Estamos a ficar velhos e também por isso chegamos à idade onde muitos amigos começam a desaparecer.
Nos últimos dois anos muitos têm sido os amigos que me têm desaparecido.
Hoje foi o Pedro Sousa Dias.
Conheci o Pedro numa daquelas cervejarias da Avenida de Roma por volta de 1973. Ele colaborava no Cinéfilo a revista do Século cujo director era o Fernando Lopes. O Pedro tinha um ar de hippie, uma Pentax toda partida e uma super-grande angular, penso que de 21mm.
As fotografias que fazia para o Cinéfilo eram bem diferentes do estilo de outros fotógrafos do Século como o do Gageiro ou do Cunha. As suas fotos eram também muito hippies: entornadas, granuladas e deformadas. As suas fotos tinham um toque pop. Eram uma ruptura com o academismo de uma certa escola. Não sei se isso era consciente. Eram o retrato do próprio irreverente Pedro.
Tínhamos um amigo em comum também fotógrafo. O Pedro falava baixo e era tranquilo.
No dia 25 de Abril estive com ele, talvez na Avenida de Roma, e lembro-me de ele me ter dito que telefonou logo de manhã para casa a avisar para não deixarem sair o filho Tiago, hoje fotógrafo no Correio da Manhã.
Ao longo dos anos cruzei-me muitas vezes com ele em trabalhos de reportagem. Nunca falávamos muito mas havia uma amizade intrínseca entre nós.
Eu tinha um enorme carinho por ele. Cresci na fotografia com ele em paralelo. Ainda puto olhava para ele como alguém que conseguia ser publicado e eu era um aspirante a fotojornalista.
Sabia que tinha estado doente mas que melhorara. Afinal partiu.
Tenho uma grande tristeza. Vejo que muitos fotógrafos que têm partido acabaram a sua profissão de uma forma abrupta e que amavam sinceramente aquilo que faziam.
O Pedro era um querido. Nunca te esqueceremos.
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