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quinta-feira, outubro 28, 2010

A encenação revisteira do PSD

O PSD e o seu líder Passos Coelho têm um sonho: fazer de Portugal um país neo-liberal democráticamente atendível.

Precisam para tal de provocar um estado de sítio, uma ruptura, suspender a democracia.

Portanto: a encenação à la Parque Mayer (um género tão querido pelos laranjinhas) em torno do argumento do orçamento, não foi mais do que um melodrama com final previsível.

O comportamento do PSD é o de uma personagem mal construída de uma qualquer telenovela manhosa, e o papel do PS é secundário e de embrulho, para ganhar tempo, e fazer passar um orçamento despesista, com a abstenção laranja. Tanta conversa para nada.

Mas quem julga que tudo isto é o que é, que se desengane. O  PSD apostará mais em esticar a corda, no tudo ou nada, dramatizar ainda mais, e pôr uma guarda avançada a chamar pelo FMI. Basta Passos telefonar ao seu amigo Borges. "Avancem!".

Com os carrascos em acção, Cavaco reeleito, o PSD terá todas as hipóteses de provocar eleições, ganhar, e transformar Portugal num oásis neo-liberal fora de tempo, sem segurança no trabalho, sem solidariedade social, um país onde os fracos serão mais fracos e os ricos mais poderosos.

Um país onde a economia manda na política, e as agências financeiras têm no ministro das finanças uma espécie de amanuense avançado.

Se é com mais medidas neo-liberais que Portugal vai crescer os 3 por cento que no mínimo precisa, esqueçam.

terça-feira, outubro 26, 2010

15 dias com Cavaco


Veja aqui no site do Expresso a minha reportagem de 15 dias com Cavaco.

sexta-feira, outubro 22, 2010

Os olhares da fotografia são outros nos workshops de Luiz Carvalho

Um workshop de fotografia não é um negócio, é um happening para quem gosta de fotografia e quer partilhar conhecimentos. Por isso dou o meu nome e a minha experiência.
 Bem-vindos os que amanhã vão estar comigo aqui na Lxfactory. Não vão aprender decerteza truques, bonitinhos, pirosadas. Aqui os olhares são outros:) Até amanhã!!

...e Bin Laden pronuncia-se (finalmente!) sobre as portagens nas SCUT`s

Ministra da Educação na pele de Rui Unas

quinta-feira, outubro 21, 2010

Duas semanas com Cavaco Silva

Duas semanas a seguir o Presidente Cavaco Silva, com a minha colega Luisa Meireles. Não percam sábado no Expresso. 

Foi um trabalho memorável nos meus anos de fotojornalista. Pela primeira vez tive o privilégio de poder fotografar outra faceta de um Presidente. Um trabalho baseado no respeito mútuo, sem restrições para nós jornalistas. 

A foto foi feita pelo meu querido amigo Luis Filipe Catarino ( fotógrafo da Presidência) na sala do Conselho de Estado, e não resisto a partilha-la. Eu que fotografo política há mais de 30 anos, esta terá sido a reportagem que mais prazer me deu fazer. Sábado no Expresso.

segunda-feira, outubro 18, 2010

O remédio e o veneno de Sócrates.

A diferença entre o veneno e o remédio está na dosagem.
E o governo acaba de envenenar a classe média portuguesa, engripar os pobres, engasgar os novos-ricos e a pôr à gargalhada banqueiros e outros abutres.

Aguentar e não chorar

Desligo a televisão, evito olhar os jornais e sintonizo a rádio na Europa-Lisboa. Contenho-me para não escrever no blogue e prefiro pensar em fotografia, no meu trabalho no meu jornal, nas minhas aulas.
Se pudesse emigrava para um país sem internet, nem tv, nem nada. Claro, ao fim de dois dias estava desesperado e tinha de voltar à confusão.

O País atingiu o nível do não-regresso. Passou tudo o que só uma mente doentia e céptica pudesse imaginar. Nem uma turma de medinas Carreiras clonados e a vociferarem descontrolados por um qualquer Crespo desta vida, conseguiria isto: a destruição de uma sociedade com as suas empresas, as famílias, as instituições, os profissionais honrados, os trabalhadores sem estudos mas competentes, incansáveis, leais à ideia de trabalho e responsabilidade.

Em 15 anos não se construiu um país. Gerou-se um monstro que se alimentou de crédito sem produção, de vaidades sem trabalho, de leviandade alimentada a consumismo fútil e efémero.

Afinal em Portugal está tudo mal. Tirando os resultados da mortalidade infantil, o progresso da vinha, os Cafés Delta e mais meia dúzia de excepções.

A educação pública foi engolida pela privada, a saúde perde mais no desperdício do que nos resultados, tudo baixa em Portugal. Figuramos em tudo a meio de uma tabela, medíocre, sem ambição. Crescemos meio por cento ao longo de 10 anos e agora que o governo destruiu o pouco que havia da classe média, sonham crescer o mesmo.

Portanto: por mim fugia. Mas não posso.Portanto há que aguentar e não chorar.

quinta-feira, outubro 14, 2010

sábado, outubro 09, 2010

John Lennon faria hoje 70.

fotografia de Annie Leibowitz

sexta-feira, outubro 08, 2010

quinta-feira, outubro 07, 2010

Só o sonho nos salvará

Hoje fui ao Ministério das Finanças em trabalho. Uma viagem longa. Duas horas dentro do carro
para fazer Estoril- Terreiro do Paço. A vida está má mas não se percebe o que estão a fazer numa bicha de 20 quilómetros, entre as 8 e as 11 da manhã, centenas de tristes.

Não trabalham? São assessores que chegam tarde? São jornalistas a caminho de Lisboa em busca de uma novidade? São mulheres infiéis que aproveitam a hora de ponta matinal para exercerem o direito à emancipação?  São desempregados a queimarem os últimos litros de gasosa? Que faz esta gente com ar pouco apressado, para onde vai, e onde conseguem estacionar tanta latoaria na Lisboa de Costa?

Adiante. Fui ao Ministério das Finanças. Deixaram-me entrar com o meu Smart. Disse ao que ia, e o destinatário a quem me dirigia dava direito a uma "aberta" no parque de estacionamento, dentro de um dos claustros do Terreiro do Paço, o mesmo que eu atravessava há 20 anos quando era arquitecto ali mesmo no Terreiro do Paço.

Depois de entrar arrependi-me. E se não me deixam depois sair com o carro? Imagine-se que o simplex funciona, me fotografa a matrícula do carro e envia um SMS para a segurança duvidando de um qualquer cumprimento fiscal? Lá ia o Smart para o leilão do Estado, ou ainda o via um destes dias a ser usado ao serviço da Nação.

Claro que brinco. Mas podia acontecer. E se por ali encontrasse um fiscal que me pedisse a carteira, tipo: " Oh amigo faça favor de abrir a carteira. Vinte euros aí? para que quer dez? Tome lá cinco dos vinte a dê metade a um pedinte civil!".

A verdade é que já ninguém se sente seguro em nenhum lado. Hoje só ouvi gente a lamentar-se, com expressões angustiantes. Eu próprio tive um dia deprimente. Uma manhã para esquecer.

À tarde a fotografar uma sumidade em economia, diz-me a dada altura:" esta gente nem sabe o que há-de fazer! E se eu fosse dizer para a televisão o que penso e sei, seria trágico!"- e não era o Medina Carreira!

Mas foi à noite que senti um arrepio. Ao andar pela LxFactory com os meus alunos, um empregado de um restaurante mostra curiosidade por andarmos por ali a fotografar. "Estamos numa aula de fotografia"- digo eu. "Vejo que é o professor. Ainda bem que pode dar aulas e ter alunos"- diz-me o homem com a expressão de quem ali está mas não faz negócio.

"O senhor como fotógrafo já conseguiu transformar um sapo num príncipe?"- Ainda não cheguei a essa fase! - "Quando chegar convide-me para seu modelo!"- rematou. Chegámos ao limiar da realidade com a ficção. Só o sonho nos salvará.

terça-feira, outubro 05, 2010

Nem virgindade, nem confiança. A República perdeu-as.

Há duas coisas na vida que nunca se recuperam: a virgindade e a confiança.
Portugal, esta centenária República, perdeu há muito esses dois preciosos atributos.

E os políticos, esta classe dominante saída da euforia revolucionária de 1910, de 1974 e do pós 25 de Novembro de 1975, aí está como o exemplo acabado do rolo compressor sobre o "Bom Povo Português".

Andámos um século para agora chegarmos à conclusão que para termos uma liberdade precária temos que pagar um tributo alto de mais. Mistificámos um sistema político que não funciona, pouco produz, pouco inova, e que pede à classe média e ao povo trabalhador uma renda insuportável.

O País avançou ao passo do natural desenvolvimento dos vizinhos europeus, do tempo das vacas gordas do crédito, e da televisiva ilusão de que o consumo é a grande catarse populista.

Vivemos acima do que podemos, mas vivemos ao menos uma vez na vida com algum conforto.

Do LCD ao carro cinzento metalizado, das férias a crédito numa foleira ilha espanhola, da casa nos subúrbios com ar condicionado... uma longa lista podia traduzir o pensamento e os hábitos do português que vota Sócrates, e quer dar agora uma nova oportunidade a um tipo novato, que pinta o cabelo e tem voz maviosa. O portuga deseja renovar o passe a um Presidente que foi o grande engenheiro do Portugal gastador, novo-rico e pouco dado a esforços intelectuais.

Viciado em lojas de marcas, em novelas e em revistas de pindéricas recauchutadas, Portugal passou do aluno marrão do tempo cavaquista, ao calinas da temporada socratista. Esqueceu as  contas de somar, prefere as de sumir.

Entre o faduncho  da moda e a cozinha criativa, o português esqueceu o cozido e a bacalhauzada, está agora numa dieta rigorosa, estúpida como todas as dietas feitas a comprimidos e não baseadas numa alimentação básica, sólida e duradoura.

Uma República das bananas e de bananas.

Um século de passado, um milénio de futuro incerto.

sexta-feira, outubro 01, 2010

That`s look the trailer da crise !

O país está a Prosac. O pior é que nem para o anti-depressivo há agora comparticipação do Estado.

Depois da tempestade, Cavaco recolheu ao Palácio e prepara decerto mais umas corridas, outras viagens, pelo cavaquistão, o tal país real que ele criou com missionários locais tão fantásticos como aquele braço direito de Passos Coelho, o sacrossanto presidente da edilidade viseense. Não um guerreiro, um Viriato, mas alguém que nos remete para o protagonista do saudoso restaurador Olex.

Portanto: o Presidente não dá confiança, nem apoio ao governo. Sócrates teve de fazer o que tinha de ser feito, e Cavaco tem mais que fazer: uma campanha eleitoral disfarçada. Por isso nem precisa de agências de comunicação. A agência de comunicação está em Belém e sabe organizar as romarias pelo país que dança o vira. Sócrates vai mandar avançar o seu ministro dos impostos e tentará não aparecer muito nos próximos dias.

Um país em forma de assim. Hoje 3 iminências da Economia diziam na RTP que taxar faz regredir, que um corte de 5 por cento naquele 1/3 da despesa que não é salários nem pensões traria um retorno dos milhões suficientes sem ser preciso ir ao IVA e aos bolsos dos que bulem por conta de outrem. Mas essas medidas são lentas e não dão o espectáculo de que as usuárias agências de rating querem.

Também nos lembrou Silva Lopes que só aquela cedência cobardolas do governo às reivindicações dos senhores professores nos custou (só este ano!) quatrocentos milhões de euros. Por aqui vemos como estas medidas, embora necessárias mas não necessariamente estruturadas, podiam ter sido evitadas se a seu tempo se tivesse cortado com determinação e competência.

E ainda está por saber se as tais concessões a privados das auto-estradas vão ser ou não renegociadas. Em 2014 a prestação vai comer 7 mil milhões!!!


A saga ainda não acabou. Apenas vimos o trailer.