiva para o país e para o ambiente que já foi louvada várias vezes pelo governo de Sócrates e até pelo chefe-supremo!
Nesse artigo da Sábado fica também explicado algumas das ligações à banca e ao domínio do crédito. Negócios são negócios, só que não percebo como se podem conciliar éticamente negócios com política.
Esta promiscuidade é perversa. António Vitorino quando foi confrontado esta semana por eventualmente saber da tramóia PT-TVI respondeu que não podia responder porque trabalhava como advogado para a PRISA. Também José Miguel Júdice responde que não pode responder por sigilo profissional ! A partir de agora temos de saber se falamos com o empresário, o advogado, o opositor político ou com o primo !!!
O que fiquei a saber, e muitos leitores da Sábado, é que Passos Coelho tem mais interesses económicos com o Estado do que Sócrates, que formalmente (!) não tem nenhuns. Mais: ficamos ainda a saber que há círculos que se fecham. Por exemplo o tal professor que foi mestre de Sócrates na UNI é também sócio da empresa de Passos Coelho! O Centrão no seu melhor.
Já tinha escrito aqui no Fatal da minha admiração por ter visto na apresentação do livro de PCoelho tanta gente de lobbies. Estavam lá alguns dos capitalistas mais influentes na sociedade portuguesa. A explicação foi dada com gráficos e tudo pela Sábado.
Faz-me confusão como gente séria pode apoiar um candidato destes! E fico inquieto: Sócrates comparado com este Passos é um coelho a brincar à beira da estrada. Até já começo a achar graça ao Acabado Sócrates.
Ficar com o mal menor. A sina portuguesa.
No meio do turbilhão das escutas divulgadas pelo Sol, não ouvi nenhum dos sabões de serviço nos canais por cabo, ou nos colunistas pagos com chorudas avenças nos jornais, a comentarem este artigo. Um exemplo de bom jornalismo de investigação. Basta parar para pensar em qualquer reunião de superiores editores para se perceber o interesse público, e para o público, de um artigo que explique aqui ao pessoal distraído, os interesses de um homem que anda há dois anos a afiambrar-se a ser Primeiro ministro da Pátria.
No PS os quadros superiores abandonam o barco para as grandes empresas, mas parece que no PSD o movimento é ao contrário: os salvadores da Nação vêm das empresas privadas e, no caso de Passos, de empresas com negócios de milhões com o Estado e autarquias.
E se Vara tem apetência por ferro-velho, latoaria e sucata a granel, Passos, Relvas e Ângelo Correia (os 3 sócios da mesma empresa) têm a especialidade de um negócio semelhante: lixo, tratamento de resíduos e CO2. E a empresa de Passos é tão positiva para o país e para o ambiente que já foi louvada várias vezes pelo governo de Sócrates e até pelo chefe-supremo!
Nesse artigo da Sábado fica também explicado algumas das ligações à banca e ao domínio do crédito. Negócios são negócios, só que não percebo como se podem conciliar éticamente negócios com política.
Esta promiscuidade é perversa. António Vitorino quando foi confrontado esta semana por eventualmente saber da tramóia PT-TVI respondeu que não podia responder porque trabalhava como advogado para a PRISA. Também José Miguel Júdice responde que não pode responder por sigilo profissional ! A partir de agora temos de saber se falamos com o empresário, o advogado, o opositor político ou com o primo !!!
O que fiquei a saber, e muitos leitores da Sábado, é que Passos Coelho tem mais interesses económicos com o Estado do que Sócrates, que formalmente (!) não tem nenhuns. Mais: ficamos ainda a saber que há círculos que se fecham. Por exemplo o tal professor que foi mestre de Sócrates na UNI é também sócio da empresa de Passos Coelho! O Centrão no seu melhor.
Já tinha escrito aqui no Fatal da minha admiração por ter visto na apresentação do livro de PCoelho tanta gente de lobbies. Estavam lá alguns dos capitalistas mais influentes na sociedade portuguesa. A explicação foi dada com gráficos e tudo pela Sábado.
Faz-me confusão como gente séria pode apoiar um candidato destes! E fico inquieto: Sócrates comparado com este Passos é um coelho a brincar à beira da estrada. Até já começo a achar graça ao Acabado Sócrates.
Ficar com o mal menor. A sina portuguesa.
domingo, fevereiro 14, 2010
Os ninhos dos rapazes do Poder
Há um lado da corrupção em Portugal, e do tráfico de influências, que está naquelas empresas que ainda restam das nacionalizações do PREC. O que aprendemos recentemente é que os grandes interesses e as grandes manobras de Poder, estão mais nas empresas tuteladas pelo Estado (logo pelo partido do Poder) do que nos ministérios e nos gabinetes governamentais.
Também há corrupção na função pública e nas autarquias- esse mundo desconhecido que nos come metade do PIB para obras de fachada e outras inutilidades.
As empresas como a PT, a RTP, a GALP, a EDP, a CP, a CARRIS, os CTT, e outras, são ninhos de amigalhaços, de gestores vindos da máquina partidária e que em convergência com os governos fazem destas empresas uma congregação de estados dentro do Estado. Ali sim está o Poder na sua plenitude: dinheiro, influência, perversão.
A PJ ouviu aquelas conversas que o SOL nos deu à luz, mas conseguiremos imaginar as outras milhares de conversas entre rapazolas gestores, sem que nunca nós tenhamos conhecimento? Como será na banca, por exemplo, onde o PS conseguiu por os seus homens de mão e que, no caso de Vara, mesmo depois de arguido continua a receber o seu salário como se fosse uma reforma para a vida?
E já agora: é aceitável que um gestor como aquele rapaz do PS na PT continue gestor depois de toda esta bronca? Ou virá Marinho Pinto dizer que o homem está inocente porque nem sequer é arguido? Valha-nos Deus!
Também há corrupção na função pública e nas autarquias- esse mundo desconhecido que nos come metade do PIB para obras de fachada e outras inutilidades.
As empresas como a PT, a RTP, a GALP, a EDP, a CP, a CARRIS, os CTT, e outras, são ninhos de amigalhaços, de gestores vindos da máquina partidária e que em convergência com os governos fazem destas empresas uma congregação de estados dentro do Estado. Ali sim está o Poder na sua plenitude: dinheiro, influência, perversão.
A PJ ouviu aquelas conversas que o SOL nos deu à luz, mas conseguiremos imaginar as outras milhares de conversas entre rapazolas gestores, sem que nunca nós tenhamos conhecimento? Como será na banca, por exemplo, onde o PS conseguiu por os seus homens de mão e que, no caso de Vara, mesmo depois de arguido continua a receber o seu salário como se fosse uma reforma para a vida?
E já agora: é aceitável que um gestor como aquele rapaz do PS na PT continue gestor depois de toda esta bronca? Ou virá Marinho Pinto dizer que o homem está inocente porque nem sequer é arguido? Valha-nos Deus!
quinta-feira, fevereiro 11, 2010
Ousar informar, ousar lutar.
Não consigo compreender como jornalistas seniores, com responsabilidades há muito confirmadas, podem vir hoje defender que a publicação de extractos das escutas no Processo Face Oculta, e que revelam um mega projecto para controle da Comunicação social, possa ser posta em causa em nome do sigilo judicial. Como se esse sigilo fosse uma lei emanada por um Deus maior e não por um ministro socialista, ressabiado num passado recente, pelo Processo da Casa Pia.
Já hoje Joaquim Vieira falava contra esta corrente apelando à desobediência civil dos jornalistas, o que demonstra uma grande coragem.
Até o actual ministro da Justiça que andou a cometer ilegalidades e atropelos contra o regime anterior ao 25A (mas que era a lei vigente, usando a sua bitola) parece agora escandalizado por um jornal ter feito investigação e ter descoberto, através do relato de um juiz, que havia uns rapazes que andavam a brincar com o nosso dinheiro ( e continuam!) gizando um plano que eles próprios consideravam genial, para meterem a TVI no bolso, um grupo de rádios, e na leva outras empresas jornalísticas.
Até parece que aquilo que o Sol trazia na passada semana eram conversas de amigalhaços a comentarem performances sexuais, a combinarem fins-de-semana na neve ou a falarem de outras intimidades. Não era. Aquilo era material explosivo, mais arrepiante do que a pólvora encontrada numa vivenda idílica nos arredores de Óbidos onde a ETA tinha estado em período de reflexão.
O jornalismo aos jornalistas. E os que agora se armam em sacristas talvez venham eles a ser as próximas vítimas de um sistema que tritura os que se atravessam denunciando a orgia do Poder.
terça-feira, fevereiro 09, 2010
WORKSHOP NIVEL BÁSICO 27 FEV/7 DE MARÇO
Toda a informação no site Workshop de Fotografia de Luiz Carvalho.
Clique aqui e entre para inscrição e mais informação.
Sócrates no anedotário nacional
Sócrates foi a uma escola conversar com as criancinhas, acompanhado de uma comitiva.
Depois de apresentar todas as maravilhosas realizações de seu governo, disse às criancinhas que iria responder perguntas.
Uma das crianças levantou a mão e Sócrates perguntou:
- Qual é o seu nome, meu filho?
- PAULINHO. (lembre-se bem dest...e nome)
- E qual é a sua pergunta?
- Eu tenho três perguntas:
1ª) Onde estão os 150.000 empregos prometidos na sua campanha eleitoral?
2ª) Quem meteu ao bolso o dinheiro do Freeport?
3ª) O senhor sabia dos escândalos do Face Oculta?
Sócrates fica desnorteado, mas neste momento a campainha para o recreio toca, ele aproveita e diz que responderá depois do recreio.
Após o recreio, Sócrates diz:
- Porreiro Pá, onde estávamos? Acho que eu ia responder perguntas.Quem tem perguntas?
Um outro garotinho levanta a mão e Sócrates aponta para ele.
- Pode perguntar, meu filho. Como é o seu nome?
- Joãozinho, e tenho cinco perguntas:
1ª) Onde estão os 150.000 empregos prometidos na sua campanha eleitoral?
2ª) Quem meteu ao bolso o dinheiro do Freeport?
3ª) O senhor sabia dos escândalos do Face Oculta?
4ª) Por que é que a campaínha do recreio tocou meia hora mais cedo?
5ª) Onde está o PAULINHO??
segunda-feira, fevereiro 08, 2010
Portugal está perigoso
Paulo Rangel usa em Bruxelas 1 minuto a que tem direito para denunciar os atropelos à liberdade de expressão em Portugal.
Felícia Cabrita garante a Mário Crespo que Sexta há mais bronca e será ainda mais grave.
As notícias sobre a subida dos spreads bancários arrepiam. Mais fábricas fecham.
A OnGoing continua com dinheiro por todo o lado.
Mais irregularidades no Face Oculta e mais provas de empresas públicas envolvidas.
A AR agita-se.
Sócrates está escondido atrás de uma porta sem buraco de fechadura.
E ao fim da noite a TVI24 vem dizer, pela boca de especialistas, que um tremor de terra idêntico ou pior do que o do Haiti está iminente. Sabem que vai haver, e tal como Durão, só não sabem quando.
Bom: o melhor é pirarmo-nos mesmo daqui antes disto ir tudo pela pia abaixo!!!
Felícia Cabrita garante a Mário Crespo que Sexta há mais bronca e será ainda mais grave.
As notícias sobre a subida dos spreads bancários arrepiam. Mais fábricas fecham.
A OnGoing continua com dinheiro por todo o lado.
Mais irregularidades no Face Oculta e mais provas de empresas públicas envolvidas.
A AR agita-se.
Sócrates está escondido atrás de uma porta sem buraco de fechadura.
E ao fim da noite a TVI24 vem dizer, pela boca de especialistas, que um tremor de terra idêntico ou pior do que o do Haiti está iminente. Sabem que vai haver, e tal como Durão, só não sabem quando.
Bom: o melhor é pirarmo-nos mesmo daqui antes disto ir tudo pela pia abaixo!!!
domingo, fevereiro 07, 2010
O Watergate também foi uma ilegal calhandríce
Estou com uma tele-objectiva à janela de minha casa. Quando aponto para o apartamento em frente um homem espanca uma mulher até à morte. Fotografo e divulgo as imagens ocultando o rosto da vítima mas provando quem é o agressor. Um agressor há muito suspeito da polícia.
As fotos permitem a prisão do criminoso, mas a polémica está instalada. O primeiro-ministro acha que isto é jornalismo de buraco-de-fechadura, o seu clone diz que não passa de uma calhandríce, o ministro da defesa fardado grotescamente diz que é uma calhandríce, o ganda Lello repete calhandríce, La Chien abana a cabeça que sim, o director do JN recusa-se a publicar as fotos se não apresentar os negativos originais (embora sejam fotos digitais), o magnifico conselho de redacção do JN, guarda avançada que garante a liberdade de expressão no jornal do Norte, diz que está de acordo com o director (é para isso que serve um CR democrático e responsável), e uns tantos jornalistas que opinam muito mas que nunca levantaram o cu da secretária para fazerem uma reportagem (e que acham que a reportagem é um desvio perverso do turismo paradisíaco) vieram em defesa da não-publicação das fotos, porque eram ilegais e punham em causa a privacidade do criminoso.
Esta gente que também está contra a divulgação da calhandríce organizada de um núcleo de socialistas que teriam como objectivo o ataque final à TVI, para reporem a verdade democrática, devem achar que o Caso Watergate foi uma vergonha jornalística e uma ilegalidade lamentável. Uma coisa de débeis mentais que deveriam ter sido metidos no manicómio pelo incompetente do Nixon.
Na verdade estamos todos a começar a precisar de tratamento urgente. Choques eléctricos mesmo. Pode ser que acordemos.
sábado, fevereiro 06, 2010
Nivel 2 do Workshop de fotografia acaba hoje
Último dia do Nivel 2 do Workshop de Fotografia no Estúdio LIGHTSHOT, na LxFactory em Lisboa. Daqui a duas semanas arranca o nível básico.
quinta-feira, fevereiro 04, 2010
quarta-feira, fevereiro 03, 2010
Sócrates imita professor Charrua
Mário Crespo é um dos últimos jornalistas seniores no activo, e exerce a sua profissão com um brio inabalável e uma competência rara. Tem estilo, é educado, sabe de televisão e é independente. Como o deve ser todo o jornalismo. Ora, isto só é possível porque Crespo trabalha num grupo de media onde a liberdade de expressão é um dos pontos de honra e onde o patrão é um jornalista de corpo inteiro.
Isto irrita imenso o Primeiro-ministro. Sócrates até pode ter uma namorada jornalista, mas detesta jornalistas. Detesta quem o pode por em causa, mesmo por razões democraticamente legítimas. Sócrates é um virgem com mau feitio (e disso percebo eu!) e está numa fase cada vez mais radical: quem não é seu amigo é seu inimigo. Sonha com uma comunicação social tutelada, amansada e servil, como se fazer jornalismo fosse o mesmo que fazer aquelas campanhas impecáveis em termos de comunicação que tão bem ficam no seu governo.
O que é chocante e põe em causa a posição de um Primeiro-ministro, é este falar alto no meio de um sítio público, para toda a gente ouvir, insultando e caluniando um jornalista que costuma questionar os desaires governamentais. Muita gente sabe que Sócrates grita ao telefone e se "passa" com jornais e jornalistas. Mas em público é inacreditável. Ou Sócrates está fragilizado, inseguro, e já não controla os humores, ou então ele acha que pode abater todos os que se cruzam no seu caminho e lhe fazem a vida menos cor de rosa, como ele gosta de a mostrar nos seus momentos de propaganda.
Sócrates portou-se como o professor Charrua que o terá insultado e chamado nomes feios no espaço de uma repartição pública e que uns tipos ouviram. Para Sócrates e para a sua directora da DREN aquilo era uma desfaçatez, mas agora é o próprio Sócrates que se arma em Charrua e lança chamas contra Crespo.
O outro lado desta história é a crónica de Crespo no JN ter acabado por ter sido censurada. Aqui entra a falta de coragem e isenção da direcção do JN. Uma direcção que tem sido devastadora para o jornal: despediu jornalistas à molhada, acabou com a editoria de fotografia, está amarrada às vontades do Poder. Uma direcção medrosa e que não honra o título de um jornal com grandes responsabilidades históricas. Mas isso é o que eu acho como leitor. Vale o que vale.
Agora o que vale mesmo é a ERC saber e averiguar se há ou não há censura no jornal do senhor Oliveira. E que, ao contrário da inspecção de trabalho no caso do despedimento colectivo, vá até ao fim. Só lhe fica bem e o contribuinte agradece.
Isto irrita imenso o Primeiro-ministro. Sócrates até pode ter uma namorada jornalista, mas detesta jornalistas. Detesta quem o pode por em causa, mesmo por razões democraticamente legítimas. Sócrates é um virgem com mau feitio (e disso percebo eu!) e está numa fase cada vez mais radical: quem não é seu amigo é seu inimigo. Sonha com uma comunicação social tutelada, amansada e servil, como se fazer jornalismo fosse o mesmo que fazer aquelas campanhas impecáveis em termos de comunicação que tão bem ficam no seu governo.
O que é chocante e põe em causa a posição de um Primeiro-ministro, é este falar alto no meio de um sítio público, para toda a gente ouvir, insultando e caluniando um jornalista que costuma questionar os desaires governamentais. Muita gente sabe que Sócrates grita ao telefone e se "passa" com jornais e jornalistas. Mas em público é inacreditável. Ou Sócrates está fragilizado, inseguro, e já não controla os humores, ou então ele acha que pode abater todos os que se cruzam no seu caminho e lhe fazem a vida menos cor de rosa, como ele gosta de a mostrar nos seus momentos de propaganda.
Sócrates portou-se como o professor Charrua que o terá insultado e chamado nomes feios no espaço de uma repartição pública e que uns tipos ouviram. Para Sócrates e para a sua directora da DREN aquilo era uma desfaçatez, mas agora é o próprio Sócrates que se arma em Charrua e lança chamas contra Crespo.
O outro lado desta história é a crónica de Crespo no JN ter acabado por ter sido censurada. Aqui entra a falta de coragem e isenção da direcção do JN. Uma direcção que tem sido devastadora para o jornal: despediu jornalistas à molhada, acabou com a editoria de fotografia, está amarrada às vontades do Poder. Uma direcção medrosa e que não honra o título de um jornal com grandes responsabilidades históricas. Mas isso é o que eu acho como leitor. Vale o que vale.
Agora o que vale mesmo é a ERC saber e averiguar se há ou não há censura no jornal do senhor Oliveira. E que, ao contrário da inspecção de trabalho no caso do despedimento colectivo, vá até ao fim. Só lhe fica bem e o contribuinte agradece.
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