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terça-feira, julho 01, 2008

Quem tramou o processo Maddie?

Goncalo Amaral no primeiro dia do resto da sua vida na Praia do Alvor. Foto LC/Expresso

O processo Maddie vai ser arquivado e hoje foi o primeiro dia "em liberdade" do inspector Gonçalo Amaral, o homem que mais empenho terá posto para juntar as inúmeras e contraditórias peças deste caso hipermediático, e que decidiu meter a papelada para a reforma.
Depois de todo o alarido, fica ao cidadão comum uma sensação de qualquer coisa mal acabada e pior: muito mal começada.
A história tem todos os ingredientes para o guião de uma superprodução cinematográfica. Uma família bem parecida da classe média alta, que vem de férias em Maio com inúmeros amigos para uma zona discreta do Allgarve (!). Não se sabe porque estão assim tão juntos, porque decidiram vir de férias, qual era a verdadeira relação entre eles, para onde foram depois, quem são, o que fazem, onde vivem, o que pensam do caso, o que sentiram, porque se escondem. Um mistério. Depois toda a construção do caso é feito à volta da permanente auto-defesa do casal, ao ponto de ter sido nomeado para porta-voz um assessor que trabalhava para o gabinete do primeiro-ministro inglês.

Há falhas na investigação, tardia, porque à partida foi a tese do rapto que logo vingou e quando se avançou para a investigação criminal já era tarde para exames técnicos precisos, ouvir testemunhas que tinham desaparecido, algumas fundamentais.
Depois houve a demissão do inspector Gonçalo Amaral feita de uma forma autoritária e burocrática dando a entender uma evidente posição de força do director da PJ depois de criticas ao inspector por parte da imprensa inglesa. Ai houve uma evidente mudança no rumo das investigações até ao ponto morto: o arquivamento.
Ficamos todos com uma sensação de vazio, impotência e perplexidade. Um caso simples: o desaparecimento de uma criança num contexto bem definido com personagens definidas, acabou num caso complexo e...arquivado.
Mesmo face à lei portuguesa havia factos que poderiam, só por s,i incriminar os pais: o abandono das crianças no quarto é um acto de negligência grave. Qualquer comissão para a protecção de menores agiria, e age todos os dias, perante atitudes destas. Em Inglaterra é mesmo crime.
Parece que quem estava a fazer o trabalho não o acabou, mas há sempre um clique que pode fazer a história recomeçar do zero. A pobre Maddie não merecia este arquivamento.
Os pais decidiram entretanto ir de férias...

10 comentários:

  1. É o que dá ser-se amigo pessoal do Gordon Brown. Se fossem portugueses já tinham levado um enxerto de porrada e confessado qualquer coisa...
    E já agora, acho muito bem que o Murat peça a tal indemnização ao estado português. O gajo até pode ser culpado de ter comido a miuda aó jantar, mas ter dado cabo da vida do homem para depois no fim dizer que "afinal não foi nada" é no mínimo de mau gosto. Eu chupava o estado português até ao tutano!!
    Toda a história está muito mal contada e toda a atitude defensiva dos Mccann e também a muralha defensiva de ferro que foi colocada à sua volta por parte do governo britânico, não abona nada a seu favor.

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  2. Dar-lhe os parabéns em dois posts seguidos já começa a parecer mal.
    Mas, de novo, acertou em cheio.
    E sem dar porrada na polícia, o que para o Luís não deve ser fácil.

    É óbvio que este caso passou a estar condenado ao insucesso, com responsáveis policiais (um deles, seu amigo, lá do norte, com tiques de aristocrata francês, acho que foi assim que você escreveu quando lhe andou a tirar retratos) quando, na praça pública, fragilizaram de forma «autoritária e burocrática» a investigação.
    Para não falar na palhaçada de quase toda a comunicação social que fez do caso um autêntico circo.

    E, diz bem, no mínimo, o abandono de menores dava para arranjar chatices... desde que fosse você ou eu, e não a uns cidadãos ingleses que se vieram enfrascar para o (ALL)garve e, tudo indica, pelo que é público, foram protegidos politicamente, sobretudo pelo poder político inglês, a quem nós ajoelhámos.

    JJ

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  3. Talvez não fosse má ideia para além do mais usar este caso para reflectir no papel(ucho) da comunicação social no meio disto tipo...

    Muito vendeu este circo!

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  4. mais uma bela "cagada" da melhor polícia "judiciária" do mundo...
    que tem uma enorme facilidade de dar porrada em arguidos menos "colaborantes" ou menos ricos mas que quando tem de lidar com situações que saem fora do esquema mental a que estão habituados e da gentalha com quem normalmente lidam, ficam de mãos atadas e incapazes de descobrir se houve ou não crime e muito menos os seus autores...
    é assim com o caso da menina...que pode muito bem estar morta e enterrada numa rua da praia da luz...
    e vai ser assim com os crimes "especializados" que um "infeliz" ministro do interior ligou imediatamente a carjacking mas que não tem nada a ver com isso ou ainda - a cereja no topo do bolo - o assassinato do proprietário do "avião" - com tecnologia sofisticada que não está acima das capacidades investigativas da tal polícia "judiciária"....

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  5. Uff. Vamos deixar de ver a Sandra Felgueiras a dar tristes espectáculos em directo!!!
    SARAVÁ

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  6. Porra, mais uma vêz estou de acordo J:J:mas atenção quero lêr livro .ok?L.R.

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  7. Oh, meu Deus. Ainda há atrasados mentais que acham que os pais abandonaram a filha no quarto.

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  8. Luiikki, espero que saiba que não é conveniente ser-se inteligente por estas bandas. Mas, tem coragem para dizer o que disse... Se ainda não o fez recomendo-lhe o livro «Maddie, Joana e a investigação criminal». Gostaria de o recomendar aos que gostam de choradinhos, hisrórias e em especial de ser enganados... Cumprimentos. Carlos Porto. Sociólogo. Faro

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  9. Confesso que estranhei a forma algo simpática como o Luís de Carvalho se referiu, neste post, ao inspector Gonçalo Amaral. E acho que percebi a atitude, hoje, ao ler o Expresso, quando vi que a foto em que aquele aparece a assar sardinhas foi tirada pelo Luís.

    O Luís de Carvalho é um homem de emoções, de facto. Achando que um dia destes tem mesmo que ir comigo à pesca, convite que já lhe fiz, podendo aprender muito sobre “polícias”. Porque nada melhor que conhecer as pessoas na sua intimidade.
    E mais não digo. Ou talvez diga… num livro. Sabe-se lá, sabe-se lá…

    JJ

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  10. Bom Dia,

    Os meus parabéns pelo que o Luís Disse.
    Mas eu continuo a achar que existem pessoas que não sabem o que escreve, aqui vai.
    Sou mãe tive a felicidade de ter uma família fantástica e que me mostrou que ser pai é muito mais que ter um filho. Ser pai é cuidar dele dar-lhe protecção carinho e atenção. Talvez tenha sido uma desta coisas que faltou, sim a protecção.
    É verdade que muitas vezes vamos de ferias e temos a impressão que apenas não estamos a trabalhar no local habitual, mas que não paramos de trabalhar. Sim porque as crianças não têm um botão off para desligar quando nos apetece ir jantar com os amigos sem ter alguém a pedir-nos a nossa constante atenção. Mas isso meus Senhores e Senhoras, são pormenores no meio de todas as alegrias, que os nossos filhos nos dão.
    Não entendo, não aceito e não acho normal deixar 3 crianças ou melhor 3 bebés numa casa sozinhos. Desculpem lá a forma bruta em que vou colocar as coisas mas ser pai ser mãe é muito mais que fazer um filho. E isso é para toda a vida, jamais deixamos de ser pais, de nos preocupar e de querer o seu melhor, de educa-los da melhor forma que sabemos e podemos.
    MAIOR CRIME QUE ABANDONAR OS FILHOS É ACHAR QUE NÃO O FIZEMOS.

    Quem faz um filho deve faze-lo por gosto, sabendo de antemão que a nossa vida vai mudar, durante uns anos não sou eu mas sim nós, e que não os podemos deixar porque estamos cansados, ou porque ........

    MTM

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