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terça-feira, setembro 18, 2012

O buraco da Rotunda do Marqûes

Os presidentes de câmara têm em Portugal o Síndroma da Rotunda. Todos. Os mais pirosos mandaram erguer à entrada das cidades, vilas e aldeias de Portugal alguns dos exemplares mais bacocos do que foi a gestão autárquica nas últimas 3 décadas.

Há anos fiz para o EXPRESSO uma reportagem mostrando de Norte a Sul muitas dessas rotundas.
E havia de todos os estilos. Desde a rotunda que parecia saída da  terra dos Flinstones, em Carcavelos, desenhada pelo artista plástico Leonel Moura, aos touros e toureiros no Ribatejo....havia de tudo.

O síndroma da rotunda chegou agora a Lisboa. António Costa acaba de meter o pé na rotunda com esta obra inútil, cara e que está a dar cabo da vida dos lisboetas. Um buraco.

António Costa está rodeado por um grupo de intelectuais que o têm convencido de que o trânsito em Lisboa tem de ser desviado do centro. É uma boa ideia se estivermos a falar da circulação de camiões TIR que vêm do Porto de Lisboa, mas é um disparate quando aplicada à circulação de quem quer ir para o centro.

É um disparate porque é uma medida que afasta as pessoas da cidade e é também uma arrogância porque na cabeça desses idiotas, quem quer ir para o centro "que vá de transportes públicos".

Imagine-se o que seria dos centros comerciais se o Belmiro dissesse: quem quiser vir cá comprar que venha de autocarro! Não ia ninguém, claro.

Estas rotundas dentro da Rotunda, já de si uma ideia original tipo TSU do Coelho, têm como finalidade chatear quem quer ir para ali de carro. Chatear, pura e simplesmente.

Alguém imagina o Maire de Paris mandar fazer rotundas concêntricas no Arco do triunfo e plantar árvores e arbustos no meio dos Champs Elysées? Ninguém.

Aquela ideia de que a Avenida da Liberdade é das mais poluídas da Europa só dá vontade de rir. Uma avenideca que pouco trânsito tem, é muito poluída? E se está deixa-a estar! Há 30 anos era bem pior. A questão é que a Baixa continua sem actividade porque a câmara insiste em dificultar o acesso ao centro.

Esta obra da Rotunda também demonstra mais uma vez que nós portugueses adoramos gastar dinheiro em inutilidades e adoramos complicar o que é simples.

António Costa é muito mal apoiado. Ele não é urbanista, nem arquitecto, é político. E já devia ter percebido que nem tudo o que o arquitecto Manuel Salgado diz é sagrado.

Fazer de Lisboa um laboratório de ensaio urbanístico é que não. Para mim isto é uma atitude semelhante à do governo com aquelas medidas da TSU e outros dislates de quem vem da universidade e não da faculdade da vida.

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