Um dos meus rituais é ir à feira de Estremoz, sábados de manhã, quando estou na minha casa do Alentejo. Hoje a feira estava melhor do que o habitual. O tempo de um Outono ameno, Sol radiante, as famílias que no Verão desapareceram por terem ido a banhos regressaram agora à cidade. O povo rural voltou a vender os magníficos produtos agrícolas. A lavoura em força, como diria Portas.
Na feira encontram-se peças únicas antigas, comercializadas por feirantes antigos, ciganos a sério, velhotes montados em Renault`s cinco ou quatro. Livros a 1 euro, brinquedos quebrados, galinhas e coelhos a fazerem o encanto do meu David, 8 anos, e hoje uma irrepreensível Macal M70 à venda a provocar a minha veia consumista por veículos obsoletos.
Mas o que senti hoje por ali é que há uma produção agrícola muito rica, de grande qualidade, que está ali à venda graças à teimosia de gente antiga que se recusa a abandonar aquilo que sempre fez e muito bem ao longo de uma vida.
Hoje senti-me mais português e com uma mágoa enorme de verificar que esse país está a morrer depressa de mais. Um caminho iniciado nos anos estúpidos do cavaquismo, onde se começou a reformar quem tinha 45 anos, a subsidiar para não cultivar e a pagar para abater barcos de pesca. Uma política de um homem que agora parece estar acima desta tragédia e que, confiando nas sondagens, vai ser levado no andor, nos ombros de um povo anestesiado.
Eu sinto algo parecido quando passo uns dias nas margens do Távora. A propósito, se estiver na Sarzeda na próxima segunda-feira, sugiro-lhe um salto à feira de S. Francisco, no cruzamento da estrada Ponte do Abade - Moimenta da Beira com a estrada de Vila Nova de Paiva. Também lá encontro um Portugal que resite ao desaparecimento. Infelizmente, este ano não poderei ir...
ResponderEliminarJoão