Há 27 anos, deve fazer agora em Outubro, eu e o Ferreira Fernandes, então repórteres no Tal & Qual, tínhamos uma missão impossível, encomendada pelo então activo director José Rocha Vieira.
Portugal estava de tanga e na tanga de arranjar dinheiro no estrangeiro para comprar bens essenciais. As importações estavam quase proibidas, os salários no vermelho, bandeiras negras denunciavam a fome no distrito de Setúbal.
O então ministro das finanças do chamado Bloco Central, o homem do cachimbo, Ernâni Lopes, decretou medidas draconianas. Impostos duros sobre tabaco, bebidas, gasolina....para saír do país só se podia levar 35 euros ( moeda de hoje) com carimbo no passaporte. Um país enjaulado, deprimido, muito mais angustiado do que hoje.
O FMI foi chamado a intervir por Soares para assegurar o cumprimento dos compromissos financeiros. Uma equipa de homens sem rosto desceu em Lisboa. À frente do pelotão de fusilamento dos pagantes portugueses estava uma mulher de ar frágil, coquette, irradiando sorrisos, uma tal doutora de Teresa Ter-Minassian.
Era ela que is apertar o cinto ao portuguesinho.
O Tal &Qual era então um jornal que praticava jornalismo de investigação, activo e interventivo. Uma redacção com 5 jornalistas, um fotógrafo que era eu, um apartamento acanhado em Camplide, um jeep Daihatsu, uma velha Citroen GS, e muita pica, todas as semanas fazia questão em fazer uma manchete surpreendente.
Se havia uma equipa do FMI era preciso fotografar esses homens sem rosto. E foi com essa missão que nos colocámos à porta do Hotel Altis e atacámos pela fresca a Teresa Ter-Minassian. Primeiro ela recuou quando me viu a fotografá-la depois acabou a sorrir de dentro de um Volvo bastante usado, no meio de dois homens (polícias da segurança?) sentada num daqueles velhos bancos de 3 lugares à frente.
Eu estava a começar a profissão, embora já nessa altura tivesse 5 anos de profissional.
Usei uma Leica M4, uma 35mm summicron, medi a luz a olho e era a única câmera que tinha na mão.
FOTOGRAFIAS DE LUIZ CARVALHO
Lembro-me bem desse tempo e da Teresa e do seu "pulso duro". Trabalhava na área financeira e acompanhei de perto o processo. Tempos duros esses. Não sabia que as fotos eram suas Luiz. Ela era dura, mas uma mulher muito inteligente. Nini
ResponderEliminarOlá Luiz .
ResponderEliminarEsse seu espólio fotografico é digno de um museu.Infelizmente Portugal só valoriza o qúe é estrangeiro .Ganda pinta esta senhora ! Abraço .
Se só usaste a Leica, então de quem era a Nikon que aparece no reflexo da foto do carro?
ResponderEliminar"fusilamento"? Que merda de erros ortográficos são esses?
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