Páginas

quinta-feira, maio 07, 2009

Não gostei do i

Francamente não gostei do i. Percebo a filosofia do projecto (aliás nada de estranhar quando a Inovation está presente) que é virado para uma leitura rápida, explicativa, com highlights e destaques, sem dar muita importância às noticias do dia, com mais histórias...percebo que não haja uma cultura inerente de fotojornalismo (o que se percebe ainda melhor vindo da cartilha da Inovation) preferindo-se o desenho ou a infografia...percebe-se que é uma linha jornalística que bebe na técnica da televisão (embora seja um caminho que foi iniciado nos anos oitenta pelo USA TODAY), o que não favorece a reportagem a fundo, os textos de jornalismo de autor e muito menos o fotojornalismo de referência.

Sinceramente a primeira página não me emocionou: tem uma estrutura geometricamente igual à do Público de hoje. Uma foto que é uma cara, cropada de uma forma brutal de uma outra foto que vem no interior, num preto e branco sem impacto, onde o i perdeu o azul que já estava fixado pela campanha de lançamento.

Do meu ponto de vista, que mais me interessa, a fotografia é toda ela lamentável. É o pior do Independente de há vinte anos atrás. Os meus amigos, que muito prezo e que sinceramente admiro da Kameraphoto, têm aqui um desempenho fraco. Voltaram as fotos quadradas com tipos parados a olharem para a máquina. As centrais são uma caderneta de cromos, umas fotos maçadoras mal executadas, que pretendem ter rigor sem o terem...prefiro mesmo nem dizer muito mais. Uma oportunidade perdida para se ter na imprensa portuguesa uma grande frescura fotográfica.
A edição fotográfica é completamente ao lado. Exemplo: abre hoje o maior hipermercado de Portugal. Há um ângulo fabuloso da IC16 onde se vislumbra uma paisagem suburbana sem fim e o hiper em primeiro plano (vi eu). Que fotografias ilustram isto: uns pormenores banais, com um tipo de cu para o ar a varrer. Poupem-nos !
Mas o mais íncrivel é uma reportagem feira ao México por dois jornalistas que é ilustrada por desenhos. Só falta passarem a escrever reportagens em hieroglíficos. Há certas teorias de certos gurus que acabam num absurdo total. E nós por cá adoramos fazer dos jornais laboratórios de
investigação para novas modas e tendências...depois o público é ingrato. Ou reles mesmo.

Também acho que não há linkagem permanente para o site e que é preciso alguém ao lado nos dizer para sabermos que aquele suporte em papel tem também um carril multimédia.
Ainda sobre as fotos: duas grandes fotos de Obama do Pete Souza. Nada acontece por acaso.

3 comentários:

  1. O "expert" é você, em todo o caso, concordo com tudo o que diz sobre as imagens. Também esperava que as fotografias fossem um regalo para os olhos. Salvaram-se mesmo as do Pete Souza.

    ResponderEliminar
  2. ....Náo percebo a surpresa.Está tudo a correr como o previsto....a seguir vêem novas contratações para salvar mais um pasquim e,.....é mais uma história que acaba como tantas outras; mais desemprego. Tudo normal

    ResponderEliminar
  3. Também com meninos e meninas feitos a pressa nas escolas de fotografia...estava á espera de quê?O
    problema é que não há dinheirinho.Esta merda é pequena e todos se conhecem,param todos em Lisboa ou Porto ou Braga...NOS BARES DO COISO E TAL...NÉ???DEPOIS, "FAZ-SE MAIS UM "JORNAL"???Uma vez entrei numa "escola"e a primeira coisa que me perguntaram foi se eu "TINHA UM PROJECTO"...Foda-se,ao meu lado estavam umas gajas que nem sabiam por uns NEGATIVOS no AMPLIADOR mas também elas tinham um "PROJECTO",de certeza...É sempre a mesma merda.
    Toma lá que é "MAGALHÃES",depois ensino-te a escrever...mais tarde.L.R.

    ResponderEliminar